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Modelo Exceção de Pré-Executividade

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DE DIREITO DA 1.

ª VARA CIVEL DO FORO


REGIONAL IX VILA PRUDENTE – ESTADO DE SÃO PAULO

REQUER RECEBIMENTO DESTA PETIÇÃO INTERMEDIÁRIA EM AUTOS FISICOS DE


ACORDO COM COMUNICADO CONJUNTO 249/2020 TJSP.
Foi protocolado petição virtual em 19/05/2020, porem foi rejeitado, razão pela qual
renova-se o protocolo.

Autos nº ..........................
ATS, brasileiro, casado, desempregado, portador da Cédula de identidade RG/PR .................,
inscrita no CPF sob o nº ...................., e D, brasileira, casada, do lar, portadora da cédula de
identidade .............., CPF ......................, residentes e domiciliados à Avenida do Oratório
nº ............... Jardim Angela - Leste – São Paulo - SP CEP ..............., por sua advogada abaixo
subscrita, com endereço profissional a avenida Henrique Mansano, 284, Londrina – PR CEP
86075-000, vem, com o respeito e acatamento devidos, perante V. Exª para apresentar
EXCEÇÃO DE PRÉ EXECUTIVIDADE
ao CUMPRIMENTO DE SENTENÇA que lhe move NOTRE DAME INTERMÉDICA SAÚDE
S.A., através dos Autos em epígrafe, o que faz na forma das razões fáticas e de direito a
seguir alinhadas:
1. JUSTIÇA GRATUITA – ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA
Os Executados, conforme declaração de hipossuficiência, não possuem meio econômico que
possibilitem patrocinar as custas do processo, os honorários de advogado e demais
encargos decorrentes da presente demanda sem prejuízo do sustento próprio ou da família.
Declara-se, pois, para fins de concessão do benefício da gratuidade de Justiça, pobre nos
termos do parágrafo único do Artigo 2º da Lei 1.060 de 1950. O requerente era motorista e
por causa da pandemia, foi demitido e encontra-se desempregado, e a requerente não tem
atividade econômica sendo do lar e cuidando de seus 03 filhos menores.
Desta forma, requer os benefícios da justiça gratuita, compreendendo, dentre outras
garantias aplicáveis, as isenções elencadas na já citada Lei.
2. TEMPESTIVIDADE DO PEDIDO
Os executados apenas tomaram conhecimento da demanda via consulta via google e devido
à pandemia, não teve acesso aos autos físicos, somente tendo conhecimento dos
andamentos decisórios via Esaj - TJSP.
A impenhorabilidade de bem de família é matéria de ordem pública e pode ser suscitada a
qualquer tempo antes da transmissão do bem.
Neste sentido:
RECURSO ORDINÁRIO EM AGRAVO REGIMENTAL EM MANDADO DE SEGURANÇA -
EXECUÇÃO - BEM DE FAMÍLIA - IMPENHORABILIDADE - MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA -
MOMENTO DE ARGUIÇÃO - PRECLUSÃO - PERDA DE OBJETO DO MANDADO DE
SEGURANÇA - DECISÃO SUPERVENIENTE EM RECURSO DE REVISTA EM AGRAVO DE
PETIÇÃO - RECONHECIMENTO DA NÃO OCORRÊNCIA DA PRECLUSÃO DA ARGUIÇÃO DE
IMPENHORABILIDADE - ART. 5º, LV, DA CONSTITUIÇÃO DA REPUBLICA - APLICAÇÃO
ANALÓGICA DA SÚMULA Nº 414 DO TST. O mandado de segurança impetrado contra ato
do juízo de execução que não admitiu, por preclusa, a discussão da impenhorabilidade do
bem de família, perdeu seu objeto diante da constatação de que na ação originária restou
reconhecida, por força de decisão prolatada em recurso de revista pela 7ª Turma do
Tribunal Superior do Trabalho, a tese de que a caracterização do bem de família, para
fins de impenhorabilidade, por se tratar de matéria de ordem pública, não está
sujeita à preclusão, podendo ser arguida enquanto não exaurida a fase de execução.
Assim, a determinação ali contida de retorno dos autos à origem, a fim de que seja
examinada a incidência ou não da proteção de impenhorabilidade do imóvel de
propriedade da impetrante, encerra o interesse de agir da parte, verificando-se a ausência
de uma das condições da ação, do que resulta na denegação da segurança, nos termos do
que dispõe o art. 6º, § 5º, da Lei nº 12.016/2009 (art. 267, VI, do CPC). Entretanto, como a
decisão recorrida já denegou a segurança, ainda que por fundamento diverso, nega-se
provimento ao recurso ordinário. Recurso ordinário desprovido. (TST - RO:
92162320115020000, Relator: Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, Data de Julgamento:
23/06/2015, Subseção II Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT
26/06/2015)
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. EMBARGOS DE TERCEIRO.
ARGUIÇÃO DE IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA. AUSÊNCIA DE PRECLUSÃO.
Nos termos do que dispõe a Lei 8.009/90, o reconhecimento da impenhorabilidade do bem
de família pressupõe a inequívoca comprovação de que o imóvel penhorado é o único
pertencente ao devedor, sendo utilizado, pela entidade familiar com fins de moradia
permanente. ÔNUS DA PROVA. Nos termos do que dispõe o artigo 373, inciso I, do Código
de Processo Civil, incumbe a quem alega a demonstração acerca da pretensa
impossibilidade de penhora. Caso concreto em que resta presente prova suficiente acerca
da exclusividade do bem constrito e de sua utilização como residência pela parte recorrida
e sua família. Decisão mantida. HONORÁRIOS RECURSAIS. Recurso interposto em face de
decisão publicada sob a vigência do da Lei 13.105/2015. Incidência do disposto no artigo
85, § 11, da referida legislação. Verba honorária majorada. UNÂNIME. NEGARAM
PROVIMENTO AO RECURSO. (Apelação Cível Nº 70080706443, Décima Primeira Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Katia Elenise Oliveira da Silva, Julgado em
27/03/2019). (TJ-RS - AC: 70080706443 RS, Relator: Katia Elenise Oliveira da Silva, Data
de Julgamento: 27/03/2019, Décima Primeira Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da
Justiça do dia 01/04/2019)
3. DO CABIMENTO DA PRESENTE AÇÃO
A exceção de pré-executividade é um instrumento processual criado pela doutrina. Tal
incidente processual permite que o executado, em qualquer processo de execução ou até
mesmo na fase de cumprimento de sentença oriunda de processos de conhecimento, se
defenda, agitando as matérias de ordem pública da qual ou das quais o magistrado deva se
pronunciar para a condução válida e regular do processo.
Fato é que as matérias de ordem pública não estão estampadas em um rol taxativo como
também não estão sujeitas a preclusão, por isso admissível tal remédio processual a
qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição, ficando a cargo da melhor doutrina
defini-las, como já consignado, como explica Sergio Cabral do Reis (2012, p. 341):
"Como em toda relação processual, exige-se na execução um controle dos pressupostos e
da pretensão a executar. Não é incomum a existência de falha no juízo de admissibilidade
da execução, inclusive nas matérias de ordem pública, insuscetíveis de preclusão. Muitas
vezes são vícios que não são perceptíveis pela simples análise do título executivo,
destacando-se os casos de extinção da pretensão a executar antecedentemente à
instauração da execução."
No caso, o magistrado ao ser exortado a se pronunciar sobre o objeto da exceção deverá
sopesar se a matéria agitada é ou não de ordem pública, pois as mesmas não tem um rol
descrito taxativamente na lei ou uma concordância uníssona da doutrina.
Pelo que se vislumbra no caso em tela, a presente exceção de pré-executividade é o
remédio jurídico adequado, para apontar as irregularidades que viciam a continuidade da
marcha processual.
Ademais, toda argumentação do presente articulado está disposta no artigo 833 e ss. do
Código de Processo Civil e na Lei 8.009/1990, que tratam das hipóteses de
impenhorabilidades absolutas, logo, configurando a natureza da matéria ventilada como de
ordem pública.
4. DO CANCELAMENTO DA PENHORA – BEM DE FAMÍLIA
A penhora do imóvel Apartamento nº .....................e ,objeto da matrícula 175.152,do 6º Ofício
de Registrode Imóveis de São Paulo, de propriedade dos executados, viola frontalmente os
dispositivos da Lei nº 8.009 de 29.03.90, que em seu artigo 1º diz:
"O imóvel residencial, próprio do casal, ou de estima de familiar, é impenhorável e não
responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra
natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais e filhos que sejam seus proprietários e
nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta Lei."
A penhora de bem de família viola também os artigos 5º, XXII, XXIII, e 6º, da Constituição
Federal, por conseguinte ato totalmente inconstitucional.
Nosso Ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Edson Fachin, jurista paranaense,
construiu a teoria conhecida como estatuto jurídico do patrimônio mínimo e, em tal obra
destaca: “Em certa medida, a elevação protetiva conferida pela Constituição à propriedade
privada pode, também, comportar tutela do patrimônio mínimo, vale dizer, sendo regra de
base desse sistema a garantia ao direito de propriedade não é incoerente, pois, que nele se
garanta um mínimo patrimonial. Sob o estatuto da propriedade agasalha-se, também, a
defesa dos bens indispensáveis à subsistência. Sendo a opção eleita assegurá-lo, a
congruência sistemática não permite abolir os meios que, na titularidade, podem garantir a
subsistência”.
E ainda, conforme art. 1.712 do Código Civil:
Art. 1.712. O bem de família consistirá em prédio residencial urbano ou rural, com suas
pertenças e acessórios, destinando-se em ambos os casos a domicílio familiar, e poderá
abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no
sustento da família.
A Jurisprudência é farta no sentido de manter à salvo da execução o imóvel em que reside
o executado e que representa um bem de família, como é o caso sub judice. Veja-se a
respeito:
APELAÇÃO CIVIL. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. EMBARGOS À PENHORA. BEM DE
FAMÍLIA CARACTERIZADO. IMPENHORABILIDADE. Considera-se bem de família um
único imóvel utilizado pelo casal ou pela entidade familiar para moradia
permanente. Demonstrado tratar do único bem do embargante e que nele é fixada a
residência, o imóvel está protegido da penhora. APELO PROVIDO. TJRS - Apelação Cível
Nº 70068479534, Décima Sétima Câmara Cível, Des. Rel. GELSON ROLIM STOCKER, Julgado
em 14/04/2016.
EMBARGOS DE TERCEIRO. IMPENHORABILIDADE DE BEM DE FAMÍLIA.Alegação de que
o imóvel constitui bem de família. Imóvel em nome da pessoa jurídica. ADMISSIBILIDADE:
Os documentos dos autos mostram que a constrição judicial recaiu sobre imóvel
onde reside sócio da pessoa jurídica executada. Caracterização do bem de família,
nos termos da Lei nº 8.009/90. É entendimento do Colendo Superior Tribunal de
Justiça a possibilidade da proteção do bem de família, no caso de sócio que reside em
imóvel registrado em nome da pessoa jurídica. Sentença reformada. RECURSO
PROVIDO. TJSP - 1007380-59.2014.8.26.0554, Des. Rel. ISRAEL GOÉS DOS ANJOS, 37
Câmara de Direito Privado, Dje. 13/11/2014.
AGRAVO DE INSTRUMENTO – EXECUÇÃO FISCAL – INDISPONIBILIDADE DE BENS –
MEDIDA CAUTELAR QUE VISA ASSEGURAR PENHORA FUTURA – INCIDÊNCIA DAS
MESMAS RESTRIÇÕES RELATIVAS À IMPENHORABILIDADE ABSOLUTA – BEM DE
FAMÍLIA – ÚNICO IMÓVEL – MORADIA PERMANENTE DO CASAL E DOS FILHOS –
IMPENHORABILIDADE. 1. Discute-se no presente recurso ser, ou não bem de família
o imóvel sobre o qual incidiu decisão de indisponibilidade de bens, proferida em
Ação de Execução Fiscal. 2. A indisponibilidade prevista no art. 185-A, do Código
Tributário Nacional, tem caráter cautelar ao Processo de Execução, de modo a
posteriormente proporcionar a penhora, daí porque esta medida também deve
respeitar a impenhorabilidade relativa ao bem de família. Precedentes do STJ. TJMS –
AI n. 1411552-45.2015.8.12.0000, Rel. Des. PAULO ALBERTO DE OLIVEIRA, 2ª Câmara
Cível, Dje. 26/01/2017.
DIREITO CIVIL E EMPRESARIAL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. LEGITIMIDADE DA EMPRESA
INDIVIDUAL PARA POSTULAR A DESCONSTITUIÇÃO DA PENHORA REALIZADA SOBRE O
BEM DE FAMÍLIA PERTENCENTE AO EMPRESÁRIO. CONFUSÃO DO PATRIMÔNIO DO
EMPRESÁRIO INDIVIDUAL COM O DA RESPECTIVA PESSOA FÍSICA. PRECEDENTES.
PROVAS NOS AUTOS QUE CORROBORAM A ALEGAÇÃO DE QUE O IMÓVEL
PENHORADO É UTILIZADO COMO RESIDÊNCIA FAMILIAR PELO EXECUTADO E SUA
ESPOSA. IMPENHORABILIDADE. DESCONSTITUIÇÃO DO GRAVAME QUE SE IMPÕE.
SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA VERIFICADA NOS AUTOS DOS EMBARGOS DO DEVEDOR.
ÔNUS CORRETAMENTE RATEADOS EM PROPORÇÕES IGUAIS ENTRE OS LITIGANTES.
RECURSO DESPROVIDO. TJRN - AC n. 2015.01048-9, da 2a Câmara Cível, Rel. RICARDO
TINOCO – juiz convocado, j. 08.12.2015.
"Mandado de Segurança - Aplicação no tempo da Lei nº 8.009 de 29 de março de 1990.
Impenhorabilidade do imóvel que serve de residência da família (art. 1º, Lei nº 8009/90,
deve ser cancelada a penhora.)" Ac. Unânime da 2ª Cam. Especial Temporária do TA MG -
Ac. nº 107.537-2) In Repertório IOB de Jurisprudência nº 3/5759.
O casal executado e seus 03 (três) filhos residem no referido apartamento, conforme o
próprio oficial de justiça atestou em razão de tentativa de citação e penhora de bens
veiculares, bem como cartas recebidas via Correios que seguem anexos,e não possuem
nenhum outro bem imóvel, todavia, sendo certo que o imóvel foi o fruto de anos de
trabalho do casal o único bem adquirido após longos anos de labuta.
Quando em pesquisa de bens em nome dos executados, via Arisp, verificou-se dois bens ali
equivocadamente anotados, sendo um o ora penhorado, e outro localizado em Ibiúna,
matricula 15653, do único Cartório de Registro de Imóveis de Ibiúna. Surpresos, os
executados, procederam ao pedido de certidão de inteiro teor do referido imóvel de Ibiúna
(anexo), via Arisp, ao que se verificou que referido imóvel não pertence ao
executado ...................... desde 31 de outubro de 2005, tendo vendido a ................................
Assim, resta provado que o único imóvel do casal executado é o apartamento ora
indevidamente penhorado.
REQUER digne-se V. Exª em reconhecer o bem penhorado como de família e ordenar o seu
cancelamento.

PEDIDO
Por todo o exposto, requer-se a Vossa Excelência que se digne a acolher a presente exceção
de pré- executividade, com o fito de deferir o pedido de assistência judiciária gratuita e
declarar que o bem Apartamento nº..............denominado Edifício Maria Clara, situado
na Avenida do Oratório nº ....................., no 26º Subdistrito-Vila Prudente, objeto da
matrícula ..............., do 6º Ofício de Registro de Imóveis de São Paulo, é bem de família e
se destina à moradia dos executados, determinando o levantamento da penhora realizado
sob o imóvel.
Nestes termos
Pedem Deferimento.
São Paulo, 27 de maio de 2020.
Alessandra Matiko Matsumura
OABPR 65819

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