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Legislação Missão PPCE - PARTE 2 - 2024.1

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PP-CE 2024

LE
M G I
IS S L
SÃ AÇ
O Ã O
MATERIAL GRATUITO PARA
ALUNOS DO PROJETO MISSÃO
LEGISLAÇÃO POLÍCIA PENAL DO CEARÁ – PARTE 2

➢ CONTROLE DE ARMAMENTO – PORTARIA Nº 041/2017 (SAP-CE)


➢ PROCEDIMENTOS DE VISITA ÀS PESSOAS PRIVADAS DE LIBERDADE NAS UNIDADES PRISIONAIS DO
ESTADO DO CEARÁ – PORTARIA Nº 900/2022
➢ PROCESSOS ADMINISTRATIVOS DISCIPLINARES (PADS) – PORTARIA Nº 20/2024
➢ USO DE CÂMERAS CORPORAIS – PORTARIA Nº 506/2023
➢ REVISÃO DO REGIMENTO GERAL DOS ESTABELECIMENTOS PRISIONAIS DO ESTADO DO CEARÁ –
PORTARIA Nº 1.220/2014
➢ FUNCIONAMENTO DA UNIDADE PRISIONAL DE SEGURANÇA MÁXIMA (UPSM) – LEI Nº 18.428/2023
➢ DISCIPLINA A ORGANIZAÇÃO E O FUNCIONAMENTO DOS ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS PELA SEGURANÇA
PÚBLICA; CRIA A POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL; INSTITUI O SISTEMA
ÚNICO DE SEGURANÇA PÚBLICA – LEI Nº 13.675/2018
➢ DECRETO DE REGULAMENTAÇÃO Nº 9.489/2018
➢ POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DAS PESSOAS PRIVADAS DE LIBERDADE NO
SISTEMA PRISIONAL – PORTARIA INTERMINISTERIAL MS/MJ Nº 1/2014
➢ DIRETRIZES DE EDUCAÇÃO – RESOLUÇÃO Nº 3/2009
➢ ATENÇÃO EM SAÚDE MENTA – RESOLUÇÃO Nº 1/2014
➢ ASSISTÊNCIA À SAÚDE – RESOLUÇÃO Nº 4/2014
➢ PADRÕES MÍNIMOS PARA A ASSISTÊNCIA MATERIAL DO ESTADO À PESSOA PRIVADA DE LIBERDADE –
RESOLUÇÃO 4/2017
➢ MEDIDAS DE MONITORAÇÃO ELETRÔNICA, DECORRENTES DE ORDENS JUDICIAIS – RESOLUÇÃO Nº
31/2022
➢ POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO ÀS MULHERES EM SITUAÇÃO DE PRIVAÇÃO DE LIBERDADE E
EGRESSAS DO SISTEMA PRISIONAL – PORTARIA INTERMINISTERIAL MJ/SPM Nº 210/2014
CONTROLE DE ARMAMENTO menor potencial ofensivo e equipamentos de
(PORTARIA Nº 041/2017) proteção necessários à atuação específica,
independentemente de portar ou não arma de
CAPÍTULO I fogo.
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 2º A Segurança Penitenciária, quadro de
servidores efetivos pertencentes à Secretaria da
Art.1º Ficam instituídas as normas para o controle, Justiça e Cidadania, instituída pela Lei nº14.582,
armazenamento, manutenção, distribuição, de 21.12.09, e alterada pela Lei nº14.966, de
manuseio, acautelamento do armamento, 13.07.11, caracteriza-se como atividade
munições (letal e menos letal), instrumentos de permanente essencial à administração pública e a
menor potencial ofensivo e demais artefatos justiça criminal, à preservação da ordem, da
bélicos pertencentes à Secretaria da Justiça e segurança e disciplina dos estabelecimentos
Cidadania, bem como, o disciplinamento dos prisionais do Estado do Ceará.
procedimentos internos para a aquisição de armas
pessoais de uso permitido e de uso restrito. CAPÍTULO II
§ 1º Estas normas, para os fins aos quais se DOS PRINCÍPIOS
destinam, aplicam-se a todos os integrantes da
Segurança Penitenciária do Estado do Ceará, Art. 3º Os integrantes da Segurança Penitenciária,
estejam eles, à disposição de gabinete, lotados na utilização do armamento, munições (letal e
em unidades prisionais, grupos, núcleos, células e menos letal), instrumentos de menor potencial
coordenadorias desta Pasta, bem como, à ofensivo e demais artefatos bélicos, pertencentes
disposição de outros órgãos. à Secretaria da Justiça e Cidadania, bem como, as
§ 2º A Segurança Penitenciária nas suas ações de uso pessoal deverão observar,
deverá priorizar pela utilização dos instrumentos necessariamente, aos princípios:
de menor potencial ofensivo, exceto, quando I. Legalidade;
pelas circunstâncias, esses não forem eficientes II. Necessidade;
para repelir a situação adversa e/ou injusto. III. Conveniência;
§ 3º Os agentes de Segurança Penitenciária, na IV. Moderação;
execução das atividades extramuros, seguindo os V. Razoabilidade; e,
princípios expressos no artigo 3º, desta Portaria, VI. Proporcionalidade.
observará, necessariamente, o uso diferenciado
da força, utilizando moderadamente, o CAPÍTULO III
armamento letal, quando conveniente para fazer DO ARMAZENAMENTO, CONTROLE,
cessar a situação adversa e/ou injusto. DISTRIBUIÇÃO E MANUTENÇÃO DO
§ 4º Não é legítimo o uso de arma de fogo, por ARMAMENTO, MUNIÇÃO E ARTEFATOS
parte dos integrantes da Segurança Penitenciária: BÉLICOS
I. Contra pessoa em fuga que esteja desarmada SEÇÃO I
ou que não represente risco imediato de morte ou DA FINALIDADE
de lesão aos agentes penitenciários ou a terceiros;
II. Contra veículo que desrespeite bloqueio, em Art. 4º O armamento, munições, instrumentos de
via controlada pela segurança penitenciária, menor potencial ofensivo e demais artefatos
exceto quando o ato represente risco de morte ou bélicos terão emprego nas atribuições de custódia,
lesão aos agentes penitenciários ou a terceiros. na guarda, na vigilância, nas escoltas, nos
§ 5º O ato de apontar arma de fogo, por parte dos procedimentos de revistas de pessoas e
integrantes da Segurança Penitenciária, contra instalações em geral, no controle de eventos
pessoas durante os procedimentos de rotina, críticos internos e externos, exercidas pela
abordagem ou intervenção não deverá ser uma Segurança Penitenciária, com observância às
prática indiscriminada, mas, utilizada somente em regras e princípios estabelecidos neste ato
casos necessários, dentro dos padrões técnicos. normativo e legislação pertinente.
§ 6º Todo integrante da Segurança Penitenciária § 1º Os integrantes da Segurança Penitenciária,
que, em razão da sua função, possa vir a se no desempenho de suas funções, devem
envolver em situações de uso da força, deverá necessariamente, respeitar, proteger e defender a
portar no mínimo 2 (dois) instrumentos de dignidade da pessoa humana, sobretudo,
daquelas que estão sob sua responsabilidade.
§ 2º As informações referentes à dotação, prisionais, exceto, quando a proporcionalidade
quantidade, qualidade, reserva, registros, de assim o requerer.
munições, armamento e outros artefatos Art. 8º O integrante da Segurança Penitenciária
controlados pertencentes à SEJUS-CE, têm deve vedar o ingresso de armas de fogo ou
caráter sigiloso, devendo quem as detêm munições nas unidades prisionais, salvo, aquelas
somente prestá-las com anuência da Gestão institucionais portadas por agentes penitenciários,
Superior ou em conformidade com disposição policiais militares, civis, federais e demais
legal. autoridades, que estejam em efetivo serviço ou em
§ 3º Todas as armas de fogo pertencentes à apoio, ou ainda, nos casos expressamente
Secretaria da Justiça e Cidadania devem ser autorizados.
identificadas pelas respectivas numerações Parágrafo único. Para os fins desse artigo,
específicas, bem como pelo brasão do Estado considera-se:
do Ceará. I. Efetivo serviço, aquele prestado por servidor
Art. 5º A atividade de Segurança Penitenciária público, cumprindo escala ou expediente, no
observará, necessariamente, à preservação da âmbito do Sistema Penal;
ordem e disciplina, da incolumidade das pessoas e II. Em apoio, aquele prestado por servidor público,
do patrimônio institucional, bem como, o cumprindo escala ou expediente extra, no âmbito
cumprimento dos alvarás de soltura, no âmbito do do Sistema Penal.
sistema penitenciário. Art. 9º O integrante da Segurança Penitenciária,
na posse de armamento institucional ou quaisquer
SEÇÃO II outros produtos controlados, deve zelar pelas
DO USO regras técnicas adequadas à conservação e
segurança, respondendo administrativo, civil,
Art. 6º O integrante da Segurança Penitenciária penal, ou cumulativamente, pelo uso indevido.
do quadro efetivo da Secretaria da Justiça e § 1º Caberá ao Grupo de Apoio Penitenciário –
Cidadania do Estado do Ceará no exercício GAP, criar e alimentar cadastro dos integrantes da
profissional, deverá estar apto para manuseio das Segurança Penitenciaria, onde conste:
armas de fogo, comprovando que participou I. Nome e matrícula do agente penitenciário;
efetivamente de cursos práticos e teóricos para II. Curso de habilitação para uso do armamento,
cada tipo de arma constantes do rol abaixo especificando o calibre;
discriminado, além de outras legalmente III. Curso para uso de quaisquer outros artefatos
autorizadas: de uso controlado;
I. Revólver calibre.38; IV. Histórico disciplinar.
II. Pistola calibre.380; § 2º Cumpre ainda, ao Grupo de Apoio
III. Pistola e carabina calibre.40, 357 Magnum e.45 Penitenciário – GAP, em parceria com a Escola de
ACP; Gestão Penitenciária e Ressocialização - EGPR,
IV. Espingarda calibre 12; estabelecer cronograma de formação,
V. Fuzil calibre 5.56. capacitação, nivelamento, realinhando
Art. 7º Os integrantes da Segurança permanentemente para os membros da
Penitenciária, quando em operações nas Segurança Penitenciária.
unidades prisionais do Estado, em regra, utilizarão Art. 10. O integrante da Segurança Penitenciária,
armamentos menos letais e/ou instrumentos de em serviço, poderá portar arma de fogo
menor potencial ofensivo. institucional ostensivamente, privando pela
§ 1º As distâncias de tiro da munição menos letal segurança necessária, particularmente, onde haja
devem seguir as especificações do fabricante, aglomeração de pessoas, em virtude de evento de
como regra. qualquer natureza, a exemplo do interior de
§ 2º O armamento referendado no artigo anterior, fóruns, igrejas, escolas, hospitais, cinemas,
bem como, de quaisquer outros artefatos de uso estádios esportivos, clubes públicos ou privados,
controlado, no interior das unidades ou aeroportos e outros locais assemelhados,
extramuros, condiciona-se à comprovação de conforme disposto §2º, do artigo 34, do Decreto
capacidade técnica. 5.123/2004.
§ 3º É vedado o uso de armas de fogo, carregada Parágrafo Único. O uso da arma particular do
com munição letal, no interior das unidades Agente Penitenciário do Estado do Ceará, não
será admitido para serviço da instituição.
Art. 11. Nos postos de guarda, contenção, SEÇÃO IV
escoltas, guaritas, bem como, nos acessos e ACAUTELAMENTO DO ARMAMENTO E
portarias das unidades prisionais, coordenadorias, MUNIÇÕES
subcoordenadorias, complexos penitenciários; ou
ainda, na sede da SEJUSCE, os integrantes da Art. 15. A Secretaria da Justiça e Cidadania
Segurança Penitenciária deverão, acautelará armas de fogo para os integrantes da
obrigatoriamente, portar armas institucionais Segurança Penitenciária.
curtas e/ou longas e instrumentos de menor § 1º São tipos de cautela regulamentados nesta
potencial ofensivo; devendo, manterem-se de pé Portaria:
e alertas durante o período de sentinela. I. A cautela individual, de caráter pessoal e
Art. 12. O integrante da Segurança Penitenciária, intransferível, de arma de fogo institucional,
em regra, ao portar arma de fogo institucional em autorizada aos integrantes da Segurança
viagens aéreas, deverá nesta condição entregá-la Penitenciária nos termos da Lei Federal 10.826 de
desmuniciada, à empresa aérea/Infraero/DPF ou 22 de dezembro de 2003, observadas as
ao comandante do voo, no momento do embarque disposições deste normativo;
e recolhê-la ao término da viagem (art.48 e II. A cautela em intendência, de armamento
incisos, do Decreto nº5.123/2004). empregado na defesa e segurança das unidades
Art. 13. O dano ou extravio doloso ou culposo, de prisionais, administrativas ou especializadas, com
armas, munições ou quaisquer outros controle de emprego diário, registrado na
instrumentos de menor potencial ofensivo sob a intendência da unidade;
guarda do integrante da Segurança Penitenciária, III. A cautela de urgência, para o atendimento de
bem como, a falta de imediata comunicação aos diligências urgentes, não previstas ou com prazo
superiores dos fatos aqui expressos, gerará a determinado não superior a 90 (noventa) dias,
consequente instauração de procedimento que não possam ser atendidas pela cautela
administrativo-disciplinar, sem prejuízo da Individual ou de intendência.
responsabilidade criminal correspondente. § 2º A cautela de arma de fogo institucional tem
natureza jurídica de autorização, sendo
SEÇÃO III unilateral, precária e discricionária, não
MANUSEIO DO ARMAMENTO E MUNIÇÕES perfazendo a mera apresentação dos documentos
previstos, mesmo com o preenchimento dos
Art. 14. Os integrantes da Segurança requisitos elencados, garantia de concessão da
Penitenciária sempre que dispararem arma de cautela requisitada.
fogo institucional e fizerem uso de munição letal Art. 16. É vedado ao integrante da Segurança
ou de menor potencial ofensivo, deverão Penitenciária, que responderá
preencher relatório circunstanciado. administrativamente, sem prejuízo das
§ 1º O relatório deverá conter minimamente as responsabilidades cíveis e penais, por utilizar a
seguintes informações: arma de fogo institucional para fins particulares
I. Circunstâncias e justificativa que levaram ao uso estranhos a defesa pessoal e funcional, bem
da arma de fogo, munição letal ou de menor como, permitir que terceiros venham portar, deter,
potencial ofensivo; adquirir, receber, ter em depósito, transportar,
II. A(s) medida(s) adotada(s) antes de efetuar o(s) ceder, emprestar, remeter, empregar, manter sob
disparo(s); guarda, ocultar, ainda que gratuitamente,
III. Eventuais razões de disparos não deflagrados; acessório, arma de fogo e munição do Estado.
IV. Tipo de arma, munição, quantidade de Parágrafo único. Os acautelamentos de arma de
disparos efetuados; fogo, de que trata esta Portaria, em regra, presta-
V. Número total de feridos e/ou mortos; se para fins de defesa individual e funcional.
VI. Quantidade de agentes envolvidos na
ocorrência. SUBSEÇÃO I
§ 2º Encaminhar-se-á cópia do relatório ao DO ACAUTELAMENTO INDIVIDUAL
Grupo de Apoio Penitenciário – GAP para fins de
controle e providências. Art. 17. A cautela individual, de caráter pessoal
e intransferível, de arma de fogo institucional,
será autorizada aos membros da Segurança
Penitenciária por intermédio da Coordenadoria
Especial do Sistema Penal, nos termos da Lei acautelada, deverá comunicar formalmente o fato
Federal nº10.826 de 2003, observadas as ao GAP, justificando as razões do uso dos
disposições desta Portaria. cartuchos deflagrados, bem como, a
Art. 18. O requerente do acautelamento individual impossibilidade da devolução.
de arma de fogo deverá protocolar requerimento,
no modelo do Anexo I, endereçado à SUBSEÇÃO II
Coordenadoria Especial do Sistema Penal, DA CAUTELA EM INTENDÊNCIA
devendo ser instruído com a seguinte
documentação probatória: Art. 21.O armamento empregado nas escoltas, na
I. Cópia autenticada da Identidade Funcional ou defesa e segurança das unidades prisionais,
acompanhada do original que conste autorização administrativas ou especializadas não poderá ser
para o porte de arma de fogo; acautelado individualmente ou em urgência,
II. Certidões Criminais da Justiça Comum, dos sendo sua utilização exclusiva para atender a
Juizados Especiais Criminal do Estado, da Justiça Unidade para qual foi destinado.
Federal, da Polícia Civil e Federal; § 1º O controle de emprego de armamento
III. Certidão da Controladoria Geral de Disciplina utilizado nas escoltas e na defesa e segurança
dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema das unidades será diário, exigindo-se o visto da
Penitenciário do Estado do Ceará – CGD, sobre chefia imediata da unidade.
procedimento administrativo disciplinar ou § 2º Cumpre acompanhamento sistemático,
sindicância em nome do requerente; daqueles responsáveis estabelecidos no §2º, do
IV. Duas fotos 3x4; Art.28, desta portaria, o controle dos materiais,
V. Comprovante de endereço atualizado; equipamentos e o gerenciamento da logística do
VI. Declaração do Diretor da Unidade de lotação, a armamento em intendência empregado na defesa
qual justifique a efetiva necessidade de utilização e segurança de sua(s) unidade(s).
da arma, com exposição dos fatos e
circunstâncias laborais. SUBSEÇÃO III
Art. 19. A cautela individual de arma de fogo de DA CAUTELA DE URGÊNCIA
que trata esta Portaria será concedida,
preenchidos os requisitos estabelecidos, havendo Art. 22. O requerimento para cautela de urgência,
disponibilidade de armamento e observada à de arma de fogo institucional e de outros
logística da segurança do sistema penitenciário, equipamentos de segurança, deverá ser instruído
no prazo de 30 (trinta) dias, mediante Termo de no modelo do Anexo I e endereçado à
Cautela, com validade de 36 (trinta e seis) Coordenadoria Especial do Sistema Penal,
meses, na forma do Anexo II, e será precedida de contendo necessariamente:
prévia análise e decisão da Coordenadoria I. Declaração informando a efetiva necessidade,
Especial, ouvidos os coordenadores, expondo os fatos relevantes ou circunstâncias
administrativo e operacional, todos do Sistema laborais, ordem de serviço ou diligência para qual
Penal do Estado. se destina ou justifique o pleito, com prazo
Parágrafo único. Aprovada a requisição, a determinado para o início e término;
Coordenadoria Especial do Sistema Penal emitirá II. Cópia autenticada da Identidade Funcional ou
autorização para o Termo de Cautela junto ao acompanhada do original que conste autorização
GAP, que procederá ao acautelamento para o porte de arma de fogo.
registrando-a no sistema de controle de Parágrafo único. A cautela de urgência terá
armamentos. validade pelo prazo das circunstâncias laborais,
Art. 20. Ao integrante da Segurança Penitenciária ordem de serviço ou diligência, não superior a 90
a quem a cautela individual for deferida será (noventa) dias.
concedido o quantitativo de até 30 (trinta) Art. 23. Em quaisquer dos casos de indeferimento
munições. de acautelamento de arma de fogo, caberá
§ 1º O armamento e munições acautelados recurso à Secretaria Executiva da Justiça e
deverão ser apresentados semestralmente ao Cidadania, a qual decidirá, por ato motivado.
setor de controle de armamento do GAP, para
devida conferência.
§ 2º Caso o integrante da Segurança Penitenciária
tenha efetuado disparo(s) com a munição
SUBSEÇÃO IV Art. 26. No caso do integrante da Segurança
DO TERMO DE CAUTELA Penitenciária inativo, pleitear a cautela individual,
dada circunstâncias especificas inerentes a função
Art. 24. O termo de cautela de arma de fogo, do requerente, observar-se-á, para o caso as
acessório ou munição será assinado pelo regras do acautelamento individual constante
Coordenador Especial do Sistema Penitenciário do nesta portaria.
Estado do Ceará, e controlada pelo GAP, Parágrafo único. Em sendo deferida a cautela
observando-se o seguinte: individual para o aposentado, esta, não poderá
I. Registro em livro próprio, que conterá termos de exceder o prazo de 36 meses.
abertura e encerramento, e no qual serão
lançados sucessivamente: SEÇÃO V
a) Identificação do detentor-usuário (nome, AQUISIÇÃO DE ARMAS DE USO PERMITIDO E
filiação, cargo/ função, RG, CPF, telefone, e-mail, DE USO RESTRITO
endereço);
b) Dados da arma de fogo, acessório ou munição Art. 27. A aquisição de arma de uso restrito,
(tipo, calibre, números patrimonial e de fábrica, munições e renovação do CRAF, por parte dos
espécie, quantidade); integrantes da Segurança Penitenciária do Estado
c) Período em que o(s) bem(ns) ficará(ão) sob do Ceará, estão sujeitos aos preceitos das
responsabilidade do requerente, com as portarias pelo órgão regulador, bem como, o
assinaturas do responsável pelo setor de controle devido preenchimento dos requisitos constantes
do GAP e do requerente. no formulário do Anexo III deste Ato Normativo.
II. O registro e guarda das informações relativas à Parágrafo único. Quando, no caso, de aquisição
cautela expressa no inciso I, deste artigo, implica o de armas de fogo de uso permitido, obedecerá a
lançamento dos referidos dados em arquivo disposição legal vigente.
eletrônico para pronta consulta.
Parágrafo único. Ao termino do período previsto SEÇÃO VI
no termo de cautela, não sendo esse renovado DO CONTROLE E DISTRIBUIÇÃO
para os fins que destinou o armamento, munições
e outros artefatos bélicos deverão ser devolvidos Art. 28. Compete ao Grupo de Apoio Penitenciário
ao GAP mediante recibo. – GAP, a guarda, armazenamento, manutenção,
Art. 25. O GAP deverá providenciar o controle, distribuição e recolhimento do
desenvolvimento e o gerenciamento de programas armamento e munições, pertencentes à Secretaria
que possibilite o acesso, em sistema digital interno da Justiça e Cidadania.
da SEJUSCE, aos bancos de dados relativos ao Parágrafo único. O Diretor do Grupo de Apoio
controle de armamento, de forma que seja Penitenciário – GAP, no que se refere ao
possível a obtenção das seguintes informações: armazenamento, providenciará local (RESERVA)
I. Prontuário da cada arma de fogo; e vigilância adequada para guarda do armamento,
II. Quantidade de armas de fogo sob munições e outros artefatos controlados da
administração da SEJUS-CE; instituição, conforme as regras emanadas pelo
III. Quantidade de armas de fogo acauteladas: órgão regulador.
a) Cautela individual; Art. 29. As armas, munições letais, menos letais e
b) Cautela em intendência; outros artefatos adquiridos, serão distribuídos pelo
c) Cautela de urgência. GAP, que somente as encaminhará para
IV. Cautela suspensa; Estabelecimento Penitenciário, grupos, núcleos e
V. Quantidade de armas de fogo cadastradas de servidores, após pareceres dos coordenadores
propriedade particular; administrativos, operacional, e aquiescência do
VI. Quantidade de armas de fogo furtadas, Coordenador Especial do Sistema Penal.
extraviadas ou roubadas de propriedade da § 1º O Grupo de Apoio Penitenciário – GAP,
SEJUS-CE. obrigatoriamente, designará livros próprios e
Parágrafo único. Os encarregados pela produção arquivo eletrônico para o devido registro geral do
e alimentação dos documentos relativos às armas recebimento e da distribuição, do armamento,
de fogo deverão zelar pela correção de todos os munição e outros artefatos controlados.
dados, assim como pela sua apresentação, § 2º Cumpre também aos estabelecimentos no
adotando os formulários constantes nesta Portaria. âmbito do sistema penitenciário, criar livro próprio
e arquivo eletrônico para o controle do irregularidades no uso, razões disciplinares,
armamento, munição e outros artefatos segurança, servidor inapto e outras situações
controlados; neste sentido, atribuindo-se: dispostas neste regulamento, emitindo relatório
I. Na unidade prisional de grande porte, ao chefe circunstanciado;
de segurança e disciplina; II. Expedir instruções técnicas para o uso, guarda,
II. Nas subcoordenadorias, os subcoordenadores; manutenção e controle dos armamentos,
III. Nas cadeias públicas, aos seus respectivos munições e outros artefatos controlados;
administradores ou ao supervisor do Núcleo de III. Receber ou recolher o armamento e demais
Segurança e Disciplina; artefatos controlados nos casos de
IV. No Grupo de Apoio Penitenciário – GAP ao acautelamentos.
supervisor de operações; § 1º O relatório circunstanciado será encaminhado
V. Nas demais coordenadorias e núcleos, aos para a coordenadoria especial, que após
seus respectivos coordenadores ou supervisores. pareceres dos coordenadores, administrativo e
§ 3º Nas unidades de grande porte, nos núcleos, operacional, decidirá sobre a manutenção do
subcoordenadorias e coordenadorias, a recolhimento.
distribuição e acautelamento diários (cautela em § 2º Caberá ao setor de controle de material
intendência) do armamento, munição e outros bélico do GAP, exclusivamente:
artefatos controlados disponíveis, ou seja, o I. O recebimento de armamento, munições e
recebimento e repasse desses equipamentos outros artefatos controlados, quando adquiridos
serão feitos em local específico, na passagem de pela instituição, bem como as de uso restrito para
serviço, sempre com o acompanhamento das integrantes da Segurança Penitenciária;
chefias ou subchefias imediatas, registrando o II. Manutenção de armamento;
controle deste material em livro diário assinado III. Prestar as informações através de livro próprio
pelo agente de serviço, o qual terá a guarda contendo as características do armamento e com
durante o plantão. respectiva numeração;
§ 4º O registro no livro diário deverá conter os IV. Manter atualizados os registros de
seguintes dados: encaminhamentos e distribuição do armamento
I. Nome completo e matrícula do agente junto aos órgãos fiscalizadores;
penitenciário; V. Acondicionar e manter o armamento, munições
II. Arma tipo, calibre e numeração; e outros artefatos controlados que, por qualquer
III. Munição tipo, calibre e quantidade; motivo, não estiverem em uso nos locais e turnos
IV. Outros artefatos controlados, descrição e de serviço, em compartimento próprio conforme
quantidade. regras de segurança;
§ 5º Nas cadeias públicas, a distribuição e VI. Realizar a entrega de armamento, munições e
acautelamento (cautela em intendência) dar-se-á outros artefatos controlados, quando devidamente
pelo sistema de revezamento do(s) agente(s) autorizados;
plantonista(s), ou seja, o armamento, munição e VII. Receber ou recolher o armamento e demais
outros artefatos controlados disponíveis para o artefatos controlados nos casos de
respectivo estabelecimento prisional, serão acautelamentos.
repassados no ato da transferência do plantão
(passagem de serviço); devendo constar no livro SEÇÃO VII
diário de ocorrências, os dados listados no DA MANUTENÇÃO
parágrafo anterior.
§ 6º Em quaisquer casos de repasse e Art. 31. Constitui responsabilidade das chefias
recebimento de armamento, munição e outros imediatas efetuarem fiscalização diária
artefatos controlados, os integrantes da inspecionando o armamento e munição,
Segurança Penitenciária, deverão realizar a conferindo a numeração da arma e do registro, as
devida conferência pelas partes, com registro das condições de uso e estado de conservação, bem
alterações em livro próprio, no ato da transferência como, observando o correto preenchimento do
do serviço. livro de passagem e controle do armamento.
Art. 30. Compete a direção do GAP, ou a § 1º Constatadas irregularidades e/ou falha no
integrante responsável por ela definido: funcionamento do armamento, esse deverá ser
I. Recolher armamento, munições e outros recolhido e informado ao supervisor operacional
artefatos controlados, quando houver do GAP, que providenciará a manutenção;
§ 2º Se necessário, manutenção especializada o irregular da arma da instituição, da identidade
armamento com defeito será enviado à funcional que expresse a permissão para o porte
assistência técnica. de arma, bem como, por prestar ou captar
informações falsas para a instrução do
CAPITULO IV procedimento administrativo que lhe confira o
DAS OCORRÊNCIAS porte de arma.
Art. 34. Ao integrante da Segurança Penitenciária
Art. 32. Os integrantes da Segurança do Estado do Ceará será imputado a suspensão
Penitenciária, quando, do uso da força, ou da sua cautelar ou recolhimento definitivo de sua
ação resultar lesão ou morte de pessoa(s), identidade funcional com a autorização para o
deverão realizar as seguintes ações: porte de arma.
I. Minimizar os danos e lesões, respeitando e I. A suspensão cautelar da identidade funcional
preservando a dignidade humana; com a autorização para o porte de arma, do
II. Assegurar, junto ao setor de assistência social, agente penitenciário dar-se-á:
que os parentes ou amigos da pessoa ferida ou a) Quando preso em flagrante ou mandado de
afetada sejam notificados o mais rápido possível; prisão pela prática de crime doloso;
III. Facilitar a prestação de socorro ou assistência b) Quando o agente penitenciário ameaçar
médica aos feridos; quaisquer de seus superiores ou iguais;
IV. Promover a correta preservação do local da c) Quando houver indícios inequívocos (elementos
ocorrência; em caso negativo, apresentar informativos) ou provas circunstanciais de
justificativa; envolvimento do agente penitenciário com o tráfico
V. Comunicar o fato ao seu superior imediato e à de drogas, quadrilhas de criminosos, crime
autoridade competente; organizado ou grupo de extermínio;
VI. Elaborar relatório, individual ou por via da d) Quando, comprovadamente por culpa, disparar
chefia imediata, circunstanciado, conforme arma de fogo no exercício de suas atribuições;
previsto no art.14, §1º, deste regulamento, para os e) Portar arma de fogo em estado de embriaguez
devidos encaminhamentos; ou sob efeito de substância entorpecente;
VII. Identificar as armas e munições envolvidas, f) Ausentar-se do Estado portando arma de fogo
vinculando-as aos seus respectivos portadores no acautelada, salvo quando em exercício de
momento da ocorrência; atividade inerente ao Sistema de Segurança
VIII. Solicitar perícia criminalística para o exame Penitenciária e mediante prévia e expressa
de local e objetos, bem como exames médico- autorização da Coordenadoria Especial do
legais. Sistema Penal;
Parágrafo único. Cumpre à direção ou g) Incorrer em desobediência de qualquer das
responsável pelo Estabelecimento Prisional: normas contidas nesta Portaria;
I. Após a ciência do fato, comunicar a ocorrência h) Cessado o motivo da necessidade que ensejou
aos familiares, ou pessoa indicada no prontuário a cautela;
do interno; i) Quando por recomendação psicológica ou
II. Encaminhar ao setor psicossocial o(s) agente(s) psiquiátrica;
de segurança penitenciaria envolvido(s) na j) Quando dos demais dispositivos jurídicos
ocorrência para o devido acompanhamento, autorizantes do afastamento de suas atribuições;
permitindo-lhes superar ou minimizar os efeitos k) Quando do uso ilegal ou escuso da arma de
decorrentes; fogo, ainda que particular, munições e identidade
III. Afastar temporariamente do serviço funcional.
operacional, em caso de indicação/avaliação II. O Recolhimento definitivo da identidade
psicossocial, tendo em vista a redução do estresse funcional com a autorização para o porte de arma,
nas ocorrências de resultado letal. do agente penitenciário dar-se-á, quando:
a) Condenado pela pratica de crime doloso e/ou
CAPITULO V resultar demissão;
DA RESPONSABILIDADE b) Exonerado, demitido ou pedir demissão;
c) De interdição judicial que o incapacite para
Art. 33. O integrante da Segurança Penitenciária todos os atos da vida civil;
do Estado do Ceará, responde administrativo, civil d) Em caso de óbito.
e penalmente ou cumulativamente pelo uso Parágrafo único. Em qualquer dos casos
especificados nesse artigo, dar-se-á o dever legal ou exercício regular de direito, para
recolhimento da identidade funcional do integrante fins de Sindicância e Procedimento Administrativo
da Segurança Penitenciária, com a autorização Disciplinar, devidamente comprovado, excluem a
para o porte de arma, ainda que, provisoriamente, responsabilidade funcional do agente
bem como ficará desautorizado a manusear e penitenciário do Estado do Ceará.
portar arma de fogo institucional durante o período § 8º Os casos de excesso, ainda que no exercício
indicado no ato que ensejou a suspenção. da legítima defesa, do estrito cumprimento de
Art. 35. O integrante da atividade de Segurança dever legal ou exercício regular de direito não
Penitenciária, afastado das funções, perderá as será excludente de responsabilidade
prerrogativas funcionais e ficará à disposição do administrativa.
Núcleo de Segurança e Disciplina, podendo
perdurar pelo prazo em que durar a medida. CAPITULO VI
Art. 36. Para fins de afastamento, suspensão, DISPOSIÇÕES FINAIS
demissão, ou outras medidas congêneres, caberá
ao Núcleo de Segurança e Disciplina o Art. 37. Os critérios para seleção e formação de
recolhimento da identidade funcional, arma de agentes de Segurança Penitenciária deverão
fogo, algemas, ou quaisquer outros instrumentos considerar o perfil psicológico necessário para
institucionais na posse do servidor. lidar com situações de estresse, uso da força,
§ 1º O Núcleo de Segurança e Disciplina, para os armas de fogo e demais artefatos bélicos.
fins desse artigo, elaborará relatório Art. 38. As atividades de
circunstanciado do ato do recolhimento e treinamento/capacitação/formação ofertadas pela
encaminhará a Coordenadoria Especial do SEJUS-CE, fazem parte do trabalho rotineiro do
Sistema Penitenciário. integrante da Segurança Penitenciária, bem como,
§ 2º O restabelecimento das prerrogativas constitui uma obrigação funcional, tendo em vista
funcionais ensejará a devolução da identidade o princípio da eficiência expresso no art.37 da
funcional, da arma de fogo, das algemas, ou CRFB/88; e, art.14, VIII e art.154, Constituição do
quaisquer outros instrumentos institucionais ao Estado do Ceará.
servidor, pela Coordenadoria Especial do Sistema Art. 39. A seleção de instrutores para ministrarem
Penal. aula em qualquer assunto que englobe a
§ 3º Para os efeitos de apuração de Segurança Penitenciária, deverá levar em conta
responsabilidade funcional serão consideradas a análise curricular, conhecimento empírico
natureza, a gravidade da infração, os danos que devidamente comprovado, áreas de atuação e
dela provierem para o serviço público ou a conhecimento em direitos humanos, sendo ainda,
terceiros, as circunstâncias agravantes, submetido a avaliação didática, por comissão
atenuantes e os antecedentes funcionais. composta pela EGPR e Coordenadoria Especial -
§ 4º A suspensão do uso da identidade funcional COESP.
do agente penitenciário do Estado do Ceará, com Art. 40. Cumpre ao GAP elaborar protocolo
a autorização para o porte de arma, poderá ser próprio para os procedimentos de habilitação para
imediata ou, após o devido processo o uso de cada tipo de arma de fogo e instrumento
administrativo. de menor potencial ofensivo que incluam
§ 5º O agente penitenciário do Estado do Ceará, avaliação técnica, psicológica, física e treinamento
legalmente afastado do exercício funcional por específico, com previsão de revisão periódica a
licença, férias, ou outro motivo correlato não o ser estabelecida pela Coordenadoria Especial -
isentará de responsabilidade pelo uso escuso do COESP.
armamento e munições, ou da identidade Art. 41. Deverá ser estimulado e priorizado,
funcional com o porte de arma. sempre que possível, o uso de técnicas e
§ 6º A apuração da responsabilidade funcional do instrumentos de menor potencial ofensivo pelos
agente penitenciário do Estado do Ceará será integrantes da Segurança Penitenciária, de acordo
precedida de Sindicância que, em caso de com a especificidade da função operacional e sem
substanciosa coleta de elementos informativos da se restringir às unidades especializadas.
prática de ilícito, propugnar-se-á pela abertura de Art. 42. Deverão ser incluídos nos currículos dos
Procedimento Administrativo Disciplinar, lhe cursos de formação e programas de educação
assegurando o contraditório e a ampla defesa. continuada conteúdos sobre técnicas e manuseio
§ 7º A legítima defesa, o estrito cumprimento de de instrumentos de menor potencial ofensivo.
Art. 43. As armas de menor potencial ofensivo de cada Unidade Prisional, dar publicidade ao
deverão ser separadas e identificadas de forma cronograma de visitação as pessoas privadas de
diferenciada, conforme a necessidade operacional. liberdade.
Art. 44. A Secretaria da Justiça e Cidadania deve
criar comissão permanente interna de CAPÍTULO II
acompanhamento do grau de letalidade aplicada DO CADASTRO DE VISITANTES
ao ambiente carcerário, com o objetivo de
mensurar os efeitos do uso efetivo da força, por Art. 3º O cadastro de visita será realizado
parte de seus agentes, tendo em vista o mediante apresentação dos seguintes
implemento de protocolos e políticas de documentos:
Segurança Penitenciária. I - Original e fotocópias da Identidade (RG) ou
Art. 45. A Secretaria da Justiça e Cidadania documento oficial de identidade legível com foto
deverá, observada a legislação pertinente, (CNH, RG ou CTPS), no qual a fisionomia do
oferecer possibilidades de reabilitação e visitante não tenha sofrido grandes mudanças, e
reintegração ao trabalho aos integrantes da do CPF, frente e verso;
Segurança Penitenciária, que, apresentem danos II - Comprovante de residência atual, no máximo
físicos ou psíquicos em decorrência do de três meses, no nome do postulante a visitante
desempenho de suas atribuições. (fatura de água, luz ou telefone). Caso não
Art. 46. Os casos omissos, para os fins deste ato possua, deverá apresentar declaração simples de
normativo, serão dirimidos pelo Secretário da próprio punho, devendo ser informada de que
Justiça e Cidadania do Estado do Ceará, poderá receber visita in loco para verificação, não
considerando os pareceres dos Coordenadores sendo óbice à visitação o fato da pessoa estar em
Operacional, Administrativo e Especial do Sistema situação de rua ou acolhimento institucional.
Penal. III - 01(uma) foto 3x4, recente.
Art. 47. Constituem partes integrantes deste ato Art. 4º Para a realização de cadastro de cônjuge
normativo os Anexos, I, II, III, IV, V e VI. ou companheiro (a) será necessário, para
Art. 48. No prazo de 1 (um) ano, a contar da data comprovação, a apresentação de documento
de sua publicação, será constituída comissão conforme as especificações dos incisos abaixo:
revisora com membros indicados pela I - Certidão de casamento civil; ou
Coordenadoria Especial e terá a finalidade de II - Escritura Pública Declaratória de União Estável
revisar e atualizar, no que couber, este ato bilateral, devidamente registrada em cartório; ou
normativo. III - Certidão de casamento religioso ou;
Art. 49. Esta Portaria entra em vigor na data de IV - Prova de encargos domésticos ou;
sua publicação. V - Comprovação de existência de sociedade ou
comunhão nos atos da vida civil ou;
PROCEDIMENTOS DE VISITA ÀS PESSOAS VI - Declaração do imposto de renda em que
PRIVADAS DE LIBERDADE NAS UNIDADES conste o (a) interessado (a) como dependente da
PRISIONAIS DO ESTADO DO CEARÁ pessoa privadas de liberdade ou;
(PORTARIA Nº 900/2022) VII - Prova de mesmo domicílio ou;
VIII - Conta bancária conjunta ou;
CAPÍTULO I IX - certidão de nascimento dos filhos em comum
DOS DIAS DE VISITA ou;
X - Outros documentos que possam levar à
Art. 2º A direção de cada Unidade Prisional, após convicção do fato a comprovar.
anuência da administração superior, § 1º A documentação apresentada pelo visitante
determinará os dias em que as pessoas privadas deverá ser anterior a data da prisão do visitado.
de liberdade receberão a visita do cônjuge, § 2º No cadastro de visitante não haverá
companheiro, parentes e amigos, considerando as discriminação para com as relações
condições estruturais, de segurança e homoafetivas.
especificidades de cada estabelecimento, Art. 5º Para a realização de cadastro de crianças
conforme o disposto no Art. 41, inciso X, da Lei nº. e adolescentes será necessário a apresentação
7.210/1984. dos seguintes documentos abaixo relacionados:
Parágrafo Único. Fica ainda, a cargo da direção I - Original e cópia do documento oficial, com foto,
do responsável legal;
II - Original e cópia da certidão de nascimento da CAPÍTULO IV
criança ou adolescente; DO ACESSO DE VISITANTES EM DIAS DE
III - 01 (uma) foto 3x4 recente. VISITAÇÃO
Art. 6º Para cadastro de visita como parente serão
aceitos pedidos para aquelas pessoas que Art. 13. O agendamento de visita poderá/deverá
comprovarem o vínculo parental até o 2º grau, ser feito através de sistema informatizado, com
mediante documento público, devidamente emissão de senha pessoal e intransferível, na
registrado em cartório. internet, em endereço eletrônico a ser
Art. 7º Caso o postulante à visitação esteja na disponibilizado pela Secretaria.
condição de vítima nos processos criminais Parágrafo único. Caso a pessoa não tenha
imputados a pessoas privadas de liberdade, o acesso à internet, o agendamento poderá ser
cadastro só será realizado mediante expressa realizado na sede do Núcleo de Assistência à
autorização judicial. Família – NUASF.
Art. 8º O cadastro de visita deverá ser revalidado Art. 14. A pessoa interessada em visitar as
a cada 02 (dois) anos com a reapresentação dos pessoas privadas de liberdade nas Unidades
documentos necessários ao cadastro de visitante. Prisionais na condição de pais, cônjuge,
O não cumprimento deste dispositivo implicará na companheiro (a), filhos (as), demais parentes e
suspensão da visita até a regularização da amigos (as) deverá estar devidamente cadastrada,
mesma. agendada e portando documento oficial com foto.
Parágrafo único. O Cadastro de visitação poderá Parágrafo único. A criança e o adolescente só
ser revalidada em até 30 (trinta) dias anteriores a poderão ingressar à Unidade Prisional se
data de seu vencimento. acompanhadas pelo responsável legal indicado
no seu respectivo cadastro.
CAPÍTULO III Art. 15. A permanência de visitante, previamente
DOS PRAZOS cadastrado, compreenderá o período das 08h às
12h, para visitas sociais, no número máximo de
Art. 9º No caso de cancelamento de visitação de 02 (duas) pessoas adultas por custodiado nos
esposo (a), companheiro (a), parente ou amigo (a) dias estabelecidos pela direção da Unidade
por parte da pessoa privada de liberdade, o (a) Prisional, respeitando suas características
mesmo (a) terá que cumprir o prazo mínimo de particulares após anuência da Administração
30 (trinta) dias para requerer a reativação do Superior da SAP.
mesmo cadastro. Art. 16. A visita social será realizada com
Parágrafo Único. Se a reativação do cadastro for vigilância a fim de garantir segurança de todos,
realizada em até 90 (noventa) dias, não será podendo ser realizada em ambientes setorizados.
necessária a realização de novo cadastro. Art. 17. Não será permitida a realização de visita
Art. 10. O (a) esposo (a), companheiro (a), no interior das alas e celas.
parente ou amigo que tiveram o cadastro Art. 18. Não será permitida, por ato devidamente
cancelado pelas pessoas privadas de liberdade justificado pelo Diretor, a visita de pessoa que:
não poderão requerer novo cadastro com o I - Comprovadamente oferecer risco à segurança
mesmo “status” pelo prazo mínimo de 90 da Unidade Prisional;
(noventa) dias. II - Chegar à Unidade Prisional em dia e hora não
Art. 11. Quando o cancelamento do cadastro de estabelecido para visitação;
visitante for requerido pelo mesmo, este somente III - Não apresentar documento de identificação
poderá solicitar novo cadastro para visitação após oficial com foto;
90 (noventa) dias daquele requerimento. IV - Apresentar sintomas de embriaguez ou
Art. 12. Somente serão realizados novos conduta alterada que levem a presunção de
cadastros de esposo (a), companheiro (a), parente consumo de drogas e/ou entorpecentes;
ou amigo (a) após cumprido o prazo de 90 V - Estiver visivelmente portando alguma doença
(noventa) dias do cancelamento do cadastro da infectocontagiosa (ex. catapora, conjuntivite), com
última pessoa visitante com o mesmo status o fito de resguardar o bem comum da coletividade;
cadastrado. VI - Estiver com gesso, curativos ou ataduras e
cinta.
Parágrafo único. A direção da Unidade Prisional
poderá negar o cadastramento de visitante
quando a especificidade fática do delito ao qual laudos médicos que comprovem tal condição.
respondem ou pelo qual foi condenada guarde § 3º O cadastro do visitante prioritário com
relação com a vulneração do ambiente prisional, limitação permanente deverá ser realizado junto
cabendo-lhe, em tais casos, expor de forma clara às sedes dos Núcleos de Cadastro de Visitante -
os motivos do indeferimento. NUCAV em horário de expediente, das 08h às
17h, de segunda a sexta-feira, apresentando os
SEÇÃO I referidos laudos médicos que comprovem tal
DO ACESSO DE CRIANÇAS E DOS condição.
ADOLESCENTES
SEÇÃO III
Art. 19. Nos dias de visita serão limitados a 02 DA MULHER GRÁVIDA
(dois) filhos (as) e/ou netos (as), crianças com
idades compreendidas entre 06 (seis) meses a 12 Art. 22. A visitante terá assegurado o seu direito
(doze) anos incompletos, somente podendo de visitação social, até o 7º (sétimo) mês de
ingressar nas Unidades Prisionais se gestação, em local designado pela direção da
acompanhados de pai, mãe ou responsável legal e Unidade Prisional.
que visite a mesma pessoa privada de liberdade, Parágrafo único. A comprovação de gestação
portando documento oficial com foto com o devido deverá ser realizada por meio de atestado de
cadastro e agendamento, nos termos do parágrafo acompanhamento pré-natal, onde o NUCAV
único, art.14. deverá realizar o cadastro de acesso prioritário até
Art. 20. Ao adolescente, filho ou neto, com idade o sétimo mês de gestação.
compreendida entre 12 (doze) anos e 18
(dezoito) anos incompletos, poderá ter seu SEÇÃO IV
direito à visita social quando devidamente DA CUSTÓDIA E TRATAMENTO PSIQUIÁTRICO
cadastrado e previamente agendada, em local
determinado pela Direção da Unidade, somente Art. 23. A pessoa privada de liberdade recolhida
podendo ingressar nas Unidades Prisionais se em ala hospitalar ou enfermaria de Unidade
acompanhados de pai, mãe, ou responsável legal, prisional, que por recomendação médica esteja
portando documento oficial com foto, nos termos impossibilitado de receber visitação em local
do parágrafo único, art.14. determinado, poderá solicitar agendamento de
visita social extraordinária, mediante autorização
SEÇÃO II do Diretor, observando as orientações médicas.
DOS VISITANTES COM USO TEMPORÁRIO DE Parágrafo único. A recusa de autorização de
PRÓTESES E OBJETOS DE AUXÍLIO À visita social, presencial ou por meio de vídeo, por
LOCOMOÇÃO parte da direção do estabelecimento deverá ser
justificada e comunicada para a família e para a
Art. 21. Ao visitante que faça uso de muletas, defesa da pessoa internada.
cadeira de rodas ou outro objeto que auxilie em Art. 24. Por se tratar de estabelecimento para
sua locomoção deverá comparecer à Unidade cumprimento de Medida de Segurança e
Prisional, em horário de expediente, das 08h às objetivando auxiliar no tratamento do (a) internado
17h, de segunda a sexta-feira, para apresentar os (a) portador (a) de transtorno mental, ficará a
referidos laudos. cargo e sob a responsabilidade da Direção da
§ 1º As pessoas com deficiência, os idosos com Unidade Penal estabelecer horário e número de
idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as visitantes.
gestantes, as lactantes, as pessoas com crianças
de colo, os obesos ou qualquer pessoa em SEÇÃO V
condição de limitação física, terão atendimento DOS SETORES DE TRIAGEM
prioritário.
§ 2º O cadastro do visitante prioritário com Art. 25.Por se tratar de local de rotina diferenciada
limitação temporária deverá ser realizado junto à a pessoa privada de liberdade só poderá receber
própria Unidade Prisional ou nas sedes dos visita após o término do período de triagem que
Núcleos de Cadastro de Visitante - NUCAV em será de, no mínimo, 30 (trinta) dias e no máximo
horário de expediente, das 08h às 17h, de de até 60 (sessenta) dias.
segunda a sexta-feira, apresentando os referidos
CAPÍTULO V de semana, para as pessoas que forem
DAS VESTIMENTAS E ACESSÓRIOS AOS efetivamente visitar pessoa privada de liberdade
VISITANTES em qualquer das Unidades Prisionais.
§ 1º Os materiais que não estiverem em
Art. 26. Somente será permitida a entrada de conformidade com o Anexo Único desta portaria,
visitante que: não serão recebidos e a Unidade Prisional não
I - estiver trajando camisetas ou blusas, com fará a guarda e nem se responsabilizará por
exceção na cor preta, sem botões e sem materiais abandonados e/ou não identificados.
estampas; § 2º Eventuais alterações posteriores referente a
II - estiver trajando calças de tecidos finos, com lista dos materiais permitidos deverão ser
exceção na cor preta, sem cordões, sem massa publicizados com antecedência mínima de 07
metálica, sem bolsos, sem botões, e sem (sete) dias para os visitantes.
estampas;
III - estiver trajando saias ou vestidos, com CAPÍTULO VII
exceção na cor preta, sem estampas, sem DA REVISTA DE VISITANTES
cordões, sem massa metálica, sem bolsos e sem
botões; Art. 29. Os visitantes deverão ser submetidos à
IV - usando prendedor de cabelo de plástico ou revista através de bodyscanner antes de serem
tecido sem nenhum componente metálico. conduzidos ao local apropriado e, quando
V - estiver calçando sandálias de borracha com necessário, ao término da visitação, obedecendo
solado único, na cor clara e sem estampas, tipo aos procedimentos de segurança, preservando a
rasteira. dignidade e a integridade física, psicológica e
§ 1º A visitante deverá estar usando roupas na moral das pessoas.
linha do joelho, cobrindo os ombros e os seios, § 1º As revistas devem ser realizadas por
sem transparência. procedimentos visuais e eletrônicos, utilizando-se
§ 2º Será vedada a entrada de peças de aparelhos de imagens e detectores de metais,
vestuário, com bojo e aspas. dentre outros.
§ 3º Fica vedado o ingresso de visitante portando § 2º Nos casos em que a revista por aparelho
peças de roupas em duplicidade ou de time de eletrônico de inspeção apontar alguma
futebol e acessórios, tais como: relógio, boné, irregularidade, ou nos casos em que não for
óculos esportivo, cinto, grampo de cabelo, fivela possível realizá-la, em razão de indisponibilidade
ou tipo similar de prendedor de cabelo, bijuterias, ou das condições de saúde do visitante, a pessoa
peças em prata e/ou ouro, jóias, adornos, afins e o poderá ser encaminhada para a revista manual.
uso ou porte de cigarros e similares. § 3º A revista manual será efetuada em local
apropriado à natureza do procedimento, por
CAPÍTULO VI servidor penal do mesmo gênero do visitante,
DOS MATERIAIS OU OBJETOS COM ENTRADA sendo vedada a revista intima, o desnudamento
PERMITIDA ou qualquer outra prática vexatória, tais como
agachamentos ou saltos.
Art. 27. O ingresso de material de limpeza, peça § 4º No caso de visitante travesti, transexual ou
de vestuário, gêneros alimentícios, produtos para intersexual, sua identidade de gênero definirá o
higiene pessoal e medicamentos ficará gênero de servidor penal responsável pelo
condicionado ao cumprimento dos critérios de procedimento da revista manual, respeitando o
acondicionamento, embalagem, quantidade e direito ao uso do nome social, nos termos da
periodicidade estabelecidos no ANEXO ÚNICO Resolução CNJ nº.270 de 11 de dezembro de
desta Portaria. 2018, e resolução CNJ nº.348, de 13 de outubro
§ 1º Os medicamentos somente serão aceitos por de 2020.
solicitação e/ou prescrição médica do setor de § 5º A revista manual deverá obedecer às
saúde da Unidade Prisional. seguintes diretrizes:
Art. 28. Os materiais poderão ser entregues, por I - Autorização pela pessoa a ser revistada;
visitante devidamente cadastrado portando II - Execução por servidor penal do mesmo gênero
documento oficial com foto, a pessoa privada de da pessoa visitante, respeitada a autoidentificação
liberdade para a qual faz visitação em dias e de gênero das travestis, transexuais e
horários estipulados por esta Secretaria e, aos fins intersexuais, nos termos dos parágrafos
anteriores; CAPÍTULO IX
III - Vedação de desnudamento ou toque nas DA SUSPENSÃO DO DIREITO DE VISITA
partes íntimas dos visitantes;
IV - Vedação de revista manual em crianças e Art. 33. A pessoa privada de liberdade que
adolescentes, conforme os artigos 17 e 18 do cometer falta disciplinar leve, média ou grave,
Estatuto da Criança e do Adolescente. poderá ter restringido ou suspenso o direito a
§ 6º Havendo indícios de porte de material visita.
proibido que, em tese, tipifique ilícito penal, o § 1º Em nenhuma hipótese a suspensão do direito
visitante será conduzido ao órgão policial local de visitas poderá ser aplicado como sanção
para as providências legais cabíveis, devendo ser coletiva.
oportunizada comunicação previa com membro da § 2º Eventual suspensão do direito deverá ser
família ou advogado. comunicada imediatamente à família da pessoa
§ 7º Crianças com fraldas deverão tê-las privada de liberdade.
substituídas pelo seu responsável, mediante § 3º Deverá ser assegurado o amplo
inspeção de servidor penal. conhecimento às pessoas privadas de liberdade e
Art. 30. Na impossibilidade, por recomendação aos visitantes acerca do rol de atividades
médica de passagem pelo bodyscanner, o (a) compreendidas como conduta ilícitas, explicitando
visitante terá assegurado o seu direito de visitação as sanções cabíveis em cada um dos casos.
social em local designado pela direção. § 4º No caso de realização de conduta ilícita pelo
Art. 31. O (a) visitante que se opuser ao visitante deverá ser instaurado processo
cumprimento das determinações supracitadas terá administrativo, com garantia da ampla defesa e
sua entrada proibida. contraditório, comunicando o interessado,
Ministério Público e a Defensoria Pública.
CAPÍTULO VIII § 5º Nos casos em que houver suspensão do
DA VISITA ÍNTIMA direito de visita ou restrição de algum familiar ou
amigo a compor o rol de visitantes, é
Art. 32. A visita íntima, considerada uma regalia, recomendado que sejam ouvidas as equipes
poderá ser concedida a pessoa privada de multidisciplinares, especialmente as assistentes
liberdade, de forma excepcional e esporádica, sociais ou psicólogos, por meio de produção
desde que preenchidos os requisitos de técnica, como relatórios, a fim de que haja
comportamento, disciplina e a realização do manifestação fundamentada acerca do direito à
cadastro de cônjuge ou companheiro (a) conforme visita e composição de vínculos.
o art. 4º desta portaria. Art. 34. Em caso de rebelião, motins ou situações
§ 1º A concessão da regalia será deferida pelo de perturbação da ordem e disciplina que
Secretário ou a quem ele delegar, de acordo com comprometam a segurança, o diretor da Unidade
a conveniência e discricionariedade. Prisional poderá suspender as visitas buscando
§ 2º Só poderá haver visita íntima nas unidades restabelecer a ordem, a segurança e a disciplina
prisionais que dispuserem de local apropriado da mesma.
destinado para tal finalidade, onde a mesma Art. 35. O (A) visitante poderá ter seu ingresso
ocorrerá a critério da SAP. suspenso, por decisão motivada da direção da
§ 3º Fica vedada a visita íntima no interior das unidade, pelos prazos a seguir:
celas ou em qualquer outro local que não esteja I - 90 (noventa) dias a 180 (cento e oitenta) dias,
destinado para tal fim. quando:
§4º A regalia deverá ser assegurada, vedada as a) em decorrência, da sua conduta, resultar
restrições de gênero ou orientação sexual, qualquer fato danoso à ordem, à segurança e à
respeitado o direito ao uso do nome social, nos disciplina da Unidade;
termos da Resolução CNJ nº. 270 de 11 de b) tentar adentrar a Unidade com qualquer
dezembro de 2018, e Resolução CNJ nº. 348, de substância ou objetos que comprometam à ordem,
13 de outubro de 2020. à disciplina e à segurança da Unidade.
II - Pelo período em que perdurar o processo de
instrução e julgamento:
a) quando for flagrado tentando entrar na Unidade
portando qualquer dos objetos relacionados
abaixo:
1) Armas de fogo de qualquer espécie e munições; da Administração Penitenciária e Ressocialização
2) Explosivos; do Estado do Ceará.
3) Substâncias entorpecentes;
4) Aparelhos, peças ou acessórios de telefones DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
celulares, chips, bips, pager, ou de qualquer tipo
de instrumento de comunicação; Art. 2º Este Normativo aplicar-se-á a todos os
5) Produto de circulação proibida em Lei; presos recolhidos em Unidades Prisionais do
6) Instrumento capaz de ofender a integridade Estado do Ceará que venham a cometer faltas
física de outrem; disciplinares no interior do estabelecimento
7) Serra ou qualquer tipo de ferramentas. prisional, bem como quando estiverem em trânsito
b) No caso de reincidência de fatos previstos no ou executando trabalho externo.
inciso anterior. Art. 3º No aspecto administrativo-disciplinar as
§ 1º O visitante flagrado por qualquer das normas deste Regimento serão aplicadas aos
condutas previstas neste artigo será apresentado presos de ambos os sexos, quer dentro do
à autoridade policial para as providências cabíveis. estabelecimento prisional e sua extensão, quer
§ 2º A Unidade Prisional deverá suspender o quando estiverem em trânsito ou em execução de
cadastro da pessoa que tiver com o direito de serviço externo.
visita suspenso. Art. 4º Todos os presos da Unidade Prisional
§ 3º Comprovada a inocência, a visita será serão cientificados das normas disciplinares, no
restabelecida mediante requerimento da parte momento de seu ingresso no sistema
interessada. Penitenciário do Estado do Ceará.
Art. 5º O Conselho Disciplinar, órgão colegiado
CAPÍTULO X formado pelo Diretor Adjunto, ou quem
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS responder pela função, e quatro policiais penais
de notória experiência, tem por finalidade:
Art. 36. Todos os setores que compõem as I - conhecer, analisar e processar as faltas
Unidades Prisionais deverão cumprir disciplinares cometidas pelos internos, elaborando
integralmente o presente regulamento, facilitando parecer opinativo, que será encaminhado para
o processo para todos que dele participam, apreciação do(a) Diretor(a) da Unidade Prisional,
principalmente as pessoas privadas de liberdade e ou quem responder pela função, assegurados em
seus familiares. todo o procedimento o contraditório e a ampla
Art. 37. A constatação de falha decorrente de defesa, por Defensor Público ou Advogado
negligência, facilitação ou conivência no acesso constituído pelo interno ou nomeado para o ato.
de visitantes às Unidades Prisionais em § 1º Nas Unidades Prisionais que não tenham o
desconformidade ao que preconiza esta Portaria cargo de Diretor Adjunto, o Conselho Disciplinar
estará passível de sanções administrativas, civis e será composto por policiais penais de notória
penais, quando cabíveis. experiência lotados na própria Unidade,
Art. 38. As situações excepcionais serão indicados pelo diretor.
analisadas pelo Diretor da Unidade Prisional e § 2º O parecer opinativo será sempre coletivo e
submetidas à Coordenadoria Especial da deverá conter as assinaturas de, no mínimo, três
Administração Prisional, para deliberações. dos cinco membros do Conselho Disciplinar,
Art. 39. Esta Portaria entra em vigor a partir de sendo lançado por escrito e tomado por maioria
sua assinatura. simples.
§ 3º Em caso de empate será considerado
PROCESSOS ADMINISTRATIVOS vencedor o voto favorável ao preso.
DISCIPLINARES - PADS Art. 6º O Conselho Disciplinar, que será presidido
(PORTARIA Nº20/2024) pelo Diretor Adjunto e na sua falta ou impedimento
responderá por este o Chefe de Segurança e/ou
Art. 1º Estabelecer e padronizar as normas Policial Penal de notório conhecimento, indicado
referentes ao Procedimento Administrativo pelo diretor.
Disciplinar, para a apuração das faltas Art. 7º O Conselho reunir-se-á tantas vezes
disciplinares cometidas por presos custodiados quantas necessárias, para deliberar sobre os
nas Unidades Prisionais no âmbito da Secretaria casos em análise.
DO REGISTRO DA OCORRÊNCIA disciplinar de qualquer natureza.

Art. 8º O servidor que presenciar fato tipificado DAS FALTAS DISCIPLINARES


como falta disciplinar deverá apresentar à chefia
imediata, relatório de ocorrência pormenorizado Art. 11. Considera-se falta disciplinar de natureza
indicando os indícios de autoria, materialidade leve:
infracional e circunstâncias sobre o ocorrido, I - manusear equipamento de trabalho sem
imediatamente após cessação do fato. autorização ou sem conhecimento do servidor
§ 1º O registro conterá notícia circunstanciada do encarregado, mesmo a pretexto de reparos ou
fato, nome, prontuário, respectiva alocação limpeza;
carcerária da pessoa presa, bem como a II - adentrar em cela alheia, sem autorização;
identificação de todas as pessoas envolvidas na III - desatenção em sala de aula ou no trabalho;
ocorrência, com a devida qualificação, rol de IV - executar, sem autorização, o trabalho de
testemunhas e as providências preliminares outrem;
adotadas. V - estar indevidamente trajado;
§ 2º A ocorrência será comunicada imediatamente VI - usar material de serviço para finalidade
ao Diretor da unidade prisional, para que, no prazo diversa da qual foi prevista;
de até 10 (dez) dias, contados da constatação ou VII- remeter correspondência, sem registro regular
conhecimento do fato, seja iniciado o pelo setor competente;
procedimento disciplinar, salvo por outro motivo VIII - fazer refeições em local e horário não
que não seja possível a instauração, devendo-se permitido;
respeitar o prazo prescricional de cada infração. IX - tocar instrumentos musicais fora dos locais e
horários permitidos pela autoridade competente;
DA DISCIPLINA X - permutar, penhorar ou dar em garantia objetos
de sua propriedade a outro preso sem prévia
Art. 9º As faltas disciplinares, segundo sua comunicação da Direção da unidade respectiva.
natureza, classificam-se em: Art. 12. Considera-se falta disciplinar de natureza
I - leves; média:
II - médias; I - utilizar-se do anonimato para fins ilícitos ou
III - graves. causando embaraços à administração;
Parágrafo único. O disposto neste capítulo II - provocar direta ou indiretamente alarmes
aplica-se, no que couber, ao preso provisório. injustificados;
Art. 10. Os atos de indisciplina serão passíveis III - deixar, sem justo motivo, de responder às
das seguintes penalidades: revistas ou reuniões em horários pré-
I - advertência verbal; estabelecidos, ou aquelas para as quais
II - repreensão por escrito; ocasionalmente for determinado;
III - suspensão ou restrição de regalias; IV - atrasar-se o interno do regime aberto e
IV - suspensão ou restrição de direitos, semiaberto, para o pernoite;
excetuando a assistência à saúde, jurídica integral V - atrasar-se, sem justo motivo, o interno do
e o direito de entrevista reservada com seu regime semiaberto quando do seu retomo aos
advogado constituído ou Defensor Público. Estabelecimentos Penais no caso de saídas
V - isolamento em local adequado. temporárias autorizadas;
§ 1º Advertência verbal é a punição de caráter VI - envolver, indevidamente, o nome de outrem
educativo e administrativo, aplicado às infrações para se esquivar de responsabilidade;
de natureza leve, e se couber as de natureza VII - portar-se de modo indisciplinado ou
média. inconveniente quando das revistas e conferências
§ 2º Repreensão é a sanção disciplinar na forma nominais;
escrita, revestida de maior rigor no aspecto VIII - promover ou concorrer para a discórdia e
educativo, aplicável em casos de infração de desarmonia entre os internados, ou cultivar
natureza média, bem como os reincidentes de inimizades entre os mesmos;
natureza leve. IX - portar-se de modo inconveniente, provocando
§ 3º As regalias poderão ser suspensas ou outros internos através de brincadeiras de cunho
restringidas, por ato motivado da Direção da pernicioso ou sarcástico;
Unidade Prisional, pelo cometimento de falta X - Apresentar sem fundamento ou em termos
desrespeitosos, representação ou petição; Estabelecimento Penal, objetos passíveis de
XI - proceder de forma grosseira ou discutir com utilização em fuga;
outro preso; XXIX - permanecer o interno, em dias de visitação,
XII - deixar de realizar a faxina da cela, na área destinada à circulação de pessoas, sem
alojamento, banheiro ou corredores, cuja que para isto esteja autorizado ou acompanhado
atribuição lhe esteja a cargo, ou fazê-lo com de seus visitantes, exceto para responder à
desídia; chamada nominal ou efetuar suas refeições;
XIII - transitar pelos corredores dos alojamentos XXX - permitir o interno que seus visitantes, sem
ou das celas despido ou em trajes sumários; autorização de autoridade competente, acessem
XIV - deixar de fazer uso do uniforme sem local não permitido pela administração;
autorização ou utilizá-lo em desconformidade com XXXI - responder por outrem ou deixar de
o padrão estabelecido por esta Secretaria; responder às chamadas regulamentares;
XV - fazer qualquer tipo de adaptação nas XXXIII - portar ou possuir material de jogo ou
instalações elétricas ou hidráulicas da Unidade, tomar parte em jogos proibidos ou em aposta;
sem a devida autorização; XXXIV - permanecer em cela diferente da sua,
XVI - ter posse de papéis, documentos, objetos ou sem a devida autorização da Direção;
valores não cedidos e não autorizados pela XXXV - transitar indevidamente por locais não
Unidade Prisional; permitidos ou em desacordo com o respectivo
XVII - interferir na administração ou execução de estágio em que se encontra;
qualquer tarefa sem estar para isto autorizado; XXXVI - comunicar-se, de qualquer forma, com
XVIII - simular doença para esquivar-se do internos de cela distinta, ou entregar aos mesmos
cumprimento de qualquer dever ou ordem legal quaisquer objetos sem autorização da
recebida; administração;
XIX - introduzir, transportar, guardar, fabricar, XXXVII - promover barulho no interior do
possuir bebidas alcoólicas ou qualquer outra alojamento, celas ou seus corredores, durante o
substância que cause efeitos similares aos do repouso noturno, ou ainda, a qualquer hora, fazê-
álcool, ou mesmo ingerir tais substâncias, ou lo de forma a perturbar a ordem e a disciplina;
concorrer, inequivocamente, para que outrem o XXXVIII - disseminar boato que possa perturbar a
faça; ordem ou a disciplina.
XX - introduzir, guardar, possuir, portar remédios XXXIX - dificultar a vigilância ou prejudicar o
ou deixar de usar, para acumular visando fins serviço do Policial Penal em qualquer
diversos, sem a devida prescrição médica e dependência da Unidade;
autorização da Direção da Unidade; XL - praticar autolesão com finalidade de obter
XXI - solicitar ou receber de qualquer pessoa, regalias ou mudança de lotação carcerária,
vantagem ilícita pecuniária ou em espécie; mesmo que transitória;
XXII - praticar atos de comércio de qualquer XLI - praticar fato previsto como crime culposo ou
natureza; contravenção, independentemente da ação penal;
XXIII - manusear equipamento ou material de XLII - usar de ardil para auferir benefícios,
trabalho sem autorização ou sem conhecimento induzindo a erro qualquer pessoa;
da administração, mesmo a pretexto de reparos ou XLIII - favorecer a prostituição ou a promiscuidade
limpeza; de parentes e demais visitantes;
XXIV - apropriar-se ou apossar-se, sem XLIV - descuidar da higiene pessoal;
autorização, de material alheio; XLV - deixar de frequentar, sem justificativa, as
XXV - destruir, extraviar, desviar ou ocultar objetos aulas do curso em que esteja matriculado;
sob sua responsabilidade, fornecidos pela XLVI - sujar pisos, paredes ou danificar objetos
administração; que devam ser conservados;
XXVI - fabricar qualquer objeto ou equipamento XLVII - portar ou manter na cela ou alojamento,
sem a devida autorização, ou concorrer para que material de jogos não permitidos;
outrem incorra na mesma conduta; XLVIII - descumprir as prescrições médicas;
XXVII - utilizar material, próprio ou do Estado, para XLIX - lavar ou secar roupa em locais não
finalidade diversa para a qual foi prevista, permitidos;
causando ou não prejuízos ao erário; L - conversar através de janelas, guichê da cela
XXVIII - portar, confeccionar, receber, ter ou de setor de trabalho ou em local não
indevidamente, em qualquer lugar do apropriado;
LI - mostrar displicência no cumprimento do sinal pedido da direção da unidade respectiva, ser
convencional de recolhimento ou formação. prorrogado por igual período pela autoridade
Art. 13. Comete falta grave a pessoa privada de judiciária competente.
liberdade que: § 2º A participação em atividades coletivas, além
I - incitar ou participar de movimento para da escola e trabalho, poderá ser suspensa ou
subverter a ordem ou a disciplina; restringida, cautelarmente, durante o período de
II - fugir; isolamento ou averiguação, por ato motivado da
III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de direção da Unidade Prisional.
cofender a integridade física de outrem;
IV - provocar acidente de trabalho; DA APURAÇÃO PRELIMINAR
V - descumprir, no regime aberto, as condições
impostas; Art. 16. O relatório de ocorrência poderá ser
VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II preliminarmente arquivado mediante decisão
e V, do artigo 39, da Lei 7.210/84. motivada do Diretor do Estabelecimento, ou quem
VII - tiver em sua posse, utilizar ou fornecer responder pela função, quando:
aparelho telefônico, de rádio ou similar, que I - o fato não acarretar repercussão no ambiente
permita a comunicação com outros presos ou com prisional, nem comprometer a ordem, a disciplina
o ambiente externo; ou o controle carcerário;
VIII - recusar submeter-se ao procedimento de II - quando o isolamento preventivo,
identificação do perfil genético. eventualmente aplicado, reputado suficiente como
Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica- medida pedagógica e disciplinadora;
se, no que couber, ao preso provisório. III - se os antecedentes do preso indicarem em
Art. 14. Comete falta grave o condenado à pena seu favor.
restritiva de direitos que:
I - descumprir, injustificadamente, a restrição DO LOCAL DA INSTAURAÇÃO
imposta;
II - retardar, injustificadamente, o cumprimento da Art. 17. O local da apuração será onde a
obrigação imposta; transgressão disciplinar ocorreu, cabendo ao
III - inobservar os deveres previstos nos incisos II Diretor do Estabelecimento Prisional instaurar
e V, do artigo 39, da Lei 7.210/84. procedimento disciplinar no âmbito da Unidade
que lhe é subordinada.
DAS MEDIDAS CAUTELARES Art. 18. Nos casos de cometimento de falta
disciplinar em trânsito a instauração do
Art. 15. O diretor da Unidade Prisional, ou quem procedimento dar-se-á na Unidade de lotação do
responder pela função, poderá determinar, por ato preso.
motivado, como medida cautelar, o isolamento do
preso, por período não superior a 10 (dez) dias, DA INSTAURAÇÃO
quando:
I - para a averiguação do fato e interesse da Art. 19. Ao preso, e seu defensor, será dado
disciplina, diante de infração de qualquer natureza; conhecimento prévio da acusação.
II - pesem contra o preso indício de que ele estaria § 1º O conhecimento da acusação ao defensor se
prestes a cometer ou cometeu infração disciplinar dará via e-mail válido do advogado ou defensor
de natureza grave, devidamente constada em público, no prazo de até 03 (três) dias após a
relatório de ocorrência produzido pelo policial abertura do processo administrativo disciplinar.
penal que presenciou o fato; Art. 20. A apuração de falta disciplinar será
III - pesem contra o preso, informações materializada em processo administrativo
devidamente comprovadas, de que estaria disciplinar, assegurando o direito de defesa ao
ameaçada sua integridade física ou de outrem; faltoso.
IV - a requerimento do preso, que expressará a Art. 21. A instauração será deflagrada por meio de
necessidade de ser submetido a isolamento portaria, que individualizará o inquirido,
cautelar, como medida de segurança pessoal. consignando data, horário, local e circunstâncias
§ 1º Em caso de necessidade, o prazo do fato reprovável, eventual prejudicado e a
estabelecido no caput deste artigo poderá, a classificação legal em tese da possível falta
disciplinar, de forma a permitir o exercício do na redação do termo, o servidor responsável pela
direito de defesa, juntando-se cópia nos autos. oitiva cingir-se-á, tanto quanto possível, às
Art. 22. A instauração de processo disciplinar expressões usadas por elas, reproduzindo
deverá ser comunicada ao Juiz competente fielmente o que for dito.
indicado na lei de organização judiciária, e, na sua
ausência, ao da sentença, através de ofício. DA DEFESA ESCRITA

DA INSTRUÇÃO Art. 28. Concluídas as demais diligências


necessárias à instrução, o preso, na pessoa do
Art. 23. Serão carreadas para o procedimento advogado constituído ou de defensor público
disciplinar todas as provas admitidas em direito e nomeado ou lotado na unidade, será notificado, a
necessárias ao cabal esclarecimento dos fatos, apresentar defesa escrita no prazo de 15 (quinze)
assegurando-se ao preso as garantias dias, sendo-lhe entregue cópia integral dos autos.
constitucionais do contraditório e da ampla defesa, Art. 29. Havendo dois ou mais indiciados, e sendo
com os meios e recursos a elas inerentes, ou seja, idêntico o(s) defensor (s), o prazo será comum e
o acompanhamento do procedimento de 20 (vinte) dias, salvo a Defensoria Pública que
pessoalmente ou por intermédio de procurador, gozará de prazo em dobro.
arrolar e reinquirir testemunhas, produzir provas e Art. 30. A recusa do preso em apor o ciente na
contraprovas e formular quesitos, quando se tratar notificação que lhe for apresentada deverá ser
de prova pericial. consignada em termo assinado por duas
Parágrafo único. A possibilidade do faltoso testemunhas.
acompanhar o procedimento administrativo § 1º Caso não possua advogado constituído ou
disciplinar pessoalmente é imprescindível de não saiba declinar os dados necessários para a
defesa técnica em todo o curso do processo, intimação do mesmo, na data da audiência de
inclusive no julgamento. instrução e julgamento, o faltoso será assistido
Art. 24. O pedido de prova pericial será indeferido pelo Defensor Público lotado na Unidade Prisional
quando a comprovação do fato não depender de respectiva.
conhecimento especial de perito. § 2º Caso não haja Defensor Público lotado na
Parágrafo único. Poderão ser indeferidos, Unidade Prisional respectiva, deverá ser intimado
mediante despacho fundamentado, os pedidos para o ato o Defensor Público lotado na Vara de
considerados impertinentes, meramente Execuções Criminais com jurisdição sobre a
protelatórios ou de nenhum interesse para o referida Unidade.
esclarecimento do fato em apuração. Art. 31. O Conselho Disciplinar ouvirá, no mesmo
ato, primeiramente o ofendido e testemunhas, se
DO INTERROGATÓRIO houverem, e por último o preso, de tudo lavrando-
se o termo respectivo.
Art. 25. O preso será devidamente qualificado e
interrogado sobre os fatos que lhe são imputados DOS PRAZOS
na portaria de instauração.
Art. 26. É facultado à defesa do preso presenciar Art. 32. O prazo para conclusão do procedimento
o interrogatório, bem como em momento oportuno, disciplinar é de 120 (cento e vinte) dias, a partir
quando lhe for dado a palavra, apresentar razões de sua instauração, prorrogáveis por mais 30
ou quesitos. (trinta) dias, mediante decisão do Diretor do
Parágrafo Único. O defensor poderá arrolar Estabelecimento Penitenciário instaurador,
testemunhas e requerer diligências necessárias ao incluindo-se o prazo para defesa escrita e
esclarecimento do fato objeto da apuração, relatório.
observado o disposto no parágrafo único do artigo § 1º A decisão de prorrogação de prazo conterá os
24 desta portaria. motivos que impediram a conclusão no período
regular e as providências faltantes.
DAS TESTEMUNHAS § 2º Os prazos contar-se-ão por dias corridos, não
se computando o dia inicial, prorrogando-se o
Art. 27. As testemunhas prestarão depoimento vencimento que cair em domingo, sábado, feriado
oral, separadamente, de modo que umas não ou ponto facultativo, para o primeiro dia útil
saibam nem ouçam os depoimentos das outras e, subsequente, ressalvado os casos especiais
previstos na legislação. DA CONCLUSÃO
§ 3º As prorrogações de prazo serão comunicadas
por escrito à Vara de Execuções Penais. Art. 38. Concluída a apuração, o Presidente do
Conselho de Disciplina ou relator por ele
DO SOBRESTAMENTO designado fará minucioso relatório sobre o que
tiver sido apurado, opinando pelo arquivamento ou
Art. 33. Ocorrendo causa que impeça o pela aplicação de sanção disciplinar ao preso, com
prosseguimento das diligências, o procedimento indicação do dispositivo legal ou regulamentar
disciplinar poderá ser sobrestado, a requerimento infringido, remetendo os autos, em qualquer
do Presidente do Conselho de Disciplina, pelo hipótese, ao Diretor do Estabelecimento Prisional
prazo necessário, e autorizado mediante que determinou a instauração.
despacho fundamentado do diretor do § 1º O relatório deverá conter histórico do fato,
Estabelecimento que determinou sua instauração. análise das diligências realizadas com indicação
Art. 34. Decorrido o prazo de sobrestamento, o dos indícios de autoria e/ou participação, da
feito prosseguirá em seu regular andamento. materialidade e das circunstâncias da falta
Art. 35. O sobrestamento destina-se, entre outros, disciplinar.
ao aguardo da conclusão de exames periciais de § 2º O cabeçalho do relatório conterá o número e
difícil elaboração, recebimento de documentos origem do procedimento, bem como o nome do
relevante se outras diligências imprescindíveis à preso, filiação e seu número de prontuário.
elucidação do fato.
Art. 36. Não poderão ser formalizadas quaisquer DO JULGAMENTO
diligências nos autos durante o prazo de
sobrestamento, salvo nos casos de medidas Art. 39. Cabe ao Diretor do Estabelecimento Penal
urgentes ou que possam acarretar prejuízo pelo proferir julgamento, aplicar sanção disciplinar ou
adiamento ou colheita de provas urgentes e/ou determinar o arquivamento do feito, mencionando
não repetíveis. as razões do seu convencimento.
§ 1º A concessão do sobrestamento, a sua Art. 40. Nos casos em que não se verificar
prorrogação e o reinício da apuração serão ocorrência de prejuízo com o cometimento da falta
comunicados à Vara de Execuções Criminais. disciplinar, o procedimento poderá ser arquivado,
§ 2º A contagem do prazo do inquérito disciplinar bem como em razão do isolamento preventivo,
sobrestado prosseguirá quando cessarem os eventualmente aplicado, for considerado suficiente
motivos que justificaram o seu sobrestamento. como medida satisfatória à manutenção da ordem
e da disciplina.
DA PRESCRIÇÃO Art. 41. O ato punitivo será editado em Portaria
pelo Diretor do Estabelecimento Prisional devendo
Art. 37. Salvo disposição de lei ou decisão judicial conter as informações necessárias para a
em contrário, as faltas graves prescrevem em 03 identificação do custodiado, a sanção aplicada e a
(três) anos, as médias em (06) seis meses, e as norma infringida.
faltas leves em (03) três meses. I - A aplicação da sanção será de competência do
§ 1º O prazo prescricional começa a contar a partir Diretor da Unidade Prisional, ou quem responder
do conhecimento da prática da falta disciplinar e pela função, que deverá ser aplicada em um prazo
sua autoria pela Administração do de até 05 (cinco) dias, observado os prazos
Estabelecimento. recursais.
§ 2º A pretensão executória das sanções II - Em sendo o preso julgado inocente das
disciplinares aplicadas prescreve no mesmo prazo imputações que lhe foram feitas, serão os autos
previsto no caput. respectivos encaminhados ao Diretor do
§ 3º O prazo prescricional da pretensão punitiva Estabelecimento, a fim de que seja por este
ou da pretensão executória de sanção disciplinar determinado seu imediato arquivamento.
fica suspenso enquanto o preso ou a presa Art. 42. Concluído o julgamento respectivo será
estiver foragido. dado ciência ao preso envolvido e ao seu
defensor.
Art. 43. Após o julgamento será encaminhada
cópia do Processo Disciplinar à Vara de
Execuções Penais com a informação de conclusão Parágrafo único. O comportamento do apenado
do procedimento no prazo de até 05 (cinco) dias. será classificado desde o ingresso do preso no
§ 1º Nos casos em que haja pedido de sistema prisional até o momento do requerimento
reconsideração o prazo para o envio da de qualquer informação pelo juiz da execução
informação de conclusão do processo penal.
administrativo disciplinar será de até 05 (cinco) Art. 52. No caso do preso ser oriundo de outra
dias após a decisão do recurso. Unidade Prisional, poderá ser levado em
Art. 44. Na aplicação de sanção disciplinar levar- consideração para a classificação de seu
se-á em conta a natureza, os motivos, as comportamento a conduta registrada no
circunstâncias e as consequências do fato, bem estabelecimento de origem.
como a pessoa do faltoso e seu tempo de Art. 53. O preso em regime fechado, e em regime
cumprimento de pena. semiaberto, terá os seguintes prazos para
Art. 45. O isolamento, a suspensão e a restrição reabilitação da conduta, a partir do cumprimento
de direitos não poderão exceder a 30 (trinta) da sanção disciplinar:
dias, ressalvada à hipótese do regime disciplinar I - De 01 (um) mês para as faltas de natureza leve;
diferenciado, nos termos do art. 58 da LEP. II - De 06 (seis) meses para falta de natureza
Art. 46. O isolamento será sempre comunicado à média;
Vara de Execuções Penais. III - De 01 (um) ano para falta de natureza grave.
§ 1º Para o preso em regime semiaberto, a
DO RECURSO infração disciplinar de natureza grave implicará na
proposta, feita pelo diretor da unidade ao juízo
Art. 47. Cabe pedido de reconsideração, em até competente, de regressão do regime.
05 (cinco) dias da ciência da decisão que aplicar § 2º O bom comportamento é readquirido após
sanção disciplinar, à autoridade responsável pela 01(um) ano da apuração da ocorrência da última
instauração e aplicação da penalidade disciplinar, falta registrada, ou antes, após o cumprimento do
não podendo ser renovado. requisito temporal exigível para a reabilitação.
Art. 48. O pedido de reconsideração deverá ser § 3º O comportamento regular é readquirido após
apreciado dentro de 30 (trinta) dias. 06(seis) meses da ocorrência da última falta
Art. 49. Caberá recurso à Vara de Execuções registrada, ou antes, após o cumprimento do
Penais da decisão que indeferir o pedido de requisito temporal exigível para a reabilitação.
reconsideração, nos termos da lei. Art. 54. O cometimento da falta disciplinar de
qualquer natureza, durante o período de
DA CLASSIFICAÇÃO DA CONDUTA E DA reabilitação acarretará a imediata anulação do
REABILITAÇÃO tempo de reabilitação até então cumprido.
Parágrafo único. A reincidência no cometimento
Art. 50. A classificação do preso far-se-á pelo de qualquer falta disciplinar acarretará a imediata
Diretor da Unidade Prisional, ou quem responder regressão do comportamento do custodiado e,
pela função, consoante ao rendimento apurado ainda exigir-se-á novo tempo para reabilitação que
através do cumprimento da pena e mérito deverá ser somado ao tempo estabelecido para
prisional. falta anterior.
Art. 51. O comportamento do preso em regime
fechado e em regime semiaberto, classificar-se-á DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
em:
I - bom comportamento: quando da ausência de Art. 55. Os casos omissos ou excepcionais serão
cometimento de falta disciplinar de qualquer analisados pela Secretaria da Administração
natureza e participação em projetos promovidos Penitenciária e Ressocialização do Estado do
pela Direção. Ceará.
II - comportamento regular: da ausência de Art. 56. A presente Portaria entra em vigor na data
cometimento de falta disciplinar de qualquer de sua da publicação.
natureza, ou com período de reabilitação Art. 57. Revogam-se as disposições em contrário,
finalizado sem o cometimento de nova infração. em especial a Portaria nº 142/2019, publicada no
III - mau comportamento: quando registrar a Diário Oficial do Estado, de 09 de abril de 2019.
prática de falta disciplinar de qualquer natureza
sem reabilitação de comportamento.
USO DE CÂMERAS CORPORAIS Art. 6º A gestão e o controle administrativo das
(PORTARIA Nº 506/2023) imagens armazenadas serão exercidos pela
Secretaria da Administração Penitenciária e
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Ressocialização, que adotará as medidas cabíveis
para esta finalidade.
Art. 1º Fica obrigatório o uso individual e Art. 7º O arquivamento e conservação das
intransferível de câmeras corporais pelos policiais gravações dar-se-á da seguinte forma:
penais do Estado do Ceará durante o exercício de I - todas as gravações deverão ser arquivadas e
suas atividades profissionais especialmente conservadas por um período mínimo de 60
naquelas elencadas nesta Portaria e atividades (sessenta) dias;
correlatas do Sistema Penitenciário e outras II - as gravações deverão ser arquivadas e
determinadas por serviço. conservadas por um período mínimo de 12 (doze)
§ 1º Após retirada da dockstation onde gera a meses quando envolver qualquer evidência objeto
vinculação do policial penal, a utilização da de apuração.
câmera corporal passa a ser de uso individual e Art. 8º Fica vedada qualquer divulgação das
intransferível pelo respectivo policial. imagens a terceiros não autorizados, inclusive
§ 2º A obrigação de que trata o caput deste artigo gravações por meio de equipamentos eletrônicos
fica condicionada à disponibilidade dos das imagens transmitidas pelo visor do
equipamentos referidos no caput deste artigo e equipamento, somente permitindo salvaguardá-las
sua distribuição deverá garantir ao menos 01 em arquivo nos equipamentos da Secretaria da
(uma) câmera portátil por registro da execução Administração Penitenciária e Ressocialização.
das atividades relacionadas neste normativo. § 1º A vedação prevista no caput aplica-se à
Art. 2º As câmeras corporais deverão ser divulgação de imagens, gravações, áudios ou
acionadas pelos policiais penais no início e quaisquer outras formas de mídia, relacionadas às
desligadas na conclusão de suas atividades, nos rotinas de serviços nas unidades prisionais.
termos desta Portaria. § 2º Responderão civil, penal e
Art. 3º O registro das imagens pelas câmeras de administrativamente aqueles que utilizarem de
uso individual tem como finalidades: forma irregular as imagens e sons armazenados
I - garantia de respeito aos direitos humanos; pelas câmeras corporais, bem como aqueles que
II - transparência do serviço do profissional; realizem o descarte antes do prazo estabelecido.
III - registro do trabalho no âmbito do Sistema § 3º Os atos ilícitos de natureza grave, que
Prisional; venham a ser objeto do descarte ou perda das
IV - análise e refinamento das técnicas imagens antes do prazo estabelecido, implicarão,
operacionais utilizadas; caso comprovado o dolo, em responsabilização
V - formação de elementos para as atividades de administrativa e criminal, sendo o caso,
inteligência e para eventual investigação de imediatamente, remetido à Controladoria Geral de
infrações; Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e
VI - operar o sistema de gerenciamento, custódia Sistema Penitenciário – CGD.
e compartilhamento de evidências digitais. Art. 9º O operador poderá acessar os vídeos por
Art. 4° As câmeras corporais também deverão ser ele registrados ou por outros operacionais, quando
utilizadas como rádio comunicador podendo ser no estiver sob investigação pela sua conduta,
agrupamento de câmeras e/ou HT’s na frequência devendo o agendamento do acesso ser
da própria unidade, bem como de todo o sistema requisitado à Direção da Unidade.
Penitenciário que possui a mesma tecnologia de Art. 10. Os áudios e imagens produzidos por
comunicação. equipamentos disponibilizados ao uso da SAP,
captados por servidores no exercício de suas
DA CAPTAÇÃO, ARMAZENAMENTO DE funções, são de propriedade da instituição, não
IMAGENS E PROTEÇÃO DE DADOS podendo ser reproduzidos sem autorização da
administração superior da Pasta.
Art. 5º A utilização das câmeras de uso individual Art. 11. É vedada a qualquer servidor a edição de
caracteriza gravação ambiental por um dos imagens, cortes ou gravações intermitentes de
interlocutores, na qual há interação ou eventos que possam dificultar a elucidação de
interlocução conhecida entre as partes. fatos e a perfeita compreensão da ocorrência.
Art. 12. As informações e os dados provenientes
das câmeras corporais poderão ser utilizados I - conferência nominal dos presos;
como fontes probatórias para os servidores II - distribuição de alimentação aos presos;
referidos no art. 1º desta Portaria e para as III - banho de sol durante toda a sua execução;
pessoas envolvidas em ocorrência capturada IV - rondas internas e externas a UP;
pelas imagens, em inquéritos policiais, V - atividades de saúde, educação, capacitação e
procedimentos ou processos administrativos e trabalhos realizados por esta Secretaria;
demandas judiciais em âmbito estadual, mediante VI - fiscalizações atribuídas à polícia penal por
solicitação da autoridade competente para competência originária ou delegadas;
proceder às apurações ou mediante deliberação VII - ambientes de visitação familiar, incluindo a
do Secretário responsável pela Pasta. Unidade Penitenciária de Segurança Máxima,
Art. 13. As informações extraídas das gravações conforme preconiza a Lei Nº 18.428/2023;
poderão ser objeto de análise e estudo pelos VIII - escolta de pessoas presas a outros órgãos
órgãos competentes, de forma que contribuam durante o período em que a
para o aperfeiçoamento e eficácia das operações custódia/responsabilidade estiver a cargo da
policiais. polícia penal;
DO PROTOCOLO IX - abordagem policial quando houver
participação da polícia penal;
Art. 14. A câmera deverá ser acoplada na parte X - atendimento de ocorrência de qualquer
superior do tronco, no centro, canto direito ou natureza em que houver participação da polícia
esquerdo, sobre o uniforme, suporte ou colete penal;
modular de proteção individual, de forma que seu XI - situações em que se presuma a necessidade
posicionamento permita enquadrar corretamente do uso seletivo da força;
todas as cenas, sejam elas no exercício de suas XII - nas ocasiões em que o policial penal for
atividades rotineiras ou quando embarcado em acionado por qualquer pessoa em apoio a outras
viatura. unidades prisionais e/ou outros órgãos;
Art. 15. O policial penal deverá conservar as XIII - intervenções prisionais desde o
lentes e o microfone da câmera corporal conhecimento do fato até sua resolução;
completamente desobstruídos durante o serviço, XIV - em todas as situações de indisciplina e
especialmente no decorrer das gravações sublevação da ordem praticada por pessoas
intencionais, bem como manter o equipamento presas;
voltado para o sítio dos acontecimentos, sendo XV - qualquer interação que possa constituir fato
vedada qualquer ação deliberada que possa de interesse da SAP;
prejudicar a captação de imagens e áudio, tais XVI - nos controles de acesso dos Complexos e
como: Unidades Prisionais.
I - sobreposição das mãos, de peças do EPI ou do Parágrafo único. Todas as atividades realizadas
armamento; com uso das câmeras corporais deverão constar
II - corpo do operacional voltado para local no livro de ocorrência diária, informando a
diferente daquele onde o fato de interesse policial identificação do equipamento e do policial que
se desenvolve; utilizou.
III - afastamento não justificado em relação ao Art. 17. São condutas proibidas:
local do fato de interesse policial, prejudicando a I - utilizar as câmeras para gravação de imagens e
captação de vídeo e áudio; áudios que não tenham relação com a atribuição
IV - acoplamento do equipamento em ponto do do policial;
colete ou fardamento diverso da parte superior do II - alterar, editar, copiar, duplicar ou apagar
tronco do policial; qualquer gravação de áudio, vídeo ou foto
V - verificação de resíduos, manchas, tintas, etc. realizado por meio das câmeras, sem autorização
na lente da câmera que obstrua a captação legal;
integral do fato de interesse policial. III - interromper ou finalizar a gravação antes da
Art. 16. As câmeras corporais portáteis devem ser conclusão das atividades descritas no art. 16;
utilizadas nas rotinas e procedimentos conforme IV - utilizar as câmeras para captação de imagens
os normativos desta Secretaria, em especial as nos alojamentos e banheiros em qualquer tempo.
elencadas na Instrução Normativa nº. 03/2020 ou Art. 18. Em caso de inoperância da câmera, o
naquela que venha a substituí-la, sendo policial em posse do equipamento deve:
obrigatório o uso nos seguintes casos:
I - registrar em Livro de Ocorrências o fato e o de até 72h (setenta e duas horas);
horário que ocorreu; II - cientificar à Coordenadoria Especial de
II - reportar o fato imediatamente à chefia Administração Prisional – COEAP sobre o fato;
imediata, que comunicará o problema a III - noticiar o fato à Controladoria Geral de
Coordenadoria Especial de Administração Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e
Prisional – COEAP; Sistema Penitenciário – CGD, para abertura de
III - substituir a câmera corporal de imediato. procedimentos disciplinares, visando a apuração
Art. 19. O sistema de captação e retenção de da ocorrência de falta funcional e a eventual
imagens (CFTV), de competência da Célula de necessidade de reembolso ao erário, conforme o
Segurança Tecnológica Prisional, subordinado a caso.
Coordenadoria de Inteligência - COINT/SAP, será Parágrafo único. As ocorrências previstas no
responsável por: caput deste artigo deverão ser legalmente
I - acompanhar operações em tempo real; apuradas a fim de evitar uso indevido e geração
II - examinar as gravações realizadas; e de provas espúrias.
III - analisar a conveniência e oportunidade de
divulgação dos conteúdos audiovisuais gravados DISPOSIÇÕES FINAIS
pelas câmeras, por interesse institucional e
atender à solicitação de órgãos externos. Art. 24. Os casos omissos ou excepcionais que
Art. 20. O policial penal deve ser treinado na não estão elencados nesta Portaria serão
operação das câmeras e respeitar as regras de resolvidos pelo Secretário da Administração
uso. Parágrafo único O treinamento primário será Penitenciária e Ressocialização ou por ele
ministrado à Direção das Unidades Prisionais, encaminhados às pessoas competentes para que,
Supervisores de Núcleos de Segurança e se necessário, seja alterado o presente
Vigilância e Chefes de Plantão os quais documento ou elaborado instrumento específico.
posteriormente poderão treinar os demais Art. 25. A não observância do disposto neste
servidores para utilização do equipamento, com a normativo, poderá ensejar sanções disciplinares
supervisão da Escola de Gestão Penitenciária e em desfavor do servidor, conforme legislação
Ressocialização – EGPR. pertinente.
Art. 21. Caberá à Direção das Unidades Art. 26. Esta Portaria entra em vigor na data de
Prisionais, Supervisores de Núcleos de Segurança sua publicação.
e Vigilância e Chefes de Plantão: Art. 27. Ficam revogadas as disposições em
I - zelar pelo correto emprego do equipamento; contrário.
II - inspecionar se em todas as atividades estão
sendo empregadas às câmeras corporais; REVISÃO DO REGIMENTO GERAL DOS
III - fiscalizar o cumprimento das regras de uso da ESTABELECIMENTOS PRISIONAIS DO
câmera e a montagem no uniforme; ESTADO DO CEARÁ
IV - classificar as evidências digitais coletadas. (PORTARIA Nº 1.220/2014)

DA PERDA, EXTRAVIO, FURTO, ROUBO E/OU TÍTULO I


MAU USO DO EQUIPAMENTO DO SISTEMA PENITENCIÁRIO

Art. 22. Ocorrendo a perda, extravio, mau uso, Art. 1º O Sistema Penitenciário do Estado do
furto e/ou roubo de câmera corporal, o policial Ceará adota os princípios contidos nas Regras
penal responsável pelo equipamento deverá Mínimas para Tratamento dos Reclusos e
comunicar o fato imediatamente a chefia Recomendações pertinentes, formuladas pela
imediata, mediante a apresentação de boletim de Organização das Nações Unidas -ONU- e respeita
ocorrência policial, no qual deve conter a as diretrizes fixadas pela Lei 7.210/84 (Lei de
identificação da câmera. Execuções Penais), alterações legislativas
Art. 23. A chefia imediata, após tomar posteriores e nas Recomendações Básicas para
conhecimento e mediante o recebimento de cópia uma programação prisional editadas pelo
do boletim de ocorrência, deverá realizar, Ministério da Justiça.
concomitantemente, os seguintes procedimentos: Art. 2º O Sistema Penitenciário do Estado do
I - comunicar o fato ao gestor do contrato e Ceará tem como finalidade a vigilância, custódia e
requerer a substituição do equipamento, no prazo
assistência aos presos e às pessoas sujeitas a VI - Casas do Albergado;
medidas de segurança, assegurando-lhes a VII - Cadeias Públicas.
preservação da integridade física e moral, a § 1º Os estabelecimentos prisionais buscarão não
promoção de medidas de integração e exceder a sua capacidade populacional máxima
reintegração sócio-educativas, conjugadas ao projetada.
trabalho produtivo. § 2º A fim de garantir que o aprisionamento ocorra
§ 1º Configura-se, ainda, como finalidade do em estabelecimento próximo ao contato familiar,
sistema penitenciário estadual, a fiscalização e deverá ser priorizada a construção de unidades
assistência ao egresso, garantindo lhes a prisionais regionais.
promoção de medidas de integração e Art. 7º Os estabelecimentos prisionais destinam-
reintegração sócio-educativas. se ao condenado, ao submetido à medida de
Art. 3º O Sistema Penitenciário, pelas suas segurança, ao preso provisório e ao egresso.
características especiais, fundamenta-se na Art. 8º Em todos os estabelecimentos prisionais
hierarquia funcional, disciplina e, sobretudo, na será obrigatoriamente observada a separação
defesa dos direitos e garantias individuais da entre presos provisórios e condenados, bem como
pessoa humana, organizado em Coordenadoria a distinção por sexo, delito, faixa etária e
do Sistema Penal - COSIPE, vinculado ao Poder antecedentes criminais, para orientar a prisão
Executivo como Órgão de Administração da cautelar, a execução da pena e a medida de
Execução Penal. segurança.
Art. 4º A Coordenadoria do Sistema Penal é § 1º Nos estabelecimentos prisionais será
órgão subordinado diretamente ao Secretário da observada a proporção de, no mínimo, 01 (um)
Justiça e Cidadania do Estado do Ceará, agente penitenciário para cada 25 (vinte e
organizada em carreira, com ingresso de seus cinco) internos por plantão, sendo vedada a
integrantes na classe inicial, mediante Concurso existência de unidade prisional com menos de 2
Público de provas e títulos, chefiada pelo (dois) agentes por plantão.
Coordenador Geral, nomeado pelo Governador § 2º Nos estabelecimentos prisionais fica
do Estado do Ceará, preferencialmente entre os estabelecida a proporção de profissionais da
membros da Instituição. equipe técnica por 500 (quinhentos) detentos,
Parágrafo único. A nomeação do Coordenador obedecendo-se o seguinte:
do Sistema Penal deverá obedecer aos mesmos Médico Clínico - 1; Enfermeiro - 1; Auxiliar de
critérios previstos para a dos Diretores das Enfermagem - 1; Odontólogo - 1; Auxiliar de
Unidades Prisionais, constantes do artigo 75 da Consultório Dentário - 1; Psicólogo - 1; Assistente
Lei 7.210/84 (Lei de Execuções Penais). Social - 1; Advogado auxiliar da direção - 1;
Art. 5º A Coordenadoria de Inclusão Social do Estagiário de Direito - 2; Terapeuta Ocupacional -
Preso e do Egresso é órgão subordinado 1.
diretamente ao Secretário da Justiça e § 3º O acesso à justiça integral e gratuito será
Cidadania do Estado do Ceará, tendo como assegurado aos internos através da Defensoria
missão promover a inclusão social do preso e do Pública, instituição autônoma, que disporá de
egresso, através do Núcleo Educacional e de espaço físico adequado para exercer suas
Capacitação Profissionalizante – NECAP, do funções.
Núcleo de Empreendedorismo e Economia Art. 9º O Centro de Triagem e Observação
Solidária – NEES, do Núcleo de Arte e Eventos – Criminológica, situado na região metropolitana de
NAE e do Núcleo de Gestão de Assistidos e Fortaleza, concentrará o recebimento de presos
Egressos. oriundos da Secretaria de Segurança Pública e
Art. 6º O Sistema Penitenciário do Estado do Defesa Social e das comarcas do interior.
Ceará é constituído pelas seguintes Unidades: § 1º O Centro de Triagem e Observação
I - Centro de Triagem e Observação Criminológica; Criminológica será responsável pela identificação
II - Unidades Prisionais e Casas de Privação e realização dos exames gerais de admissão dos
Provisória de Liberdade; internos, sendo dotado de equipe técnica que
III - Penitenciárias; promoverá atendimento social, psicológico,
IV - Colônias Agrícolas, Industriais ou Similares; médico, odontológico e jurídico, cujos resultados e
V - Complexo Hospitalar (Hospital Geral e desdobramentos serão encaminhados à Comissão
Sanatório Penal e Hospital de Custódia e de Avaliação de Transferências e Gestão de
Tratamento Psiquiátrico); Vagas – CATVA que deliberará a unidade prisional
destinatária para recebimento do preso e, dos provisórios.
posteriormente, às Comissões Técnicas de Art. 12. Os Estabelecimentos Agrícolas,
Classificação das unidades de recebimento. Industriais ou Mistos destinam-se aos condenados
Art. 10. As Penitenciárias destinam-se aos e condenadas ao cumprimento da pena em
condenados ao cumprimento da pena de reclusão, regime semi-aberto, caracterizando-se pelas
em regime fechado, caracterizando se pelas seguintes condições:
seguintes condições: I - locais para:
I - Segurança externa, através de muralha, com a) trabalho interno agropecuário;
passadiço e guaritas de responsabilidade dos b) trabalho interno industrial;
Agentes Penitenciários do quadro efetivo da c) trabalho de manutenção e conservação intra e
Secretaria da Justiça e Cidadania. extra-muros, na circunscrição da Unidade
II - Segurança interna realizada por equipe de respectiva;
Agentes Penitenciários do quadro efetivo da II - acomodação em alojamento ou cela individual
Secretaria da Justiça e Cidadania que preserve os ou coletiva;
direitos do preso, mantenha a Segurança, a ordem III - trabalho externo na forma da Lei;
e a disciplina da Unidade; IV - locais internos e externos para atividades
III - Acomodação do preso preferencialmente em sócio-educativas e culturais, esportes, prática
cela individual; religiosa e visita conforme dispõe a Lei.
IV - Locais de trabalho, atividades sócio- Art. 13. O Hospital Geral e Sanatório Penal
educativas e culturais, esportes, prática religiosa e destina-se ao tratamento do preso, em regime de
visitas; internamento, das enfermidades infecto-
V - Trabalho externo, conforme previsto no art.36 contagiosas, dos pós-operatórios, das
da Lei de Execução Penal (LEP). convalescenças e de exames laboratoriais.
§ 1º Os estabelecimentos destinados a mulheres § 1º O preso acometido de enfermidades,
terão estrutura adequada às suas especificidades conforme artigo acima, deverá permanecer
e os responsáveis pela segurança interna serão, internado o tempo necessário à sua reabilitação,
obrigatoriamente, agentes penitenciários do sexo tendo retorno imediato à sua Unidade Prisional de
feminino, exceto em eventos críticos ou festivos, origem logo após emissão de laudo médico
garantindo-se, ainda, a obrigatoriedade de autorizando sua alta.
existência de uma creche para a acomodação dos § 2º Os presos ou internados que apresentarem
recém-nascidos das internas neles recolhidos, nos quadro de sorologia positiva HIV, receberão
06 (seis) primeiros meses de vida, prorrogável tratamento individualizado, a critério médico.
por igual período, se necessário § 3º Aos presos ou internados que apresentarem
§ 2º Nas Comarcas onde não existam quadro de dependência química em substâncias
penitenciárias, suas finalidades serão, entorpecentes será garantido tratamento
excepcionalmente, atribuídas às Cadeias individualizado adequado às suas necessidades,
Públicas locais, observadas as normas deste adotando-se políticas públicas voltadas para esta
Regimento no que forem aplicáveis, bem como as finalidade, nos termos da lei 11.343/2006, bem
restrições legais ou decisões judiciais. como serão incluídos nas atividades do Programa
§ 3º Haverá em cada estabelecimento de regime de Ações Continuadas de Assistência aos
fechado uma Comissão Técnica de Drogadictos – PACAD da Sejus.
Classificação, que proporá o tratamento § 4º Na unidade de que trata o caput deste artigo
adequado para cada preso ou internado, além de deverão existir leitos destinados ao tratamento de
acompanhar o programa de individualização da mulheres presas.
pena. § 5º O estabelecimento citado no caput deverá
Art. 11. As Casas de Privação Provisória de funcionar com equipes multidisciplinares em
Liberdade destinam-se aos presos provisórios, regime de plantão.
devendo apresentar estrutura adequada que § 6º A Secretaria da Justiça e Cidadania seguirá
garanta o exercício dos direitos elencados no as recomendações das portarias interministeriais
presente Regimento e demais legislações. do Ministério da Saúde e Ministérios da Justiça em
§ 1º Excepcionalmente, visando garantir a relação ao tema saúde, na execução de vagas e
integridade física e mental do interno, estas atendimentos para os presos em casos de exames
unidades poderão abrigar presos condenados, que e tratamentos de alta complexidade.
deverão permanecer em acomodações separadas § 7º Nas unidades prisionais femininas deverão
existir estruturas específicas para a assistência III - uso de uniforme fornecido pelo
integral à saúde da mulher, em atenção às suas Estabelecimento Prisional em quantidade de 03
peculiaridades. (três) mudas;
Art. 14. O Hospital de Custódia e Tratamento IV - oferecimento de oportunidade de educação,
Psiquiátrico destina-se ao cumprimento das trabalho e lazer nos termos da legislação
medidas de segurança e ao tratamento pertinente;
psiquiátrico separadamente, devendo adequar-se V - visita e atendimento médico e odontológico,
às normas aplicáveis ao tratamento das sendo facultado ao preso optar por profissional
respectivas insanidades. particular às suas expenças;
§ 1º O preso comprovadamente portador de VI - Acesso aos meios de comunicação externos,
doença mental deverá ser imediatamente autorizados por lei.
encaminhado ao estabelecimento adequado para § 3º Nas Cadeias Públicas no interior do Estado as
seu tratamento, lá não podendo permanecer além prefeituras municipais oferecerão aos presos e
do tempo necessário ao seu pronto presas os serviços essenciais, conforme
restabelecimento, atestado pelo serviço médico determinação do Ministério da Saúde e Ministério
local. da Justiça.
§ 2º Em nenhuma hipótese será admitido o Art. 17. Nas Unidades elencadas no artigo 6º
ingresso ou permanência de pessoas que não deste Regimento, respeitadas suas
apresentem quadro patológico característico da especificidades, deverão ainda ser respeitadas as
destinação do respectivo estabelecimento. seguintes determinações:
§ 3º Na unidade de que trata o caput deste artigo I - Segurança externa, através de muralha com
deverão existir estruturas específicas para a passadiço e guaritas de responsabilidade dos
assistência à saúde mental da mulher, em atenção Agentes Penitenciários do quadro efetivo da
às suas peculiaridades. Secretaria da Justiça e Cidadania, submetidos a
Art. 15. A Casa do Albergado destina-se ao uma capacitação específica para tal finalidade.
cumprimento da pena privativa de liberdade em II - Segurança interna realizada por equipe de
regime aberto e da pena restritiva de direitos Agentes Penitenciários do quadro efetivo da
consistente em limitação de fim de semana, Secretaria da Justiça e Cidadania que preserve os
acolhendo pessoas do sexo masculino e feminino, direitos do preso, mantenha a Segurança, a ordem
garantindo-se a separação adequada com vistas à e a disciplina da Unidade.
individualização das penas. § 1º Nas situações de conflito mais graves a
§ 1º O prédio deverá situar-se em centro urbano, manutenção ou restabelecimento da ordem será
separado dos demais estabelecimentos, e promovida por grupo especial de agentes
caracterizar-se-á pela ausência de obstáculos penitenciários com treinamento e equipamentos
físicos contra a fuga. específicos.
§ 2º A Casa do Albergado, além de dispor de local § 2º Em caso de necessidade de intervenção da
adequado para cursos e palestras, realizará Polícia Militar, em caráter urgente, em qualquer
encaminhamentos dos internos à rede de das unidades referidas no caput deste artigo, sua
assistência social, de saúde e educação. permanência no interior das mesmas se dará pelo
Art. 16. A Cadeia Pública destina-se tempo estritamente necessário ao
prioritariamente ao recolhimento de presos e restabelecimento da ordem e da segurança
presas provisórios. interna, não podendo ultrapassar 90 (noventa)
§ 1º Nas Comarcas onde não existam dias, salvo decisão fundamentada da autoridade
penitenciárias, suas finalidades serão, judiciária competente.
excepcionalmente, atribuídas às Cadeias Públicas
locais, observadas as normas deste Regimento TÍTULO III
Geral no que forem aplicáveis e as restrições DA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DAS
legais ou de decisões judiciais, bem como a UNIDADES
capacidade populacional máxima da Unidade
respectiva. Art. 18. As Unidades Prisionais do Estado do
§ 2º Ao preso provisório será assegurado regime Ceará serão dirigidas por um(a) Diretor(a), que
especial no qual se observará: será assessorado pelo(a) Diretor(a) Adjunto(a),
I - separação dos presos condenados; pelo Gerente Administrativo, pelo Chefe de
II - utilização de pertences pessoais permitidos; Segurança e Disciplina e pelo Chefe de Equipe
dos Agentes Penitenciários, sendo ainda Comissão de Avaliação de Transferências e
integradas pelo Conselho Disciplinar e pela Gestão de Vagas – CATVA, que deliberará a
Comissão Técnica de Classificação. unidade prisional destinatária para recebimento do
Art. 19. A (o) Diretor(a) da Unidade Prisional, preso. Definida a unidade, deverá ser comunicada
compete: a transferência ao Juízo responsável pela prisão,
I - Dirigir, coordenar e orientar os trabalhos ao Ministério Público, à Defensoria Publica, ao
técnicos, administrativos, operacionais, laborais, Conselho Penitenciário, no prazo de 24 (vinte e
educativos, religiosos, esportivos e culturais da quatro) horas, nos casos expressos neste
Unidade respectiva; Regimento;
II - Adotar medidas necessárias à preservação dos XVII - mostrar aos visitantes as dependências do
Direitos e Garantias Individuais dos presos; estabelecimento nas visitas coletivas, de caráter
III - Visitar os presos nas dependências do cultural ou cientifico, devidamente autorizadas
Estabelecimento, anotando suas reclamações e pela COSIPE, esclarecendo-lhes, quando se fizer
pedidos, procurando solucioná-los de modo necessário, os objetivos da execução penal;
adequado, no âmbito de sua competência ou XVIII - Dar ciência à família do preso, em caso de
encaminhá-los ao órgão competente, observando grave enfermidade, morte ou transferência deste,
as normas de segurança; comunicando ao preso, de igual modo, a doença
IV - Dar cumprimento as determinações judiciais e ou morte de pessoa de sua família e concedendo
prestar aos Juízes, Tribunais, Ministério Público, lhe, se for o caso, permissão para sair;
Defensoria Pública e Conselho Penitenciário as IX - Atribuir, em solenidades especiais, prêmios e
informações que lhe forem solicitadas, relativas recompensas aos presos de exemplar
aos condenados e aos presos provisórios; comportamento e àqueles que pratiquem atos
V - Assegurar o normal funcionamento da meritórios;
Unidade, observando e fazendo observar as X - Realizar outras atividades dentro de sua área
normas da Lei de Execução Penal e do presente de competência.
Regimento Geral; Art. 20. O(a) ocupante do cargo de diretor(a) de
VI - Presidir a Comissão Técnica de Classificação; Unidade Prisional, escolhido preferencialmente
VII - Elaborar o plano de segurança interna do entre os servidores de carreira da Secretaria de
Estabelecimento em conjunto com o Chefe de Justiça e Cidadania, com atenção à sua vocação
Segurança e disciplina; e preparação profissional específica, deverá
VIII - Conceder audiência ao interno quando satisfazer os seguintes requisitos:
solicitada; I - ser portador(a) de diploma de nível superior em
IX - Comparecer nas sessões do Conselho Direito, ou Psicologia, ou Ciências Sociais, ou
Penitenciário, quando convocado; Pedagogia, ou Serviços Sociais;
X - Elaborar o plano operativo anual da Unidade e II - possuir experiência administrativa na área;
Administrar o Estabelecimento traçando diretrizes, III - ter idoneidade moral e reconhecida aptidão
orientando e controlando a execução das para o desempenho da função.
atividades sob sua responsabilidade; Parágrafo Único. O cargo de Diretor do Hospital
XI - Realizar mensalmente reuniões com os Geral e Sanatório Penal e do Hospital de Custódia
servidores da Unidade para estudos conjuntos de e Tratamento Psiquiátrico deverá ser ocupado por
problemas afetos à mesma; profissional da área de saúde, preferencialmente
XII - Promover mensalmente reunião com os pertencente ao quadro de servidores estáveis da
representantes dos internos, realizando o Secretaria da Justiça e Cidadania.
Parlamento Carcerário; Art. 21. A (o) Diretor(a) Adjunto, compete:
XIII - Propor ao Núcleo de Segurança e Disciplina I - Assessorar diretamente o(a) Diretor(a) da
– NUSED, vinculado à COSIPE, a mudança de Unidade Prisional no desempenho de suas
lotação dos servidores da Unidade; atribuições;
XIV - executar as determinações do Coordenador II - Substituir, em seus afastamentos, ausências e
da COSIPE; impedimentos legais, o(a) Diretor(a) da Unidade
XV - autorizar visitas extraordinárias aos presos, Prisional, independente de designação especifica,
em casos especiais, nos termos deste Regimento; salvo se por prazo superior a 30 (trinta) dias;
XVI - Autorizar remoção do preso para III - Autorizar a expedição de certidões relativas
Estabelecimento Penal diverso em caráter urgente aos assuntos da Unidade;
e excepcional, comunicando imediatamente ‘a IV - Acompanhar a execução do plano de férias
dos servidores da Unidade; XIV - organizar a prestação de contas dos
V - Exercer outras atividades que lhes sejam suprimentos de fundos destinados ao
determinadas pelo(a) Diretor(a) da Unidade. estabelecimento;
§ 1º A substituição prevista neste artigo, por XV - efetuar o controle diário das folhas e cartões
período igual ou superior a 30 (trinta) dias, de registro de comparecimento do pessoal em
propiciará ao substituto os direitos e vantagens do exercício na Unidade;
cargo de Diretor(a) da Unidade. XVI - preparar dentro dos prazos estipulados os
§ 2º O cargo de Diretor-Adjunto deverá, documentos de controle de comparecimento e de
preferencialmente, ser ocupado por servidor alterações relativos ao pessoal, encaminhandoos
estável de carreira da Secretaria de Justiça e á COSIPE.
Cidadania. Parágrafo Único. O cargo de Gerente
Art. 22. Ao Gerente Administrativo compete Administrativo deverá ser ocupado por servidor
organizar, controlar e executar as atividades de de carreira da Secretaria de Justiça e Cidadania.
apoio necessárias ao bom funcionamento Art. 23. Ao Chefe de Segurança e Disciplina
operacional do Estabelecimento, inclusive a compete gerenciar o setor de Segurança e
manutenção preventiva e corretiva, competindo- Disciplina, elaborando o plano de segurança
lhe: interna do Estabelecimento, visando proteger a
I - receber, controlar e distribuir gêneros vida e a incolumidade física dos servidores de
alimentícios, os destinados ao consumo do carreira, terceirizados e presos e a garantia das
Estabelecimento; instalações físicas, bem como promover o
II - supervisionar os serviços de copa e de conjunto de medidas que assegurem o
cozinha; cumprimento da disciplina prisional e organizar,
III - requisitar o material de expediente e controlar e orientar os Agentes Penitenciários no
providenciar a redistribuição junto aos demais exercício de suas atribuições, competindo-lhe:
serviços do Estabelecimento; I - orientar os presos quanto aos seus direitos,
IV - manter sob sua guarda e responsabilidade deveres e normas de conduta a serem
todos os pertences do preso, de uso não observados, quando de sua chegada à Unidade;
permitido, fornecendo a estes comprovantes de II - realizar reuniões com os presos para preleções
recebimento; instrutivas e disciplinares;
V - manter em bom estado de funcionamento as III - propor a concessão ou suspensão de
instalações elétricas, telefônicas, hidrosanitárias e recompensas aos presos;
de climatização do prédio requisitando, com IV - fazer constar no prontuário disciplinar dos
antecedência o material que for necessário para presos as ocorrências e alterações havidas com
este fim; estes;
VI - elabora o relatório anual das atividades V - controlar a movimentação de presos quando
inerentes ao serviço; das transferências para outras celas;
VII - efetuar o balancete mensal do estoque de VI - manter atualizada a relação geral dos presos,
mercadoria existente; seus locais de recolhimento noturno, de trabalho
VIII - proceder á identificação de todo o material e/ou permanência obrigatória;
permanente em uso na unidade; VII - opinar quanto aos horários de visitas, rancho,
IX - adotar as medidas de segurança contra repouso noturno, alvorada e atendimento aos
incêndio nas dependências do estabelecimento presos;
especialmente na área de prontuário e VIII - encaminhar ao Conselho disciplinar as faltas
almoxarifado; disciplinares, praticadas por presos para
X - providenciar a manutenção preventiva e conhecimento e julgamento;
corretiva de máquinas, equipamentos e móveis em IX - promover vistorias nos presos e buscas nas
uso na unidade; dependências do estabelecimento, de caráter
XI - zelar pela conservação e limpeza do prédio; preventivo ou sempre que houver fundadas
XII - controlar a manutenção de primeiro escalão, suspeitas de porte ou uso indevido de armas,
de responsabilidade dos motoristas nas viaturas aparelhos celulares ou de objetos que possam ser
da unidade; utilizados para prática de crimes ou falta
XIII - executar e controlar os serviços de disciplinares;
reprodução xerográfica ou similar de documentos, X - manter atualizados registros e alterações
publicações e impressos de interesse de Unidade; relativas aos agentes penitenciários;
XI - elaborar a escala do plantão e organizar a fazendo cumprir as normas e regulamentos do
composição das equipes; estabelecimento;
XII - zelar pelo bom funcionamento dos VIII - Elaborar relatório circunstanciado ao final de
equipamentos e implementos necessários á seu plantão, registrando todas as ocorrências
execução dos serviços de segurança interna; havidas;
XIII - promover mensalmente em caráter ordinário, Parágrafo Único. O cargo de Chefe de Equipe
reuniões com os agentes prisionais e dos Agentes Penitenciários deverá ser ocupado
extraordinariamente quando necessário; preferencialmente por agente penitenciário
XIV - propor ao diretor a lista de nomes para estável da Secretaria de Justiça e Cidadania.
escolha e designados dos chefes de equipes; Art. 25. O Conselho Disciplinar, órgão colegiado
XV - assegurar o respeito aos visitantes enquanto formado pelo Diretor Adjunto, pelo Chefe de
permanecerem nas dependências da Unidade; Segurança e Disciplina, por um Assistente Social,
XVII - manter em arquivo o registro das pessoas um Psicólogo e por um agente penitenciário de
que visitam a Unidade; notória experiência, tem por finalidade:
XVIII - comunicar, diariamente, ao diretor c/ou I - Conhecer, analisar, processar e julgar as faltas
substituto as alterações constantes no relatório de disciplinares cometidas pelos internos, aplicando a
serviço diário; sanção disciplinar adequada à falta cometida,
XIX - manter informado o diretor sobre quaisquer assegurados o contraditório e a ampla defesa, por
alterações havidas na unidade; Defensor Público ou Advogado constituído pelo
XX - colaborar nas realizações de eventos de interno.
caráter sócio cultural, esportivo e cívico do II - Conhecer os resultados de eventuais exames
estabelecimento. criminológicos e acompanhar o perfil
Parágrafo Único. O cargo de Chefe de comportamental do preso.
Segurança e Disciplina deverá ser ocupado Art. 26. O Conselho Disciplinar, que será presidido
preferencialmente por agente penitenciário pelo Diretor Adjunto e nas suas faltas ou
estável da Secretaria de Justiça e Cidadania. impedimentos, pelo Chefe de Segurança e
Art. 24. Ao Chefe de Equipe dos Agentes Disciplina, reunir-se-á tantas vezes quantas
Penitenciários compete: necessárias para deliberar sobre as tarefas a seu
I - Conferir o relatório da equipe anterior; cargo.
II - Conferir o material de segurança sob sua § 1º Em caso de empate será considerado
responsabilidade, bem como a frequência dos vencedor o voto favorável ao preso.
membros de sua equipe, distribuindo as tarefas § 2º As decisões do Conselho de Disciplina serão
relativas ao funcionamento da unidade entre os sempre coletivas e lançadas por escrito, sendo
presentes; tomadas por maioria simples, observado quorum
III - Dar encaminhamento e supervisionar a mínimo de 03 (três) membros para deliberação.
execução das determinações da Direção e do Art. 27. A Comissão Técnica de Classificação,
Chefe de segurança e disciplina; órgão colegiado, deverá ser composta pelo(a)
IV - Comunicar imediatamente qualquer ocorrência Diretor(a) do Estabelecimento, que a presidirá,
que comprometa a ordem, a segurança e a dois agentes penitenciários, com larga experiência
disciplina da unidade à Direção e ao Chefe de no penitenciarismo, um Psiquiatra, um Psicólogo,
Segurança e Disciplina, relatando, em seguida, de um Assistente Social, e tem por finalidade
forma circunstanciada, por escrito; aquilatar a personalidade do condenado, para
V - Em caso de emergência que comprometa a determinar o tratamento adequado, competindo-
integridade física do preso, autorizar transferência lhe:
de alojamento no interior da unidade, diante da I - Fixar o programa reeducativo;
ausência de seu superior hierárquico; II - Acompanhar a execução das penas privativas
VI - Em caso de emergência que comprometa a de liberdade;
integridade física do preso, autorizar a saída III - Classificar o condenado segundo seus
temporária do mesmo para atendimento médico, antecedentes e personalidade, para orientar a
mediante escolta, diante da ausência de seu individualização da execução penal;
superior hierárquico; IV - Propor as conversões e as regressões, bem
VII - Exercer a vigilância, em conjunto com os como as progressões;
agentes penitenciários de plantão, cumprindo e V - Informar, caso seja solicitado, através de
parecer técnico, o perfil criminológico do
condenado para fins de benefício; TÍTULO V
VI - Zelar pelo cumprimento dos deveres dos DO INGRESSO, TRANSFERENCIA E SAÍDA DO
presidiários e assegurar a proteção dos seus PRESO
direitos, cuja suspensão ou restrição competirá a CAPÍTULO I
Direção da Unidade ou ao Juiz das Execuções DO INGRESSO
Criminais.
Art. 28. A Comissão Técnica de Classificação, Art. 32. O ingresso do preso condenado deverá
para obtenção de dados reveladores da se dar mediante apresentação da guia de
personalidade dos presos, poderá: recolhimento, expedida pela autoridade judiciária
I - Entrevistar pessoas; competente, observando-se o disposto nos
II - Requisitar de órgãos públicos ou privados arts.105 a 107 da Lei 7210/ 84 (Lei de Execuções
dados e informações referentes ao preso; Penais).
III - Realizar outras diligências e exames. Art. 33. O ingresso do preso provisório se dará
através da apresentação dos seguintes
TÍTULO IV documentos:
DAS FASES DA EXECUÇÃO ADMINISTRATIVA I - guia de recolhimento expedida pela autoridade
DA PENA policial ou judiciária competente;
II - comprovação de que o mesmo foi submetido a
Art. 29. As fases da execução administrativa da exame de corpo de delito;
pena serão realizadas através de estágios, III - comprovante de identificação do preso junto à
respeitados os requisitos legais, a estrutura física Delegacia de Capturas;
e os recursos materiais de cada unidade prisional. IV - Informação sobre os antecedentes criminais
I - Primeira Fase - procedimentos de inclusão e do preso, com cópia do auto de prisão em
observação por prazo não superior a 60 flagrante ou do mandado de prisão judicial.
(sessenta) dias, realizado pelo Centro de Triagem Parágrafo Único. Toda entrada, transferência ou
e Observação Criminológica, e complementados saída de preso de unidade deverá ser comunicada
pela Comissão Técnica de Classificação da pela Direção a todos os juízos onde o mesmo
unidade recebedora; responda a procedimento criminal.
II - Segunda Fase - desenvolvimento do processo Art. 34. Na ocasião do ingresso no Sistema
da execução da pena compreendendo as várias Penitenciário, o preso se submeterá a revista
técnicas promocionais e de evolução pessoal e de seus pertences, devendo, logo
sócioeducativas. após, ser submetido a higienização corpórea e
Parágrafo único. A Secretaria da Justiça e substituição de seu vestuário pelo uniforme
Cidadania elaborará Protocolo de Procedimentos padrão adotado.
Operacionais de Segurança Penitenciária, Art. 35. No ingresso, o preso terá aberto, em seu
abrangendo, entre outras atividades e técnicas, nome, um prontuário, devidamente numerado em
uso de algemas; recebimento de presos; padrão ordem seriada, onde serão anotados, dentre
de vistorias e de revista pessoal; manuseio de outros, seus dados de identificação e qualificação,
equipamentos de segurança; controle de acesso de forma completa, dia e hora da chegada,
de pessoas, veículos e materiais; emprego de situação de saúde física e mental, aptidão
armas letais e não-letais; uso progressivo e profissional e alcunhas.
proporcional da força, observando-se § 1º No prontuário ficarão arquivados todos os
procedimentos específicos nos estabelecimentos documentos relativos ao preso, inclusive certidão
prisionais femininos. atualizada de antecedentes criminais do juízo
Art. 30. À Comissão Técnica de Classificação, local, bem como do seu domicílio de origem;
caberá avaliar a terapêutica penal em relação ao § 2º A fotografia do preso será parte integrante do
preso sentenciado, propondo as promoções prontuário.
subsequentes. § 3º Após a abertura do prontuário, o preso
Art. 31. As perícias criminológicas, eventualmente receberá instruções a serem cumpridas, sobre as
requisitadas, deverão ser realizadas pela equipe normas do estabelecimento, sendo cientificado
técnica do Centro de Triagem e Observação dos direitos e deveres prescritos no presente
Criminológica ou pela Comissão Técnica de Regimento, e da possibilidade de acesso ao
Classificação da unidade, observando em cada mesmo sempre que desejar.
caso o que for mais adequado. § 4º Em todas as dependências e acomodações
das unidades prisionais deverão afixar-se os administração penitenciária;
direitos e deveres dos presos, permanecendo o III - a requerimento do interessado;
presente regimento acessível a todos sempre que IV - por determinação do Secretário de Justiça e
desejarem consultar. Cidadania, mediante Relatório de Inteligência
§ 5º Os analfabetos serão instruídos oralmente. Prisional
Art. 36. Os pertences trazidos com o preso cuja § 1º A Comissão de Avaliação de Transferências e
posse não for permitida serão inventariados e Gestão de Vagas – CATVA será formada por
colocados em depósito apropriado no Setor da equipe multidisciplinar e administrará o ingresso,
Gerência Administrativa da Unidade Prisional, reingresso e a transferência de presos nas
mediante contra recibo, sendo entregues unidades do sistema penitenciário estadual,
posteriormente aos seus familiares, ou a pessoa indicando a unidade para onde o interno será
por ele indicada. encaminhado, devendo ser presidida pelo
§ 1º Os objetos de valor e jóias serão recolhidos Coordenador Adjunto da COSIPE, que executará,
ao Setor de Pecúlio, bem como importâncias em privativamente, as atribuições previstas no inciso II
dinheiro serão depositadas em conta corrente do do Art.16 do Decreto nº27.385 de 02.03.2004.
pecúlio disponível, com preenchimento dos § 2º A Comissão de Avaliação de Transferências e
respectivos recibos. Gestão de Vagas - CATVA será o órgão
Art. 37. O preso será submetido a exames clínicos competente para a liberação de vagas para presos
pelo Serviço de Saúde, devendo ser examinado provisórios e condenados em presídios, casas de
por médico, que fornecerá atestado sobre as privação provisórias de liberdade, penitenciárias,
condições físicas apresentadas quando de sua Casa do Albergado, Hospital de Custódia e
chegada, e relacionará a necessidade de ingestão Manicômio Judiciário do Estado do Ceará,
de medicamentos eventualmente trazidos pelo vinculados a Comarca de Fortaleza, obedecendo
preso, sob prescrição médica, bem como de os procedimentos contidos em Portaria específica,
dieta diferenciada. observando as avaliações realizadas pelo Centro
Art. 38. Quando da impossibilidade de cumprir de Triagem e Observação Criminológica.
todas as exigências enumeradas nos dispositivos § 3º Nos estabelecimentos prisionais não
anteriores, na data da inclusão, as mesmas alcançados pelas atribuições da Comissão de
poderão ocorrer nos três dias úteis Avaliação de Transferências e Gestão de Vagas -
subsequentes. CATVA, a regulamentação permanecerá
Art. 39. O preso que adentrar pela primeira vez na determinada pelo presente Regimento.
Unidade cumprirá um período inicial considerado
de adaptação e observação, nunca superior a 60 SEÇÃO I
(sessenta) dias, durante o qual será observado POR ORDEM JUDICIAL
seu comportamento no Centro de Triagem e
Observação Criminológica e posteriormente, pela Art. 43. A transferência provisória ou definitiva do
Comissão Técnica de Classificação da unidade preso de uma unidade prisional para outra, por
recebedora. ordem judicial, dar-se-á nas seguintes
Art. 40. Nos (10) dez primeiros dias do estágio de circunstâncias:
adaptação o preso não poderá receber visitas de I - por sentença de progressão ou regressão de
familiares e amigos, podendo somente receber regime;
seu advogado ou Defensor Público. II - para apresentação judicial dentro e fora da
Art. 41. Durante o período de adaptação o preso Comarca;
será classificado quanto ao grau de III - para tratamento psiquiátrico, desde que haja
periculosidade, comportamento e antecedentes. indicação médica;
IV - em qualquer circunstância, mais adequada ao
CAPÍTULO II cumprimento da sentença, em outro Estado da
DA TRANSFERÊNCIA Federação, a juízo da autoridade judiciária
competente.
Art. 42. A transferência do preso de uma unidade
prisional para outra, dar-se-á, nas seguintes
condições:
I - por ordem judicial;
II - por interesse técnico-administrativo da
SEÇÃO II anexada Certidão Carcerária contendo a data de
POR INTERESSE TÉCNICO-ADMINISTRATIVO entrada do preso, o tempo de recolhimento e o
DA ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA seu comportamento carcerário, e encaminhará à
CATVA para deliberação.
Art. 44. O preso será transferido por interesse Art. 46. O pedido conterá:
técnico-administrativo da administração I - petição assinada pelo requerente ou termo de
penitenciária nas seguintes circunstâncias: declaração, onde justifique os motivos da
I - por solicitação do diretor da unidade, conforme pretensão;
indicação da Comissão Técnica de Classificação e II - qualificação e extrato da situação processual
demais áreas de avaliação; do sentenciado;
II - no caso de doença, que exija tratamento III - informações detalhadas das condições de
hospitalar do preso, quando a unidade prisional saúde, trabalho, instrução e conduta prisional;
não dispuser de infra-estrutura adequada, IV- manifestação do diretor da unidade prisional,
devendo a solicitação ser feita pela autoridade sobre a conveniência ou não da transferência.
médica, ratificada pelo diretor da unidade; Art. 47. Quando ocorrer transferência temporária
III - por interesse da Administração, com vistas a de presos entre as unidades prisionais, deverá
preservação da segurança e disciplina. haver acompanhamento de informações
IV - para preservação da segurança pessoal do referentes à disciplina, saúde, execução da pena e
interno; visitas dos mesmos, a fim de orientar
V - a preservação de condições pessoais procedimento na unidade de destino.
favoráveis à individualização da execução penal; § 1º No caso de remoção definitiva, além das
VI - a preservação de laços afetivos entre o providências do caput deste artigo, o preso deverá
condenado e seus parentes; ser acompanhado de seu prontuário e pertences
VII - para o exercício de atividades educacionais pessoais.
e/ou laborativas.
§ 1º Compete à Coordenadoria do Sistema Penal, SEÇÃO IV
nas unidades não alcançados pelas atribuições da POR DETERMINAÇÃO DO SECRETÁRIO DE
Comissão de Avaliação de Transferências e JUSTIÇA E CIDADANIA, MEDIANTE
Gestão de Vagas, em caráter excepcional, e RELATÓRIO DE INTELIGÊNCIA PRISIONAL
devidamente justificada, determinar a
transferência do preso, de uma a outra unidade Art. 48. A - Emergencialmente, a transferência se
prisional. dará por determinação do Secretário de Justiça e
§ 2º A transferência de preso condenado ou Cidadania, através da COINT ou COSIPE.
provisório será, no prazo improrrogável de 24 Parágrafo único. No prazo de 72 (setenta e duas)
(vinte e quatro) horas, comunicada, horas haverá formalização da transferência
respectivamente, ao juízo das execuções penais emergencial à Comissão de Avaliação de
ou ao juízo responsável pelo processo. Transferências e Gestão de Vagas - CATVA, em
relação aos estabelecimentos prisionais
SEÇÃO III submetidos à sua atuação.
A REQUERIMENTO DO INTERESSADO
CAPÍTULO III
Art. 45. Fora das hipóteses que dependam de DA SAÍDA
decisão judicial, o preso, seus familiares ou seu
procurador poderão requerer sua transferência, ao Art. 49. A saída do preso da Unidade Prisional
diretor do estabelecimento respectivo, para dar-se-á, nos seguintes casos:
unidade prisional do mesmo regime quando: I - pelo término do cumprimento da pena,
I - conveniente, por ser na região de residência devidamente reconhecido por sentença do Juízo
ou domicílio da família, devidamente comprovado; das Execuções Criminais e Corregedor dos
II - necessária a adoção de Medida Preventiva de Presídios;
Segurança Pessoal, e a unidade prisional não II - em virtude de algum beneficio legal que lhe
dispuser de recurso para administrá-la. tenha sido concedido, sempre por ordem escrita
Parágrafo único. O diretor do estabelecimento da Autoridade Judiciária competente.
ouvirá a manifestação da Chefia de Segurança e III - para atendimento de requisições
Disciplina e do Serviço Social, devendo ser administrativas ou policiais, mediante escolta e
autorização escrita do Juiz das Execuções ou dependentes, profissionais médicos e
Criminais e Corregedor dos Presídios; odontológicos de confiança pessoal, a fim de
IV - para atendimento de requisições judiciais, orientar e acompanhar o tratamento que se faça
mediante escolta; necessário, observadas as normas legais e
V - em caráter excepcional, mediante autorização regulamentares vigentes;
da Direção do Estabelecimento Prisional, nos V - frequência às atividades desportivas, de lazer
casos e na forma estabelecidos nos artigos 120 e e culturais condicionadas à programação da
121 da Lei de Execuções Penais. Unidade, dentro das condições de segurança e
Parágrafo único. Nas saídas previstas nos disciplina, obedecendo-se os a seguinte regra: a)
incisos I e II, será disponibilizado ao preso: a prática de esportes deverá ser realizada em
I. a entrevista de desligamento realizada local adequado, pelo período de 02:00 horas, pelo
preferencialmente por psicólogo ou assistente menos uma vez por semana, sem prejuízo das
social, quando receberá aconselhamento e atividades educacionais e laborativas da Unidade;
orientação, além do encaminhamento para a VI - contato com o mundo exterior e acesso aos
Coordenadoria de Inclusão Social do Preso e do meios de comunicação social, por meio de:
Egresso – CISPE, rede sócio-assistencial, de a) correspondência escrita com familiares e outras
saúde e de educação; pessoas, podendo ser suspenso ou restringido tal
II. orientação, preferencialmente pelo Defensor direito por ato motivado do Diretor da Unidade, no
Público lotado na unidade, sobre as condições caso de cometimento de falta grave;
jurídicas às quais ficará submetido; b) leitura de livros, jornais, revistas e demais
III. vestimentas e condições de transporte para o periódicos, desde que não contenham incitamento
retorno à sua residência de forma digna, desde à subversão da ordem ou preconceito de religião,
que localizada no Estado do Ceará ou, em raça ou classe social e não comprometam a moral
situações excepcionais, a critério da Secretaria da e os bons costumes;
Justiça e Cidadania. c) programação da Rádio Livre;
d) acesso coletivo a programa de televisão;
TÍTULO VI e) acesso a sessões cinematográficas, teatrais,
DOS DIREITOS, DOS DEVERES, DOS BENS, artísticas e socioculturais, de acordo com a
REGALIAS E RECOMPENSAS programação da Unidade respectiva.
CAPÍTULO I VII - acomodação em celas ou alojamentos
DOS DIREITOS coletivos ou individuais, dentro das exigências
legais, havendo trocas de roupas de uso pessoal,
Art. 50. São direitos comuns aos presos, além de cama, banho e material de higiene, fornecidos
dos já previstos pela Constituição Federal, Pactos pela Unidade Prisional ou outros setores
Internacionais, Legislação Penal e Processual devidamente autorizados;
Brasileira, Lei de Execuções Penais e demais VIII - solicitar à Diretoria mudança de cela ou
Leis, os seguintes: pavilhão, que poderá ser autorizada após
I - preservação da individualidade, observando-se: avaliação dos motivos e da capacidade estrutural
a) chamamento nominal; da Unidade;
b) uso de número somente para qualificação em IX - peticionar à Direção do Estabelecimento e
documento da administração penal. demais autoridades;
II - atendimento pela Diretoria do Estabelecimento X - receber visitas do cônjuge, da companheira, de
e/ou demais funcionários; parentes e amigos em dias determinados,
III - prática religiosa; podendo ser suspenso ou restringido tal direito por
IV- tratamento médico-hospitalar, psiquiátrico, ato motivado do Diretor da Unidade, no caso de
psicológico e odontológico gratuito, com os cometimento de falta grave;
recursos humanos e materiais postos a sua XI - proteção contra qualquer forma de
disposição pela Unidade onde se acha recolhido, sensacionalismo;
sendo-lhes garantidos: XII - receber atestado anual de pena a cumprir;
a) obtenção de assistência médica pela rede XIII - assistência jurídica integral desde sua
Municipal, Estadual e Federal, quando esgotados inserção no Sistema Penitenciário, prestada por
ou inexistentes os recursos institucionais, de advogado constituído ou pela Defensoria Pública;
acordo com a disponibilidade dessas redes; XIV - entrevista reservada com seu advogado
b) a faculdade de contratar, através de familiares constituído ou Defensor Público, no parlatório,
individualmente, nos dias úteis e no horário de III - informar-se das normas a serem observadas
expediente da Unidade. na Unidade Prisional, respeitando-as;
XV - à presa, em caso de gravidez, são IV - acatar as determinações legais solicitadas por
asseguradas: qualquer funcionário no desempenho de suas
a) assistência pré-natal; funções;
b) alimentação apropriada desde a confirmação da V - manter comportamento adequado em todo o
gravidez até o fim da amamentação; decurso da execução da pena, progressiva ou
c) internação, com direito a parto em hospital não;
adequado, por meio de escolta; VI - submeter-se à sanção disciplinar imposta;
d) condições para que possa permanecer com seu VII - Conduta oposta aos movimentos individuais e
filho pelo período mínimo de 120 dias após o coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou a
nascimento, prorrogável por igual período, em disciplina;
local adequado, mesmo que haja restrição de VIII - zelar pelos bens patrimoniais e materiais que
amamentação; lhe forem destinados, direta ou indiretamente;
e) condições para que possa permanecer com seu IX - ressarcir o Estado e terceiros pelos danos
filho pelo período mínimo de 180 dias após o materiais a que der causa, de forma culposa ou
nascimento, prorrogável por igual período, após dolosa;
avaliação médica e de assistente social, em local X - zelar pelo asseio pessoal e assepsia da cela,
adequado, quando estiver amamentando; alojamento, corredores e sanitários;
XVI - reabilitação das faltas disciplinares; XI - submeter-se às normas contidas neste
XVII - Em caso de falecimento, doenças, acidentes Regimento Geral, referentes às visitas, orientando-
graves ou transferência do preso para outro as nesse sentido;
estabelecimento, o Diretor comunicará XII - submeter-se às normas, contidas neste
imediatamente ao cônjuge ou, se for o caso, a Regimento Geral, que disciplinam a concessão de
parente próximo ou a pessoa previamente saídas externas previstas em lei:
indicada; XIII - submeter-se às normas contidas neste
XVIII - O preso será informado, imediatamente, do Regimento Geral, que disciplinam o atendimento
falecimento ou de doença grave do cônjuge, nas áreas de:
companheira, ascendente, descendente ou irmão, a) saúde;
podendo ser permitida a visita a estes, sob b) assistência jurídica;
custódia; c) psicológica;
XIX - Em caso de deslocamento do preso, por d) serviço social;
qualquer motivo, deve-se evitar sua exposição ao e) diretoria;
público, assim como resguardá-lo de insultos e da f) serviços administrativos em geral;
curiosidade geral. g) atividades escolares, desportivas, religiosas, de
XX - igualdade de tratamento, exceto quanto à trabalho e de lazer;
individualização da pena. h) assistência religiosa;
§ 1º Os direitos previstos neste Regimento não XIV - devolver ao setor competente, quando de
excluem outros decorrentes dos princípios por ele sua saída ou da eventual transferência, os objetos
adotados. fornecidos pela unidade e destinados ao uso
§ 2º Nos casos de prisão de natureza civil, o preso próprio;
deverá permanecer em recinto separado dos XV - abster-se de desviar, para uso próprio ou de
demais, aplicando-se, no que couber, as normas terceiros, materiais dos diversos setores da
destinadas aos presos provisórios. Unidade Prisional;
XVI - abster-se de negociar objetos de sua
CAPÍTULO II propriedade, de terceiros ou do patrimônio do
DOS DEVERES DOS PRESOS Estado;
XVII - abster-se da confecção e posse indevida de
Art. 51. São deveres dos presos, além dos instrumentos capazes de ofender a integridade
previstos na legislação pátria: física de outrem, bem como daqueles que possam
I - respeito às autoridades constituídas, contribuir para ameaçar, ou obstruir a segurança
funcionários e companheiros presos; das pessoas e da Unidade Prisional;
II - comportamento disciplinado e cumprimento fiel XVIII - abster-se de uso e consumo de bebida
da sentença; alcoólica ou de substância que possa causar
embriaguez ou dependência física, psíquica ou II - Em se tratando de bens de consumo e
química; patrimoniais trazidos por presos acompanhados
XIX - abster-se de transitar ou permanecer em ou não de funcionário, quando das saídas
locais não autorizados pela Direção da Unidade. externas autorizadas, serão analisados. No caso
XX - abster-se de dificultar ou impedir a vigilância; de não se comprovar a origem será lavrado
XXI - abster-se de quaisquer práticas que possam comunicado do evento, sem prejuízo de outras
causar transtornos aos demais presos, bem como medidas cabíveis;
prejudicar o controle de segurança, a organização III - Quando do ingresso de bens e valores através
e a disciplina; de familiares e afins, serão depositados no setor
XXII - acatar a ordem de contagem da população competente, mediante inventário e contrarecibo:
carcerária, respondendo ao sinal convencionado a) o saldo em dinheiro e os bens existentes serão
da autoridade competente para o controle da devolvidos no momento em que o preso seja
segurança e disciplina; libertado;
XXIII - abster-se de utilizar quaisquer objetos, para b) no caso de transferência do preso, os valores e
fins de decoração ou proteção de vigias, portas, bens serão encaminhados à unidade de destino.
janelas e paredes, que possam prejudicar o Art. 53. Em caso de falecimento do preso, os
controle da vigilância; valores e bens a este pertencentes, devidamente
XXIV - abster-se de utilizar sua cela como cozinha; inventariados, serão entregues aos familiares,
XXV - submeter-se à requisição das autoridades atendidas as disposições legais pertinentes.
judiciais, policiais e administrativas;
XXVI - submeter-se à requisição dos profissionais CAPÍTULO IV
de qualquer área técnica para exames ou DAS RECOMPENSAS E REGALIAS
entrevistas; SEÇÃO I
XXVII - submeter-se às condições estabelecidas DAS RECOMPENSAS
para uso de aparelho de rádio e/ou aparelho de
TV; Art. 54. As recompensas têm em vista o bom
XXVIII - submeter-se às condições de uso da comportamento reconhecido em favor do preso
biblioteca do estabelecimento, caso haja, e de sentenciado ou do preso provisório, de sua
livros de sua propriedade; colaboração com a disciplina e de sua dedicação
XXIX - submeter-se às condições estabelecidas ao trabalho.
para as práticas desportivas e de lazer; Art. 55.São recompensas:
XXX - submeter-se às condições impostas para I - o elogio;
quaisquer modalidades de transferências e II - a concessão de regalias.
remoção de ordem judicial, técnico-administrativa Art. 56. Será considerado para efeito de elogio a
e a seu requerimento; prática de ato de excepcional relevância
XXXI - submeter-se aos controles de segurança humanitária ou do interesse do bem comum, por
impostos pelos Agentes Penitenciários ou outros portaria do diretor da unidade prisional, devendo
agentes públicos incumbidos de efetuar a escolta constar do prontuário do condenado.
externa.
SEÇÃO II
CAPÍTULO III DAS REGALIAS
DOS BENS E VALORES PESSOAIS
Art. 57. Constituem regalias, concedidas aos
Art. 52. A entrada de bens de qualquer natureza presos em geral, dentro da Unidade Prisional:
obedecerá aos seguintes critérios: I - visitas íntimas;
I - em se tratando daqueles permitidos, os II - assistir coletivamente sessões de cinema,
mesmos deverão ser revistados e devidamente teatro, shows e outras atividades sócio-culturais,
registrados em documento específico: fora do horário normal em épocas especiais;
a) a entrada de bens perecíveis, em espécie e III - assistir coletivamente sessões de jogos
manufaturados, terá sua quantidade devidamente esportivos em épocas especiais, fora do horário
regulada; normal;
b) os bens não perecíveis serão analisados pela IV - participar de atividades coletivas, além da
unidade prisional quanto à sua necessidade, escola e trabalho, em horário pré-estabelecido de
conveniência e quantidade; acordo com a Unidade do Sistema e Direção;
V - participar em exposições de trabalho, pintura e IV - suspensão ou restrição de direitos,
outros, que digam respeito às suas atividades; observadas as condições previstas no incisos XIII
VI - visitas extraordinárias devidamente e XIV do artigo 50 do presente regimento;
autorizadas pela direção se comprovada sua V - isolamento em local adequado;
necessidade e relevância VI - inclusão no regime disciplinar diferenciado,
Art.58. Poderão ser acrescidas outras regalias de mediante decisão fundamentada do juízo
forma progressiva, acompanhando as diversas competente.
fases e regimes de cumprimento da pena; § 1º Advertência verbal é a punição de caráter
Art.59. O preso no regime semi-aberto poderá ter educativo, aplicado às infrações de natureza
outras regalias, a critério da direção da unidade leve, e se couber as de natureza média;
visando sua reintegração social; § 2º Repreensão é a sanção disciplinar na forma
Art.60. As regalias poderão ser suspensas ou escrita, revestida de maior rigor no aspecto
restringidas, por cometimento de falta disciplinar educativo, aplicável em casos de infração de
de qualquer natureza ou por ato motivado da natureza média, bem como os reincidentes de
direção da Unidade Prisional. natureza leve.
Art. 66. Às faltas leves e médias, poderão ser
TÍTULO VII aplicadas as sanções previstas nos incisos I, II, III
DA DISCIPLINA E DAS FALTAS do artigo anterior.
DISCIPLINARES Art. 67. Às faltas graves, aplicam-se as sanções
Capítulo I previstas nos incisos IV e V do artigo 65 deste
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Regimento Geral, não podendo qualquer delas
exceder a 30 (trinta) dias.
Art. 61. No aspecto administrativo-disciplinar, este § 1º O isolamento será sempre comunicado ao
Regimento aplica-se aos presos de ambos os Juízo da Execução.
sexos recolhidos na mesma ou em Unidades § 2º A autoridade administrativa poderá decretar o
Prisionais diversas. isolamento preventivo do faltoso pelo prazo
Art. 62. Todos os presos da Unidade Prisional máximo de 10 (dez) dias, no interesse da
serão cientificados das normas disciplinares, no disciplina e da averiguação do fato.
momento de seu ingresso na mesma. § 3º O tempo de isolamento preventivo será
Art. 63. As normas deste Regimento serão computado no período de cumprimento da sanção
aplicadas aos presos, quer dentro do disciplinar.
estabelecimento prisional e sua extensão, quer Art. 68. Aplica-se o Regime Disciplinar
quando estiverem em trânsito ou em execução de Diferenciado, na hipótese de falta grave
serviço externo. consistente na prática de crime doloso que
ocasione subversão da ordem ou disciplina
CAPÍTULO II interna, e tem as seguintes características:
DA DISCIPLINA I - duração máxima de trezentos e sessenta dias,
sem prejuízo de repetição da sanção por nova
Art. 64. A ordem e a disciplina serão mantidas falta grave de mesma espécie, até o limite de um
com firmeza, sem constrangimento, sem impor sexto da pena aplicada;
maiores restrições que as necessárias para II - recolhimento em cela individual;
manter a segurança e a boa organização da vida III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar
em comum, visando o retorno satisfatório do preso os filhos menores de quatorze anos, com duração
a sociedade. de duas horas;
Parágrafo único. A disciplina, a hierarquia, a IV - o preso terá direito à saída da cela por duas
fraternidade e a civilidade são requisitos horas diárias para banho de sol.
importantes para o aprimoramento físico, mental e § 1º O regime disciplinar diferenciado também
espiritual na busca da construção de um futuro poderá abrigar presos provisórios ou condenados
melhor para o preso. que apresentem alto risco para a ordem e a
Art. 65. Os atos de indisciplina serão passíveis segurança do Presídio ou da sociedade.
das seguintes penalidades: § 2º Estará igualmente sujeito ao regime
I - advertência verbal; disciplinar diferenciado o preso provisório ou
II - repreensão; condenado sob o qual recaiam fundadas suspeitas
III - suspensão ou restrição de regalias; de envolvimento ou participação, a qualquer título,
em organizações criminosas, quadrilha ou bando. outro preso;
§ 3º A inclusão de preso no regime disciplinar XII - usar material de serviço para finalidade
diferenciado deverá ser requerida, apos diversa da qual foi prevista;
deliberação da comissão disciplinar, por meio de XIII - deixar de freqüentar, sem justificativa, as
parecer circunstanciado, pelo Diretor da Unidade aulas do curso em que esteja matrículado;
ao Juízo competente, sendo imprescindível a XIV - sujar pisos, paredes ou danificar objetos que
decisão fundamentada da autoridade judiciária devam ser conservados;
para a imposição de tal sanção. XV - portar ou manter na cela ou alojamento,
Art. 69. A suspensão e restrição de regalias material de jogos não permitidos;
poderão ser aplicadas isoladas ou XVI - remeter correspondência, sem registro
cumulativamente, na prática de faltas de qualquer regular pelo setor competente;
natureza. XVII - desobedecer aos horários regulamentares;
Art. 70. Pune-se a tentativa com a sanção XVIII - descumprir as prescrições médicas;
correspondente à falta consumada. XIX - lavar ou secar roupa em locais não
permitidos;
CAPÍTULO III XX - fazer refeições em local e horário não
DAS FALTAS DISCIPLINARES permitidos;
XXI - conversar através de janelas, guichê da cela
Art. 71. As faltas disciplinares segundo sua ou de setor de trabalho ou em local não
natureza classificam se em: apropriado;
I - leves; XXII - mostrar displicência no cumprimento do
II - médias; sinal convencional de recolhimento ou formação;
III - graves. XXIII - fumar em local ou horário não permitido.
Parágrafo único. O disposto neste capítulo XXIV - proferir palavras de baixo calão ou faltar
aplica-se, no que couber, ao preso provisório. com preceitos de educação;
XXV - dirigir-se, referir-se ou responder a qualquer
SEÇÃO I pessoa de modo desrespeitoso;
DAS FALTAS DISCIPLINARES DE NATUREZA XXVI - tocar instrumentos musicais fora dos locais
LEVE e horários permitidos pela autoridade competente

Art. 72. Considera-se falta disciplinar de natureza SEÇÃO II


leve: DAS FALTAS DE NATUREZA MÉDIA
I - manusear equipamento de trabalho sem
autorização ou sem conhecimento do Art. 73. Considera-se falta disciplinar de natureza
encarregado, mesmo a pretexto de reparos ou média:
limpeza; I - utilizar-se do anonimato para fins ilícitos ou
II - adentrar em cela ou alojamento alheio, sem causando embaraços à administração;
autorização; II - provocar direta ou indiretamente alarmes
III - desatenção em sala de aula ou no trabalho; injustificados;
IV - permutar, penhorar ou dar em garantia objetos III - deixar, sem justo motivo, de responder às
de sua propriedade a outro preso sem prévia revistas ou reuniões em horários pré-
comunicação da direção da unidade respectiva; estabelecidos, ou aquelas para as quais
V - utilizar-se de bens de propriedade do Estado, ocasionalmente for determinado;
de forma diversa para a qual recebeu; IV - atrasar-se o interno do regime aberto e semi-
VI - executar, sem autorização, o trabalho de aberto, para o pernoite;
outrem; V - atrasar-se, sem justo motivo, o interno do
VII - responder por outrem às chamadas regime semiaberto quando do seu retomo ao
regulamentares; Estabelecimento Penal no caso de saídas
VIII - ter posse de papéis, documentos, objetos ou temporárias autorizadas;
valores não cedidos e não autorizados pela VI - envolver, indevidamente, o nome de outrem
Unidade Prisional; para se esquivar de responsabilidade;
IX - descuidar da higiene pessoal; VII - portar-se de modo indisciplinado ou
X - estar indevidamente trajado; inconveniente quando das revistas e conferências
XI - proceder de forma grosseira ou discutir com nominais;
VIII - promover ou concorrer para a discórdia e outrem incorra na mesma conduta;
desarmonia entre os internados, ou cultivar XXVII - utilizar material, próprio ou do Estado, para
inimizades entre os mesmos; finalidade diversa para a qual foi prevista,
IX - portar-se de modo inconveniente, provocando causando ou não prejuízos ao erário;
outros internos através de brincadeiras de cunho XXVIII - portar, confeccionar, receber, ter
pernicioso ou sarcástico; indevidamente, em qualquer lugar do
X - apresentar, sem fundamento ou em termos Estabelecimento Penal, objetos passíveis de
desrespeitosos, representação ou petição; utilização em fuga;
XI - recriminar ou desconsiderar ato legal de XXIX - permanecer o interno, em dias de visitação,
agente da administração da unidade respectiva; na área destinada à circulação de pessoas, sem
XII - deixar de realizar a faxina do xadrez, que para isto esteja autorizado ou acompanhado
alojamento, banheiro ou corredores, cuja de seus visitantes, exceto para responder à
atribuição lhe esteja a cargo, ou fazê-lo com chamada nominal ou efetuar suas refeições;
desídia; XXX - permitir o interno que seus visitantes, sem
XIII - transitar pêlos corredores dos alojamentos autorização de autoridade competente, ingressem
ou das celas despido ou em trajes sumários; nos alojamentos ou celas ou acessem local não
XIV - deixar de fazer uso do uniforme sem permitido;
autorização; XXXI - comportar-se, quando em companhia de
XV - fazer qualquer tipo de adaptação nas sua esposa, companheira ou diante de outros
instalações elétricas ou hidráulicas da Unidade, visitantes, de forma desrespeitosa;
sem a devida autorização; XXXII - tomar parte em jogos proibidos ou em
XVI - concorrer para que não seja dado aposta ilícitas;
cumprimento a qualquer ordem legal, tarefa ou XXXIII - permanecer em alojamento diferente do
serviço, bem como, concorrer para que seja seu, sem a devida autorização da Administração
retardada a sua execução; ou o consentimento de integrante do local;
XVII - interferir na administração ou execução de XXXIV - transitar indevidamente por locais não
qualquer tarefa sem estar para isto autorizado; permitidos ou em desacordo com o respectivo
XVIII - simular doença para esquivar-se do estágio em que se encontra;
cumprimento de qualquer dever ou ordem legal XXXV - comunicar-se, de qualquer forma, com
recebida; internos em regime de isolamento celular ou
XIX - introduzir, transportar, guardar, fabricar, entregar aos mesmos quaisquer objetos sem
possuir bebidas alcoólicas ou qualquer outra autorização da administração;
substância que cause efeitos similares aos do XXXVI - promover barulho no interior do
álcool, ou mesmo ingerir tais substâncias, ou alojamento, celas ou seus corredores, durante o
concorrer, inequivocamente, para que outrem o repouso noturno, ou ainda, a qualquer hora, fazêlo
faça; de forma a perturbar a ordem reinante;
XX - introduzir, guardar ou possuir remédios, sem XXXVII - disseminar boato que possa perturbar a
a devida autorização da Direção da Unidade; ordem ou a disciplina, caso não chegue a
XXI - solicitar ou receber de qualquer pessoa, constituir crime;
vantagem ilícita pecuniária ou em espécie; XXXVIII - dificultar a vigilância ou prejudicar o
XXII - praticar atos de comércio de qualquer serviço da guarda em qualquer dependência da
natureza, sem a devida autorização, com outros Unidade;
internos, funcionários ou civis; XXXIX - praticar autolesão com finalidade de obter
XXIII - manusear equipamento ou material de regalias;
trabalho sem autorização ou sem conhecimento XL - praticar fato previsto como crime culposo ou
da administração, mesmo a pretexto de reparos ou contravenção, independentemente da ação penal;
limpeza; XLI - usar de ardil para auferir benefícios,
XXIV - apropriar-se ou apossar-se, sem induzindo a erro qualquer pessoa;
autorização, de material alheio; XLII - favorecer a prostituição ou a promiscuidade
XXV - destruir dolosamente, extraviar, desviar ou de parentes e demais visitantes.
ocultar objetos sob sua responsabilidade,
fornecidos pela administração;
XXVI - fabricar qualquer objeto ou equipamento
sem a devida autorização, ou concorrer para que
SEÇÃO III a cometer infração disciplinar de natureza grave;
DAS FALTAS DE NATUREZA GRAVE II - pesem contra o preso, informações
devidamente comprovadas, de que estaria
Art. 74. Comete falta disciplinar de natureza ameaçada sua integridade física;
grave o preso que: III - a requerimento do preso, que expressará a
I - incitar ou participar de movimento para necessidade de ser submetido a isolamento
subverter a ordem ou a disciplina; cautelar, como medida de segurança pessoal.
II - fugir; Parágrafo Único. Em caso de necessidade, o
III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de prazo estabelecido o caput deste artigo poderá, a
ofender a integridade física de outrem; pedido da direção da unidade respectiva, ser
IV - provocar acidente de trabalho; prorrogado por igual período pela autoridade
V - descumprir, no regime aberto, as condições judiciária competente.
impostas;
VI - desobedecer ao servidor ou desrespeitar a TÍTULO VIII
qualquer pessoa com quem deva relacionar-se; DO PROCEDIMENTO DISCIPLINAR, DA
VII - não executar o trabalho, as tarefas ou as SANÇÃO E DA REABILITAÇÃO
ordens recebidas; CAPÍTULO I
VIII - descumprir, injustificadamente, o condenado DO PROCEDIMENTO DISCIPLINAR E DA
à pena restritiva de direitos, a restrição imposta, SANÇÃO DISCIPLINAR
ou retardar o cumprimento;
IX - introduzir, receber, vender, fornecer, ainda Art. 78. Cometida a infração, o preso será
que gratuitamente, fazer uso, ter em depósito, conduzido ao setor de disciplina, para o registro da
transportar, trazer consigo, guardar ou emprestar ocorrência, que conterá nome e matrícula dos
telefone celular ou aparelho de comunicação com servidores que dela tiveram conhecimento, os
o meio exterior, seus componentes ou acessórios; dados capazes de identificar as pessoas ou coisas
envolvidas, local e hora da mesma, rol de
SEÇÃO IV testemunhas, a descrição clara, concisa e precisa
DAS ATENUANTES E DAS AGRAVANTES do fato, bem como as alegações do faltoso,
quando presente, ao ser interpelado pelo(s)
Art. 75. São circunstâncias atenuantes na signatário(s) das razões da transgressão, sem
aplicação das penalidades disciplinares: tecer comentários ou opiniões pessoais, e outras
I - primariedade em falta disciplinar; circunstâncias.
II - natureza e circunstância do fato; § 1º A ocorrência será comunicada imediatamente
III - bons antecedentes prisionais; ao diretor da unidade prisional, para que, no prazo
IV - imputabilidade relativa atestada por autoridade de 03 (três) dias, contados da constatação ou
médica competente; conhecimento do fato, seja iniciado o
V - confessar, espontaneamente a autoria da falta procedimento disciplinar.
ignorada ou imputada a outrem; Art. 79. O conselho disciplinar realizará as
VI - ressarcimento dos danos materiais. diligencias indispensáveis à precisa elucidação
Art. 76. São circunstâncias agravantes, na do fato, inclusive solicitação de perícia técnica,
aplicação das referidas penalidades: quando necessário, para formar seus elementos
I - reincidência em falta disciplinar; de convicção.
II - prática de falta disciplinar durante o prazo de Art. 80. Será propiciado ao detento submetido a
reabilitação de conduta por sanção anterior; julgamento pelo Conselho Disciplinar, o mais
amplo direito de defesa, seja por advogado
SEÇÃO V constituído ou por Defensor Publico lotado na
DAS MEDIDAS CAUTELARES Unidade Prisional respectiva.
§ 1º Caso não possua advogado constituído ou
Art. 77. O diretor da Unidade Prisional poderá não saiba declinar os dados necessários para a
determinar, por ato motivado, como medida intimação do mesmo, na data da audiência de
cautelar, o isolamento do preso, por período não instrução e julgamento, o faltoso será assistido
superior a 10 (dez) dias, quando: pelo Defensor Publico lotado na Unidade
I - pesem contra o preso informações, Prisional respectiva.
devidamente comprovadas, de que estaria preste §2º Caso não haja Defensor Público lotado na
Unidade Prisional respectiva, deverá ser intimado Art. 89. O pedido de reconsideração, uma vez
para o ato o Defensor Público lotado na Vara de apreciado pela autoridade competente, deverá ser
Execuções Criminais com jurisdição sobre a despachado no prazo de 08 (oito) dias de seu
referida Unidade. recebimento, dele não cabendo recurso
Art. 81. Ao preso será dado conhecimento prévio administrativo.
da acusação. Art. 90. Após tornar-se definitivo o ato punitivo, o
Art. 82. O Conselho Disciplinar ouvirá, no mesmo Diretor da unidade prisional determinará as
ato, primeiramente o ofendido e testemunhas, se seguintes providências:
houverem, e por último o preso, de tudo I - ciência ao preso envolvido e ao seu defensor;
lavrando-se o termo respectivo. II - registro em ficha disciplinar;
Art. 83. Concluídas as oitivas necessárias, ato III - encaminhamento de cópia da sindicância ao
contínuo, será facultado à Defesa, manifestação Juiz das Execuções e Corregedor dos Presídios e
oral, que será tomada por termo, pelo tempo de 15 ao Conselho Penitenciário do Estado do Ceará;
(quinze) minutos. IV - comunicação à autoridade policial
Art. 84.Finda a instrução, passa-se imediatamente competente, quando o fato constituir ilícito penal;
ao julgamento acerca da culpabilidade ou V - arquivamento em prontuário penitenciário.
inocência do faltoso, bem como acerca da Art. 91. Durante todo o período de cumprimento
natureza da falta disciplinar a ele imputada, o que de sua pena, o preso poderá pedir a revisão da
deverá ser registrado na ata respectiva, que será punição sofrida, desde que comprove o
assinada por todos os presentes. surgimento de fato novo, não apreciado por
Art. 85. Caso seja o detento considerado culpado ocasião do anterior julgamento.
pela transgressão disciplinar a ele imputada, Art. 92. A execução da sanção disciplinar será
adotará o Conselho Disciplinar uma das seguintes suspensa quando desaconselhada pela unidade
medidas: de saúde do Estabelecimento Prisional.
I - Tratando-se de faltas de natureza leve ou Parágrafo único. Uma vez cessada a causa que
média, remeterá os autos respectivos ao Diretor motivou a suspensão, a execução será iniciada ou
do Estabelecimento que aplicará a sanção terá prosseguimento.
correspondente, no prazo de 02 (dois) dias;
II - Tratando-se de falta grave a aplicação de CAPÍTULO II
sanção será de competência do Conselho DA CLASSIFICAÇÃO DA CONDUTA E DA
Disciplinar, por ato de seu presidente, no mesmo REABILITAÇÃO
prazo acima citado.
Art. 86. Em sendo o preso julgado inocente das Art. 93. A classificação do preso far-se-á pela
imputações que lhe foram feitas, serão os autos Comissão Técnica de Classificação, consoante o
respectivos encaminhados ao Diretor do rendimento apurado através do cumprimento da
Estabelecimento, a fim de que seja por este pena e mérito prisional.
determinado seu imediato arquivamento. Art. 94. A conduta disciplinar do preso em regime
Art. 87. Concluído o julgamento respectivo será fechado classificarse-á em:
dada ciência ao preso envolvido e ao seu I - excelente, quando no prazo mínimo de 01 (um)
defensor. ano não tiver sido cometida infração disciplinar de
Art. 88. O preso poderá solicitar pessoalmente, natureza grave ou média, ou não tiver reincidido
ou através de seu patrono, reconsideração do ato na prática de infração disciplinar de natureza leve;
punitivo, no prazo de 08 (oito) dias úteis, II - boa, quando no prazo mínimo de 06 (seis)
contados a partir da data em que a decisão lhe meses, não tiver cometido infração disciplinar de
haja sido comunicada, nas seguintes hipóteses: natureza grave ou média;
I - quando não tiver sido unânime a decisão do III - regular, quando for cometida infração
Conselho Disciplinar; disciplinar de natureza média nos últimos 30
II - quando a decisão do Conselho Disciplinar tiver (trinta) dias, ou grave, nos últimos 03 (três)
sido manifestamente contrária às provas meses;
existentes nos autos respectivos; IV - má, quando for cometida infração disciplinar
III - quando a sanção aplicada estiver em de natureza grave ou reincidida falta de natureza
desacordo com a Lei. Parágrafo Único - o pedido média, durante o período de reabilitação.
será dirigido à autoridade que aplicar a sanção Art. 95. O preso em regime semi-aberto terá a sua
disciplinar. conduta disciplinar classificada em:
I - excelente, quando não tiver cometido infração TÍTULO IX
disciplinar de natureza grave ou média, ou não DA ASSISTÊNCIA AO PRESO
tiver reincidido na prática de infração disciplinar de CAPÍTULO I
natureza leve, pelo prazo de 06 (seis) meses; DA ASSISTÊNCIA
II - boa, quando não tiver cometido infração
disciplinar de natureza grave ou média pelo prazo Art. 101. É dever do Estado dar ao preso
de 03 (três) meses; assistência material, à saúde, jurídica,
III - regular, quando cometer infração disciplinar educacional, social e religiosa, objetivando
de natureza média ou reincidir na prática de prevenir o crime e recuperar o preso, para que
infração disciplinar de natureza leve, nos últimos possa retornar ao convívio social
30 (trinta) dias; satisfatoriamente.
IV - má, quando cometer infração de natureza
grave ou reincidir em infração de natureza média, SEÇÃO I
durante o período de reabilitação. DA ASSISTÊNCIA MATERIAL
Art. 96. No caso do preso ser oriundo de outra
Unidade Prisional, poderá ser levada em Art. 102. A assistência material consistirá no
consideração para a classificação de seu fornecimento de alimentação suficiente,
comportamento a conduta mantida pelo mesmo no balanceada, vestuário e instalações higiênicas.
estabelecimento de origem. Parágrafo Único. A Coordenadoria do Sistema
Art. 97. O preso em regime fechado, terá os Penal destinará, em cada uma de suas unidades
seguintes prazos para reabilitação da conduta, a prisionais, instalações e serviços adequados à sua
partir do cumprimento da sanção disciplinar: natureza e finalidade, para o atendimento da sua
I - De 01 (um) mês para as faltas de natureza população de internos.
leve;
II - De 03 (três) meses para falta de natureza SEÇÃO II
média; DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE
III - De 06 (seis) meses para falta de natureza
grave. Art.103. A assistência à saúde será de caráter
Art. 98. O preso em regime semi-aberto terá os preventivo e curativo, compreendendo o
seguintes prazos para reabilitação da conduta, a atendimento médico, odontológico, psicológico,
partir da data do cumprimento da sanção farmacêutico e assistência social, obedecidas as
disciplinar: diretrizes estipuladas no Plano Estadual de Saúde
I - de 30 (trinta) dias para falta de natureza leve; no Sistema Penitenciário e pelas Portarias
II - 60 (sessenta) dias para falta de natureza Interministeriais do Ministério da Saúde e
média; Ministério da Justiça.
Parágrafo único. a infração disciplinar de § 1º É facultado ao preso contratar profissional
natureza grave implicará na proposta, feita pelo médico e odontológico de sua confiança e às suas
diretor da unidade ao juízo competente, de expensas, que prestará o atendimento em data e
regressão do regime. hora a serem marcadas pela Unidade de Saúde
Art. 99. O preso em regime aberto terá os prazos do Estabelecimento Prisional.
para reabilitação da conduta, de acordo com o Art. 104. Havendo necessidade de
previsto no artigo anterior. encaminhamento do preso ao Sistema de Saúde
Art. 100. O cometimento da falta disciplinar de Pública, a autorização será expedida pelo
qualquer natureza, durante o período de Diretor do Estabelecimento, ou seu
reabilitação acarretará a imediata anulação do representante legal, comunicando-se de imediato
tempo de reabilitação até então cumprido. ao Juízo da Execução Penal.
Parágrafo único. Com a prática de nova falta Art. 105. Todas as Unidades Prisionais com mais
disciplinar, exigir-se- á novo tempo para de 100 (cem) presos deverão obedecer à
reabilitação que deverá ser somado ao tempo padronização física, técnica e equipe profissional
estabelecido para falta anterior. estabelecida para atendimento de saúde nos
termos do Plano Estadual de Saúde no Sistema
Penitenciário.
§ 1º Nas demais Unidades, não sendo possível
obedecer a mencionada padronização, as ações e
serviços de saúde serão realizadas por V - providenciar para que os prazos prisionais não
profissionais da Secretaria de Saúde do Município sejam ultrapassados, requerendo o que for de
onde se achem localizadas, garantindose no direito.
interior da Unidade uma estrutura mínima para tal VI - Organizar e manter estatísticas de
atendimento, contando com a presença atendimento dos presos sob seu patrocínio;
permanente de um profissional de saúde. VII - Requerer, junto aos demais órgãos da
§ 2º Será assegurado acompanhamento médico estrutura organizacional da Unidade Penitenciária,
especial à mulher, principalmente no pré-natal e qualquer ação ou benefício necessário ao bem
no pós-parto, extensivo ao recém-nascido. estar dos presos sob seu patrocínio, bem como de
Art.106. O preso terá asseguradas as medidas de seus familiares;
higiene e conservação da saúde, durante todo o VIII - Patrocinar a defesa dos presos assistidos
tempo de seu recolhimento, bem como constantes pela Defensoria Pública perante o Conselho
palestras de esclarecimentos e prevenção. Disciplinar;
Art.107. Caberá à Chefia da Unidade de Saúde da IX - Promover a ação civil pública e todas as
Instituição Prisional respectiva comunicar a (o) espécies de ações capazes de propiciar a
Diretor(a) sobre casos de moléstias contagiosas, adequada tutela dos direitos difusos, coletivos ou
promovendo as medidas necessárias para evitar a individuais homogêneos dos presos.
disseminação e contágio, propondo as vacinações X - Difundir, no ambiente prisional, a educação e
dos internos e dos funcionários quando julgar conscientização dos direitos humanos, da
necessário. cidadania e do ordenamento jurídico.
Art. 108. Caberá ao Conselho da Comunidade XI - Realizar outras atividades dentro de sua área
local acompanhar o cumprimento do Plano de competência.
Estadual de Saúde no Sistema Penitenciário.
SEÇÃO IV
SEÇÃO III DA ASSISTÊNCIA EDUCACIONAL E
DA ASSISTÊNCIA JURÍDICA QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL

Art. 109. Aos presos é assegurada assistência Art. 112. A assistência educacional compreenderá
jurídica integral desde sua inserção no Sistema a instrução escolar, englobando o ensino
Prisional, prestada por advogado constituído ou fundamental e médio, bem como a formação
pela Defensoria Pública Estadual; profissional do preso.
Parágrafo único. Em todos os estabelecimentos Parágrafo Único. A Sejus poderá firmar termo de
penais, haverá local apropriado destinado ao cooperação com entidade pública ou particular
atendimento pelo Defensor Público. para a promoção de educação superior aos
Art. 110. Aos presos que declarem não possuir internos.
advogado constituído, será prestada assistência Art. 113. Quando do ingresso a Unidade Prisional,
jurídica por meio de Defensor Público do Estado, será feita a pesquisa referente à formação escolar,
lotado na unidade respectiva, em Núcleo na fase de triagem.
Especializado da Defensoria Pública ou no Juízo Art. 114. O ensino fundamental e médio será
das Execuções Criminais sob cuja jurisdição esta obrigatório, integrando-se no sistema escolar
se encontre. público, a ser ministrado pela Secretaria de
Art. 111. Ao Defensor Público responsável pela Educação do Estado.
Unidade respectiva, compete: Parágrafo Único. Somente serão dispensados
I - manter o preso informado de sua situação do ensino fundamental, os presos que
jurídico penal; preencherem os seguintes requisitos:
II - requerer e acompanhar os benefícios penais I - apresentação do Certificado de Conclusão de
incidentes na execução, aos quais seu assistido ensino fundamental, médio ou superior;
fizer jus; II - incapacidade devidamente comprovada e
III - manter contato com o Juízo das Execuções, atestada por responsável.
Tribunais, Conselho Penitenciário e Direção do Art. 115. As atividades educacionais podem ser
Estabelecimento, no sentido de velar pela situação objeto de ação integrada e conveniada com outras
do preso; entidades públicas, mistas e particulares, que se
IV - providenciar o recebimento de qualquer disponham a instalar escolas, oficinas
benefício extrapenal a que o preso tiver direito; profissionalizantes na Unidade Prisional com
aprovação do Projeto pela Coordenadoria do entidades públicas ou privadas nas tarefas de
Sistema Penal. atendimento social.
Art. 116. O ensino educacional será feito por Art. 122. Incumbe ao serviço de Assistência
profissionais da educação utilizando serviço de Social, entre outras atribuições:
monitores aptos e treinados, com materiais I - Fornecer o diagnóstico Social do interno;
oferecidos pelo Poder Público. II - Prestar Assistência Social ao interno e à sua
Art. 117. Os presos que tiverem frequência e família;
aprovação de acordo com as normas III - Prestar assistência ao interno em caso de
estabelecidas pelo art.126 e §§da Lei de hospitalização ou transferência da Unidade por
Execução Penal, terão direito à remição de pena, motivo de saúde;
após análise e avaliação pelo juízo da execução IV - Entrar em contato com a família do interno
penal competente. para realização de entrevistas ou para
Art. 118. O ensino profissionalizante poderá ser esclarecimento;
ministrado em nível de iniciação ou de V - Promover, quando necessário, o registro civil
aperfeiçoamento técnico, atendendo-se as do interno e de seus filhos, expedição de
características da população urbana e rural, documento de identidade e carteira profissional;
segundo aptidões individuais e demanda do VI - Proceder aos encaminhamentos à rede de
mercado. assistência social, de saúde e educação
Art. 119. A Unidade prisional disporá de uma VII - Integrar a equipe de Saúde nos termos do
biblioteca para uso geral dos presos, que será Plano Estadual de Saúde no Sistema
provida de livros instrutivos, recreativos e Penitenciário;
didáticos, jornais, revistas e outros periódicos e o VIII - Facilitar o acesso da comunicação entre
acesso ao preso dar-se-á: preso, instituição e família;
I - para uso na própria biblioteca; e IX - Fomentar debates e ações que reafirmem a
II - para uso na própria cela, mediante autorização real função social da pena entre os servidores do
da direção da unidade. sistema penal;
§ 1º A Sejus deverá desenvolver juntamente com X - Buscar junto às redes sociais de apoio,
a Secretaria de Educação do Estado projeto de benefícios que possam resgatar a cidadania dos
remição de pena pela leitura, como forma de presos e presas, egressos e familiares;
estimular e valorizar a participação dos internos XI - Integrar a Comissão Técnica de Classificação;
em atividades educacionais e culturais, XII - Realizar outras atividades dentro de sua área
colaborando para a sua reinserção social. de competência.
Art. 120. Os livros deverão ser cadastrados,
utilizando-se fichas para consultas no local e nas SEÇÃO VI
retiradas para leitura em cela. DA ASSISTÊNCIA RELIGIOSA
§ 1º Qualquer dano ou desvio deverá ser
ressarcido pelo seu causador e devidamente Art. 123. A assistência religiosa, respeitada a
punido na forma deste Regimento Geral. liberdade constitucional de culto, a legislação
§ 2º Durante o cumprimento de sanção disciplinar, vigente e com as cautelas cabíveis, será prestada
poderão ser retirados os livros pertencentes à ao preso, sendo-lhe assegurada a participação
biblioteca, que se encontrarem na posse do nos eventos organizados na Unidade, bem como a
infrator. posse de livros de instrução religiosa.
§ 3º Quando das saídas sob quaisquer Parágrafo Único. À pessoa presa será
modalidades, o preso deverá devolver os livros assegurado o direito à expressão de sua
sob seu poder. consciência, filosofia ou prática de sua religião de
forma individual ou coletiva, devendo ser
SEÇÃO V respeitada a sua vontade de participação, ou
DA ASSISTÊNCIA SOCIAL abstenção de participação de atividades de cunho
religioso.
Art. 121. A assistência social tem por finalidade o Art. 124. É assegurado a todas as religiões
amparo ao preso e à sua família, visando prepará- professadas no interior da Unidade Prisional,
lo para o retorno à liberdade, e será exercida por através de seus diversos representantes, direito a
profissional habilitado. realização de cultos em dia e hora pré-
Parágrafo único. É facultado o auxílio de determinados pela Direção, desde que não
coloquem em risco a vida e a integridade dos SEÇÃO VII
participantes, vedado o proselitismo religioso e DA ASSISTÊNCIA PSICOLÓGICA
qualquer forma de discriminação ou
estigmatização. Art. 128. A assistência psicológica será prestada
§ 1º Caso o estabelecimento prisional não tenha por profissionais habilitados, por intermédio de
local adequado para a prática religiosa, as programas envolvendo o reeducando, a Instituição
atividades deverão se realizar no pátio, nas e familiares, nos processos de ressocialização e
galerias ou nas celas, em horários específicos. reintegração social.
§ 2º Para atuar no estabelecimento prisional o § 1º Incumbe ao serviço de Assistência
líder ou grupo religioso fará pedido ao Diretor, Psicológica, entre outras atribuições:
por escrito, e deverá ser cadastrado na I - realizar atendimentos iniciais por meio da
Coordenadoria do Sistema Penal, que entrevista de anamnese;
normatizará o procedimento de cadastro e II - realizar, periodicamente, acolhimento de
fornecerá a respectiva carteira de acesso, válida internos recém chegados, em caráter
em todas as unidades prisionais, condicionada a interdisciplinar;
prévio agendamento e respeitando as normas de III - identificar demandas de acompanhamento
segurança prisional. psicológico;
Art. 125. Nenhum religioso poderá iniciar seu IV - acompanhar internos em condições de crises
trabalho sem antes ser advertido e instruído dos depressivas e outros transtornos mentais;
problemas prisionais e devidamente cientificado V - contribuir com as ações de promoção da saúde
de que deverá desenvolvê-lo em harmonia com as mental, notadamente com a assistência aos
normas do estabelecimento. dependentes químicos, participando para a
§ 1º A suspensão do ingresso de representantes proposição e a execução de atividades voltadas à
religiosos só poderá acontecer por determinação redução de danos e agravos à saúde.
da Direção do estabelecimento ou outra VI - desenvolver atividades de grupos focais,
autoridade superior, por motivos justificados e trabalhando temas pertinentes ao contexto
registrada por escrito, dando-se ciência aos prisional, com viés multidisciplinar;
interessados com antecedência razoável. VII - proceder aos encaminhamentos à rede de
§ 2º Após procedida a suspensão do ingresso de assistência social, de saúde e educação;
representantes religiosos, a decisão sobre a VIII - participar da articulação de parcerias para a
extensão a outras unidades prisionais ficará a realização de atividades de promoção da saúde
critério da Coordenadoria do Sistema Penal. mental, prevenção da dependência química,
Art. 126. Na realização de eventos internos orientação e assistência aos familiares de presos
dever-se-á dar preferência às atividades e egressos.
ecumênicas. IX - destinar, nas unidades femininas, atenção
Parágrafo único. Além dos cultos coletivos, a especial às internas gestantes, em estado
assistência religiosa poderá ser oferecida puerperal e às crianças da creche, principalmente
individualmente a quem a solicitar, em horário e no período de separação entre mãe e filho, assim
local previamente agendados e autorizados pela como contribuir para o fortalecimento dos vínculos
Direção do estabelecimento, sendo garantida a da família que irá abrigar a criança
privacidade durante o atendimento religioso § 2º Os exames criminológicos e demais perícias
pessoal, sem prejuízo da observância das normas técnicas não poderão ser realizados pelos
de segurança prisional. psicólogos que realizam a assistência aos presos.
Art. 127. De modo algum serão permitidos cultos
ou atividades religiosas que possam causar TÍTULO X
transtornos aos demais internos e servidores DO CONTATO EXTERNO
penitenciários, ou que venham perturbar as Capítulo I
manifestações religiosas de outras denominações. DA CORRESPONDÊNCIA ESCRITA
Parágrafo único. A assistência religiosa não será
instrumentalizada para fins de disciplina, Art. 129. A correspondência escrita entre o preso,
correcionais ou para estabelecer qualquer tipo de seus familiares e afins será feita pelas vias
regalia, benefício ou privilégio, e será garantida regulamentares.
mesmo à pessoa presa submetida a sanção Art. 130.É livre a correspondência, condicionada
disciplinar. a sua expedição e recepção, às normas de
segurança e disciplina da unidade prisional. de fone de ouvido.
Art. 131. Os materiais recebidos por via postal § 6º A Administração não se responsabilizará pelo
deverão ser vistoriados em local apropriado, na mau uso, extravio ou desaparecimento do
presença do preso, observadas as normas de aparelho, nem por danos causados pelo usuário
segurança e disciplina da unidade prisional. ou por outro preso.
Parágrafo Único. Ao Diretor Adjunto da Unidade § 7º Caso haja necessidade de conserto do
caberá a vistoria mencionada neste artigo. aparelho, o mesmo será feito com recurso próprio
do preso ou de seus visitantes.
CAPÍTULO II § 8º É proibida qualquer espécie de conserto de
DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO aparelho de rádio nas dependências internas do
estabelecimento, salvo em local determinado e
Art. 132. O preso terá acesso à leitura de jornais, com a devida autorização.
revistas, periódicos e outros meios de Art. 135.O acesso à televisão pelo preso, qualquer
comunicação adquiridos às expensas próprias ou que seja o regime de cumprimento de pena,
por visitas, desde que submetidos previamente a ocorrerá sob duas modalidades:
apreciação da direção da unidade prisional, que I - 01 (um) aparelho coletivo de propriedade da
avaliará a sua contribuição ao processo unidade prisional;
educacional e ressocializador, bem como a não II - 01 (um) aparelho de uso particular em cada
infringência às normas de segurança. cela ou alojamento, mediante prévia autorização
Art. 133. A Rádio Livre, radiadora com estúdio na por escrito da direção da unidade, comprovada a
Sejus e transmissão para todas as unidades propriedade do mesmo por documento idôneo.
prisionais por meio de equipamentos técnicos de Art. 136. O aparelho de uso coletivo deverá ser
caixas de som, será responsável pela transmissão franqueado aos presos, através de programação
de programação voltada para os internos, de institucional previamente divulgada, nos seguintes
cunho cultural, educacional, informativo, esportivo, locais:
social, religioso e de entretenimento, operada por I - em sala de aula, para fins didáticos e sócio-
profissional de comunicação, promovendo, ainda, culturais;
a interação entre os internos e seus familiares, II - em ambientes coletivos, em horários
bem como aproximando a comunidade carcerária estabelecidos formalmente, sem prejuízo das
e a administração penitenciária. atividades de trabalho, escola, esportes e outras
Art. 134. O uso do aparelho de rádio difusão prioridades.
poderá ser permitido, mediante autorização por Parágrafo único. O controle do aparelho e da
escrito expedida pela Direção da Unidade programação compete à área de segurança e
Prisional, observadas as peculiaridades de cada disciplina.
estabelecimento e comprovada a propriedade do Art. 137. Não se permitirá mais de um aparelho de
mesmo por documento idôneo, nos locais onde televisão em cada cela, independente da
não houver transmissão da rádio livre. quantidade de presos.
§ 1º É permitido ao interessado adquirir seu Art. 138. O uso dos meios de comunicação
aparelho, com recursos de pecúlio ou de seus permitidos por este Regimento Geral poderá ser
visitantes. suspenso ou restringido por ato devidamente
§ 2º O aparelho deverá ser de porte pequeno, a motivado, ficando seu restabelecimento a critério
critério da unidade prisional, que deverá atentar da direção da unidade.
para a facilitação de sua revista.
§ 3º O aparelho de rádio será registrado em livro CAPÍTULO III
próprio, a cargo da Direção da Unidade, devendo DAS VISITAS
constar desse registro todos os dados que
possibilitem sua perfeita identificação e controle. Art. 139. As visitas ao preso se classificam sob
§ 4º O aparelho de rádio não identificado será duas categorias: as comuns e as conjugais
apreendido pelos agentes da área de segurança e (chamadas visitas íntimas).
disciplina, que procederá às averiguações de sua
origem, sem prejuízo da sanção disciplinar. SEÇÃO I
§ 5º O portador do rádio deverá utilizá-lo em sua DAS VISITAS COMUNS
própria cela em volume compatível com a
tranquilidade dos demais presos, permitido o uso Art.140. Os (as) presos (as) poderão receber
visitas de cônjuges, companheiras (os) ou decotadas e transparentes;
parentes, em dias determinados, desde que Art. 144. Cartas, bilhetes ou qualquer outro meio
registrado no rol de visitas do Estabelecimento de comunicação escrita, deverão ser entregues
Prisional e devidamente autorizadas pela direção, aos plantonistas da revista ou ao chefe de equipe
e se darão na forma especificada na Portaria que fará o encaminhamento ao preso.
Nº692/2013 da Sejus, ou outra portaria que venha Art. 145. As visitas comuns deverão ocorrer
a substituí-la, expedida pelo mesmo órgão. preferencialmente, as quartas-feiras e/ou
Parágrafo único. O cadastramento no rol de domingos das 08:00 horas às 16:00 horas,
visitas será lavrado no prazo de até 10 (dez) dias encerrandose o acesso ao interior da Unidade
da apresentação dos documentos elencados na Prisional às 14:00 horas, em período não superior
referida portaria, devendo as hipóteses de a 08 (oito) horas, não devendo coincidir com o dia
indeferimento serem devidamente motivadas. destinado às visitas íntimas.
Art. 141. As visitas serão limitadas ao número de § 1º A critério da Coordenação do Sistema Penal
02 (dois) visitantes por dia de visita, a fim de ou da Direção da Unidade Prisional, poderá ser
proporcionar adequadas condições de revista, suspensa ou reduzida a visita em caso de risco
preservando as condições de segurança na iminente à segurança e disciplina.
Unidade Prisional. Quanto à visitação de filhos e § 2º Em caso excepcional, a administração poderá
netos menores de idade, no dia destinado a essas autorizar visita extraordinária, devendo fixar o
visitas, não há limite de quantidade. tempo de sua duração.
§ 1º Os cadastros de visita deverão ser § 3º O preso recolhido ao pavilhão hospitalar ou
preferencialmente biométricos, sendo renovados a enfermaria e impossibilitado de se locomover, ou
cada 02 (dois) anos e acompanharão o preso em em tratamento psiquiátrico, poderá receber visita
caso de mudança de unidade. no próprio local, a critério da autoridade médica.
§ 2º Em não havendo cônjuge, companheira (o), Art. 146. Antes e depois das visitas os presos
ascendentes e descendentes de primeiro ou poderão ser submetidos à revista.
segundo grau e colaterais de primeiro grau ou § 1º Os visitantes deverão ser revistados antes de
parentes habilitados para a visita, poderá o(a) adentrarem na unidade.
preso(a) cadastrar até 02 (dois) amigos (as). § 2º A revista pessoal (eletrônica, mecânica ou
Art. 142. A entrada de menores nas unidades manual) será realizada com respeito à dignidade
prisionais só será permitida aos filhos e netos humana, sendo vedada qualquer forma de
do(a) preso(a), acompanhados pelo responsável desnudamento, tratamento desumano ou
legal e, na falta deste, por aquele que for degradante.
designado para sua guarda e responsabilidade, § 3º A revista pessoal deverá ocorrer mediante
pela autoridade judicial competente, devendo uso de equipamentos eletrônicos detectores de
apresentar carteira de identidade ou certidão de metais, bodyscanners, aparelhos de raio-X ou
nascimento. similares, ou ainda manualmente, preservando-se
§ 1º A entrada do(a) companheiro(a) menor de a integridade física, psicológica e moral da pessoa
idade se dará mediante autorização do juízo das revistada.
execuções, salvo se já possuírem prole em § 4º Onde houver bodyscanners obrigatoriamente
comum, quando deverá ser apresentada certidão este será o meio utilizado para a revista eletrônica.
de nascimento do(s) filho(s). § 5º Considera-se revista manual toda inspeção
Art. 143. Não será permitida a visita a pessoa que: realizada mediante contato físico da mão do
I - não esteja autorizado pela direção; agente público competente sobre a roupa da
II - não apresente documento de identificação; pessoa revistada, sendo vedados o desnudamento
III - apresentar sintomas de embriagues ou total ou parcial, o toque nas partes íntimas, o uso
conduta alterada que levem a presunção de de espelhos, o uso de cães farejadores, bem
consumo de drogas e/ou entorpecentes; como a introdução de quaisquer objetos nas
IV - estiver com gesso, curativos ou ataduras; cavidades corporais da pessoa revistada.
V - chegar na Unidade Prisional no dia e hora, não § 6º A retirada de calçados, casacos, jaquetas e
estabelecido para visita; similares, bem como de acessórios, não
VI - do sexo masculino que estiver trajando caracteriza desnudamento.
bermuda, calção e/ou camiseta sem mangas; § 7º A revista manual será realizada por servidor
VII - do sexo feminino que estiverem trajando mini- habilitado e sempre do mesmo sexo da pessoa
saias, miniblusas, roupas excessivamente curtas, revistada.
§ 8º A revista pessoal em crianças ou local próprio, em condições dignas e que
adolescentes deve garantir o respeito ao princípio possibilitem a vigilância pelo corpo de segurança.
da proteção integral da criança e do adolescente, Parágrafo único. As unidades prisionais disporão
sendo vedada sua realização sem a presença e o de espaços lúdicos para acolher filhos e netos de
acompanhamento de um responsável legal. presos (as) por ocasião das visitas.
§ 9º A realização de revista manual ocorrerá nas Art. 152. O visitante, familiar ou não, poderá ter
seguintes hipóteses: seu ingresso suspenso pelo prazo de até 60
I - o estado de saúde impeça que a pessoa a ser (sessenta) dias, por decisão motivada da direção
revistada se submeta a determinados da unidade, quando:
equipamentos de revista eletrônica, mediante I - da visita resulte qualquer fato danoso à
comprovação de laudo médico expedido em até segurança e disciplina da unidade, que envolva o
sessenta dias antes da visita, exceto quando visitante ou o preso;
atestar enfermidade permanente; II - houver aplicação de sanção disciplinar
II - quando não existir equipamento eletrônico ou suspendendo o direito a receber visita;
este não estiver funcionando; Parágrafo Único. O visitante, familiar ou não, terá
III - após a realização da revista eletrônica, seu cadastro cancelado se praticar qualquer ato
subsistir fundada suspeita de porte ou posse de tipificado como crime doloso, sendo possível a
objetos, produtos ou substâncias, cuja entrada recuperação do cadastro, por decisão da Direção
seja proibida. da Unidade, ouvidos os Setores de Segurança e
Art. 147. Os valores e objetos considerados Disciplina e de Serviço Social, a partir de 6 (seis)
inadequados, encontrados em poder do visitante, meses após a prática do ato.
serão guardados em local apropriado e restituídos Art.153. O preso que cometer falta disciplinar
ao término da visita. média ou grave poderá ter restringido ou suspenso
Parágrafo Único. Caso a posse constitua delito o direito a visita por até 30 (trinta) dias.
penal deverão ser tomadas as providências legais
cabíveis. SEÇÃO II
Art. 148. As pessoas idosas, gestantes e DA VISITA ÍNTIMA
deficientes físicos, terão prioridade nos
procedimentos adotados para a realização da Art. 154. A visita íntima constitui um direito e tem
visita. por finalidade fortalecer as relações afetivas e
Art. 149. O visitante que estiver com maquiagem, familiares, devendo ser requerida pelo preso
peruca e outros complementos que possam interessado ao Diretor da Unidade.
dificultar a sua identificação ou revista, poderá ser Parágrafo Único. A orientação sexual dos
impedido de ter acesso à unidade prisional, como internos e dos visitantes deverá ser respeitada,
medida de segurança. não devendo haver qualquer tipo de
Art. 150. Roupas íntimas, agasalhos e material discriminação.
higiênico não fornecidos pelo Sistema Prisional, Art.155. A visita íntima poderá ser suspensa ou
bem como, bens de consumo, perecíveis ou não, restringida pelo prazo de 30 (trinta) dias por falta
permitidos e trazidos pelos visitantes nos dias disciplinar média ou grave cometida pelo
regulamentares de visita, serão entregues no setor reeducando, bem como por atos do(a)
da revista, para que seja realizado um minucioso companheiro(a) que causar problemas de ordem
exame na presença do portador, após o que será moral ou de risco para a segurança ou disciplina.
permitida a entrada no estabelecimento. Art.156. Os serviços de Saúde e de Assistência
§ 1º A Coordenadoria do Sistema Penal deverá Social do Sistema Penitenciário deverão planejar
formular anualmente relação dos bens de um programa preventivo para a população
consumo, perecíveis ou não, que poderão ser prisional, nos aspectos sanitário e social,
admitidos no interior das unidades, da qual se respectivamente, sendo assegurada a distribuição
dará ampla publicidade; gratuita de preservativos ao preso, quando da
§ 2º As visitas não poderão ingressar nas realização da visita íntima.
unidades prisionais levando qualquer pertence que Parágrafo único. O serviço de Saúde e a
não seja autorizado pela administração, devendo Comissão Técnica de Classificação de cada
ser vedados apenas aqueles que atentem contra a unidade prisional desenvolverão os programas
segurança e disciplina do estabelecimento. propostos.
Art. 151. As visitas comuns serão realizadas em
Art. 157. Ao preso será facultado receber para dignidade humana, com finalidade educativa,
visita íntima cônjuge ou companheiro(a) ou pessoa produtiva e reintegradora.
designada pelo mesmo, comprovadas as Parágrafo Único. Aplicam-se à organização e aos
seguintes condições: métodos de trabalho as precauções relativas à
I - se cônjuge, comprovar-se-á com a competente segurança e à higiene.
Certidão de Casamento; Art. 163. As modalidades de trabalho classificam-
II - se companheiro(a), comprovar-se-á com o se em interno e externo.
Registro de Nascimento dos filhos em nome de § 1º O trabalho interno tem caráter obrigatório,
ambos ou declaração de união estável assinada respeitadas as aptidões e a capacidade do preso,
por duas testemunhas, com firma reconhecida; observando-se:
III - nos demais casos, mediante declaração a) Na atribuição do trabalho, poderão ser levadas
expressa do(a) preso(a), com a apresentação dos em consideração a habilitação, a condição pessoal
documentos exigidos para as visitas comuns, e e as necessidades futuras do interno.
avaliação do Serviço Social. b) Os maiores de 60 (sessenta) anos terão
§ 1º o preso poderá receber a visita íntima de ocupação adequada à sua idade.
menor de 18 (dezoito) anos, quando: c) Os doentes ou portadores de necessidades
a) legalmente casados; especiais, declarados tais pelo órgão competente,
b) nos demais casos, mediante autorização do terão ocupação compatível com seu estado físico
juízo das execuções, salvo se já possuírem prole e mental.
em comum, quando deverá ser apresentada § 2º A jornada de trabalho não poderá ser inferior
certidão de nascimento do(s) filho(s); a 06 (seis) nem superior a 08 (oito) horas, com
c) houver prova de emancipação civil do(a) descanso aos domingos e feriados, salvo
visitante. exceções legais.
§ 2º Somente será autorizado o registro de um(a) Art. 164. Conforme o disposto no artigo 126 da
visitante, ficando vedadas as substituições, salvo Lei de Execução Penal, o detento poderá remir
se ocorrer separação ou divórcio, no decurso do parte do tempo de condenação, à razão de um
cumprimento de pena, obedecido o prazo mínimo dia de pena por três trabalhados.
de 6 (seis) meses, com investigação do Serviço § 1º Também se considera, para efeitos de
Social e decisão da Direção da Unidade Prisional. remição, a frequência regular aos cursos de
Art. 158. Comprovadas as relações previstas nos Ensino Fundamental, Médio e Profissionalizante,
artigos anteriores, para a concessão de visita bem como a produção intelectual e produção de
íntima, deverão ainda as partes: artesanato.
a) Apresentar atestado de aptidão, do ponto de § 2º Deverá existir uma ficha de frequência, a
vista de saúde, através de exames laboratoriais qual registrará os dias trabalhados, devendo ser
tanto para o(a) preso(a) como para o(a) assinada diariamente pelo preso(a) e rubricada no
companheiro(a); final do mês pela autoridade administrativa
b) Submeter-se aos exames periódicos, a critério competente.
das respectivas unidades. § 3º A contagem do tempo de remição se dará na
Art. 159. A periodicidade da visita exclusivamente forma do art.126 da Lei de Execução Penal.
íntima será mensal, obedecidos os critérios § 4º Para fins de cumulação dos casos de
estabelecidos neste Regimento Geral. remição, as horas diárias de trabalho e de estudo
Art. 160. O controle da visita íntima, relativamente serão definidas de forma a se compatibilizarem.
às condições de acesso, trânsito interno e § 5º O preso impossibilitado, por acidente, de
segurança do(a) preso(a) e de seu cônjuge ou prosseguir no trabalho ou nos estudos continuará
companheiro(a), compete aos integrantes da área a beneficiar-se com a remição.
de segurança e disciplina. § 6º O condenado que cumpre pena em regime
Art. 161. A visita deverá submeter-se às normas aberto ou semiaberto e o que usufrui liberdade
de segurança do estabelecimento. condicional poderão remir, pela frequência a curso
de ensino regular ou de educação profissional,
TÍTULO XI parte do tempo de execução da pena ou do
DO TRABALHO, DA REMIÇÃO E DO PECÚLIO período de prova.
§ 7º O disposto neste artigo aplica-se às hipóteses
Art. 162. A unidade prisional manterá o trabalho de prisão cautelar.
do reeducando como dever social e condição de Art. 165. O Setor de Segurança e Disciplina
informará à Unidade de Produção e II - Manter comportamento disciplinado, seja na
comercialização sobre eventuais impedimentos da unidade prisional, seja na empresa a qual presta
atividade do trabalho do preso trabalhador e seus serviços;
motivos. III - Cumprir horário, em jornada estabelecida no
Parágrafo Único. No caso de saída do preso da respectivo contrato de trabalho;
unidade prisional será comunicada IV - Retornar à unidade prisional quando de
imediatamente para a Unidade de Produção e eventual dispensa portando documento hábil do
Comercialização para as providências cabíveis. empregador;
V - Ter justificado ao empregador, mediante
CAPÍTULO I documento hábil, a falta por motivo de saúde;
DO TRABALHO INTERNO VI - Cumprir rigorosamente o horário da jornada
de trabalho estabelecidos pela unidade prisional e
Art. 166. O trabalho interno será desenvolvido empresa.
através de qualquer atividade regulamentada, que Art. 174. A unidade prisional deverá manter o
tenha por objetivo o aprendizado, a formação de controle e fiscalização através de instrumentos
hábitos sadios de trabalho, o espírito de próprios, junto à empresa e ao reeducando, para
cooperação e a socialização do preso. que o mesmo possa cumprir as exigências do
Art. 167. Considera-se trabalho interno aquele artigo anterior.
realizado nos limites do estabelecimento,
destinado a atender às necessidades peculiares Capítulo III
da unidade. DO PECÚLIO
Art. 168. Será atribuído horário especial de
trabalho aos internos designados para os serviços Art. 175. O trabalho do(a) preso(a) será
de conservação, subsistência e manutenção da remunerado, obedecendo critérios de
Unidade. produtividade, não podendo ser inferior a 3/4 três
Art. 169. Compete à unidade prisional propiciar quartos) do salário mínimo.
condições de aprendizado aos presos sem Art. 176. O produto da remuneração será
experiência profissional na área solicitada. depositado em conta bancária, em Banco Oficial
Art. 170. Para a prestação do trabalho interno, ou Privado, conveniado com o Estado.
dar-se-á sempre preferência aos presos que Art. 177. Quanto aos valores do trabalho do preso,
tenham índice superior de aproveitamento e maior seu pecúlio e deduções previdenciárias, observar-
tempo de cumprimento de pena. se-á o disposto na Portaria 217/2014 da Sejus.
Art. 178. Toda importância em dinheiro que for
CAPÍTULO II apreendida indevidamente com o reeducando e
DO TRABALHO EXTERNO cuja procedência não for esclarecida reverterá ao
Estado, por processo administrativo em que se
Art. 171. O trabalho externo, executado fora dos obedeça ao devido processo legal.
limites do estabelecimento, será admissível aos Parágrafo Único. Se a origem e propriedade
presos em regime fechado, quando obedecidas as forem legítimas, a importância será depositada no
condições legais, e aos presos em cumprimento pecúlio reserva do reeducando, sem prejuízo das
de pena em regime semiaberto e aberto. sanções disciplinares previstas.
Art. 172. O cometimento de falta disciplinar de Art. 179. Na ocorrência do falecimento do
natureza grave implicará na revogação imediata reeducando, o saldo será entregue a familiares,
da autorização de trabalho externo, sem prejuízo atendidas as disposições pertinentes.
da sanção disciplinar correspondente, apurada
através de procedimento disciplinar. TÍTULO XII
Art. 173. O preso em cumprimento de pena em DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
regime semiaberto, poderá obter autorização para
desenvolver trabalho externo, junto às empresas Art. 180. O abuso de poder exercido contra o
públicas ou privadas, observadas as seguintes interno será punido administrativamente, sem
condições: prejuízo da apuração da responsabilidade penal e
I - Submeter-se à observação criminológica civil.
realizada no período de 30 (trinta) dias de sua Art. 181. Cada unidade prisional adotará,
inclusão, sem qualquer impedimento; atendendo suas peculiaridades, horário próprio
para tranca e destranca das celas. paritária por membros das instituições com
Art. 182. A cada mês do ano civil os atuação direta no sistema prisional.
Administradores das unidades prisionais, após Parágrafo único. Sem prejuízo da citada revisão,
consulta às equipes técnicas das unidades, serão promovidos encontros anuais de servidores
elaborarão relatório circunstanciado das atividades e gestores para discussão, proposição e avaliação
e funcionamento da respectiva unidade, das políticas públicas para o sistema penitenciário.
encaminhando-o ao Coordenador do Sistema Art.188. Este Regimento entrará em vigor na data
Penal do Estado, para as providências que de sua publicação, revogadas as disposições em
entender cabíveis. contrário.
Art. 183. Os funcionários da Unidade Prisional
cuidarão para que sejam observados e FUNCIONAMENTO DA UNIDADE PRISIONAL
respeitados os direitos e deveres dos detentos DE SEGURANÇA MÁXIMA – UPSM
respondendo, nos termos da legislação própria, (LEI Nº 18.428/2023)
pelos resultados adversos a que derem causa, por
ação ou omissão. CAPÍTULO I
§ 1º No exercício de suas funções, os funcionários DA DISPOSIÇÃO INICIAL
não deverão compactuar com os presos nem
praticar atos que possam atentar contra a Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o funcionamento e os
segurança, ordem ou disciplina, mantendo diálogo procedimentos a serem adotados na Unidade
com os detentos dentro dos limites funcionais; Prisional de Segurança Máxima – UPSM,
§ 2º Os agentes prisionais levarão ao vinculada à Secretaria da Administração
conhecimento da autoridade competente as Penitenciária e Ressocialização – SAP, observado
reivindicações dos presos objetivando uma o disposto na Lei Federal n.º 11.671, de 8 de maio
solução adequada, bem como as ações ou de 2008, notadamente no art. 11-B, bem como, de
omissões dos mesmos, que possam comprometer forma subsidiária, a Lei Federal n.º 7.210, de 11
a boa ordem na Unidade Prisional. de julho de 1984
Art. 184. Ocorrendo óbito, fuga e evasão, a Parágrafo único. Esta Lei aplica-se também a
direção do Estabelecimento comunicará todo e qualquer espaço em qualquer unidade
imediatamente ao Juiz da Execução, a prisional que opere como de segurança máxima
Coordenadoria do Sistema Prisional e também em caráter temporário ou permanente.
solicitará a presença da Polícia Judiciária.
Parágrafo Único. Falecendo o interno, os valores CAPÍTULO II
e bens devidamente inventariados, serão DA DESTINAÇÃO
entregues aos familiares.
Art. 185. Em caso de danos ao Estabelecimento Art. 2º A UPSM é destinada à custódia provisória
a Diretoria oferecerá a Coordenadoria do Sistema ou execução de pena privativa de liberdade e à
Penitenciário relatório circunstanciado objetivando ressocialização de presos do sexo masculino
avaliar os prejuízos e elucidar as irregularidades, cujo histórico e circunstâncias do caso concreto
encaminhando os resultados a quem de direito. recomendem a providência, observadas as
Parágrafo Único. Cabe ao reeducando ressarcir o disposições desta Lei.
Estado pelos danos causados, ao patrimônio físico
e material da Unidade Prisional. CAPÍTULO III
Art. 186. Os casos omissos poderão ser DO PROCEDIMENTO DE INCLUSÃO,
resolvidos pelo diretor da Unidade, em conjunto TRANSFERÊNCIA E EXCLUSÃO
com a Coordenadoria do Sistema Penitenciário,
com o conhecimento da Secretária da Justiça e Art. 3º Serão transferidos para a UPSM presos,
Cidadania, observadas as respectivas condenados definitivamente ou provisoriamente,
competências. cujo comportamento justifique a medida, seja para
Art. 187. A revisão do Regimento Geral dos a garantia da segurança pública, seja para a do
Estabelecimentos Prisionais do Estado do Ceará próprio preso.
será realizada a cada 4 (quatro) anos, contados a Parágrafo único. Não é permitida a inclusão de
partir de sua publicação, por Comissão Especial a presos em regime semiaberto na UPSM, salvo no
ser designada pelo(a) Secretário(a) da Justiça e caso de autorização judicial ou quando aplicável o
Cidadania, composta preferencialmente de forma
regime disciplinar diferenciado, nos termos do art. de 2011, do CNPCP;
52 da Lei Federal n.º 7.210, de 1984. IV - monitoramento de todos os meios de
Art. 4º Os pedidos de inclusão, transferência e comunicação, inclusive de correspondência
exclusão de apenados para a UPSM serão escrita;
realizados pela via judicial, nos termos da V - participação nas atividades de educação e
Resolução n.º 404, de 2 de agosto de 2021, do capacitação, que compreenderão a instrução
Conselho Nacional de Justiça, e alterações escolar e a formação profissional do preso, bem
posteriores. como o direito de participação no projeto Livro
Art. 5º Para a inclusão ou transferência, o preso Aberto;
deverá, pelo menos, alternativamente: VI - trabalhos oferecidos pela SAP, na medida de
I - ter desempenhado função de liderança ou suas aptidões e capacidades;
participado, de forma relevante, em organização VII - assistência religiosa, com liberdade de culto,
criminosa; permitindo-se-lhes a participação nos serviços
II - ter praticado crime que coloque em risco a sua organizados na UPSM, bem como a posse de
integridade física no ambiente prisional de origem; livros de instrução religiosa;
III - ser membro de quadrilha ou bando envolvido VIII - assistência material ao preso, que consistirá
na prática reiterada de crimes com violência ou no fornecimento de alimentação, vestuário e
grave ameaça; instalações higiênicas;
IV - ser réu colaborador ou delator premiado, IX - assistência à saúde do preso, que terá caráter
desde que essa condição represente risco à sua preventivo e curativo e compreenderá atendimento
integridade física no ambiente prisional de origem; médico, farmacêutico, odontológico e psicológico;
V - estar envolvido em incidentes de fuga, de X - assistência jurídica destinada aos presos sem
violência ou de grave indisciplina no sistema recursos financeiros para constituir advogado,
prisional de origem; prestada pela Defensoria Pública do Estado do
VI - estar submetido ao Regime Disciplinar Ceará;
Diferenciado – RDD, enquanto perdurar a decisão XI - assistência social, que tem por finalidade
de inclusão no referido regime; ou amparar o preso e prepará-lo para o retorno à
VII - ser indicado pela SAP ou por outros órgãos liberdade;
do Sistema de Justiça para inclusão ou XII - o período de permanência será de até 3 (três)
transferência, nos casos em que devidamente anos, renovável por iguais períodos, desde que
motivada a providência como forma de assegurar motivadamente, observados os requisitos da
a ordem e a disciplina nos termos de portaria da transferência, e se persistirem os motivos que a
referida Secretaria, a ser expedida no prazo de 30 determinaram.
(trinta) dias a contar da publicação desta Lei. Parágrafo único. Os presos na UPSM terão
Art. 6º A inclusão na UPSM no atendimento do direito a banho de sol de até 2 (duas) horas
interesse da segurança pública será para custódia diárias, em grupos de, no mínimo, 2 (duas)
provisória ou pena privativa de liberdade, pessoas, desde que não haja contato com presos
observadas as seguintes condições: do mesmo grupo criminoso.
I - recolhimento em cela coletiva ou individual ou, Art. 7º A efetiva inclusão do preso na UPSM
nos termos da Resolução n.º 9, de 18 de concretizar-se-á somente após a conferência dos
novembro de 2011, e suas posteriores seus dados de identificação com o
atualizações, do Conselho Nacional de Polícia ofício/instrumento oficial de apresentação.
Criminal e Penitenciária – CNPCP; Art. 8º Na inclusão, serão observados os
II - visitas quinzenais, de 2 (duas) pessoas por procedimentos e será analisada a seguinte
vez, a serem realizadas em instalações equipadas documentação:
para impedir o contato físico e a passagem de I - certificação das condições físicas e mentais do
objetos, por pessoa da família, ou no caso de preso, mediante Exame de Corpo de Delito;
terceiro, autorizado judicialmente, com duração de II - prontuário penitenciário e os seus pertences
2 (duas) horas, sem prejuízo do estabelecimento pessoais;
de condições mais favoráveis em portaria da SAP, III - prestação de informações ao preso sobre as
preservada a segurança penitenciária; normativas, bem como sobre seus direitos e
III - banho de sol diário, podendo haver atividade deveres legais;
física assistida, em pátio de sol ou solário, assim IV - comunicação ao juízo competente, realizada
definidos na Resolução n.º 9, de 18 de novembro pela Direção da UPSM, nos termos da Resolução
n.º 404 de 02/08/2021, alterada pela Resolução n.º ORGANIZAÇÃO E O FUNCIONAMENTO DOS
434, de 28 de outubro de 2021, do CNJ. ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS PELA SEGURANÇA
V - comunicação à família do preso, ou pessoa por PÚBLICA; CRIA A POLÍTICA NACIONAL DE
ele indicada, efetuada pelo setor de assistência SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL
social da Unidade, a fim de que sejam repassadas (PNSPDS); INSTITUI O SISTEMA ÚNICO DE
todas as informações referentes à sua nova SEGURANÇA PÚBLICA (SUSP)
lotação carcerária. (LEI Nº 13.675/2018)

CAPÍTULO IV CAPÍTULO I
DA MONITORAÇÃO DA UNIDADE PRISIONAL DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 9º A UPSM deverá dispor de monitoramento Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Único de
de áudio e vídeo nas áreas comuns, para fins de Segurança Pública (Susp) e cria a Política
preservação da ordem interna e da segurança Nacional de Segurança Pública e Defesa Social
pública, vedado seu uso nas celas e no (PNSPDS), com a finalidade de preservação da
atendimento advocatício, salvo expressa ordem pública e da incolumidade das pessoas e
autorização judicial em contrário. do patrimônio, por meio de atuação conjunta,
Art. 10. As gravações das visitas não poderão ser coordenada, sistêmica e integrada dos órgãos de
utilizadas como meio de prova de infrações penais segurança pública e defesa social da União, dos
pretéritas ao ingresso do preso no Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, em
estabelecimento. articulação com a sociedade.
Art. 2º A segurança pública é dever do Estado e
CAPÍTULO V responsabilidade de todos, compreendendo a
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS União, os Estados, o Distrito Federal e os
Munícipios, no âmbito das competências e
Art. 11. No período compreendido entre as 22 atribuições legais de cada um.
(vinte e duas) horas e as 6 (seis) horas, se a
natureza do serviço e o nível de segurança CAPÍTULO II
empregado permitirem, será concedido aos DA POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA
policiais penais revezamento para repouso, a ser PÚBLICA E DEFESA SOCIAL (PNSPDS)
distribuído de acordo com o efetivo disponível no SEÇÃO I
plantão, devendo permanecer em vigilância a DA COMPETÊNCIA PARA ESTABELECIMENTO
quantidade suficiente para cobrir os postos de DAS POLÍTICAS DE SEGURANÇA PÚBLICA E
serviço de vigilância de forma ininterrupta. DEFESA SOCIAL
Art. 12. O Grupo de Ações Penitenciárias – GAP
deverá, durante 24 (vinte e quatro) horas por Art. 3º Compete à UNIÃO estabelecer a Política
dia, ocupar as guaritas e conceder absoluta Nacional de Segurança Pública e Defesa Social
prioridade de atendimento e atuação na UPSM. (PNSPDS) e aos Estados, ao Distrito Federal e
Art. 13. O atendimento pelo advogado na UPSM aos Municípios estabelecer suas respectivas
dar-se-á segundo as disposições da Lei Federal políticas, observadas as diretrizes da política
n.º 8.906, de 4 de julho de 1994, da Lei Federal n.º nacional, especialmente para análise e
7.210, de 1984, e das demais legislações enfrentamento dos riscos à harmonia da
aplicáveis, preservada a segurança pública e convivência social, com destaque às situações de
penitenciária. emergência e aos crimes interestaduais e
Art. 14. Decreto do Poder Executivo editará transnacionais.
normas complementares que se fizerem
necessárias ao funcionamento da UPSM, SEÇÃO II
observado o disposto nesta Lei. DOS PRINCÍPIOS
Art. 15. Esta Lei entra em vigor na data de sua
publicação. Art. 4º São princípios da PNSPDS:
Art. 16. Revogam-se as disposições em contrário. I - respeito ao ordenamento jurídico e aos direitos
e garantias individuais e coletivos;
II - proteção, valorização e reconhecimento dos
profissionais de segurança pública; em consonância com a matriz curricular nacional;
III - proteção dos direitos humanos, respeito aos VII - fortalecimento das instituições de segurança
direitos fundamentais e promoção da cidadania e pública por meio de investimentos e do
da dignidade da pessoa humana; desenvolvimento de projetos estruturantes e de
IV - eficiência na prevenção e no controle das inovação tecnológica;
infrações penais; VIII - sistematização e compartilhamento das
V - eficiência na repressão e na apuração das informações de segurança pública, prisionais e
infrações penais; sobre drogas, em âmbito nacional;
VI - eficiência na prevenção e na redução de IX - atuação com base em pesquisas, estudos e
riscos em situações de emergência e desastres diagnósticos em áreas de interesse da segurança
que afetam a vida, o patrimônio e o meio pública;
ambiente; X - atendimento prioritário, qualificado e
VII - participação e controle social; humanizado às pessoas em situação de
VIII - resolução pacífica de conflitos; vulnerabilidade;
IX - uso comedido e proporcional da força; XI - padronização de estruturas, de capacitação,
X - proteção da vida, do patrimônio e do meio de tecnologia e de equipamentos de interesse da
ambiente; segurança pública;
XI - publicidade das informações não sigilosas; XII - ênfase nas ações de policiamento de
XII - promoção da produção de conhecimento proximidade, com foco na resolução de
sobre segurança pública; problemas;
XIII - otimização dos recursos materiais, humanos XIII - modernização do sistema e da legislação de
e financeiros das instituições; acordo com a evolução social;
XIV - simplicidade, informalidade, economia XIV - participação social nas questões de
procedimental e celeridade no serviço prestado à segurança pública;
sociedade; XV - integração entre os Poderes Legislativo,
XV - relação harmônica e colaborativa entre os Executivo e Judiciário no aprimoramento e na
Poderes; aplicação da legislação penal;
XVI - transparência, responsabilização e prestação XVI - colaboração do Poder Judiciário, do
de contas. Ministério Público e da Defensoria Pública na
elaboração de estratégias e metas para alcançar
SEÇÃO III os objetivos desta Política;
DAS DIRETRIZES XVII - fomento de políticas públicas voltadas à
reinserção social dos egressos do sistema
Art. 5º São diretrizes da PNSPDS: prisional;
I - atendimento imediato ao cidadão; XIX - incentivo ao desenvolvimento de programas
II - planejamento estratégico e sistêmico; e projetos com foco na promoção da cultura de
III - fortalecimento das ações de prevenção e paz, na segurança comunitária e na integração
resolução pacífica de conflitos, priorizando das políticas de segurança com as políticas
políticas de redução da letalidade violenta, com sociais existentes em outros órgãos e entidades
ênfase para os grupos vulneráveis; não pertencentes ao sistema de segurança
IV - atuação integrada entre a União, os Estados, pública;
o Distrito Federal e os Municípios em ações de XX - distribuição do efetivo de acordo com critérios
segurança pública e políticas transversais para a técnicos;
preservação da vida, do meio ambiente e da XXI - deontologia policial e de bombeiro militar
dignidade da pessoa humana; comuns, respeitados os regimes jurídicos e as
V - coordenação, cooperação e colaboração dos peculiaridades de cada instituição;
órgãos e instituições de segurança pública nas XXII - unidade de registro de ocorrência policial;
fases de planejamento, execução, monitoramento XXIII - uso de sistema integrado de informações e
e avaliação das ações, respeitando-se as dados eletrônicos;
respectivas atribuições legais e promovendo-se a XXV - incentivo à designação de servidores da
racionalização de meios com base nas melhores carreira para os cargos de chefia, levando em
práticas; consideração a graduação, a capacitação, o
VI - formação e capacitação continuada e mérito e a experiência do servidor na atividade
qualificada dos profissionais de segurança pública, policial específica;
XXVI - celebração de termo de parceria e XVI - fomentar estudos, pesquisas e publicações
protocolos com agências de vigilância privada, sobre a política de enfrentamento às drogas e de
respeitada a lei de licitações. redução de danos relacionados aos seus usuários
e aos grupos sociais com os quais convivem;
SEÇÃO IV XVII - fomentar ações permanentes para o
DOS OBJETIVOS combate ao crime organizado e à corrupção;
XVIII - estabelecer mecanismos de monitoramento
Art. 6º São objetivos da PNSPDS: e de avaliação das ações implementadas;
I - fomentar a integração em ações estratégicas e XIX - promover uma relação colaborativa entre os
operacionais, em atividades de inteligência de órgãos de segurança pública e os integrantes do
segurança pública e em gerenciamento de crises e sistema judiciário para a construção das
incidentes; estratégias e o desenvolvimento das ações
II - apoiar as ações de manutenção da ordem necessárias ao alcance das metas estabelecidas;
pública e da incolumidade das pessoas, do XX - estimular a concessão de medidas protetivas
patrimônio, do meio ambiente e de bens e direitos; em favor de pessoas em situação de
III - incentivar medidas para a modernização de vulnerabilidade;
equipamentos, da investigação e da perícia e para XXI - estimular a criação de mecanismos de
a padronização de tecnologia dos órgãos e das proteção dos agentes públicos que compõem o
instituições de segurança pública; sistema nacional de segurança pública e de seus
IV - estimular e apoiar a realização de ações de familiares;
prevenção à violência e à criminalidade, com XXII - estimular e incentivar a elaboração, a
prioridade para aquelas relacionadas à letalidade execução e o monitoramento de ações nas áreas
da população jovem negra, das mulheres e de de valorização profissional, de saúde, de
outros grupos vulneráveis; qualidade de vida e de segurança dos servidores
V - promover a participação social nos Conselhos que compõem o sistema nacional de segurança
de segurança pública; pública;
VI - estimular a produção e a publicação de XXIII - priorizar políticas de redução da letalidade
estudos e diagnósticos para a formulação e a violenta;
avaliação de políticas públicas; XXIV - fortalecer os mecanismos de investigação
VII - promover a interoperabilidade dos sistemas de crimes hediondos e de homicídios;
de segurança pública; XXV - fortalecer as ações de fiscalização de armas
VIII - incentivar e ampliar as ações de prevenção, de fogo e munições, com vistas à redução da
controle e fiscalização para a repressão aos violência armada;
crimes transfronteiriços; XXVI - fortalecer as ações de prevenção e
IX - estimular o intercâmbio de informações de repressão aos crimes cibernéticos.
inteligência de segurança pública com instituições Parágrafo único. Os objetivos estabelecidos
estrangeiras congêneres; direcionarão a formulação do Plano Nacional de
X - integrar e compartilhar as informações de Segurança Pública e Defesa Social, documento
segurança pública, prisionais e sobre drogas; que estabelecerá as estratégias, as metas, os
XI - estimular a padronização da formação, da indicadores e as ações para o alcance desses
capacitação e da qualificação dos profissionais de objetivos.
segurança pública, respeitadas as especificidades
e as diversidades regionais, em consonância com SEÇÃO V
esta Política, nos âmbitos federal, estadual, DAS ESTRATÉGIAS
distrital e municipal;
XII - fomentar o aperfeiçoamento da aplicação e Art. 7º A PNSPDS será implementada por
do cumprimento de medidas restritivas de direito e estratégias que garantam integração, coordenação
de penas alternativas à prisão; e cooperação federativa, interoperabilidade,
XIII - fomentar o aperfeiçoamento dos regimes de liderança situacional, modernização da gestão das
cumprimento de pena restritiva de liberdade em instituições de segurança pública, valorização e
relação à gravidade dos crimes cometidos; proteção dos profissionais, complementaridade,
XV - racionalizar e humanizar o sistema dotação de recursos humanos, diagnóstico dos
penitenciário e outros ambientes de problemas a serem enfrentados, excelência
encarceramento; técnica, avaliação continuada dos resultados e
garantia da regularidade orçamentária para central o Ministério Extraordinário da
execução de planos e programas de segurança Segurança Pública e é integrado pelos órgãos de
pública. que trata o art. 144 da Constituição Federal , pelos
agentes penitenciários, pelas guardas municipais
SEÇÃO VI e pelos demais integrantes estratégicos e
DOS MEIOS E INSTRUMENTOS operacionais, que atuarão nos limites de suas
competências, de forma cooperativa, sistêmica e
Art. 8º São meios e instrumentos para a harmônica.
implementação da PNSPDS: § 1º São integrantes estratégicos do Susp:
I - os planos de segurança pública e defesa social; I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os
II - o Sistema Nacional de Informações e de Municípios, por intermédio dos respectivos
Gestão de Segurança Pública e Defesa Social, Poderes Executivos;
que inclui: II - os Conselhos de Segurança Pública e Defesa
a) o Sistema Nacional de Acompanhamento e Social dos três entes federados.
Avaliação das Políticas de Segurança Pública e § 2º São integrantes operacionais do Susp:
Defesa Social (Sinaped); I - polícia federal;
b) o Sistema Nacional de Informações de II - polícia rodoviária federal;
Segurança Pública, Prisionais e de IV - polícias civis;
Rastreabilidade de Armas e Munições, e sobre V - polícias militares;
Material Genético, Digitais e Drogas (Sinesp); VI - corpos de bombeiros militares;
b) o Sistema Nacional de Informações de VII - guardas municipais;
Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade VIII - órgãos do sistema penitenciário;
de Armas e Munições, de Material Genético, de X - institutos oficiais de criminalística, medicina
Digitais e de Drogas (Sinesp); legal e identificação;
c) o Sistema Integrado de Educação e Valorização XI - Secretaria Nacional de Segurança Pública
Profissional (Sievap); (Senasp);
d) a Rede Nacional de Altos Estudos em XII - secretarias estaduais de segurança pública
Segurança Pública (Renaesp); ou congêneres;
e) o Programa Nacional de Qualidade de Vida XIII - Secretaria Nacional de Proteção e Defesa
para Profissionais de Segurança Pública (Pró- Civil (Sedec);
Vida); XIV - Secretaria Nacional de Política Sobre Drogas
IV - o Plano Nacional de Enfrentamento de (Senad);
Homicídios de Jovens; XV - agentes de trânsito;
V - os mecanismos formados por órgãos de XVI - guarda portuária.
prevenção e controle de atos ilícitos contra a § 4º Os sistemas estaduais, distrital e municipais
Administração Pública e referentes a ocultação ou serão responsáveis pela implementação dos
dissimulação de bens, direitos e valores. respectivos programas, ações e projetos de
VI - o Plano Nacional de Prevenção e segurança pública, com liberdade de organização
Enfrentamento à Violência contra a Mulher, nas e funcionamento, respeitado o disposto nesta Lei.
ações pertinentes às políticas de segurança,
implementadas em conjunto com os órgãos e SEÇÃO II
instâncias estaduais, municipais e do Distrito DO FUNCIONAMENTO
Federal responsáveis pela rede de prevenção e de
atendimento das mulheres em situação de Art. 10. A integração e a coordenação dos órgãos
violência. integrantes do Susp dar-se-ão nos limites das
respectivas competências, por meio de:
CAPÍTULO III I - operações com planejamento e execução
DO SISTEMA ÚNICO DE SEGURANÇA integrados;
PÚBLICA II - estratégias comuns para atuação na prevenção
SEÇÃO I e no controle qualificado de infrações penais;
DA COMPOSIÇÃO DO SISTEMA III - aceitação mútua de registro de ocorrência
policial;
Art. 9º É instituído o Sistema Único de IV - compartilhamento de informações, inclusive
Segurança Pública (Susp), que tem como órgão com o Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin);
V - intercâmbio de conhecimentos técnicos e II - as atividades periciais serão aferidas mediante
científicos; critérios técnicos emitidos pelo órgão
VI - integração das informações e dos dados de responsável pela coordenação das perícias
segurança pública por meio do Sinesp. oficiais, considerando os laudos periciais e o
§ 1º O Susp será coordenado pelo Ministério resultado na produção qualificada das provas
Extraordinário da Segurança Pública. relevantes à instrução criminal;
§ 2º As operações combinadas, planejadas e III - as atividades de polícia ostensiva e de
desencadeadas em equipe poderão ser preservação da ordem pública serão aferidas,
ostensivas, investigativas, de inteligência ou entre outros fatores, pela maior ou menor
mistas, e contar com a participação de órgãos incidência de infrações penais e
integrantes do Susp e, nos limites de suas administrativas em determinada área, seguindo
competências, com o Sisbin e outros órgãos dos os parâmetros do Sinesp;
sistemas federal, estadual, distrital ou municipal, IV - as atividades dos corpos de bombeiros
não necessariamente vinculados diretamente aos militares serão aferidas, entre outros fatores, pelas
órgãos de segurança pública e defesa social, ações de prevenção, preparação para
especialmente quando se tratar de enfrentamento emergências e desastres, índices de tempo de
a organizações criminosas. resposta aos desastres e de recuperação de
§ 3º O planejamento e a coordenação das locais atingidos, considerando-se áreas
operações referidas no § 2º deste artigo serão determinadas;
exercidos conjuntamente pelos participantes. V - a eficiência do sistema prisional será aferida
§ 4º O compartilhamento de informações será feito com base nos seguintes fatores, entre outros:
preferencialmente por meio eletrônico, com a) o número de vagas ofertadas no sistema;
acesso recíproco aos bancos de dados, nos b) a relação existente entre o número de presos e
termos estabelecidos pelo Ministério a quantidade de vagas ofertadas;
Extraordinário da Segurança Pública. c) o índice de reiteração criminal dos egressos;
§ 5º O intercâmbio de conhecimentos técnicos e d) a quantidade de presos condenados atendidos
científicos para qualificação dos profissionais de de acordo com os parâmetros estabelecidos pelos
segurança pública e defesa social dar-se-á, entre incisos do caput deste artigo, com observância de
outras formas, pela reciprocidade na abertura de critérios objetivos e transparentes.
vagas nos cursos de especialização, § 1º A aferição considerará aspectos relativos à
aperfeiçoamento e estudos estratégicos, estrutura de trabalho físico e de equipamentos,
respeitadas as peculiaridades e o regime jurídico bem como de efetivo.
de cada instituição, e observada, sempre que § 2º A aferição de que trata o inciso I do caput
possível, a matriz curricular nacional. deste artigo deverá distinguir as autorias definidas
Art. 11. O Ministério Extraordinário da Segurança em razão de prisão em flagrante das autorias
Pública fixará, anualmente, metas de excelência resultantes de diligências investigatórias.
no âmbito das respectivas competências, Art. 13. O Ministério Extraordinário da Segurança
visando à prevenção e à repressão das infrações Pública, responsável pela gestão do Susp, deverá
penais e administrativas e à prevenção dos orientar e acompanhar as atividades dos órgãos
desastres, e utilizará indicadores públicos que integrados ao Sistema, além de promover as
demonstrem de forma objetiva os resultados seguintes ações:
pretendidos. I - apoiar os programas de aparelhamento e
Art. 12. A aferição anual de metas deverá modernização dos órgãos de segurança pública e
observar os seguintes parâmetros: defesa social do País;
i - as atividades de polícia judiciária e de apuração II - implementar, manter e expandir, observadas as
das infrações penais serão aferidas, entre outros restrições previstas em lei quanto a sigilo, o
fatores, pelos índices de elucidação dos Sistema Nacional de Informações e de Gestão de
delitos, a partir dos registros de ocorrências Segurança Pública e Defesa Social;
policiais, especialmente os de crimes dolosos com III - efetivar o intercâmbio de experiências técnicas
resultado em morte e de roubo, pela identificação, e operacionais entre os órgãos policiais federais,
prisão dos autores e cumprimento de mandados estaduais, distrital e as guardas municipais;
de prisão de condenados a crimes com penas de IV - valorizar a autonomia técnica, científica e
reclusão, e pela recuperação do produto de crime funcional dos institutos oficiais de criminalística,
em determinada circunscrição; medicina legal e identificação, garantindo-lhes
condições plenas para o exercício de suas eficiência e resistência, observadas as normas de
funções; licitação e contratos.
V - promover a qualificação profissional dos
integrantes da segurança pública e defesa social, CAPÍTULO IV
especialmente nas dimensões operacional, ética e DOS CONSELHOS DE SEGURANÇA PÚBLICA
técnico-científica; E DEFESA SOCIAL
VI - realizar estudos e pesquisas nacionais e SEÇÃO I
consolidar dados e informações estatísticas sobre DA COMPOSIÇÃO
criminalidade e vitimização;
VII - coordenar as atividades de inteligência da Art. 19. A estrutura formal do Susp dar-se-á pela
segurança pública e defesa social integradas ao formação de Conselhos permanentes a serem
Sisbin; criados na forma do art. 21 desta Lei.
VIII - desenvolver a doutrina de inteligência Art. 20. Serão criados Conselhos de Segurança
policial. Pública e Defesa Social, no âmbito da União, dos
Art. 14. É de responsabilidade do Ministério Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
Extraordinário da Segurança Pública: mediante proposta dos chefes dos Poderes
I - disponibilizar sistema padronizado, Executivos, encaminhadas aos respectivos
inf-ormatizado e seguro que permita o intercâmbio Poderes Legislativos.
de informações entre os integrantes do Susp; § 1º O Conselho Nacional de Segurança Pública e
II - apoiar e avaliar periodicamente a infraestrutura Defesa Social, com atribuições, funcionamento e
tecnológica e a segurança dos processos, das composição estabelecidos em regulamento, terá a
redes e dos sistemas; participação de representantes da União, dos
III - estabelecer cronograma para adequação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
integrantes do Susp às normas e aos § 2º Os Conselhos de Segurança Pública e Defesa
procedimentos de funcionamento do Sistema. Social congregarão representantes com poder de
Art. 15. A União poderá apoiar os Estados, o decisão dentro de suas estruturas
Distrito Federal e os Municípios, quando não governamentais e terão natureza de colegiado,
dispuserem de condições técnicas e operacionais com competência consultiva, sugestiva e de
necessárias à implementação do Susp. acompanhamento social das atividades de
Art. 16. Os órgãos integrantes do Susp poderão segurança pública e defesa social, respeitadas as
atuar em vias urbanas, rodovias, terminais instâncias decisórias e as normas de organização
rodoviários, ferrovias e hidrovias federais, da Administração Pública.
estaduais, distrital ou municipais, portos e § 3º Os Conselhos de Segurança Pública e Defesa
aeroportos, no âmbito das respectivas Social exercerão o acompanhamento das
competências, em efetiva integração com o órgão instituições referidas no § 2º do art. 9º desta Lei e
cujo local de atuação esteja sob sua circunscrição, poderão recomendar providências legais às
ressalvado o sigilo das investigações policiais. autoridades competentes.
Art. 17. Regulamento disciplinará os critérios de § 4º O acompanhamento de que trata o § 3º deste
aplicação de recursos do Fundo Nacional de artigo considerará, entre outros, os seguintes
Segurança Pública (FNSP) e do Fundo aspectos:
Penitenciário Nacional (Funpen), respeitando-se I - as condições de trabalho, a valorização e o
a atribuição constitucional dos órgãos que respeito pela integridade física e moral dos seus
integram o Susp, os aspectos geográficos, integrantes;
populacionais e socioeconômicos dos entes II - o atingimento das metas previstas nesta Lei;
federados, bem como o estabelecimento de metas III - o resultado célere na apuração das denúncias
e resultados a serem alcançados. em tramitação nas respectivas corregedorias;
Parágrafo único. Entre os critérios de aplicação IV - o grau de confiabilidade e aceitabilidade do
dos recursos do FNSP serão incluídos metas e órgão pela população por ele atendida.
resultados relativos à prevenção e ao combate à § 5º Caberá aos Conselhos propor diretrizes para
violência contra a mulher. as políticas públicas de segurança pública e
Art. 18. As aquisições de bens e serviços para os defesa social, com vistas à prevenção e à
órgãos integrantes do Susp terão por objetivo a repressão da violência e da criminalidade.
eficácia de suas atividades e obedecerão a § 6º A organização, o funcionamento e as demais
critérios técnicos de qualidade, modernidade, competências dos Conselhos serão
regulamentados por ato do Poder Executivo, nos articular as ações do poder público, com a
limites estabelecidos por esta Lei. finalidade de:
§ 7º Os Conselhos Estaduais, Distrital e I - promover a melhora da qualidade da gestão
Municipais de Segurança Pública e Defesa Social, das políticas sobre segurança pública e defesa
que contarão também com representantes da social;
sociedade civil organizada e de representantes II - contribuir para a organização dos Conselhos
dos trabalhadores, poderão ser descentralizados de Segurança Pública e Defesa Social;
ou congregados por região para melhor atuação e III - assegurar a produção de conhecimento no
intercâmbio comunitário. tema, a definição de metas e a avaliação dos
resultados das políticas de segurança pública e
SEÇÃO II defesa social;
DOS CONSELHEIROS IV - priorizar ações preventivas e fiscalizatórias de
segurança interna nas divisas, fronteiras, portos e
Art. 21. Os Conselhos serão compostos por: aeroportos.
I - representantes de cada órgão ou entidade § 1º As políticas públicas de segurança não se
integrante do Susp; restringem aos integrantes do Susp, pois devem
II - representante do Poder Judiciário; considerar um contexto social amplo, com
III - representante do Ministério Público; abrangência de outras áreas do serviço público,
IV - representante da Ordem dos Advogados do como educação, saúde, lazer e cultura,
Brasil (OAB); respeitadas as atribuições e as finalidades de
V - representante da Defensoria Pública; cada área do serviço público.
VI - representantes de entidades e organizações § 2º O Plano de que trata o caput deste artigo terá
da sociedade cuja finalidade esteja relacionada duração de 10 (dez) anos a contar de sua
com políticas de segurança pública e defesa publicação.
social; § 3º As ações de prevenção à criminalidade
VII - representantes de entidades de profissionais devem ser consideradas prioritárias na elaboração
de segurança pública. do Plano de que trata o caput deste artigo.
§ 1º Os representantes das entidades e § 4º A União, por intermédio do Ministério
organizações referidas nos incisos VI e VII do Extraordinário da Segurança Pública, deverá
caput deste artigo serão eleitos por meio de elaborar os objetivos, as ações estratégicas, as
processo aberto a todas as entidades e metas, as prioridades, os indicadores e as formas
organizações cuja finalidade seja relacionada com de financiamento e gestão das Políticas de
as políticas de segurança pública, conforme Segurança Pública e Defesa Social.
convocação pública e critérios objetivos § 5º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
previamente definidos pelos Conselhos. deverão, com base no Plano Nacional de
§ 2º Cada conselheiro terá 1 (um) suplente, que Segurança Pública e Defesa Social, elaborar e
substituirá o titular em sua ausência. implantar seus planos correspondentes em até 2
§ 3º Os mandatos eletivos dos membros referidos (dois) anos a partir da publicação do documento
nos incisos VI e VII do caput deste artigo e a nacional, sob pena de não poderem receber
designação dos demais membros terão a duração recursos da União para a execução de programas
de 2 (dois) anos, permitida apenas uma ou ações de segurança pública e defesa social.
recondução ou reeleição. § 6º O poder público deverá dar ampla divulgação
§ 4º Na ausência de representantes dos órgãos ou ao conteúdo das Políticas e dos Planos de
entidades referidos no caput deste artigo, aplica- segurança pública e defesa social.
se o disposto no § 7º do art. 20 desta Lei. Art. 23. A União, em articulação com os Estados,
o Distrito Federal e os Municípios, realizará
CAPÍTULO V avaliações anuais sobre a implementação do
DA FORMULAÇÃO DOS PLANOS DE SEGURANÇA Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa
PÚBLICA E DEFESA SOCIAL Social, com o objetivo de verificar o cumprimento
SEÇÃO I
das metas estabelecidas e elaborar
DOS PLANOS
recomendações aos gestores e operadores das
políticas públicas.
Art. 22. A União instituirá Plano Nacional de
Parágrafo único. A primeira avaliação do Plano
Segurança Pública e Defesa Social, destinado a
Nacional de Segurança Pública e Defesa Social
realizar-se-á no segundo ano de vigência desta XII - fomentar estudos de planejamento urbano
Lei, cabendo ao Poder Legislativo Federal para que medidas de prevenção da criminalidade
acompanhá-la. façam parte do plano diretor das cidades, de forma
a estimular, entre outras ações, o reforço na
SEÇÃO II iluminação pública e a verificação de pessoas e de
DAS DIRETRIZES GERAIS famílias em situação de risco social e criminal.

Art. 24. Os agentes públicos deverão observar as SEÇÃO III


seguintes diretrizes na elaboração e na DAS METAS PARA ACOMPANHAMENTO E
execução dos planos: AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS DE SEGURANÇA
I - adotar estratégias de articulação entre órgãos PÚBLICA E DEFESA SOCIAL
públicos, entidades privadas, corporações policiais
e organismos internacionais, a fim de implantar Art. 25. Os integrantes do Susp fixarão,
parcerias para a execução de políticas de anualmente, metas de excelência no âmbito das
segurança pública e defesa social; respectivas competências, visando à prevenção e
II - realizar a integração de programas, ações, à repressão de infrações penais e administrativas
atividades e projetos dos órgãos e entidades e à prevenção de desastres, que tenham como
públicas e privadas nas áreas de saúde, finalidade:
planejamento familiar, educação, trabalho, I - planejar, pactuar, implementar, coordenar e
assistência social, previdência social, cultura, supervisionar as atividades de educação
desporto e lazer, visando à prevenção da gerencial, técnica e operacional, em cooperação
criminalidade e à prevenção de desastres; com as unidades da Federação;
III - viabilizar ampla participação social na II - apoiar e promover educação qualificada,
formulação, na implementação e na avaliação das continuada e integrada;
políticas de segurança pública e defesa social; III - identificar e propor novas metodologias e
IV - desenvolver programas, ações, atividades e técnicas de educação voltadas ao aprimoramento
projetos articulados com os estabelecimentos de de suas atividades;
ensino, com a sociedade e com a família para a IV - identificar e propor mecanismos de
prevenção da criminalidade e a prevenção de valorização profissional;
desastres; V - apoiar e promover o sistema de saúde para os
V - incentivar a inclusão das disciplinas de profissionais de segurança pública e defesa social;
prevenção da violência e de prevenção de VI - apoiar e promover o sistema habitacional para
desastres nos conteúdos curriculares dos diversos os profissionais de segurança pública e defesa
níveis de ensino; social.
VI - ampliar as alternativas de inserção econômica
e social dos egressos do sistema prisional, SEÇÃO IV
promovendo programas que priorizem a melhoria DA COOPERAÇÃO, DA INTEGRAÇÃO E DO
de sua escolarização e a qualificação profissional; FUNCIONAMENTO HARMÔNICO DOS
VII - garantir a efetividade dos programas, ações, MEMBROS DO SUSP
atividades e projetos das políticas de segurança
pública e defesa social; Art. 26. É instituído, no âmbito do Susp, o
VIII - promover o monitoramento e a avaliação das Sistema Nacional de Acompanhamento e
políticas de segurança pública e defesa social; Avaliação das Políticas de Segurança Pública e
IX - fomentar a criação de grupos de estudos Defesa Social (Sinaped), com os seguintes
formados por agentes públicos dos órgãos objetivos:
integrantes do Susp, professores e I - contribuir para organização e integração dos
pesquisadores, para produção de conhecimento e membros do Susp, dos projetos das políticas de
reflexão sobre o fenômeno da criminalidade, com segurança pública e defesa social e dos
o apoio e a coordenação dos órgãos públicos de respectivos diagnósticos, planos de ação,
cada unidade da Federação; resultados e avaliações;
X - fomentar a harmonização e o trabalho conjunto II - assegurar o conhecimento sobre os
dos integrantes do Susp; programas, ações e atividades e promover a
XI - garantir o planejamento e a execução de melhora da qualidade da gestão dos programas,
políticas de segurança pública e defesa social; ações, atividades e projetos de segurança pública
e defesa social; elementos necessários ao seu efetivo
III - garantir que as políticas de segurança pública cumprimento.
e defesa social abranjam, no mínimo, o adequado Art. 29. O processo de avaliação das políticas de
diagnóstico, a gestão e os resultados das políticas segurança pública e defesa social deverá contar
e dos programas de prevenção e de controle da com a participação de representantes dos Poderes
violência, com o objetivo de verificar: Legislativo, Executivo e Judiciário, do Ministério
a) a compatibilidade da forma de processamento Público, da Defensoria Pública e dos Conselhos
do planejamento orçamentário e de sua execução de Segurança Pública e Defesa Social,
com as necessidades do respectivo sistema de observados os parâmetros estabelecidos nesta
segurança pública e defesa social; Lei.
b) a eficácia da utilização dos recursos públicos; Art. 30. Cabe ao Poder Legislativo acompanhar as
c) a manutenção do fluxo financeiro, consideradas avaliações do respectivo ente federado.
as necessidades operacionais dos programas, as Art. 31. O Sinaped assegurará, na metodologia a
normas de referência e as condições previstas nos ser empregada:
instrumentos jurídicos celebrados entre os entes I - a realização da autoavaliação dos gestores e
federados, os órgãos gestores e os integrantes do das corporações;
Susp; II - a avaliação institucional externa, contemplando
d) a implementação dos demais compromissos a análise global e integrada das instalações
assumidos por ocasião da celebração dos físicas, relações institucionais, compromisso
instrumentos jurídicos relativos à efetivação das social, atividades e finalidades das corporações;
políticas de segurança pública e defesa social; III - a análise global e integrada dos diagnósticos,
e) a articulação interinstitucional e intersetorial das estruturas, compromissos, finalidades e resultados
políticas. das políticas de segurança pública e defesa social;
Art. 27. Ao final da avaliação do Plano Nacional IV - o caráter público de todos os procedimentos,
de Segurança Pública e Defesa Social, será dados e resultados dos processos de avaliação.
elaborado relatório com o histórico e a Art. 32. A avaliação dos objetivos e das metas do
caracterização do trabalho, as recomendações e Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa
os prazos para que elas sejam cumpridas, além de Social será coordenada por comissão
outros elementos a serem definidos em permanente e realizada por comissões
regulamento. temporárias, essas compostas, no mínimo, por 3
§ 1º Os resultados da avaliação das políticas (três) membros, na forma do regulamento próprio.
serão utilizados para: Parágrafo único. É vedado à comissão
I - planejar as metas e eleger as prioridades para permanente designar avaliadores que sejam
execução e financiamento; titulares ou servidores dos órgãos gestores
II - reestruturar ou ampliar os programas de avaliados, caso:
prevenção e controle; I - tenham relação de parentesco até terceiro grau
III - adequar os objetivos e a natureza dos com titulares ou servidores dos órgãos gestores
programas, ações e projetos; avaliados;
IV - celebrar instrumentos de cooperação com II - estejam respondendo a processo criminal ou
vistas à correção de problemas constatados na administrativo.
avaliação;
V - aumentar o financiamento para fortalecer o CAPÍTULO VI
sistema de segurança pública e defesa social; DO CONTROLE E DA TRANSPARÊNCIA
VI - melhorar e ampliar a capacitação dos SEÇÃO I
operadores do Susp. DO CONTROLE INTERNO
§ 2º O relatório da avaliação deverá ser
encaminhado aos respectivos Conselhos de Art. 33. Aos órgãos de correição, dotados de
Segurança Pública e Defesa Social. autonomia no exercício de suas competências,
Art. 28. As autoridades, os gestores, as entidades caberá o gerenciamento e a realização dos
e os órgãos envolvidos com a segurança pública e processos e procedimentos de apuração de
defesa social têm o dever de colaborar com o responsabilidade funcional, por meio de
processo de avaliação, facilitando o acesso às sindicância e processo administrativo disciplinar, e
suas instalações, à documentação e a todos os a proposição de subsídios para o aperfeiçoamento
das atividades dos órgãos de segurança pública e
defesa social. VI - produzir dados sobre a vitimização dos
profissionais de segurança pública e defesa social,
SEÇÃO II inclusive fora do horário de trabalho;
DO ACOMPANHAMENTO PÚBLICO DA VII - produzir dados sobre os profissionais de
ATIVIDADE POLICIAL segurança pública e defesa social com deficiência
em decorrência de vitimização na atividade;
Art. 34. A União, os Estados, o Distrito Federal e VIII - produzir dados sobre os profissionais de
os Municípios deverão instituir órgãos de segurança pública e defesa social que sejam
ouvidoria dotados de autonomia e dependentes químicos em decorrência da
independência no exercício de suas atribuições. atividade;
Parágrafo único. À ouvidoria competirá o IX - produzir dados sobre transtornos mentais e
recebimento e tratamento de representações, comportamento suicida dos profissionais de
elogios e sugestões de qualquer pessoa sobre as segurança pública e defesa social.
ações e atividades dos profissionais e membros Parágrafo único. O Sinesp adotará os padrões
integrantes do Susp, devendo encaminhá-los ao de integridade, disponibilidade, confidencialidade,
órgão com atribuição para as providências legais e confiabilidade e tempestividade dos sistemas
a resposta ao requerente. informatizados do governo federal.
Art. 37. Integram o Sinesp todos os entes
SEÇÃO III federados, por intermédio de órgãos criados ou
DA TRANSPARÊNCIA E DA INTEGRAÇÃO DE designados para esse fim.
DADOS E INFORMAÇÕES § 1º Os dados e as informações de que trata esta
Lei deverão ser padronizados e categorizados e
Art. 35. É instituído o Sistema Nacional de serão fornecidos e atualizados pelos integrantes
Informações de Segurança Pública, Prisionais, de do Sinesp.
Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material § 2º O integrante que deixar de fornecer ou
Genético, de Digitais e de Drogas (Sinesp), com a atualizar seus dados e informações no Sinesp
finalidade de armazenar, tratar e integrar dados e poderá não receber recursos nem celebrar
informações para auxiliar na formulação, parcerias com a União para financiamento de
implementação, execução, acompanhamento e programas, projetos ou ações de segurança
avaliação das políticas relacionadas com: pública e defesa social e do sistema prisional, na
I - segurança pública e defesa social; forma do regulamento.
II - sistema prisional e execução penal; § 3º O Ministério Extraordinário da Segurança
III - rastreabilidade de armas e munições; Pública é autorizado a celebrar convênios com
IV - banco de dados de perfil genético e digitais; órgãos do Poder Executivo que não integrem o
V - enfrentamento do tráfico de drogas ilícitas. Susp, com o Poder Judiciário e com o Ministério
Art. 36. O Sinesp tem por objetivos: Público, para compatibilização de sistemas de
I - proceder à coleta, análise, atualização, informação e integração de dados, ressalvadas as
sistematização, integração e interpretação de vedações constitucionais de sigilo e desde que o
dados e informações relativos às políticas de objeto fundamental dos acordos seja a prevenção
segurança pública e defesa social; e a repressão da violência.
II - disponibilizar estudos, estatísticas, indicadores § 4º A omissão no fornecimento das informações
e outras informações para auxiliar na formulação, legais implica responsabilidade administrativa do
implementação, execução, monitoramento e agente público.
avaliação de políticas públicas;
III - promover a integração das redes e sistemas CAPÍTULO VII
de dados e informações de segurança pública e DA CAPACITAÇÃO E DA VALORIZAÇÃO DO
defesa social, criminais, do sistema prisional e PROFISSIONAL EM SEGURANÇA PÚBLICA E
sobre drogas; DEFESA SOCIAL
IV - garantir a interoperabilidade dos sistemas de SEÇÃO I
dados e informações, conforme os padrões DO SISTEMA INTEGRADO DE EDUCAÇÃO E
definidos pelo conselho gestor. VALORIZAÇÃO PROFISSIONAL (SIEVAP)
V - produzir dados sobre a qualidade de vida e a
saúde dos profissionais de segurança pública e Art. 38. É instituído o Sistema Integrado de
defesa social; Educação e Valorização Profissional (Sievap),
com a finalidade de: educação para a paz;
I - planejar, pactuar, implementar, coordenar e V - articular o conhecimento prático dos
supervisionar as atividades de educação profissionais de segurança pública e defesa social
gerencial, técnica e operacional, em cooperação com os conhecimentos acadêmicos;
com as unidades da Federação; VI - difundir e reforçar a construção de cultura de
II - identificar e propor novas metodologias e segurança pública e defesa social fundada nos
técnicas de educação voltadas ao aprimoramento paradigmas da contemporaneidade, da
de suas atividades; inteligência, da informação e do exercício de
III - apoiar e promover educação qualificada, atribuições estratégicas, técnicas e científicas;
continuada e integrada; VII - incentivar produção técnico-científica que
IV - identificar e propor mecanismos de contribua para as atividades desenvolvidas pelo
valorização profissional. Susp.
§ 1º O Sievap é constituído, entre outros, pelos Art. 41. A Rede EaD-Senasp é escola virtual
seguintes programas: destinada aos profissionais de segurança pública
I - matriz curricular nacional; e defesa social e tem como objetivo viabilizar o
II - Rede Nacional de Altos Estudos em Segurança acesso aos processos de aprendizagem,
Pública (Renaesp); independentemente das limitações geográficas e
III - Rede Nacional de Educação a Distância em sociais existentes, com o propósito de
Segurança Pública (Rede EaD-Senasp); democratizar a educação em segurança pública e
IV - programa nacional de qualidade de vida para defesa social.
segurança pública e defesa social.
§ 2º Os órgãos integrantes do Susp terão acesso SEÇÃO II
às ações de educação do Sievap, conforme DO PROGRAMA NACIONAL DE QUALIDADE
política definida pelo Ministério Extraordinário da DE VIDA PARA PROFISSIONAIS DE
Segurança Pública. SEGURANÇA PÚBLICA (PRÓ-VIDA)
Art. 39. A matriz curricular nacional constitui-se
em referencial teórico, metodológico e avaliativo Art. 42. O Programa Nacional de Qualidade de
para as ações de educação aos profissionais de Vida para Profissionais de Segurança Pública
segurança pública e defesa social e deverá ser (Pró-Vida) tem por objetivo elaborar, implementar,
observada nas atividades formativas de ingresso, apoiar, monitorar e avaliar, entre outros, os
aperfeiçoamento, atualização, capacitação e projetos de programas de atenção psicossocial e
especialização na área de segurança pública e de saúde no trabalho dos profissionais de
defesa social, nas modalidades presencial e a segurança pública e defesa social, bem como a
distância, respeitados o regime jurídico e as integração sistêmica das unidades de saúde dos
peculiaridades de cada instituição. órgãos que compõem o Susp.
§ 1º A matriz curricular é pautada nos direitos § 1º O Pró-Vida desenvolverá durante todo o ano
humanos, nos princípios da andragogia e nas ações direcionadas à saúde biopsicossocial, à
teorias que enfocam o processo de construção do saúde ocupacional e à segurança do trabalho e
conhecimento. mecanismos de proteção e de valorização dos
§ 2º Os programas de educação deverão estar em profissionais de segurança pública e defesa social.
consonância com os princípios da matriz curricular § 2º O Pró-Vida publicará, anualmente, as
nacional. informações de que tratam os incisos V, VI, VII,
Art. 40. A Renaesp, integrada por instituições de VIII e IX do caput do art. 36 desta Lei, de todo o
ensino superior, observadas as normas de território nacional, conforme regulamentação a ser
licitação e contratos, tem como objetivo: editada pelo Poder Executivo federal.
I - promover cursos de graduação, extensão e § 3º O Pró-Vida também deverá desenvolver
pós-graduação em segurança pública e defesa ações de prevenção e de enfrentamento a todas
social; as formas de violência sofrida pelos
II - fomentar a integração entre as ações dos profissionais de segurança pública e defesa
profissionais, em conformidade com as políticas social, a fim de promover uma cultura de respeito
nacionais de segurança pública e defesa social; aos seus direitos humanos.
III - promover a compreensão do fenômeno da § 4º A implementação das ações de que trata o §
violência; 1º deste artigo será pactuada, nos termos dos
IV - difundir a cidadania, os direitos humanos e a respectivos planos de segurança pública, entre:
I - a União; executadas por meio de estratégias de prevenção
II - os Estados; primária, secundária e terciária.
III - o Distrito Federal; e § 4º A prevenção primária referida no § 3º deste
IV - os Municípios. artigo destina-se a todos os profissionais da
Art. 42-A. O Pró-Vida produzirá diretrizes segurança pública e defesa social e deve ser
direcionadas à prevenção da violência executada por meio de estratégias como:
autoprovocada e do suicídio. I - estímulo ao convívio social, proporcionando a
§ 1º O Ministério da Justiça e Segurança Pública aproximação da família de seu local de trabalho;
divulgará, no âmbito do Pró-Vida, em conjunto II - promoção da qualidade de vida do profissional
com a Rede Nacional de Qualidade de Vida para de segurança pública e defesa social;
os Profissionais de Segurança Pública (Rede Pró- III - elaboração e/ou divulgação de programas de
Vida), diretrizes de prevenção e de atendimento conscientização, de informação e de
dos casos de emergência psiquiátrica que sensibilização sobre o suicídio;
envolvam violência autoprovocada e IV - realização de ciclos de palestras e de
comportamento suicida dos profissionais de campanhas que sensibilizem e relacionem
segurança pública e defesa social, a ser qualidade de vida e ambiente de trabalho;
adaptadas aos contextos e às competências de V - abordagem do tema referente a saúde mental
cada órgão. em todos os níveis de formação e de qualificação
§ 2º As políticas e as ações de prevenção da profissional;
violência autoprovocada e do comportamento VI - capacitação dos profissionais de segurança
suicida dos profissionais de segurança pública e pública e defesa social no que se refere à
defesa social desenvolvidas pelas instituições de identificação e ao encaminhamento dos casos de
segurança pública e defesa social deverão risco;
observar, no momento da pactuação de que trata VII - criação de espaços de escuta destinados a
o § 4º do art. 42 desta Lei, as seguintes diretrizes: ouvir o profissional de segurança pública e defesa
I - perspectiva multiprofissional na abordagem; social, para que ele se sinta seguro a expor suas
II - atendimento e escuta multidisciplinar e de questões.
proximidade; § 5º A prevenção secundária referida no § 3º
III - discrição e respeito à intimidade nos deste artigo destina-se aos profissionais de
atendimentos; segurança pública e defesa social que já se
IV - integração e intersetorialidade das ações; encontram em situação de risco de prática de
V - ações baseadas em evidências científicas; violência autoprovocada, por meio de estratégias
VI - atendimento não compulsório; como:
VII - respeito à dignidade humana; I - criação de programas de atenção para o uso e
VIII - ações de sensibilização dos agentes; abuso de álcool e outras drogas;
IX - articulação com a rede de saúde pública e II - organização de rede de cuidado como fluxo
outros parceiros; assistencial que permita o diagnóstico precoce dos
X - realização de ações diversificadas ou profissionais de segurança pública e defesa social
cumprimento de disciplinas curriculares em situação de risco, com o envolvimento de todo
específicas durante os cursos de formação; o corpo da instituição, de modo a sinalizar a
XI - desenvolvimento de ações integradas de mudança de comportamento ou a preocupação
assistência social e promoção da saúde mental de com o colega de trabalho;
forma preventiva e inclusiva para a família; III - incorporação da notificação dos casos de
XII - melhoria da infraestrutura das unidades; ideação e de tentativa de suicídio no Sistema
XIII - incentivo ao estabelecimento de carga Nacional de Vigilância Epidemiológica,
horária de trabalho humanizada; resguardada a identidade do profissional;
XIV - incentivo ao estabelecimento de política IV - acompanhamento psicológico regular;
remuneratória condizente com a responsabilidade V - acompanhamento psicológico para
do trabalho policial; profissionais de segurança pública e defesa social
XV - incentivo à gestão administrativa que tenham se envolvido em ocorrência de risco e
humanizada. em experiências traumáticas;
§ 3º As políticas e as ações de prevenção VI - acompanhamento psicológico para
institucional da violência autoprovocada, nos profissionais de segurança pública e defesa social
termos dos §§ 1º e 2º deste artigo, serão que estejam presos ou respondendo a processos
administrativos ou judiciais. que sejam crianças e adolescentes, assegurando
§ 6º A prevenção terciária referida no § 3º deste a elas instalações físicas e equipamentos
artigo destina-se aos cuidados dos profissionais individuais específicos sempre que necessário;
de segurança pública e defesa social que tenham VIII - estímulo e valorização do conhecimento e da
comunicado ideação suicida ou que tenham vivência dos profissionais de segurança pública e
histórico de violência autoprovocada, por meio de defesa social idosos, impulsionando a criação de
estratégias como: espaços institucionais para transmissão de
I - aproximação da família para envolvimento e experiências, bem como a formação de equipes
acompanhamento no processo de tratamento; de trabalho compostas de profissionais de
II - enfrentamento a toda forma de isolamento ou diferentes faixas etárias para exercitar a
de desqualificação ou a qualquer forma de integração intergeracional;
violência eventualmente sofrida pelo profissional IX - estabelecimento de rotinas e de serviços
em seu ambiente de trabalho; internos que contemplem a preparação para o
III - restrição do porte e uso de arma de fogo; período de aposentadoria dos profissionais de
IV - acompanhamento psicológico e, sempre que segurança pública e defesa social, de forma a
for o caso, médico, regular; estimular o prosseguimento em atividades de
V - outras ações de apoio institucional ao participação cidadã após a fase de serviço ativo;
profissional. X - incentivo à acessibilidade e à empregabilidade
Art. 42-B. Os mecanismos de proteção de que das pessoas com deficiência em instalações e
trata o § 1º do art. 42 desta Lei quanto à proteção, equipamentos do sistema de segurança pública,
à promoção e à defesa dos direitos humanos dos assegurada a reserva constitucional de vagas nos
profissionais de segurança pública e defesa social concursos públicos;
observarão: XI - promoção do aperfeiçoamento profissional e
I - adequação das leis e dos regulamentos da formação continuada como direitos do
disciplinares que versam sobre direitos e deveres profissional de segurança pública e defesa social,
dos profissionais de segurança pública e defesa estabelecendo como objetivo a universalização da
social à Constituição Federal e aos instrumentos graduação universitária;
internacionais de direitos humanos; XII - utilização dos dados sobre os processos
II - valorização da participação dos profissionais disciplinares e administrativos movidos contra
de segurança pública e defesa social nos profissionais de segurança pública e defesa social
processos de formulação das políticas públicas para identificar vulnerabilidades dos treinamentos
relacionadas com a área; e inadequações na gestão de recursos humanos;
IV - acesso a equipamentos de proteção individual XIII - garantia a assistência jurídica para fins de
e coletiva, em quantidade e qualidade adequadas, recebimento de seguro, de pensão, de auxílio ou
garantindo a instrução e o treinamento continuado de outro direito de familiares, em caso de morte do
quanto ao uso correto dos equipamentos e a sua profissional de segurança pública e defesa social;
reposição permanente, considerados o desgaste e XIV - amparo aos profissionais de segurança
os prazos de validade; pública e defesa social que tenham sido vitimados
V - zelo pela adequação, pela manutenção e pela ou que tenham ficado com deficiência ou sequela;
permanente renovação de todos os veículos XV - critérios de promoção estabelecidos na
utilizados no exercício profissional, bem como legislação do respectivo ente federado, sendo a
garantia de instalações dignas em todas as promoção por merecimento com critérios objetivos
instituições, com ênfase nas condições de previamente definidos, de acesso universal e em
segurança, de higiene, de saúde e de ambiente de percentual da antiguidade.
trabalho; Art. 42-C. As ações de saúde ocupacional e de
VI - adoção de orientações, de medidas e de segurança no trabalho de que trata o § 1º do art.
práticas concretas direcionadas à prevenção, à 42 desta Lei observarão:
identificação e ao enfrentamento de qualquer I - a atuação preventiva em relação aos acidentes
modalidade de discriminação; ou doenças relacionados aos processos laborais
VII - salvaguarda do respeito integral aos direitos por meio de mapeamento de riscos inerentes à
constitucionais das profissionais de segurança atividade;
pública, consideradas as especificidades relativas II - o aprofundamento e a sistematização dos
à gestação e à amamentação, bem como as conhecimentos epidemiológicos de doenças
exigências permanentes de cuidado com os filhos ocupacionais entre profissionais de segurança
pública e defesa social; XIII - a garantia de que todos os atos decisórios de
III - a mitigação dos riscos e dos danos à saúde e superiores hierárquicos que disponham sobre
à segurança; punições, escalas, lotação e transferências sejam
IV - a melhoria das condições de trabalho dos devidamente motivados, fundamentados e
profissionais de segurança pública e defesa social, publicados;
para prevenir ou evitar a morte prematura do XIV - a regulamentação da jornada de trabalho
profissional ou a incapacidade total ou parcial para dos profissionais de segurança pública e defesa
o trabalho; social, de forma a garantir o exercício do direito à
V - a criação de dispositivos de transmissão e de convivência familiar e comunitária; e
formação em temas referentes a segurança, a XV - a adoção de Comissão Interna de Prevenção
saúde e a higiene, com periodicidade regular, por de Acidentes e de Assédio (Cipa) com
meio de eventos de sensibilização, de palestras e composição paritária de representação dos
de inclusão de disciplinas nos cursos regulares profissionais e da direção das instituições.
das instituições; Art. 42-D. São objeto da atenção especial das
VI - a adoção de orientações, de medidas e de diretrizes de saúde ocupacional e de segurança no
práticas concretas direcionadas à prevenção, à trabalho dos profissionais de segurança pública e
identificação e ao enfrentamento de qualquer defesa social:
discriminação nas instituições de segurança I - as jornadas de trabalho;
pública e defesa social; II - a proteção à maternidade;
VII - a implementação de paradigmas de III - o trabalho noturno;
acessibilidade e de empregabilidade das pessoas IV - os equipamentos de proteção individual;
com deficiência em instalações e equipamentos do V - o trabalho em ambiente de risco e/ou
sistema de segurança pública e defesa social, insalubre;
assegurada a reserva constitucional de vagas nos VI - a higiene de alojamentos, de banheiros e de
concursos públicos; unidades de conforto e descanso para os
VIII - a promoção de reabilitação e a reintegração profissionais;
dos profissionais ao trabalho, em casos de lesões, VII - a política remuneratória com negociação
de traumas, de deficiências ou de doenças coletiva para recomposição do poder aquisitivo da
ocupacionais, em decorrência do exercício de remuneração, com a participação de entidades
suas atividades; representativas; e
IX - a viabilidade de mecanismos de readaptação VIII - segurança no processo de trabalho.
dos profissionais de segurança pública e defesa Art. 42-E. As ações de saúde biopsicossocial de
social e de deslocamento para novas funções ou que trata o § 1º do art. 42 desta Lei observarão as
postos de trabalho como alternativa ao seguintes diretrizes:
afastamento definitivo e à inatividade em I - a realização de avaliação em saúde
decorrência de acidente de trabalho e de ferimento multidisciplinar periódica, consideradas as
ou sequela; especificidades das atividades realizadas por cada
X - a garantia aos profissionais de segurança profissional, incluídos exames clínicos e
pública e defesa social de acesso ágil e laboratoriais;
permanente a toda informação necessária para o II - o acesso ao atendimento em saúde mental, de
correto desempenho de suas funções, forma a viabilizar o enfrentamento da depressão,
especialmente quanto à legislação a ser do estresse e de outras alterações psíquicas;
observada; III - o desenvolvimento de programas de
XI - a erradicação de todas as formas de punição acompanhamento e de tratamento dos
que envolvam maus-tratos ou tratamento cruel, profissionais envolvidos em ações com resultado
desumano ou degradante contra os profissionais letal ou com alto nível de estresse;
de segurança pública e defesa social tanto no IV - a implementação de políticas de prevenção,
cotidiano funcional quanto em atividades de de apoio e de tratamento do alcoolismo, do
formação e treinamento; tabagismo ou de outras formas de drogadição e de
XII - o combate ao assédio sexual e moral nas dependência química;
instituições, por meio de veiculação de campanhas V-o desenvolvimento de programas de
internas de educação e de garantia de canais para prevenção do suicídio, por meio de atendimento
o recebimento e a apuração de denúncias; psiquiátrico, de núcleos terapêuticos de apoio e de
divulgação de informações sobre o assunto;
VI - o estímulo à prática regular de exercícios instrumentos essenciais da Política Nacional de
físicos, garantindo a adoção de mecanismos que Segurança Pública e Defesa Social:
permitam o cômputo de horas de atividade física I - o Plano Nacional de Segurança Pública e
como parte da jornada semanal de trabalho; Defesa Social - PNSP, que compreenderá o Plano
VII - a implementação de política que permita o Nacional de Enfrentamento de Homicídios de
cômputo das horas presenciais em audiência Jovens;
judicial ou policial em decorrência da atividade; e II - o Sistema Nacional de Informações e Gestão
VIII - a elaboração de cartilhas direcionadas à de Segurança Pública e Defesa Social; e
reeducação alimentar como forma de diminuição III - a atuação integrada dos mecanismos
de condições de risco à saúde e como fator de formados pelos órgãos federais de prevenção e
bem-estar profissional e de autoestima. controle de atos ilícitos contra a administração
pública e referentes à ocultação ou à dissimulação
CAPÍTULO VIII de bens, direitos e valores.
DISPOSIÇÕES FINAIS Art. 3º O Ministério da Justiça e Segurança
Pública, responsável pela gestão, pela
Art. 43. Os documentos de identificação funcional coordenação e pelo acompanhamento do Susp,
dos profissionais da área de segurança pública e orientará e acompanhará as atividades dos órgãos
defesa social serão padronizados mediante ato do integrados ao Sistema, além de promover as
Ministro de Estado Extraordinário da Segurança seguintes ações:
Pública e terão fé pública e validade em todo o I - apoiar os programas de aparelhamento e
território nacional. modernização dos órgãos de segurança pública e
Art. 45. Deverão ser realizadas conferências a defesa social do País;
cada 5 (cinco) anos para debater as diretrizes dos II - implementar, manter e expandir, observadas as
planos nacional, estaduais e municipais de restrições previstas em lei quanto ao sigilo, o
segurança pública e defesa social. Sistema Nacional de Informações e de Gestão de
Segurança Pública e Defesa Social;
DECRETO Nº 9.489/2018 III - efetivar o intercâmbio de experiências técnicas
(REGULAMENTA, NO ÂMBITO DA UNIÃO, A e operacionais entre os órgãos policiais federais,
LEI Nº 13.675, DE 11 DE JUNHO DE 2018) estaduais, distrital e as guardas municipais;
IV - valorizar a autonomia técnica, científica e
CAPÍTULO I funcional dos institutos oficiais de criminalística,
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES medicina legal e identificação, de modo a lhes
garantir condições plenas para o exercício de suas
Art. 1º Este Decreto estabelece normas, estrutura competências;
e procedimentos para a execução da Política V - promover a qualificação profissional dos
Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, integrantes da segurança pública e defesa social,
de que trata a Lei n.º 13.675, de 11 de junho de especialmente nos âmbitos operacional, ético e
2018 , que institui o Sistema Único de Segurança técnico-científico;
Pública - Susp. VI - elaborar estudos e pesquisas nacionais e
Art. 2º A Política Nacional de Segurança Pública e consolidar dados e informações estatísticas sobre
Defesa Social será implementada por estratégias criminalidade e vitimização;
que garantam integração, coordenação e VII - coordenar as atividades de inteligência de
cooperação federativa, interoperabilidade, segurança pública e defesa social integradas ao
liderança situacional, modernização da gestão das Sistema Brasileiro de Inteligência; e
instituições de segurança pública, valorização e VIII - desenvolver a doutrina de inteligência
proteção dos profissionais, complementaridade, policial.
dotação de recursos humanos, diagnóstico dos § 1º A autonomia dos institutos oficiais de
problemas a serem enfrentados, excelência criminalística, medicina legal e identificação de
técnica, avaliação continuada dos resultados e que trata o inciso IV do caput refere-se,
garantia da regularidade orçamentária para exclusivamente, à liberdade técnico-científica para
execução de planos e programas de segurança a realização e a conclusão de procedimentos e
pública. exames inerentes ao exercício de suas
Parágrafo único. Configuram meios e competências.
§ 2º No desempenho das competências de que
tratam os incisos VII e VIII do caput, o Ministério dados:
da Justiça e Segurança Pública manterá sistemas I - de segurança pública e defesa social;
destinados à coordenação, ao planejamento e à II - prisionais;
integração das atividades de inteligência de III - de rastreabilidade de armas e munições;
segurança pública e defesa social e de inteligência IV - relacionados com perfil genético e digitais; e
penitenciária no território nacional e ao V - sobre drogas.
assessoramento estratégico dos Governos federal, Art. 5º A elaboração do Plano Nacional de
estaduais, distrital e municipais, com informações Segurança Pública e Defesa Social terá fase de
e conhecimentos que subsidiem a tomada de consulta pública, efetuada por meio eletrônico,
decisões nesse âmbito. sob a coordenação do Ministério da Justiça e
§ 3º O Ministério da Justiça e Segurança Pública Segurança Pública.
poderá firmar instrumentos de cooperação, para
integrar aos sistemas de que trata o § 2º, outros SEÇÃO II
órgãos ou entidades federais, estaduais, distrital e DAS METAS PARA O ACOMPANHAMENTO E A
municipais cujas atividades sejam compatíveis AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS DE SEGURANÇA
com os interesses das atividades de inteligência. PÚBLICA E DEFESA SOCIAL
§ 4º Ato do Ministro de Estado da Justiça e
Segurança Pública disporá sobre os Art. 6º Os integrantes do Susp, a que se refere o
procedimentos necessários ao cumprimento das art. 9º da Lei nº 13.675, de 2018 , elaborarão,
ações de que trata o caput no âmbito do Ministério estabelecerão e divulgarão, anualmente,
da Justiça e Segurança Pública. programas de ação baseados em parâmetros de
avaliação e metas de excelência com vistas à
CAPÍTULO II prevenção e à repressão, no âmbito de suas
DO PLANO NACIONAL DE SEGURANÇA competências, de infrações penais e
PÚBLICA E DEFESA SOCIAL administrativas e à prevenção de desastres, que
SEÇÃO I tenham como finalidade:
DO REGIME DE FORMULAÇÃO I - planejar, pactuar, implementar, coordenar e
supervisionar as atividades de educação
Art. 4º Caberá ao Ministério da Justiça e gerencial, técnica e operacional, em cooperação
Segurança Pública elaborar o PNSP, que deverá com os entes federativos;
incluir o Plano de Nacional de Enfrentamento de II - apoiar e promover educação qualificada,
Homicídios de Jovens, além de estabelecer suas continuada e integrada;
estratégias, suas metas, suas ações e seus III - identificar e propor novas metodologias e
indicadores, direcionados ao cumprimento dos técnicas de educação destinadas ao
objetivos e das finalidades estabelecidos nos art. aprimoramento de suas atividades;
6º e art. 22 da Lei nº 13.675, de 2018. IV - identificar e propor mecanismos de
§ 1º A elaboração do PNSP observará as valorização profissional;
diretrizes estabelecidas no art. 24 da Lei nº V - apoiar e promover o sistema de saúde para os
13.675, de 2018, e no art. 3º da Lei nº 11.530, de profissionais de segurança pública e defesa social;
24 de outubro de 2007, no que couber, e será feita e
com a cooperação dos demais órgãos e entidades VI - apoiar e promover o sistema habitacional para
com competências complementares. os profissionais de segurança pública e defesa
§ 2º O PNSP terá duração de dez anos, contado social.
da data de sua publicação e deverá ser Art. 7º Até o dia 30 de abril de cada ano-
estruturado em ciclos de implementação de dois calendário, o Ministério da Justiça e Segurança
anos. Pública, em articulação com os órgãos
§ 3º Sem prejuízo do pressuposto de que as ações competentes dos Estados, do Distrito Federal e
de prevenção à criminalidade devem ser dos Municípios, avaliará a implementação do
consideradas prioritárias na elaboração do PNSP, Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa
o primeiro ciclo do PNSP editado após a data de Social, com o objetivo de verificar o cumprimento
entrada em vigor deste Decreto deverá priorizar das metas estabelecidas e elaborar
ações destinadas a viabilizar a coleta, a análise, a recomendações aos gestores e aos operadores de
atualização, a sistematização, a interoperabilidade políticas públicas relacionadas com segurança
de sistemas, a integração e a interpretação de pública e defesa social.
SEÇÃO III CAPÍTULO III
DOS MECANISMOS DE TRANSPARÊNCIA E DO SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES E
AVALIAÇÃO E DE CONTROLE E CORREIÇÃO GESTÃO DE SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA
DE ATOS DOS ÓRGÃOS DO SISTEMA ÚNICO SOCIAL
DE SEGURANÇA PÚBLICA SEÇÃO I
DA COMPOSIÇÃO
Art. 8º Aos órgãos de correição dos integrantes
operacionais do Susp, no exercício de suas Art. 10. O Sistema Nacional de Informações e
competências, caberão o gerenciamento e a Gestão de Segurança Pública e Defesa Social
realização dos procedimentos de apuração de disporá, para a consecução de seus objetivos, dos
responsabilidade funcional, por meio de seguintes sistemas e programas, que atuarão de
sindicância e processo administrativo disciplinar, e forma integrada:
a proposição de subsídios para o aperfeiçoamento I - Sistema Nacional de Acompanhamento e
das atividades dos órgãos de segurança pública e Avaliação das Políticas de Segurança Pública e
defesa social. Defesa Social;
§ 1º Caberá ao ministério da justiça e II - Sistema Nacional de Informações de
segurança pública instituir mecanismos de Segurança Pública, Prisionais e de
registro, acompanhamento e avaliação, em âmbito Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material
nacional, dos órgãos de correição, e poderá, para Genético, de Digitais e de Drogas;
tanto, solicitar aos órgãos de correição a que se III - Sistema Integrado de Educação e Valorização
refere o caput o fornecimento de dados e Profissional;
informações que entender necessários, IV - Rede Nacional de Altos Estudos em
respeitadas as atribuições legais e de modo a Segurança Pública; e
promover a racionalização de meios com base nas V - Programa Nacional de Qualidade de Vida para
melhores práticas. Profissionais de Segurança.
§ 2º Os titulares dos órgãos de correição a que se
refere o caput, que exercerão as suas atribuições SEÇÃO II
preferencialmente por meio de mandato, DO SISTEMA NACIONAL DE
deverão colaborar com o processo de avaliação ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DAS
referido no § 1º, de modo a facilitar o acesso à POLÍTICAS DE SEGURANÇA PÚBLICA E
documentação e aos elementos necessários ao DEFESA SOCIAL
seu cumprimento efetivo.
§ 3º O Ministério da Justiça e Segurança Pública Art. 11. A implementação do Sistema Nacional de
considerará, entre os critérios e as condições para Acompanhamento e Avaliação das Políticas de
prestar apoio à implementação dos planos de Segurança Pública e Defesa Social observará o
segurança pública e de defesa social dos Estados, disposto no art. 26 ao art. 32 da Lei nº 13.675, de
do Distrito Federal e dos Municípios, os 2018 .
indicadores de eficiência apurados no processo de
avaliação de que trata o § 1º. SUBSEÇÃO ÚNICA
Art. 9º Aos órgãos de ouvidoria da União, dos DA COMISSÃO PERMANENTE DO SISTEMA
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios NACIONAL DE ACOMPANHAMENTO E
caberão, nos termos do disposto no art. 34 da Lei AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS DE SEGURANÇA
nº 13.675, de 2018, o recebimento e o tratamento PÚBLICA E DEFESA SOCIAL
de representações, elogios e sugestões de
qualquer pessoa sobre as ações e as atividades Art. 12. Fica criada a Comissão Permanente do
dos profissionais e dos membros integrantes do Sistema Nacional de Acompanhamento e
Susp, e o encaminhamento ao órgão competente Avaliação das Políticas de Segurança Pública e
para tomar as providências legais e fornecer a Defesa Social, com a função de coordenar a
resposta ao requerente. avaliação dos objetivos e das metas do PNSP.
§ 1º A Comissão Permanente será composta por
cinco representantes, titulares e suplentes,
indicados e designados pelo Ministro de Estado da
Justiça e Segurança Pública.
§ 2º Caberá ao Ministro de Estado da Justiça e
Segurança Pública, dentre os membros por ele à documentação e aos elementos necessários ao
indicados, designar o Presidente da Comissão exercício de suas competências.
Permanente. § 3º A Comissão Permanente adotará as
§ 3º O mandato dos representantes da Comissão providências necessárias ao cumprimento do
Permanente será de dois anos, admitida uma disposto no art. 27 da Lei nº 13.675, de 2018.
recondução. Art. 14. A Comissão Permanente do Sistema
§ 4º A Comissão Permanente poderá criar, por Nacional de Acompanhamento e Avaliação das
meio de portaria, até dez comissões Políticas de Segurança Pública e Defesa Social
temporárias de avaliação com duração não assegurará a participação, no processo de
superior a um ano, que serão constituídas por, no avaliação do PNSP, de representantes dos
máximo, sete membros, observado o disposto em Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, do
seu regimento interno e no art. 32 da Lei nº Ministério Público, da Defensoria Pública e dos
13.675, de 2018. conselhos estaduais, distrital e municipais de
§ 5º A Comissão Permanente se reunirá, em segurança pública e defesa social, observados os
caráter ordinário, trimestralmente e, em caráter parâmetros estabelecidos na Lei nº 13.675, de
extraordinário, sempre que convocado por seu 2018.
Presidente ou pelo Ministro de Estado da Justiça e
Segurança Pública. SEÇÃO III
§ 6º A Comissão Permanente deliberará por DO SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES
maioria simples, com a presença da maioria de DE SEGURANÇA PÚBLICA, PRISIONAIS, DE
seus representantes. RASTREABILIDADE DE ARMAS E MUNIÇÕES,
§ 7º É vedado à Comissão Permanente designar DE MATERIAL GENÉTICO, DE DIGITAIS E DE
para as comissões temporárias avaliadores que DROGAS
sejam titulares ou servidores dos órgãos gestores
avaliados, caso: Art. 17. O Sistema Nacional de Informações de
I - tenham relação de parentesco até terceiro grau Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade
com titulares ou servidores dos órgãos gestores de Armas e Munições, de Material Genético, de
avaliados; ou Digitais e de Drogas, instituído pelo art. 35 da Lei
II - estejam respondendo a processo criminal ou nº 13.675, de 2018 , será integrado por órgãos
administrativo. criados ou designados para esse fim por todos os
§ 8º As comissões temporárias, sempre que entes federativos.
possível, deverão ter um representante da Parágrafo único. O Ministério da Justiça e
Controladoria-Geral da União ou do Instituto de Segurança Pública buscará a integração do
Pesquisa Econômica Aplicada ou do Ministério da Sistema Nacional de Informações de Segurança
Cidadania, observado o disposto no art. 32 da Lei Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e
nº 13.675, de 2018. Munições, de Material Genético, de Digitais e de
§ 9º As reuniões serão realizadas, Drogas com sistemas de informação de outros
preferencialmente, por videoconferência. países, de modo a conferir prioridade aos países
Art. 13. Caberá à Comissão Permanente do que fazem fronteira com a República Federativa
Sistema Nacional de Acompanhamento e do Brasil.
Avaliação das Políticas de Segurança Pública e Art. 18. Constarão do Sistema Nacional de
Defesa Social, com o apoio técnico e Informações de Segurança Pública, Prisionais, de
administrativo do Ministério da Justiça e Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material
Segurança Pública, por intermédio do Gabinete da Genético, de Digitais e de Drogas, sem prejuízo de
Secretaria Nacional de Segurança Pública, outros definidos por seu Conselho Gestor, dados e
coordenar o processo de acompanhamento e informações relativos a:
avaliação de que tratam os § 1º e § 2º do art. 8º. I - ocorrências criminais registradas e
§ 1º A Comissão Permanente adotará as comunicações legais;
providências necessárias ao cumprimento do II - registro e rastreabilidade de armas de fogo e
disposto no art. 31 da Lei nº 13.675, de 2018. munições;
§ 2º Os órgãos integrantes do Susp assegurarão à III - entrada e saída de estrangeiros;
Comissão Permanente e às comissões IV - pessoas desaparecidas;
temporárias de avaliação o acesso às instalações, V - execução penal e sistema prisional;
VI - recursos humanos e materiais dos órgãos e
das entidades de segurança pública e defesa Drogas, órgão consultivo do Ministério da Justiça e
social; Segurança Pública, por meio de resolução:
VII - condenações, penas, mandados de prisão e I - propor procedimentos sobre coleta, análise,
contramandados de prisão; sistematização, integração, atualização,
VIII - repressão à produção, à fabricação e ao interpretação de dados e informações referentes
tráfico de drogas ilícitas e a crimes às políticas relacionadas com:
correlacionados, além da apreensão de drogas a) segurança pública e defesa social;
ilícitas; b) sistema prisional e execução penal;
IX - índices de elucidação de crimes; c) rastreabilidade de armas e munições;
X - veículos e condutores; e d) banco de dados de perfil genético e digitais; e
XI - banco de dados de perfil genético e digitais. e) enfrentamento do tráfico de drogas ilícitas;
§ 1º Os dados e as informações, a serem II - propor:
fornecidos de forma atualizada pelos integrantes a) metodologia, padronização, categorias e regras
do Sistema Nacional de Informações de para tratamento dos dados e das informações a
Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade serem fornecidos ao Sistema Nacional de
de Armas e Munições, de Material Genético, de Informações de Segurança Pública, Prisionais, de
Digitais e de Drogas, deverão ser padronizados Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material
e categorizados com o fim de assegurar padrões Genético, de Digitais e de Drogas;
de integridade, disponibilidade, confidencialidade, b) dados e informações a serem integrados ao
confiabilidade e tempestividade dos sistemas Sistema Nacional de Informações de Segurança
informatizados do Governo federal. Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e
§ 2º Na divulgação dos dados e das informações, Munições, de Material Genético, de Digitais e de
a identificação pessoal dos envolvidos deverá ser Drogas, observado o disposto no art. 18;
preservada. c) padrões de interoperabilidade dos sistemas de
§ 3º Os dados e as informações referentes à dados e informações que integrarão o Sistema
prevenção, ao tratamento e à reinserção social de Nacional de Informações de Segurança Pública,
usuários e dependentes de drogas ilícitas serão Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e
fornecidos, armazenados e tratados de forma Munições, de Material Genético, de Digitais e de
agregada, de modo a preservar o sigilo, a Drogas;
confidencialidade e a identidade de usuários e d) critérios para integração e gestão centralizada
dependentes, observada a natureza dos sistemas de dados e informações a que se
multidisciplinar e intersetorial prevista na refere o art. 18;
legislação. e) rol de crimes de comunicação imediata; e
§ 4º O fornecimento de dados dos usuários, de f) forma e condições para adesão dos Municípios,
acessos e consultas do Sistema Nacional de do Poder Judiciário, da Defensoria Pública, do
Informações de Segurança Pública, Prisionais, de Ministério Público, e dos demais entes públicos
Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material que considerar pertinentes;
Genético, de Digitais e de Drogas ficará III - propor normas, critérios e padrões para
condicionado à instauração e à instrução de disponibilização de estudos, estatísticas,
processos administrativos ou judiciais, indicadores e outras informações para auxiliar na
observados, nos casos concretos, os formulação, na implementação, na execução, no
procedimentos de segurança da informação e de monitoramento e na avaliação das políticas
seus usuários. públicas relacionadas com segurança pública e
§ 5º O usuário que utilizar indevidamente as defesa social, sistema prisional e de execução
informações obtidas por meio do Sistema Nacional penal, rastreabilidade de armas e munições,
de Informações de Segurança Pública, Prisionais, banco de dados de perfil genético e digitais, e
de Rastreabilidade de Armas e Munições, de enfrentamento do tráfico de drogas ilícitas;
Material Genético, de Digitais e de Drogas ficará IV -sugerir procedimentos para implementação,
sujeito à responsabilidade administrativa, civil e operacionalização, aprimoramento e fiscalização
criminal. do Sistema Nacional de Informações de
Art. 19. Compete ao Conselho Gestor do Sistema Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade
Nacional de Informações de Segurança Pública, de Armas e Munições, de Material Genético, de
Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Digitais e de Drogas;
Munições, de Material Genético, de Digitais e de V - instituir grupos de trabalho relacionados com
segurança pública e defesa social, sistema Pública;
prisional e execução penal, enfrentamento do b) um do Departamento Penitenciário Nacional;
tráfico ilícito de drogas e prevenção, tratamento e c) um da Polícia Federal; e
reinserção social de usuários e dependentes de d) um da Polícia Rodoviária Federal;
drogas; II - um representante do Ministério da Mulher, da
VI - promover a elaboração de estudos com vistas Família e dos Direitos Humanos; e
à integração das redes e dos sistemas de dados e III - cinco representantes dos Estados ou do
informações relacionados com segurança pública Distrito Federal, sendo um de cada região
e defesa social, sistema prisional e execução geográfica.
penal, e enfrentamento do tráfico ilícito de drogas; § 1º Os representantes a que se refere o inciso III
VII - propor condições, parâmetros, níveis e do caput serão escolhidos por meio de eleição
formas de acesso aos dados e às informações do direta pelos gestores dos entes federativos de sua
Sistema Nacional de Informações de Segurança região.
Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e § 2º Os representantes titulares e suplentes do
Munições, de Material Genético, de Digitais e de Conselho Gestor serão indicados pelos titulares
Drogas, assegurada a preservação do sigilo; dos órgãos que representam e designados pelo
VIII - controlar e dar publicidade a situações de Ministro de Estado da Justiça e Segurança
inadimplemento dos integrantes do Sistema Pública.
Nacional de Informações de Segurança Pública, § 3º O mandato dos representantes do Conselho
Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Gestor será de dois anos, admitida uma
Munições, de Material Genético, de Digitais e de recondução.
Drogas, em relação ao fornecimento de § 4º A recondução dos representantes a que se
informações obrigatórias, ao Ministro de Estado da refere o inciso III do caput será realizada por meio
Justiça e Segurança Pública, para aplicação do de nova consulta aos entes federativos
disposto no § 2º do art. 37 da Lei nº 13.675, de integrantes da região geográfica correspondente.
2018; e § 5º O Presidente do Conselho Gestor será o
IX - publicar relatórios anuais que contemplem Diretor da Diretoria de Gestão e Integração de
estatísticas, indicadores e análises relacionadas Informações da Secretaria Nacional de Segurança
com segurança pública e defesa social, sistema Pública do Ministério da Justiça e Segurança
prisional e de execução penal, rastreabilidade de Pública.
armas e munições, banco de dados de perfil § 6º Em suas ausências e seus impedimentos, o
genético e digitais, e enfrentamento do tráfico de Presidente do Conselho Gestor, será substituído
drogas ilícitas. pelo Coordenador-Geral do Sistema Nacional de
Parágrafo único. As Resoluções do Conselho Informações de Segurança Pública, Prisionais, de
Gestor serão submetidas à aprovação do Ministro Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material
de Estado da Justiça e Segurança Pública, que, Genético, de Digitais e de Drogas.
na qualidade de responsável pela administração, § 7º O Conselho Gestor se reunirá, em caráter
pela coordenação e pela formulação de diretrizes ordinário, trimestralmente e, em caráter
do Sistema Nacional de Informações de extraordinário, sempre que convocado por seu
Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade Presidente.
de Armas e Munições, de Material Genético, de Art. 21. O Conselho Gestor do Sistema Nacional
Digitais e de Drogas, editará as normas de Informações de Segurança Pública, Prisionais,
complementares necessárias à implementação de Rastreabilidade de Armas e Munições, de
das medidas aprovadas. Material Genético, de Digitais e de Drogas
Art. 20. O Conselho Gestor do Sistema Nacional deliberará por maioria simples, com a presença
de Informações de Segurança Pública, Prisionais, da maioria de seus representantes e caberá ao
de Rastreabilidade de Armas e Munições, de seu Presidente o voto de qualidade para
Material Genético, de Digitais e de Drogas será desempate.
composto pelos seguintes representantes, titulares Art. 22. A estrutura administrativa do Conselho
e suplentes: Gestor do Sistema Nacional de Informações de
I - quatro representantes do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade
Segurança Pública, sendo: de Armas e Munições, de Material Genético, de
a) um da Diretoria de Gestão e Integração e Digitais e de Drogas é composta por:
Informações da Secretaria Nacional de Segurança I - uma Secretaria-Executiva;
II - três câmaras técnicas; informações do Sistema Nacional de Informações
IV - gestores dos entes federativos. de Segurança Pública, Prisionais, de
Art. 23. A Secretaria-Executiva do Conselho será Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material
exercida pela Diretoria de Gestão e Integração de Genético, de Digitais e de Drogas e comunicar ao
Informações da Secretaria Nacional de Segurança ente federativo correspondente a respeito do
Pública do Ministério da Justiça e Segurança fornecimento de dados e informações obrigatórios;
Pública e terá competência para: III - auxiliar na execução das atividades de coleta,
I - organizar as reuniões do Conselho Gestor, das tratamento, fornecimento e atualização de dados e
câmaras técnicas e as eleições dos de informações de cada área de atuação; e
representantes do referido Conselho; IV - gerir as rotinas e as atividades referentes ao
II - prestar apoio técnico-administrativo, logístico e Sistema Nacional de Informações de Segurança
financeiro ao Conselho Gestor; e Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e
III - promover a articulação entre os integrantes do Munições, de Material Genético, de Digitais e de
Sistema Nacional de Informações de Segurança Drogas.
Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Art. 29. Caberá ao Conselho Gestor do Sistema
Munições, de Material Genético, de Digitais e de Nacional de Informações de Segurança Pública,
Drogas. Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e
Art. 24. As câmaras técnicas, de caráter Munições, de Material Genético, de Digitais e de
temporário, com duração não superior a um ano, Drogas propor alterações quanto às suas áreas de
têm por objetivo oferecer sugestões e atuação, a que se referem o § 1º do art. 24 e o
embasamento técnico para subsidiar as decisões caput do art. 26.
do Conselho Gestor, as quais poderão operar Art. 30. As reuniões das câmaras técnicas do
simultaneamente. Conselho Gestor serão realizadas por
§ 1º Cada câmara técnica atuará em uma das videoconferência.
seguintes áreas: Parágrafo único. O Conselho Gestor poderá, em
I - estatística e análise; caráter excepcional, convocar os seus
II - inteligência; e representantes para reuniões presenciais.
III - tecnologia da informação. Art. 31. O Conselho Gestor poderá convidar
§ 2º Cada câmara técnica será composta pelos representantes de outros órgãos e entidades,
seguintes representantes, titulares e suplentes: públicos ou privados, para participar de suas
I - um representante do Ministério da Justiça e reuniões, sem direito a voto.
Segurança Pública;
II - cinco representantes dos Estados ou do SEÇÃO IV
Distrito Federal, dos quais serão designados um DO SISTEMA INTEGRADO DE EDUCAÇÃO E
para cada região geográfica. VALORIZAÇÃO PROFISSIONAL
§ 3º A coordenação das câmaras técnicas será
definida em regimento interno. Art. 32. A implementação do Sistema Integrado de
§ 4º Os representantes das câmaras técnicas Educação e Valorização Profissional observará o
serão designados pelo Ministro da Justiça e disposto no art. 38 ao art. 41 da Lei nº 13.675, de
Segurança Pública. 2018.
Art. 26. Cada ente federativo indicará um gestor Parágrafo único. Compete à Secretaria Nacional
titular e um suplente para atuar em cada uma das de Segurança Pública do Ministério da Justiça e
seguintes áreas: Segurança Pública, em coordenação com os
I - estatística e análise; demais órgãos e entidades federais com
II - inteligência; e competências concorrentes, executar os
III - tecnologia da informação. programas de que tratam o inciso I ao inciso IV do
Parágrafo único. Caberá aos gestores dos entes § 1º do art. 38 da Lei nº 13.675, de 2018, com o
federativos, sem prejuízo de outras competências fim de assegurar, no âmbito do Susp, o acesso às
conferidas pelo Conselho Gestor: ações de educação, presenciais ou a distância,
I - repassar dados e informações sobre as suas aos profissionais de segurança pública e defesa
áreas de atuação sempre que solicitado pelo social.
Conselho Gestor;
II - acompanhar a qualidade e a frequência do
fornecimento e da atualização de dados e
SEÇÃO V Pública coordenar o Programa Pró-Vida, em
DO PROGRAMA NACIONAL DE QUALIDADE cooperação com os demais órgãos e entidades
DE VIDA PARA PROFISSIONAIS DE com competências complementares.
SEGURANÇA PÚBLICA § 5º Os mecanismos de proteção a que se referem
SUBSEÇÃO I o inciso I do § 1º e o § 3º serão instituídos em
DO ESCOPO consonância com o Programa Nacional de
Promoção, Proteção e Defesa dos Direitos
Art. 33. Fica instituído o Programa Nacional de Humanos dos Profissionais de Segurança Pública
Qualidade de Vida para Profissionais de e Defesa Social e dos Profissionais do Sistema
Segurança Pública - Programa Pró-Vida, conforme Socioeducativo - Programa PraViver, instituído
o disposto no art. 42 da Lei nº 13.675, de 2018. pelo Decreto nº 11.106, de 29 de junho de 2022.
§ 1º o programa pró-vida:
I - atenderá aos objetivos de elaboração, de SUBSEÇÃO II
implementação, de apoio, de monitoramento e de DA REDE NACIONAL DE QUALIDADE DE VIDA
avaliação de iniciativas de saúde biopsicossocial, PARA OS PROFISSIONAIS DE SEGURANÇA
saúde ocupacional e segurança no trabalho, PÚBLICA
mecanismos de proteção e valorização dos
profissionais de segurança pública e defesa social; Art. 33-A. Fica instituída, no âmbito do Programa
II - estimulará a integração, a colaboração e a Pró-Vida, a Rede Nacional de Qualidade de Vida
articulação das instituições de segurança pública e para os Profissionais de Segurança Pública - Rede
defesa social no âmbito dos eixos de que trata o § Pró-Vida, com a finalidade de:
2º. I - colaborar com a articulação das instituições de
§ 2º São eixos de implementação do Programa segurança pública e defesa social no âmbito dos
Pró-Vida: eixos de que trata o § 2º do art. 33;
I - saúde biopsicossocial - compreende ações de II - estimular a produção de conhecimentos
atenção à saúde, à luz das interações entre as técnico-científicos relativos aos eixos de que trata
dimensões biológica, psicológica e social, com o § 2º do art. 33;
vistas a integrar de forma sistêmica as diferentes III - contribuir para o compartilhamento e a
abordagens terapêuticas; multiplicação do conhecimento de que trata o
II - saúde ocupacional e segurança no trabalho inciso II;
- compreende ações de promoção da saúde e de IV - difundir as ações executadas no âmbito do
proteção dos profissionais da segurança pública e Programa Pró-Vida; e
o desenvolvimento geral dos aspectos estruturais V - coletar contribuições dos órgãos e das
e gerenciais do meio ambiente do trabalho; entidades a que se refere o art. 33-B para o
III - mecanismos de proteção - mecanismos aperfeiçoamento do Programa Pró-Vida.
instituídos com vistas à garantia da dignidade e à Art. 33-B. A Rede Pró-Vida é composta por
proteção dos profissionais de segurança pública e representantes dos seguintes órgãos e entidades:
defesa social contra aquilo que possa limitar a sua I - do Ministério da Justiça e Segurança Pública,
capacidade de atender às suas necessidades dos quais:
fundamentais, em situações de vulnerabilidade e a) um da Secretaria Nacional de Segurança
de violação de direitos; e Pública, que a coordenará;
IV - valorização dos profissionais de segurança b) um da Secretaria de Gestão e Ensino em
pública e defesa social - compreende ações com Segurança Pública;
impacto na cultura e no clima organizacional, c) um da Secretaria de Operações Integradas;
orientadas para a promoção da dignidade, da d) um da Secretaria Nacional de Política Sobre
realização e do reconhecimento profissional. Drogas e Gestão de Ativos;
§ 3º As ações de direitos humanos dos e) um da Polícia Federal;
profissionais de segurança pública e defesa social, f) um da Polícia Rodoviária Federal;
relacionadas aos mecanismos de proteção, serão g) um do Departamento Penitenciário Nacional; e
desenvolvidas no âmbito do Programa Pró-Vida, II - do Ministério da Mulher, da Família e dos
em cooperação com os demais órgãos e Direitos Humanos;
entidades com competências complementares. III - das instituições estaduais ou distritais de
§ 4º Compete à Secretaria Nacional de Segurança segurança pública, quando manifestado o
Pública do Ministério da Justiça e Segurança interesse em participar da Rede Pró-Vida,
representadas por um profissional pertencente: do Ministro de Estado da Justiça e Segurança
a) às Polícias Militares; Pública.
b) aos Corpos de Bombeiros Militares;
c) às Polícias Civis; CAPÍTULO V
d) às Polícias Penais Estaduais e Distrital; e DO CONSELHO NACIONAL DE SEGURANÇA
e) aos Institutos Oficiais de Criminalística, de PÚBLICA E DEFESA SOCIAL
Medicina legal e de Identificação, quando couber. SEÇÃO I
§ 1º Cada membro da Rede Pró-Vida terá um DA COMPOSIÇÃO DO CONSELHO NACIONAL
suplente, que o substituirá em suas ausências e DE SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL
seus impedimentos.
§ 2º A participação na Rede Pró-Vida será Art. 35. O Conselho Nacional de Segurança
considerada prestação de serviço público Pública e Defesa Social - CNSP terá a seguinte
relevante, não remunerada. composição:
§ 3º A Rede Pró-Vida se reunirá, em caráter I - o Ministro de Estado da Justiça e Segurança
ordinário, semestralmente e, em caráter Pública, que o presidirá;
extraordinário, mediante convocação de seu II - o Secretário-Executivo do Ministério da Justiça
Coordenador. e Segurança Pública, que exercerá a vice-
§ 4º Os membros da Rede Pró-Vida que se presidência e substituirá o Presidente em suas
encontrarem no Distrito Federal se reunirão ausências e seus impedimentos;
presencialmente ou por videoconferência, nos III - o Diretor-Geral da Polícia Federal;
termos do disposto no Decreto nº 10.416, de 7 de IV - o Diretor-Geral da Polícia Rodoviária Federal;
julho de 2020, e os membros que se encontrarem V - o Diretor-Geral do Departamento Penitenciário
em outros entes federativos participarão da Nacional;
reunião por meio de videoconferência. VI - o Secretário Nacional de Segurança Pública;
§ 5º O quórum de aprovação da Rede Pró-Vida é VII - o Secretário Nacional de Proteção e Defesa
de maioria simples. Civil;
§ 6º Na hipótese de empate, além do voto VIII - o Secretário Nacional de Políticas sobre
ordinário, o Coordenador da Rede Pró-Vida terá o Drogas;
voto de qualidade. IX - os seguintes representantes da administração
§ 7º O Coordenador da Rede Pró-Vida poderá pública federal, indicados pelo Ministro de Estado
convidar representantes de outros órgãos e correspondente:
entidades, públicos ou privados, para participar de a) um representante da Casa Civil da Presidência
suas reuniões, sem direito a voto. da República;
§ 8º A Secretaria-Executiva da Rede Pró-Vida será b) um representante do Ministério da Defesa;
exercida pela Secretaria Nacional de Segurança c) um representante do Ministério da Mulher, da
Pública do Ministério da Justiça e Segurança Família e dos Direitos Humanos;
Pública. d) um representante do Gabinete de Segurança
Institucional da Presidência da República;
CAPÍTULO IV X - os seguintes representantes estaduais e
DA INTEGRAÇÃO DOS MECANISMOS DE distrital:
PREVENÇÃO E CONTROLE DE ATOS ILÍCITOS a) um representante das polícias civis, indicado
CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA pelo Conselho Nacional de Chefes de Polícia Civil;
b) um representante das polícias militares,
Art. 34. Sem prejuízo das competências atribuídas indicado pelo Conselho Nacional de Comandantes
à Controladoria-Geral da União pela Lei nº 12.846, Gerais;
de 1º de agosto de 2013, caberá ao Ministério da c) um representante dos corpos de bombeiros
Justiça e Segurança Pública praticar os atos militares, indicado pelo Conselho Nacional dos
necessários para integrar e coordenar as ações Corpos de Bombeiros Militares do Brasil;
dos órgãos e das entidades federais de prevenção d) um representante das secretarias de segurança
e controle de atos ilícitos contra a administração pública ou de órgãos congêneres, indicado pelo
pública e referentes à ocultação ou à dissimulação Colégio Nacional dos Secretários de Segurança
de bens, direitos e valores, definidos em plano Pública;
estratégico anual, aprovado de acordo com os e) um representante dos institutos oficiais de
critérios e os procedimentos estabelecidos em ato criminalística, medicina legal e identificação,
indicado pelo Conselho Nacional de Perícia entidades de profissionais de segurança pública
Criminal; e que manifestem interesse em participar do CNSP.
f) um representante dos agentes penitenciários, § 4º O processo a que se refere o § 3º será
indicado por conselho nacional devidamente precedido de convocação pública, cujos termos
constituído; serão aprovados na primeira reunião deliberativa
XI - um representante dos agentes de trânsito, do CNSP, observados o requisito de
indicado por conselho nacional devidamente representatividade e os critérios objetivos
constituído; definidos também na primeira reunião.
XII - um representante das guardas municipais, § 5º O mandato dos representantes a que se
indicado por conselho nacional devidamente referem o inciso IX ao inciso XX do caput será de
constituído; dois anos, admitida uma recondução.
XIII - um representante da Guarda Portuária, § 6º A participação no CNSP será considerada
indicado por conselho nacional devidamente prestação de serviço público relevante, não
constituído; remunerada.
XIV - um representante do Poder Judiciário,
indicado pelo Conselho Nacional de Justiça; SEÇÃO II
XV - um representante do Ministério Público, DO FUNCIONAMENTO DO CONSELHO
indicado pelo Conselho Nacional do Ministério NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA E
Público; DEFESA SOCIAL
XVI - um representante da Defensoria Pública,
indicado pelo Colégio Nacional de Defensores Art. 37. O CNSP se reunirá, em caráter ordinário,
Públicos Gerais; semestralmente, e, em caráter extraordinário,
XVII - um representante da Ordem dos Advogados sempre que convocado por seu Presidente.
do Brasil, indicado pelo Conselho Federal da § 1º As reuniões ordinárias e extraordinárias do
Ordem dos Advogados do Brasil; CNSP serão realizadas com a presença da
XVIII - dois representantes de entidades da maioria simples de seus representantes.
sociedade civil organizada cuja finalidade esteja § 2º As reuniões do CNSP ocorrerão,
relacionada com políticas de segurança pública e preferencialmente, por videoconferência.
defesa social, eleitos nos termos do disposto no § § 3º As recomendações do CNSP serão
3º; aprovadas pela maioria simples de seus
XIX - dois representantes de entidades de representantes e caberá ao seu Presidente, além
profissionais de segurança pública, eleitos nos do voto ordinário, o voto de qualidade para
termos do disposto no § 3º; e desempate.
XX - os seguintes indicados, de livre escolha e § 4º O CNSP poderá convidar representantes de
designação pelo Ministro de Estado da Justiça e outros órgãos e entidades, públicos ou privados,
Segurança Pública: para participar de suas reuniões, sem direito a
a) um representante do Poder Judiciário; voto.
b) um representante do Ministério Público; e Art. 38.O CNSP poderá criar até dez câmaras
c) até oito representantes com notórios técnicas com exercício simultâneo.
conhecimentos na área de políticas de segurança Parágrafo único. As câmaras técnicas terão
pública e defesa social e com reputação ilibada. caráter temporário, com duração não superior a
XXI - o Secretário de Operações Integradas do um ano, e serão constituídas por, no máximo, sete
Ministério da Justiça e Segurança Pública. membros.
§ 1º O Ministro de Estado da Justiça e Segurança Art. 39. Caberá ao Ministério da Justiça e
Pública designará os representantes a que se Segurança Pública a edição dos demais atos
referem o inciso IX ao inciso XVII do caput. administrativos necessários à consecução das
§ 2º Cada representante titular terá um atividades do CNSP, por intermédio de sua
representante suplente para substituí-lo em suas Secretaria-Executiva ou de unidade que venha a
ausências e seus impedimentos. ser instituída para esse fim em regimento interno,
§ 3º Os representantes a que se referem os que prestará apoio técnico e administrativo ao
incisos XVIII e XIX do caput serão escolhidos por CNSP e às suas câmaras técnicas.
meio de processo aberto a entidades da
sociedade civil organizada cuja finalidade esteja
relacionada com políticas de segurança pública e
SEÇÃO III social, prisionais e sobre drogas, e para a unidade
DA COMPETÊNCIA DO CONSELHO NACIONAL de registro das ocorrências policiais;
DE SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL V - propor a criação de grupos de trabalho com o
objetivo de produzir e publicar estudos e
Art. 40. O CNSP, órgão colegiado permanente, diagnósticos para a formulação e a avaliação de
integrante estratégico do Susp, tem competência políticas públicas relacionadas com segurança
consultiva, sugestiva e de acompanhamento social pública e defesa social;
das atividades de segurança pública e defesa VI - prestar apoio e articular-se, sistematicamente,
social, respeitadas as instâncias decisórias e as com os conselhos estaduais, distrital e municipais
normas de organização da administração pública. de segurança pública e defesa social, com vistas à
Parágrafo único. O CNSP exercerá o formulação de diretrizes básicas comuns e à
acompanhamento dos integrantes operacionais do potencialização do exercício de suas atribuições
Susp, a que se refere o § 2º do art. 9º da Lei nº legais e regulamentares;
13.675, de 2018 , e poderá recomendar VII - estudar, analisar e sugerir alterações na
providências legais às autoridades competentes, legislação pertinente; e
de modo a considerar, entre outros definidos em VIII - promover a articulação entre os órgãos que
regimento interno ou em norma específica, os integram o Susp e a sociedade civil.
seguintes aspectos: Parágrafo único. O CNSP divulgará anualmente
I - as condições de trabalho, a valorização e o e, de forma extraordinária, quando necessário, as
respeito pela integridade física e moral de seus avaliações e as recomendações que emitir a
integrantes; respeito das matérias de sua competência.
II - o cumprimento das metas definidas de acordo Art. 41-A. As convocações para as reuniões do
com o disposto na Lei nº 13.675, de 2018 , para a CNSP, do Conselho Gestor do Sinesp e da
consecução dos objetivos do órgão; Comissão Permanente do Sinaped especificarão
III - o resultado célere na apuração das denúncias o horário de início das atividades e previsão para
em tramitação nas corregedorias; e seu término.
IV - o grau de confiabilidade e aceitabilidade do § 1º Na hipótese de reunião ordinária com duração
órgão pela população por ele atendida. superior a duas horas, deverá ser especificado
Art. 41. Compete, ainda, ao CNSP: período para votação, que não poderá ser superior
I - propor diretrizes para políticas públicas a duas horas.
relacionadas com segurança pública e defesa § 2º É vedada a divulgação de discussões em
social, com vistas à prevenção e à repressão da curso nos colegiados sem a prévia anuência do
violência e da criminalidade e à satisfação de Ministro de Estado da Justiça e Segurança
princípios, diretrizes, objetivos, estratégias, meios Pública.
e instrumentos da Política Nacional de Segurança Art. 41-B. A participação nos colegiados e nos
Pública e Defesa Social, estabelecidos no art. 4º subcolegiados de que trata este Decreto será
ao art. 8º da Lei nº 13.675, de 2018; considerada prestação de serviços públicos
II - apreciar o Plano Nacional de Segurança relevante, não remunerada.
Pública e Defesa Social e, quando necessário, Art. 41-C. Os regimentos internos dos colegiados
fazer recomendações relativamente aos objetivos, serão elaborados no prazo de noventa dias,
às ações estratégicas, às metas, às prioridades, contado da data de publicação deste Decreto.
aos indicadores e às formas de financiamento e Parágrafo único. Os regimentos internos de que
gestão das políticas de segurança pública e trata o caput serão aprovados por maioria
defesa social nele estabelecidos; simples.
III - propor ao Ministério da Justiça e Segurança
Pública e aos integrantes do Susp a definição
anual de metas de excelência com vistas à
prevenção e à repressão das infrações penais e
administrativas e à prevenção de desastres, por
meio de indicadores públicos que demonstrem, de
forma objetiva, os resultados pretendidos;
IV - contribuir para a integração e a
interoperabilidade de informações e dados
eletrônicos sobre segurança pública e defesa
INSTITUI A POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO frequentes que acometem a população privada de
INTEGRALÀ SAÚDE DAS PESSOAS PRIVADAS liberdade no sistema prisional;
DE LIBERDADE NO SISTEMA PRISIONAL IV - respeito à diversidade étnico-racial, às
(PNAISP) NO ÂMBITO DO SUS limitações e às necessidades físicas e mentais
(PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 1/2014) especiais, às condições econômicosociais, às
práticas e concepções culturais e religiosas, ao
Art. 1º Fica instituída a Política Nacional de gênero, à orientação sexual e à identidade de
Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas gênero; e
de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP) no V - intersetorialidade para a gestão integrada e
âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). racional e para a garantia do direito à saúde.
Art. 2º Entende-se por pessoas privadas de Art. 5º É objetivo geral da PNAISP garantir o
liberdade no sistema prisional aquelas com idade acesso das pessoas privadas de liberdade no
superior a 18 (dezoito) anos e que estejam sob a sistema prisional ao cuidado integral no SUS.
custódia do Estado em caráter provisório ou Art. 6º São objetivos específicos da PNAISP:
sentenciados para cumprimento de pena privativa I - promover o acesso das pessoas privadas de
de liberdade ou medida de segurança, conforme liberdade à Rede de Atenção à Saúde, visando ao
previsto no Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro cuidado integral;
de 1941 (Código Penal) e na Lei nº 7.210, de 11 II - garantir a autonomia dos profissionais de
de julho de 1984 (Lei de Execução Penal). saúde para a realização do cuidado integral das
Art. 3º A PNAISP será regida pelos seguintes pessoas privadas de liberdade;
princípios: III - qualificar e humanizar a atenção à saúde no
I - respeito aos direitos humanos e à justiça social; sistema prisional por meio de ações conjuntas das
II - integralidade da atenção à saúde da população áreas da saúde e da justiça;
privada de liberdade no conjunto de ações de IV - promover as relações intersetoriais com as
promoção, proteção, prevenção, políticas de direitos humanos, afirmativas e sociais
assistência, recuperação e vigilância em saúde, básicas, bem como com as da Justiça Criminal; e
executadas nos diferentes níveis de atenção; V - fomentar e fortalecer a participação e o
III - equidade, em virtude de reconhecer as controle social.
diferenças e singularidades dos sujeitos de Art. 7º Os beneficiários da PNAISP são as
direitos; pessoas que se encontram sob custódia do
IV - promoção de iniciativas de ambiência Estado inseridas no sistema prisional ou em
humanizada e saudável com vistas à garantia da cumprimento de medida de segurança.
proteção dos direitos dessas pessoas; § 1º As pessoas custodiadas nos regimes
V - corresponsabilidade interfederativa quanto à semiaberto e aberto serão preferencialmente
organização dos serviços segundo a assistida nos serviços da rede de atenção à
complexidade das ações desenvolvidas, saúde.
assegurada por meio da Rede Atenção à Saúde § 2º As pessoas submetidas à medida de
no território; e segurança, na modalidade tratamento
VI - valorização de mecanismos de participação ambulatorial, serão assistidas nos serviços da
popular e controle social nos processos de rede de atenção à saúde.
formulação e gestão de políticas para atenção à Art. 8º Os trabalhadores em serviços penais, os
saúde das pessoas privadas de liberdade. familiares e demais pessoas que se relacionam
Art. 4º Constituem-se diretrizes da PNAISP: com as pessoas privadas de liberdade serão
I - promoção da cidadania e inclusão das pessoas envolvidos em ações de promoção da saúde e de
privadas de liberdade por meio da articulação com prevenção de agravos no âmbito da PNAISP.
os diversos setores de desenvolvimento social, Art. 9º As ações de saúde serão ofertadas por
como educação, trabalho e segurança; serviços e equipes interdisciplinares, assim
II - atenção integral resolutiva, contínua e de definidas:
qualidade às necessidades de saúde da I - a atenção básica será ofertada por meio das
população privada de liberdade no sistema equipes de atenção básica das Unidades Básicas
prisional, com ênfase em atividades preventivas, de Saúde definidas no território ou por meio das
sem prejuízo dos serviços assistenciais; Equipes de Saúde no Sistema Prisional (ESP),
III - controle e/ou redução dos agravos mais observada a pactuação estabelecida; e
II - a oferta das demais ações e serviços de saúde
será prevista e pactuada na Rede de Atenção à Atenção à Saúde da Pessoa Privada de
Saúde. Liberdade, de acordo com o modelo constante no
Parágrafo único. A oferta de ações de saúde anexo III; e
especializada em serviços de saúde localizados V - encaminhamento da respectiva documentação
em complexos penitenciários e/ou unidades ao Ministério da Saúde para aprovação.
prisionais com população superior a 1.000 (mil) § 1º A adesão municipal, uma vez aprovada pelo
pessoas privadas de liberdade será Ministério da Saúde, será publicada no Diário
regulamentada por ato específico do Ministro de Oficial da União por ato específico do Ministro
Estado da Saúde. de Estado da Saúde.
Art. 10. Os serviços de saúde nas unidades § 2º Ao Município que aderir a PNAISP será
prisionais serão estruturados como pontos de garantida a aplicação de um índice para
atenção da Rede de Atenção à Saúde e complementação dos valores a serem repassados
cadastrados no Sistema Cadastro Nacional de pela União a título de incentivo financeiro, que
Estabelecimentos de Saúde (SCNES). será objeto de ato específico do Ministro de
Art. 11. A assistência farmacêutica no âmbito Estado da Saúde.
desta Política será disciplinada em ato específico Art. 15. Compete à União:
do Ministro de Estado da Saúde. I - por intermédio do Ministério da Saúde:
Art. 12. A estratégia e os serviços para avaliação a) elaborar planejamento estratégico para
psicossocial e monitoramento das medidas implementação da PNAISP, em cooperação
terapêuticas aplicáveis às pessoas com transtorno técnica com Estados, Distrito Federal e
mental em conflito com a lei, instituídos no âmbito Municípios, considerando as questões prioritárias
desta Política, serão regulamentados em ato e as especificidades regionais, de forma contínua
específico do Ministro de Estado da Saúde. e articulada com o Plano Nacional de Saúde e
Art. 13. A adesão à PNAISP ocorrerá por meio da instrumentos de planejamento e pactuação do
pactuação do Estado e do Distrito Federal com a SUS;
União, sendo observados os seguintes critérios: b) garantir a continuidade da PNAISP por meio da
I - assinatura de Termo de Adesão, conforme inclusão de seus componentes nos Planos
modelo constante no anexo I a esta Portaria; Plurianuais e nos Planos Nacionais de Saúde;
II - elaboração de Plano de Ação Estadual para c) garantir fontes de recursos federais para
Atenção à Saúde da Pessoa Privada de compor o financiamento de programas e ações na
Liberdade, de acordo com o modelo constante no rede de atenção à saúde nos Estados, Distrito
anexo III a esta Portaria; e Federal e Municípios, transferindo de forma
III - encaminhamento da respectiva documentação regular e automática, os recursos do Fundo
ao Ministério da Saúde para aprovação. Nacional de Saúde;
§ 1º A adesão estadual, uma vez aprovada pelo d) definir estratégias para incluir de maneira
Ministério da Saúde, será publicada no Diário fidedigna as informações epidemiológicas das
Oficial da União por ato específico do Ministro de populações prisionais nos sistemas de informação
Estado da Saúde. do Ministério da Saúde;
§ 2º Ao Estado e ao Distrito Federal que aderir à e) avaliar e monitorar as metas nacionais de
PNAISP será garantida a aplicação de um índice acordo com a situação epidemiológica e as
para complementação dos valores a serem especificidades regionais, utilizando os
repassados pela União a título de incentivo, que indicadores e instrumentos que sejam mais
será objeto de ato específico do Ministro de adequados;
Estado da Saúde. f) prestar assessoria técnica e apoio institucional
Art. 14. A adesão municipal à PNAISP será no processo de gestão, planejamento, execução,
facultativa, devendo observar os seguintes monitoramento e avaliação de programas e ações
critérios: da PNAISP na rede de atenção à saúde;
I - adesão estadual à PNAISP; g) apoiar a articulação de instituições, em parceria
II - existência de população privada de liberdade com as Secretarias de Saúde dos Estados, do
em seu território; Distrito Federal e dos Municípios, para
III - assinatura do Termo de Adesão Municipal, capacitação e educação permanente dos
conforme modelo constante no anexo II a esta profissionais de saúde para a gestão,
Portaria; planejamento, execução, monitoramento e
IV - elaboração de Plano de Ação Municipal para avaliação de programas e ações da PNAISP no
SUS; da área prisional e da saúde com o objetivo de
h) prestar assessoria técnica aos Estados, Distrito subsidiar o planejamento das ações de saúde;
Federal e Municípios na implantação dos sistemas e) apoiar a organização e a implantação dos
de informação em saúde que contenham sistemas de informação em saúde a serem
indicadores específicos da PNAISP; utilizados pelas gestões federais, estaduais,
i) apoiar e fomentar a realização de pesquisas distritais e municipais da área prisional e da
consideradas estratégicas no contexto desta saúde;
Política, mantendo atualizada uma agenda de f) assistir técnica e financeiramente, no âmbito da
prioridades de pesquisa para o SUS; sua atribuição, na construção, na reforma e no
j) promover, no âmbito de sua competência, a aparelhamento do espaço físico necessário à
articulação intersetorial e interinstitucional unidade de saúde dentro dos estabelecimentos
necessária à implementação das diretrizes da penais;
PNAISP; g) acompanhar a fiel aplicação das normas
k) promover ações de informação, educação e sanitárias nacionais e internacionais, visando
comunicação em saúde, visando difundir a garantir as condições de habitabilidade, higiene e
PNAISP; humanização das ambiências prisionais;
l) propor estratégias para o desenvolvimento de h) elaborar e divulgar normas técnicas sobre
habilidades necessárias dos gestores e segurança para os profissionais de saúde dentro
profissionais atuantes no âmbito da PNAISP, por dos estabelecimentos penais;
meio dos processos de educação permanente em i) incentivar a inclusão dos agentes penitenciários
saúde, em consonância com as diretrizes nos programas de capacitação/sensibilização em
nacionais e realidades locorregionais; saúde para a população privada de liberdade; e
m) estimular e apoiar o processo de discussão j) colaborar com os demais entes federativos para
sobre as ações e programas em saúde prisional, a inserção do tema "Saúde da Pessoa Privada de
com participação dos setores organizados da Liberdade" nos espaços de participação e controle
sociedade nas instâncias colegiadas e de controle social da justiça, nas escolas penitenciárias e
social, em especial no Conselho Nacional de entre os custodiados.
Saúde (CNS), no Conselho Nacional de Justiça Art. 16.Compete ao Estado e ao Distrito Federal:
(CNJ) e no Conselho Nacional de Política Criminal I - por intermédio da Secretaria Estadual de
e Penitenciária (CNPCP); e Saúde:
n) apoiar, técnica e financeiramente, a construção, a) executar, no âmbito da atenção básica, as
a ampliação, a adaptação e o aparelhamento das ações de promoção, proteção e recuperação da
unidades básicas de saúde em estabelecimentos saúde da população privada de liberdade,
prisionais; e referenciada em sua pactuação;
II - por intermédio do Ministério da Justiça: b) coordenar e implementar a PNAISP, no âmbito
a) executar as ações de promoção, proteção e do seu território, respeitando suas diretrizes e
recuperação da saúde, no âmbito da atenção promovendo as adequações necessárias, de
básica, em todas as unidades prisionais sob sua acordo com o perfil epidemiológico e as
gestão; especificidades regionais e locais;
b) elaborar o plano de acompanhamento em c) elaborar o plano de ação para implementação
saúde dentro dos instrumentos de planejamento e da PNAISP junto com a Secretaria de Justiça e a
gestão para garantir a continuidade da PNAISP, Administração Penitenciária ou congêneres,
considerando as questões prioritárias e as considerando as questões prioritárias e as
especificidades regionais de forma contínua e especificidades regionais, de forma contínua e
articulada com o SUS; articulada com o Plano de Saúde do Estado ou do
c) repassar informações atualizadas ao Ministério Distrito Federal e instrumentos de planejamento e
da Saúde acerca da estrutura, classificação dos pactuação do SUS;
estabelecimentos prisionais, número de d) implantar e implementar protocolos de acesso e
trabalhadores do sistema prisional e de pessoas acolhimento como instrumento de detecção
privadas de liberdade, dentre outras informações precoce e seguimento de agravos, viabilizando a
pertinentes à gestão; resolutividade no acompanhamento dos agravos
d) disponibilizar o acesso às informações do diagnosticados;
Sistema de Informação Penitenciária para as e) participar do financiamento para o
gestões federais, estaduais, distritais e municipais desenvolvimento das ações e serviços em saúde
de que tratam esta Portaria; de saúde desenvolvidas pelas equipes de saúde
f) prestar assessoria técnica e apoio institucional no sistema prisional;
aos Municípios e às regiões de saúde no processo k) garantir o transporte sanitário e a escolta para
de gestão, planejamento, execução, que o acesso dos presos aos serviços de saúde
monitoramento e avaliação da PNAISP; internos e externos se realize em tempo oportuno,
g) desenvolver mecanismos técnicos e estratégias conforme a gravidade;
organizacionais de capacitação e educação l) participar do planejamento e da realização das
permanente dos trabalhadores da saúde para a ações de capacitação de profissionais que atuam
gestão, planejamento, execução, monitoramento e no sistema prisional; e
avaliação de programas e ações no âmbito m) viabilizar o acesso de profissionais e agentes
estadual ou distrital, consoantes a PNAISP, públicos responsáveis pela realização de
respeitando as diversidades locais; e auditorias, pesquisas e outras formas de
h) promover, no âmbito de sua competência, as verificação às unidades prisionais, bem como aos
articulações intersetorial e interinstitucional ambientes de saúde prisional, especialmente os
necessárias à implementação das diretrizes da que tratam da PNAISP.
PNAISP, bem como a articulação do SUS na Art. 17. Compete ao Distrito Federal e aos
esfera estadual ou distrital; e Municípios, por meio da respectiva Secretaria de
II - por intermédio da Secretaria Estadual de Saúde, quando aderir à PNAISP:
Justiça, da Administração Penitenciária ou I - executar, no âmbito da atenção básica, as
congênere: ações de promoção, proteção e recuperação da
a) executar, no âmbito da atenção básica, as saúde da população privada de liberdade
ações de promoção, proteção e recuperação da referenciada em sua pactuação;
saúde em todas as unidades prisionais sob sua II - coordenar e implementar a PNAISP, no âmbito
gestão; do seu território, respeitando suas diretrizes e
b) assessorar os Municípios, de forma técnica, promovendo as adequações necessárias, de
junto à Secretaria Estadual de Saúde, no processo acordo com o perfil epidemiológico e as
de discussão e implantação da PNAISP; especificidades locais;
c) considerar estratégias de humanização que III - elaborar o plano de ação para implementação
atendam aos determinantes da saúde na da PNAISP junto com a Secretaria Estadual de
construção e na adequação dos espaços das Saúde e a Secretaria de Justiça, Administração
unidades prisionais; Penitenciária ou congêneres, considerando as
d) garantir espaços adequados nas unidades questões prioritárias e as especificidades regionais
prisionais a fim de viabilizar a implantação e de forma contínua e articulada com os Planos
implementação da PNAISP e a salubridade dos Estadual e Regionais de Saúde e os instrumentos
ambientes onde estão as pessoas privadas de de planejamento e pactuação do SUS;
liberdade; IV - cadastrar, por meio dos programas
e) adaptar as unidades prisionais para atender às disponíveis, as pessoas privadas de liberdade no
pessoas com deficiência, idosas e com doenças seu território, assegurando a sua identificação no
crônicas; Cartão Nacional de Saúde;
f) apoiar, técnica e financeiramente, a aquisição V - elaborar e executar as ações de vigilância
de equipamentos e a adequação do espaço físico sanitária e epidemiológica;
para implantar a ambiência necessária ao VI - implantar e implementar protocolos de acesso
funcionamento dos serviços de saúde no sistema e acolhimento como instrumento de detecção
prisional, seguindo as normas, regulamentos e precoce e seguimento de agravos, viabilizando a
recomendações do SUS e do CNPCP; resolutividade no acompanhamento dos agravos
g) atualizar e compartilhar os dados sobre a diagnosticados;
população privada de liberdade com a Secretaria VII - monitorar e avaliar, de forma contínua, os
Municipal de Saúde; indicadores específicos e os sistemas de
h) participar do financiamento das ações e informação da saúde, com dados produzidos no
serviços previstos na Política; sistema local de saúde;
i) garantir o acesso, a segurança e a conduta ética VIII - desenvolver mecanismos técnicos e
das equipes de saúde nos serviços de saúde do estratégias organizacionais de capacitação e
sistema prisional; educação permanente dos trabalhadores da saúde
j) apoiar intersetorialmente a realização das ações para a gestão, planejamento, execução,
monitoramento e avaliação de programas e ações da pessoa sob custódia, com anuência e
na esfera municipal e/ou das regionais de saúde, supervisão do serviço de saúde no sistema
com especial atenção na qualificação e estímulo à prisional.
alimentação dos sistemas de informação do SUS; § 2º Será proposta ao Juízo da Execução Penal a
IX - promover, junto à população do Distrito concessão do benefício da remição de pena para
Federal ou do Município, ações de informação, as pessoas custodiadas que trabalharem nos
educação e comunicação em saúde, visando programas de educação e promoção da saúde do
difundir a PNAISP; SUS e nos programas de apoio aos serviços de
X - fortalecer a participação e o controle social no saúde.
planejamento, na execução, no monitoramento e Art. 21. Os entes federativos terão prazo até 31 de
na avaliação de programas e ações no âmbito do dezembro de 2016 para efetuar as medidas
Conselho de Saúde do Distrito Federal ou do necessárias de adequação de suas ações e seus
Município e nas demais instâncias de controle serviços para que seja implementada a PNAISP
social existentes no município; e conforme as regras previstas nesta Portaria.
XI - promover, no âmbito de sua competência, a Parágrafo único. Enquanto não efetivada a
articulação intersetorial e interinstitucional implementação da PNAISP conforme as regras
necessária à implementação das diretrizes da previstas nesta Portaria, os entes federativos
PNAISP e a articulação do SUS na esfera manterão o cumprimento das regras previstas na
municipal. Portaria Interministerial nº 1.777/MS/MJ, de 9 de
Art. 18. O monitoramento e a avaliação da setembro de 2003.
PNAISP, dos serviços, das equipes e das ações Art. 22. Esta Portaria entra em vigor na data de
de saúde serão realizados pelo Ministério da sua publicação.
Saúde e pelo Ministério da Justiça por meio da Art. 23. Ficam revogadas:
inserção de dados, informações e documentos nos I - a Portaria Interministerial nº 1.777/MS/MJ, de 9
sistemas de informação da atenção à saúde. de setembro de 2003, publicada no Diário Oficial
Art. 19. Será instituído Grupo Condutor da da União nº 176, Seção 1, do dia 11 de setembro
PNAISP no âmbito de cada Estado e do Distrito de 2003, p. 39; e
Federal, formado pela respectiva Secretaria de II - a Portaria nº 240/GM/MS, de 31 de janeiro de
Saúde, pela respectiva Secretaria de Justiça ou 2007, publicada no Diário Oficial da União nº 23,
congênere, pela Administração Prisional ou Seção 1, do dia 1º de fevereiro de 2007, p. 65.
congênere, pelo Conselho de Secretários
Municipais de Saúde (COSEMS) do respectivo DIRETRIZES DE EDUCAÇÃO
Estado e pelo apoio institucional do Ministério da (RESOLUÇÃO Nº 3/2009)
Saúde, que terá como atribuições:
I - mobilizar os dirigentes do SUS e dos sistemas
prisionais em cada fase de implantação e Art. 1º Estabelecer as Diretrizes Nacionais para a
implementação da PNAISP; Oferta de Educação nos estabelecimentos penais.
II - apoiar a organização dos processos de Art. 2º As ações de educação no contexto
trabalho voltados para a implantação e prisional devem estar calcadas na legislação
implementação da PNAISP no Estado e no Distrito educacional vigente no país e na Lei de Execução
Federal; Penal, devendo atender as especificidades dos
III - identificar e apoiar a solução de possíveis diferentes níveis e modalidades de educação e
pontos críticos em cada fase de implantação e ensino.
implementação da PNAISP; e Art. 3º A oferta de educação no contexto prisional
IV - monitorar e avaliar o processo de implantação deve:
e implementação da PNAISP. I - atender aos eixos pactuados quando da
Art. 20. As pessoas privadas de liberdade poderão realização do Seminário Nacional pela Educação
trabalhar nos serviços de saúde implantados nas Prisões (2006), quais sejam:
dentro das unidades prisionais, nos programas de a) gestão, articulação e mobilização;
educação e promoção da saúde e nos programas b) formação e valorização dos profissionais
de apoio aos serviços de saúde. envolvidos na oferta de educação na prisão; e
§ 1º A decisão de trabalhar nos programas de c) aspectos pedagógicos; Ministério da Justiça e
educação e promoção da saúde do SUS e nos Segurança Pública Conselho Nacional de Política
programas de apoio aos serviços de saúde será
Criminal e Penitenciária Art. 9º Educadores, gestores, técnicos e agentes
II - resultar do processo de mobilização, penitenciários dos estabelecimentos penais devem
articulação e gestão dos Ministérios da Educação ter acesso a programas de formação integrada e
e Justiça, dos gestores estaduais e distritais da continuada que auxiliem na compreensão das
Educação e da Administração Penitenciária, dos especificidades e relevância das ações de
Municípios e da sociedade civil; educação nos estabelecimentos penais, bem
III - ser contemplada com as devidas como da dimensão educativa do trabalho.
oportunidades de financiamento junto aos órgãos § 1º Recomenda-se que os educadores
estaduais e federais; pertençam, preferencialmente, aos quadros da
IV - estar associada às ações de fomento à leitura Secretaria de Educação, sejam selecionados por
e a implementação ou recuperação de bibliotecas concursos públicos e percebam remuneração
para atender à população carcerária e aos acrescida de vantagens pecuniárias condizentes
profissionais que trabalham nos estabelecimentos com as especificidades do cargo.
penais; e § 2º A pessoa presa ou internada, com perfil e
V - promover, sempre que possível, o formação adequados, poderá atuar como monitor
envolvimento da comunidade e dos familiares no processo educativo, recebendo formação
do(a)s preso(a)s e internado(a)s e prever continuada condizente com suas práticas
atendimento diferenciado para contemplar as pedagógicas, devendo este trabalho ser
especificidades de cada regime, atentando-se remunerado. Ministério da Justiça e Segurança
para as questões de inclusão, acessibilidade, Pública Conselho Nacional de Política Criminal e
gênero, etnia, credo, idade e outras correlatas. Penitenciária
Art. 4º A gestão da educação no contexto prisional Art. 10. O planejamento das ações de educação
deve permitir parcerias com outras áreas de nas prisões poderá contemplar além das
governo, universidades e organizações da atividades de educação formal, propostas de
sociedade civil, com vistas à formulação, educação não-formal e formação profissional, bem
execução, monitoramento e avaliação de políticas como a inclusão da modalidade de educação à
públicas de estímulo à educação nas prisões. distância.
Art. 5º As autoridades responsáveis pelos Parágrafo único. Recomenda-se, a cada unidade
estabelecimentos penais devem propiciar espaços da federação, que as ações de educação formal
físicos adequados às atividades educacionais sigam um calendário comum aos
(salas de aula, bibliotecas, laboratórios, etc), estabelecimentos penais onde houver oferta.
integrar as práticas educativas às rotinas da Art. 11. O capítulo “Seminário Nacional pela
unidade prisional e difundir informações Educação nas Prisões: Significados e
incentivando a participação do(a)s preso(a)s e Proposições”, do Projeto “Educando para a
internado(a)s. Liberdade”, constitui o Anexo I da presente
Art. 6º A Direção dos estabelecimentos penais Resolução.
deve permitir que os documentos e materiais Parágrafo único. O texto integral do projeto
produzidos pelos Ministérios da Educação e da “Educando para a Liberdade”, pode ser
Justiça, Secretarias Estaduais de Educação e encontrado no seguinte endereço eletrônico
órgãos responsáveis pela Administração www.mj.gov.br/cnpcp.
Penitenciária, que possam interessar aos Art. 12. Esta Resolução entrará em vigor na data
educadores e educandos, sejam disponibilizados e de sua publicação.
socializados.
Art. 7º Devem ser elaboradas e priorizadas ANEXO I
estratégias que possibilitem a continuidade de SEMINÁRIO NACIONAL PELA EDUCAÇÃO NAS
estudos para os egressos, articulando-as com PRISÕES: SIGNIFICADOS E PROPOSIÇÕES
entidades que atuam no apoio dos mesmos – tais
como patronatos, conselhos e fundações de apoio O Seminário Nacional pela Educação nas Prisões
ao egresso e organizações da sociedade civil. foi realizado em Brasília entre os dias 12 e 14 de
Art. 8º O trabalho prisional, também entendido julho de 2006, como singular expressão dos
como elemento de formação integrado à esforços que os ministérios da Educação e da
educação, devendo ser ofertado em horário e Justiça e a Representação da UNESCO no Brasil
condições compatíveis com as atividades vêm envidando, no sentido de criar condições e
educacionais. possibilidades para o enfrentamento dos graves
problemas que perpassam a inclusão social de opinião pública, como muitas vezes conta com sua
apenados e egressos do sistema penitenciário. desaprovação.
(Vale destacar que esse projeto é financiado com Em termos históricos, esse cenário tem sido
recursos doados pelo governo japonês e confrontado a partir de práticas pouco
administrados pela Representação da UNESCO sistematizadas que, em geral, dependem da
no Brasil, cooperação esta que tornou possível iniciativa e das idiossincrasias de cada direção de
uma parte relevante dos resultados ora estabelecimento prisional. Não existe um
mencionados). aproximação entre as pastas da Educação e da
De fato, desde 2005, essas instituições trabalham Administração Penitenciária que viabilize uma
juntas em torno do Projeto Educando para a oferta coordenada e com bases conceituais mais
Liberdade, que deu origem a uma série de precisas. Ignoram-se, com isso:
atividades e conquistas no campo da educação o acúmulo teórico e prático de que o país dispõe
nas prisões. Oficinas técnicas, seminários no terreno da educação de jovens e adultos (EJA),
regionais, proposições para a alteração da lei de como modalidade específica para o atendimento
execução penal, financiamento de projetos junto do público em questão e seguramente mais
aos sistemas estaduais e o próprio fortalecimento apropriada para o enfrentamento dos desafios que
das relações entre os órgãos de governo ele impõe;
responsáveis pela questão no âmbito federal são a singularidade do ambiente prisional e a
alguns dos resultados que merecem ser pluralidade de sujeitos, culturas e saberes
contabilizados ao longo desse período. presentes na relação de ensino-aprendizagem; e
Toda essa disposição está fundada em duas a necessidade de se refletir sobre a importância
convicções. Primeiro, de que educação é um que o atendimento educacional na unidade
direito de todos. Depois, de que a concepção e prisional pode vir a ter, para a reintegração social
implementação de políticas públicas, visando ao das pessoas atendidas.
entendimento especial de segmentos da Nessas condições, o Seminário Nacional foi
população estrutural e historicamente fragilizados, idealizado como momento para que as discussões
constituem um dos modos mais significativos realizadas durante todas as atividades executadas
pelos quais o Estado e a Sociedade podem no projeto – ou a partir do projeto – pudessem ser
renovar o compromisso para com a realização traduzidas como orientações concretas aos órgãos
desse direito e a democratização de toda a do poder público e à sociedade civil em relação a
sociedade. este cenário, na perspectiva de inspirar a
O espaço e o tempo do sistema penitenciário, produção de experiências exemplares de sua
aliás, confirmam esses pressupostos. Embora não transformação.
faltem referências no plano interno e internacional, O presente relatório consolida os resultados dos
segundo as quais se devam colocar em marcha debates e proposições que a esse respeito foram
amplos programas de ensino, com a participação realizados por todos aqueles que, de uma maneira
dos detentos, a fim de responder às suas ou de outra, estiveram envolvidos nesse processo
necessidades e aspirações em matéria de de diálogo e construção coletiva.
educação, ainda são muito tímidos os resultados
alcançados. PROPOSTAS
Assim é que, como demonstram dados do Como desdobramento dos seminários regionais, o
ministério da Justiça, de 240.203 pessoas presas Seminário Nacional adotou uma divisão didática
em dezembro de 2004, apenas 44.167 das propostas em três grandes “eixos”, que afinal
desenvolviam atividades educacionais, o que foram preservados neste texto e encontram-se
equivale a aproximadamente 18% do total. Isso articulados e descritos abaixo. Evidentemente,
muito embora a maioria dessa população seja porém, cada um deve ser lido na perspectiva de
composta por jovens e adultos com baixa complementariedade em relação aos demais.
escolaridade: 70% não possuem o ensino
fundamental completo e 10,5% são analfabetos A - GESTÃO, ARTICULAÇÃO E MOBILIZAÇÃO
(BRASIL, 2004). Para agravar a situação, o As propostas enquadradas neste eixo destinam-se
cumprimento do direito de presos e presas à a fornecer estímulos e subsídios para a atuação
educação não apenas escapa dos reclamos da União, dos estados e da sociedade civil, com
cotidianos do que se convencionou chamar de vistas à formulação, execução e monitoramento de
políticas públicas para a educação nas prisões.
Nesse sentido, de acordo com os participantes de 8. A construção de espaços adequados para a
seminário, para que se garanta uma educação de oferta de educação, bem como de esporte e
qualidade para todos no sistema penitenciário, é cultura, seja proporcional à população atendida
importante que: em cada unidade.
1. O governo federal, por intermédio dos 9. As autoridades responsáveis pela gestão
ministérios da Educação e da Justiça, figure como transformem a escola em espaço de fato integrado
o responsável pelo fomento e indução de políticas às rotinas da unidade prisional e de execução
públicas de Estado no domínio da educação nas penal, com a inclusão de suas atividades no plano
prisões, estabelecendo as parcerias necessárias de segurança adotado.
junto aos estados e municípios. 10. O diagnóstico da vida escolar dos apenados
2. A oferta de educação no sistema penitenciário logo no seu ingresso ao sistema, com vistas a
seja fruto de uma articulação entre o órgão obter dados para a elaboração de uma proposta
responsável pela administração penitenciária e a educacional que atenda às demandas e
Secretaria de Educação que atue junto ao sistema circunstâncias de cada um, seja realizado.
local, cabendo a ambas a responsabilidade pela 11. O atendimento diferenciado para presos(as) do
gestão e pela coordenação desta oferta, sob a regime fechado, semi-aberto, aberto, presos
inspiração de Diretrizes Nacionais. provisórios e em liberdade condicional e aqueles
3. A articulação implique disponibilização de submetidos à medida de segurança independente
material pedagógico da modalidade de EJA para de avaliação meritocrática seja garantido.
as escolas que atuam no sistema penitenciário, 12. O atendimento contemple a diversidade,
como insumo para a elaboração de projetos atentando-se para as questões de inclusão,
pedagógicos adequados ao público em questão. acessibilidade, gênero, etnia, credo, idade e outras
4. O trabalho articulado encontre as devidas correlatas.
oportunidades de financiamento junto às pastas 13. Os responsáveis pela oferta elaborem
estaduais e aos órgãos ministeriais, especialmente estratégias para a garantia de continuidade de
com a inclusão dos alunos matriculados no Censo estudos para os egressos, articulando-as com
Escolar. entidades que atuam no apoio dos mesmos – tais
5. A gestão se mantenha aberta a parcerias com como patronatos, conselhos e fundações de apoio
outras áreas de governo, universidades e ao egresso e organizações da sociedade civil.
organizações da sociedade civil, sob a orientação 14. A remição pela educação seja garantida como
de Diretrizes Nacionais. um direito, de forma paritária com a remição
(Nesse sentido, podem ser relacionados como concedida ao trabalho e cumulativa quando
protagonistas do seminário: gestores vinculados envolver a realização paralela das duas
às pastas da Educação e da Administração atividades.
Penitenciária, educadores, agentes penitenciários, 15. O trabalho prisional seja tomado como
pesquisadores, especialistas e até mesmo elemento de formação e não de exploração de
apenados, cuja fala foi obtida e sistematizada por mão-de-obra, garantida a sua oferta em horário e
meio de Oficinas Teatrais realizadas nos Estados condições compatíveis com as da oferta de
do Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Rio de estudo.
Janeiro e Rio Grande do Sul, em parceria com o 16. Além de compatível, o trabalho prisional (e
Centro de teatro do Oprimido do Rio de Janeiro todas as demais atividades orientadas à de
(CTO/Rio)) reintegração social nas prisões) se torne
6. Os educadores do sistema pertençam, efetivamente integrado à educação.
preferencialmente, aos quadros da Secretaria de 17. A certificação não-estigmatizante para as
Educação, selecionados por concursos públicos e atividades cursadas pelos educandos (sejam eles
com remuneração acrescida de vantagens cursos regulares de ensino fundamental e médio,
pecuniárias condizentes com as especificidades atividades nãoformais, cursos profissionalizantes
do cargo. etc.), de maneira a conciliar a legislação e o
7. A gestão propicie espaços físicos adequados às interesse dos envolvidos, seja garantida.
práticas educativas (por exemplo: salas de aula, 18. A existência de uma política de incentivo ao
bibliotecas, laboratórios etc.), além de adquirir os livro e à leitura nas unidades, com implantação de
equipamentos e materiais necessários, evitando bibliotecas e com programas que atendam não
improvisos e mudanças constantes. somente aos alunos matriculados, mas a todos os
integrantes da comunidade prisional.
19. A elaboração de uma cartilha incentivando os conforme Resolução nº 04, do Conselho Nacional
apenados à participação nos programas de Política Criminal e Penitenciária.
educacionais, bem como informações relativas à 25. As instituições de ensino superior e os centros
remição pelo estudo. de pesquisa sejam considerados parceiros
20. Os documentos e materiais produzidos pelos potenciais no processo de formação e na
ministérios da Educação e da Justiça e/ou pelas organização e disponibilização de acervos
secretarias de Estado de Educação e de bibliográficos.
Administração Penitenciária, que possam 26. A formação dos servidores penitenciários
interessar aos educadores e educandos do contemple na sua proposta pedagógica a
sistema, sejam disponibilizados e socializados, dimensão educativa do trabalho desses
visando ao estreitamento da relação entre os profissionais na relação com o preso.
níveis de execução e de gestão da educação nas 27. Os atores estaduais estimulem a criação de
prisões. espaços de debate, formação, reflexão e
21. Sejam promovidos encontros regionais e discussão como fóruns e redes que reflitam sobre
nacionais sobre a educação nas prisões o papel da educação nas prisões.
envolvendo todos os atores relevantes, em 28. Os cursos superiores de graduação em
especial diretores de unidades prisionais e do Pedagogia e as demais licenciaturas incluam nos
setor de ensino, tendo como um dos itens de seus currículos a formação para a EJA e, nela, a
pauta a troca de experiências. educação prisional.
29. Os educandos e educadores recebam apoio
B - FORMAÇÃO E VALORIZAÇÃO DOS de profissionais técnicos (psicólogos, terapeutas,
PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS NA OFERTA fonoaudiólogos etc.) para o constante
As propostas enquadradas neste eixo destinam-se aprimoramento da relação de ensino-
a contribuir para a qualidade da formação e para aprendizagem.
as boas condições de trabalho de gestores, 30. A pessoa presa, com perfil e formação
educadores, agentes penitenciários e operadores adequados, possa atuar como monitor no
da execução penal. Nesse sentido, de acordo com processo educativo, recebendo formação
os participantes do Seminário, para que se continuada condizente com suas práticas
garanta uma educação de qualidade para todos no pedagógicas, com direito à remição e
sistema penitenciário, é importante que: remuneração.
22. Ao ingressar no cotidiano do sistema prisional,
o professor passe por um processo de formação, C - ASPECTOS PEDAGÓGICOS
promovido pela pasta responsável pela As propostas enquadradas neste eixo destinam-se
Administração Penitenciária em parceria com a da a garantir a qualidade da oferta da educação nas
Educação, no qual a educação nas prisões seja prisões, com base nos fundamentos conceituais e
tematizada segundo os marcos da política legais da educação de jovens e adultos, bem
penitenciária nacional. como os paradigmas da educação popular,
23. A formação continuada dos profissionais que calcada nos princípios da autonomia e da
atuam no sistema penitenciário ocorra de maneira emancipação dos sujeitos do processo educativo.
integrada, envolvendo diferentes áreas, como Nesse sentido, de acordo com os participantes do
trabalho, saúde, educação, esportes, cultura, seminário, para que se garanta uma educação de
segurança, assistência psicossocial e demais qualidade para todos no sistema penitenciário, é
áreas de interesse, de modo a contribuir para a importante que:
melhor compreensão do tratamento penal e 31. Venha a ser criado um regimento escolar
aprimoramento das diferentes funções de cada próprio para o atendimento nos estabelecimentos
segmento. de ensino do sistema prisional, no intuito de
24. No âmbito de seus projetos políticos- preservar a unidade filosófica, político-pedagógico
pedagógicos, as escolas de formação de estrutural e funcional das práticas de educação
profissionais penitenciários atuem de forma nas prisões.
integrada e coordenada para formação continuada 32. Seja elaborado, em cada estado, os seus
de todos os profissionais envolvidos e projetos pedagógicos próprios para a educação
aprimoramento nas condições de oferta da nas prisões, contemplando as diferentes
educação no sistema penitenciário. Nos estados dimensões da educação (escolarização, cultura,
em que elas não existem, sejam implementadas, esporte e formação profissional), considerando a
realidade do sistema prisional para a proposição § 1º O serviço referido no caput é composto pela
das metodologias. equipe de avaliação e acompanhamento das
33. Seja estimulada a produção de material medidas terapêuticas aplicáveis à pessoa com
didático específico para a educação no sistema transtorno mental em conflito com a lei (EAP), que
penitenciário, para complementar os recursos de tem o objetivo de apoiar ações e serviços para
EJA disponibilizados pela gestão local. atenção à pessoa com transtorno mental em
34. Seja elaborado um currículo próprio para a conflito com a Lei na Rede de Atenção à Saúde
educação nas prisões que considere o tempo e o (RAS), além de poder contribuir para que o
espaço dos sujeitos da EJA inseridos nesse Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e o
contexto e que enfrente os desafios que ele Sistema de Justiça Criminal atuem no sentido de
propõe em termos da sua reintegração social. redirecionar as medidas de segurança às
35. Seja elaborada essa proposta curricular a disposições da Lei nº 10.216/2001.
partir de um Grupo de Trabalho que ouça os § 2º O Grupo Condutor Estadual da Política
sujeitos do processo educativo nas prisões Nacional de Atenção Integral à Saúde das
(educadores, educandos, gestores do sistema Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema
prisional, agentes penitenciários e pesquisadores Prisional - PNAISP - deverá elaborar uma
de EJA e do sistema prisional). estratégia estadual para atenção à pessoa com
36. Seja incluída na educação de jovens e adultos transtorno mental em conflito com a Lei e
no sistema penitenciário a formação para o mundo contribuir para a sua implementação.
do trabalho, entendido como um lócus para a Art. 2º O serviço de avaliação e acompanhamento
construção da autonomia do sujeito e de de medidas terapêuticas aplicáveis à pessoa com
desenvolvimento de suas capacidades transtorno mental em conflito com a Lei observará
profissionais, intelectuais, físicas, culturais e as exigências do SUS que garantem o acesso à
sociais. RAS, para acompanhamento psicossocial integral,
37. Sejam os familiares dos presos e a resolutivo e contínuo, e contará com a justiça
comunidade em geral estimulados, sempre que criminal, nas seguintes condições:
possível, a acompanhar e a participar de I - garantia de transporte sanitário e escolta para
atividades educacionais que contribuam para o atendimento;
processo de reintegração social. II - garantia de acesso às unidades prisionais e
38. Sejam ampliadas as possibilidades de estabelecimentos de custodia e tratamento
educação a distância em seus diferentes níveis, psiquiátrico;
resguardando-se deste atendimento o ensino III - garantia do acesso às informações referentes
fundamental. à pessoa com transtorno mental em conflito com a
39. Sejam ampliadas as possibilidades de uso de Lei;
tecnologias nas salas de aula de unidades IV - garantia do cuidado adequado de acordo com
prisionais, visando ao enriquecimento da relação os Projetos Terapêuticos Singulares (PTS)
de ensinoaprendizagem. especificamente elaborados para alicerçar a
40. Seja garantida a autonomia do professor na medida de segurança e o processo terapêutico.
avaliação do aluno em todo o processo de ensino Art. 3º Para o efetivo cumprimento desta
aprendizagem. Resolução, deverão ser observados os seguintes
atos normativos:
ATENÇÃO EM SAÚDE MENTAL I - Resolução CNAS nº 145, de 15 de outubro de
(RESOLUÇÃO Nº 1/2014) 2004 que aprova a Política Nacional de
Assistência Social;
II - Portaria GM/MS nº 4.279, de 30 de dezembro
Art. 1º O acesso ao programa de atendimento de 2010, que estabelece diretrizes para a
específico apresentado pelos Arts 2º e 3º da organização da Rede de Atenção à Saúde no
Resolução CNPCP 4/2010, dar-seá por meio do âmbito do Sistema Único de Saúde;
serviço de avaliação e acompanhamento às III - Recomendação do Conselho Nacional de
medidas terapêuticas aplicáveis à pessoa com Justiça nº - 35, de 12 de Julho de 2011, que
transtorno mental em conflito com a Lei, recomenda que na execução da Medida de
consignado na Portaria MS/GM Nº 94, de 14 de Segurança, sejam adotadas políticas
janeiro de 2014. antimanicomiais;
IV - Portaria MS/GM nº 3.088, de 23 de dezembro
de 2011, que institui a Rede de Atenção liberdade no sistema prisional devem estar
Psicossocial (RAPS) para pessoas com sofrimento embasadas nos princípios e nas diretrizes do
ou transtorno mental e com necessidades Sistema Único da Saúde (SUS) e atender às
decorrentes do uso de crack, álcool e outras peculiaridades dessas pessoas e ao perfil
drogas e as estratégias de desinstitucionalização, epidemiológico da unidade prisional e da região
no âmbito do SUS; onde estes se encontram, atendendo às seguintes
V - Diretrizes do Plano Nacional de Política orientações:
Criminal e Penitenciária aprovadas na 372ª 2.1. Devem ser contempladas ações de
reunião ordinária do Conselho Nacional de Política prevenção, promoção e cuidado em saúde,
Criminal e Penitenciária (CNPCP), em 2 6 / 0 4 / 2 preconizadas na Política Nacional de Atenção
0 11 ; Básica (PNAB), constantes na Relação Nacional
VI - Política Nacional de Humanização (PNH), do de Ações e Serviços de Saúde (RENASES), no
SUS; âmbito do SUS.
VII - Portaria Interministerial MS/MJ nº 1.777, de 2.2. Para a execução das ações de saúde integral,
09 de setembro de 2003, que publica o Plano os sistemas prisionais deverão atuar em
Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário cooperação com os serviços e equipes do SUS,
(PNSSP); organizados de acordo com o consignado na
VIII - Portaria Interministerial nº 1/ MS/MJ , de 02 norma de operacionalização da PNAISP e na
de janeiro de 2014, que institui a Política Nacional PNAB.
de Atenção Integral à Saúde da Pessoa Privada 2.3. As administrações prisionais deverão facilitar
de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP); a implantação das equipes de saúde vinculadas
IX - Portaria MS/MJ nº 94, de 14 de janeiro de ao SUS, garantindo-lhes as infraestruturas
2014, que institui o serviço de avaliação e adequadas e segurança suficiente.
acompanhamento às medidas terapêuticas 2.4. As administrações prisionais deverão manter
aplicáveis à pessoa com transtorno mental em a ambiência prisional em seus módulos de
conflito com a Lei, no âmbito do Sistema Único de vivência, administração e assistência, adequados
Saúde (SUS). às diretrizes para a arquitetura penal vigente e às
Art. 4º Esta Resolução entra em vigor na data de normas e recomendações da Vigilância Sanitária.
sua publicação, revogadas as disposições em 2.5. As equipes de saúde no sistema prisional
contrário. (ESP) deverão receber educação permanente
para a execução das ações de Atenção Básica, de
ASSISTÊNCIA À SAÚDE acordo com as orientações do SUS.
(RESOLUÇÃO Nº 4/2014) 2.6. Deverá ser emitido o Cartão Nacional de
Saúde para todas as pessoas privadas de
Art. 1º Aprovar as Diretrizes Básicas para Atenção liberdade no sistema prisional que não o possuam,
Integral à Saúde das Pessoas Privadas de 2.7. As ações das equipes de saúde no sistema
Liberdade no Sistema Prisional, que integram o prisional deverão ser registradas eletronicamente
anexo a esta Resolução. nos sistemas de informação do SUS.
Art. 2º Fica revogada a Resolução nº. 7, de 14 de 2.8. No momento do ingresso em qualquer
abril de 2003. unidade prisional, toda pessoa privada de
Art. 3º Esta Resolução entra em vigor na data de liberdade deverá receber adequado atendimento
sua publicação. para avaliação da sua condição geral de saúde,
quando deverá ser aberto um prontuário clínico
DIRETRIZES BÁSICAS PARA ATENÇÃO onde serão registrados os resultados do exame
INTEGRAL À SAÚDE DAS PESSOAS físico completo, dos exames básicos, o
PRIVADAS DE LIBERDADE NO SISTEMA estabelecimento de possíveis diagnósticos e seu
PRISIONAL tratamento, o registro de doenças e agravos de
notificação compulsória e de ocorrência de
1. Estas diretrizes básicas se aplicam a quaisquer violência cometida por agente do estado ou
estabelecimentos que mantenham pessoas outros, assim como ações de imunização,
privadas de liberdade, em caráter provisório ou conforme o calendário de vacinação de adultos, de
definitivo. acordo com as normas e recomendações do SUS.
2. As ações de saúde às pessoas privadas de 2.9. O registro das condições clínicas e de saúde
das pessoas privadas de liberdade deverá ser feito
sistematicamente, utilizando-se, projeto terapêutico singular e na rede de atenção
preferencialmente, os prontuários clínicos psicossocial.
disponibilizados eletronicamente pelo SUS. Esta 2.17. A aquisição e a dispensação de
documentação deverá ser mantida sob a medicamentos às pessoas privadas de liberdade
responsabilidade do SUS, e o seu sigilo, acesso e serão geridas pelo SUS em cada território de
traslado a outras unidades de saúde deverão ser localização das unidades penais, respeitandose as
garantidos, conforme a legislação, normas e normas consignadas pelo SUS.
recomendações vigentes. 2.18. A Relação Nacional de Medicamentos
2.10. A atenção à saúde da mulher deverá ser Essenciais – RENAME – deverá constituir a base
prestada desde o seu ingresso no sistema de referência para a definição dos medicamentos
penitenciário, quando será realizada, além da utilizados pelo sistema penitenciário de cada
consulta clínica mencionada, também a consulta estado. Os medicamentos especializados e
ginecológica, incluindo as ações programáticas de estratégicos devem seguir o que está pactuado no
planejamento familiar e prevenção das infecções SUS. A aquisição destes medicamentos deverá
de transmissão sexual, prevenção do câncer ser realizada de acordo com a padronização de
cérvico-uterino e de mama, obedecendo, tratamento para as doenças prevalentes conforme
posteriormente, à periodicidade determinada pelo Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas,
SUS. definidos pelo SUS.
2.11. Os casos que exijam complementação 2.19. Os agentes penitenciários são cobertos
diagnóstica e/ou assistência de média e alta pelas ações de prevenção de doenças e
complexidade deverão ser referenciados na Rede promoção da saúde da PNAISP. Para melhor
de Atenção à Saúde do território. desenvolvimento destas ações, a equipe de saúde
2.12. A atenção à saúde das gestantes, prisional deverá solicitar apoio das Equipes
parturientes, nutrizes e dos seus filhos é garantida Técnicas e dos Centros de Referência em Saúde
pelo SUS, segundo as diretrizes e os protocolos do Trabalhador (CEREST), no âmbito da Rede
da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde Nacional de Atenção Integral à Saúde do
da Mulher, à Política Nacional de Atenção Integral Trabalhador (RENAST).
à Saúde da Criança e da Rede Cegonha.
2.13. Será garantida ambiência adequada e PADRÕES MÍNIMOS PARA A ASSISTÊNCIA
salubre ao binômio mãe-filho segundo as normas MATERIAL DO ESTADO À PESSOA PRIVADA
e recomendações da Vigilância Sanitária. DE LIBERDADE
2.14. A gestão estadual do sistema prisional e a (RESOLUÇÃO 4/2017)
direção dos estabelecimentos penais deverão
cumprir os regulamentos sanitários local, nacional Art. 1º Estabelecer parâmetro mínimos de lista de
e internacional, cabendo ao gestor do SUS a produtos de higiene, de artigos de asseio e roupas
vigilância epidemiológica e sanitária e a limpas às pessoas privadas de liberdade,
colaboração para alcançar este objetivo. considerando as suas especificidades, além de
2.15. A atenção em saúde bucal deve contemplar, colchão e roupas de cama e banho, de preferência
além das ações da atenção básica, a inclusão de de material ignífugo, conforme o Anexo I desta
procedimentos mais complexos, o aumento da Resolução, visando melhor qualidade no
resolutividade no pronto- atendimento, e a tratamento penal ofertado às pessoas privadas de
prevenção e diagnóstico do câncer bucal, segundo liberdade no sistema prisional.
as diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal. Art. 2º O vestuário e as roupas de cama deverão
2.16. As ações de saúde mental deverão estar em bom estado de conservação e serão
considerar as necessidades da população privada substituídos, no máximo, a cada quinze dias,
de liberdade para prevenção, promoção e para fins de higienização, salvo os cobertores e os
tratamento de agravos psicossociais, decorrentes agasalhos de moletom, o casaco de lã e as luvas
ou não do confinamento e do uso abusivo de cuja substituição ocorrerá quando necessário.
álcool e outras drogas. Para as pessoas com Art. 3º Quando a pessoa presa apresentar
qualquer transtorno mental suspeito ou já patologias, inclusive mentais, que necessitem
diagnosticado, que se encontrem em conflito com substituições diferenciadas dos itens de asseio,
a Lei, a atenção deverá ser orientada de acordo enxoval e uniforme, estas ocorrerão conforme a
com a Lei 10.216/2001 e as portarias nº situação o exigir.
3.088/2011 e 94/2014, mediante a adoção de
Art. 4º Em respeito às diferenças de gênero e MEDIDAS DE MONITORAÇÃO ELETRÔNICA,
demais especificidades, o fornecimento dos itens DECORRENTES DE ORDENS JUDICIAIS
de asseio, enxoval e uniforme devem ocorrer de (RESOLUÇÃO Nº 31/2022)
forma diferenciada e em quantidade adequada,
conforme a situação o exigir. Art. 1° A presente Resolução regulamenta a
Art. 5º Em unidades prisionais que abriguem implementação, acompanhamento, fiscalização e
mulheres e, transitoriamente, mulheres gestantes, encerramento das medidas de monitoração
nutrizes, bebês e crianças, o fornecimento de itens eletrônica, decorrentes de ordens judiciais,
de asseio, enxoval e uniforme deve respeitar a realizadas pelas Centrais de Monitoração, geridas
necessidade e a regularidade que a situação o pelo Departamento Penitenciário Nacional
exigir, incluindo kits com itens mínimos para a (DEPEN) e pelas administrações penitenciárias
maternidade. das unidades federadas.
Art. 6º Sugerir o fornecimento de kits mínimos, e Art. 2º Compete ao Poder Executivo, por meio da
custeio de passagem ou meio de retorno ao Secretaria responsável pela administração
domicílio, para a pessoa egressa do sistema penitenciária ou polícia penal, implementar os
prisional no momento de sua dispensa da unidade, serviços destinados à execução da monitoração,
conforme a situação o exigir. que deverão se estruturar na forma de Centrais
Art. 7º O par de tênis e o par de sandálias serão de Monitoração Eletrônica para atendimento ao
repostos quando o seu estado de conservação disposto na presente Resolução.
recomendar. § 1º As Centrais de Monitoração Eletrônica são
Art. 8º O colchão, lençóis, toalha de banho e responsáveis pela gestão do serviço de
cobertor serão mantidos em bom estado de monitoração eletrônica, o que inclui a
higiene, sendo substituídos quando o seu estado administração, execução e controle das medidas,
de conservação o exigir. conforme estabelecido no art. 4° do Decreto nº
Art. 9º O quantitativo dos itens do enxoval e do 7.627/2011.
uniforme, bem como suas características poderão § 2º Para atender à demanda de cada unidade
ser alterados de acordo com as condições federativa, especialmente a interiorização dos
climáticas da região geográfica onde se encontra a serviços de monitoração, poderão ser criados
Unidade Prisional e de acordo com as condições núcleos regionais vinculados às Centrais de
de gênero, patologias e especialmente existência Monitoração.
transitória de mulheres gestantes, nutrizes, bebês § 3º Referidos núcleos regionais, independente de
e crianças. realizar apenas parte das atividades de
Art. 10. A escolha dos materiais dos itens a serem acompanhamento e fiscalização das medidas de
entregues à pessoa privada de liberdade na monitoramento, deverão atender integralmente
admissão prisional, e dos itens com reposição aos preceitos da presente Resolução.
periódica, deve observar a segurança da pessoa § 4º Os serviços de monitoração eletrônica
privada de liberdade e dos profissionais que atuam deverão ser instalados em locais adequados, de
na unidade prisional. modo a favorecer as atividades de atendimento e
Art. 11. A reposição dos materiais deve ser acompanhamento das pessoas monitoradas.
realizada em razão de desgaste natural ou por § 5º As atribuições para exercício da atividade de
reposição periódica, sendo dever da pessoa monitoração eletrônica, especialmente as
privada de liberdade a conservação dos objetos de atividades-fim de acompanhamento e fiscalização,
uso pessoal, nos termos do art. 39, X, da Lei de são exclusivas de servidores públicos do sistema
Execução Penal. penitenciário.
Art. 12. Esta Resolução não se aplica a Art. 3º Toda regulamentação administrativa deve
assistência material prestada pelo Conselho da buscar a padronização da execução da medida de
Comunidade, cuja colaboração não exime os monitoração eletrônica em todo o território
deveres do Estado. nacional, sem prejuízo de condições específicas
Art. 14. Esta Resolução entra em vigor na data de determinadas por via judicial.
sua publicação. Art. 4° Considera-se monitoração eletrônica a
vigilância telemática posicional de pessoas através
do uso de dispositivo e tecnologias que permitam
indicar sua localização em tempo real.
§ 1º O dispositivo e tecnologias utilizadas deverão VI - acompanhar o efetivo cumprimento da medida
possuir mecanismos de detecção de rompimento, específica, podendo marcar, quando necessário,
descarregamento, violação de área de inclusão ou atendimento pessoal da pessoa monitorada no
exclusão, além de quaisquer outras condutas que respectivo núcleo ou realizar o acompanhamento
visem impedir ou fraudar as informações in loco para fiscalização das condições impostas
fornecidas quanto ao paradeiro da pessoa na decisão judicial;
monitorada ou o status do dispositivo. VII - informar, mensalmente, o quantitativo de
§ 2º Para os fins da presente resolução, áreas de dispositivos de monitoração eletrônica existentes,
inclusão ou exclusão são os perímetros instalados e disponíveis ao Grupo de
delimitados no software de monitoração que Monitoramento e Fiscalização (GMF) do tribunal
indicam os locais onde a pessoa monitorada terá de sua unidade federativa;
sua locomoção autorizada ou restrita, em VIII - encaminhar relatório circunstanciado sobre a
determinados horários, de acordo com as pessoa monitorada ao juízo competente, quando
condições estabelecidas na decisão judicial. por este determinado ou quando as circunstâncias
Art. 5º A monitoração eletrônica, realizada pelas assim o exigirem;
Centrais de Monitoração ou núcleos regionais IX - comunicar ao juízo competente, em até 48
vinculados àquelas, visa a promover: (quarenta e oito) horas, sobre fato que possa dar
I - a efetividade das medidas protetivas de causa à revogação da medida ou modificação de
urgência; suas condições, através de canais existentes ou
II - a garantia de efetividade de medida cautelar que venham a ser criados nos sistemas Banco
diversa da prisão; Nacional de Medidas Penais (BNMP) e Sistema de
III - a garantia de efetividade de cumprimento de Execução Eletrônico Unificado (SEEU) ou,
decisão judicial que tenha determinado a residualmente, através de sistemas de malote
monitoração eletrônica para cumprimento de digital;
acórdão ou sentença penal condenatória; X - criar, adequar e manter programas e equipes
IV - a reinserção social das pessoas monitoradas. multidisciplinares de acompanhamento e apoio à
Art. 6º Compete às Centrais de Monitoração: pessoa monitorada;
I - assegurar tratamento digno e não XI - elaborar, através de sua equipe técnica
discriminatório às pessoas monitoradas multidisciplinar, programas de conscientização
eletronicamente, bem como das mulheres em para as vítimas de violência doméstica, inclusive
situação de violência doméstica e familiar, quando sobre a importância do uso da UPR com o escopo
optarem pela utilização de Unidade Portátil de de reduzir o risco de nova agressão;
Rastreamento (UPR); XII - promover, através de sua equipe técnica
II - orientar a pessoa monitorada quanto aos seus multidisciplinar, o encaminhamento das pessoas
direitos e deveres, enquanto submetida à medida vítimas de violência doméstica às Redes de apoio
de monitoração, além de encaminhá-la aos e assistência, além do encaminhamento dos
serviços de proteção social, quando necessário; autores de tais delitos para programas de grupos
III - advertir a pessoa monitorada, no ato da reflexivos e acompanhamento psicossocial;
instalação do equipamento, das consequências do XIII - apresentar relatórios técnicos para as
descumprimento das condições estabelecidas, empresas fornecedoras do serviço de monitoração
bem ainda, dos danos ao dispositivo de a fim de evitar inconsistências na monitoração,
monitoração que deverá ser devolvido ao final de promover a melhoria dos mecanismos de
cumprimento da medida; segurança, aprimorar as funcionalidades do
IV - orientar as mulheres em situação de violência software de acompanhamento e a qualidade dos
doméstica e familiar que não utilizarem a Unidade dispositivos e suas características.
Portátil de Rastreamento (UPR) apropriadamente, Art. 7º A monitoração eletrônica será iniciada
a fazer bom uso do dispositivo, sendo vedada após o recebimento da ordem judicial, a
qualquer intervenção que gere revitimização; instalação do dispositivo, sua configuração e o
V - disponibilizar serviço de suporte técnico a cadastro das condições impostas na decisão no
pessoa monitorada por meio de contato telefônico sistema de acompanhamento.
ou atendimento presencial, de forma ininterrupta, § 1º A monitoração de que trata a presente
capaz de esclarecer dúvidas, resolver eventuais Resolução dar-se-á pela afixação ao corpo da
incidentes com vistas à adequada manutenção da pessoa monitorada de dispositivo não ostensivo
medida; de monitoração eletrônica, indicando a localização
da pessoa monitorada em determinados intervalos medida, deverão ser comunicados pela Central em
de tempo, o horário respectivo e dados de status até 48 (quarenta e oito horas) após a
do dispositivo, além de outras informações úteis à identificação da situação, acompanhada de
fiscalização do cumprimento de suas condições. manifestação demonstrando a inviabilidade
§ 2º Os intervalos de tempo de coleta e envio da técnica, ao juízo prolator da decisão ou
localização da pessoa monitorada não poderão responsável pelo acompanhamento da medida.
ser superiores a 30 (trinta) segundos, de modo a § 2º Da mesma forma, a existência de áreas de
alcançar a melhor performance de rastreamento inclusão ou exclusão sobrepostas, distanciamento
em tempo real. imposto incompatível com a distância entre as
§ 3º O dispositivo individual de monitoração deve residências da pessoa monitorada e vítima ou
possuir especificações técnicas que potencializem qualquer outra dificuldade para o início da
a duração da bateria que deverá ter capacidade execução da medida, deverá ser comunicada nos
mínima de 24 (vinte e quatro) horas de duração termos do parágrafo anterior, acompanhada de
e recarga facilitada, preferencialmente por meio de manifestação indicando a possível adequação a
carregador que não limite o deslocamento. cada caso.
Art. 8º A Central de Monitoração deverá balizar-se § 3º Na oportunidade do comparecimento, em
pelas condições especificadas na decisão judicial havendo condições técnicas, será efetuada a
quanto aos locais de acesso permitido e proibido, coleta de biometria para atualização da
as rotas permitidas e proibidas entre os locais identificação civil, bem como de material genético,
autorizados, os horários e dias de recolhimento se nas hipóteses previstas no art. 9º-A da Lei nº
houver, assim como o prazo de duração da 7.210/1984 - Lei de Execução Penal.
medida, que poderão ser modificadas, quando Art. 11. Ao ensejo da instalação do dispositivo, a
necessário, por nova ordem da autoridade pessoa monitorada será instruída, pessoalmente e
judicial ou pela própria Central de Monitoração, por escrito, quanto ao funcionamento do sistema
na forma do art. 12 desta Resolução. de monitoração eletrônica, de suas obrigações e
Parágrafo único. No caso de alterações das das consequências do descumprimento.
condições estabelecidas, estas passarão a vigorar Parágrafo único. Enquanto durar a monitoração,
somente após a pessoa monitorada ser sem prejuízo das demais condições fixadas na
pessoalmente comunicada. decisão que a determinar, são deveres da pessoa
Art. 9º Visando a coibir e prevenir a violência monitorada:
doméstica e familiar contra a mulher, para a I - receber visitas de membro da equipe da Central
efetiva fiscalização do cumprimento das medidas de Monitoração, responder aos seus contatos
protetivas de urgência, a vítima, desde que telefônicos e cumprir suas orientações;
manifeste anuência, também receberá dispositivo II - abster-se de qualquer comportamento que
não ostensivo de monitoração eletrônica, Unidade possa afetar o normal funcionamento da
Portátil de Rastreamento (UPR), que deverá ser monitoração eletrônica, especialmente atos
portada exclusivamente por ela junto ao corpo, tendentes a impedi-la ou dificultá-la, a eximir-se
de modo a detectar eventual descumprimento das dela, a ludibriar o servidor que a acompanha, a
medidas de proibição de aproximação e de causar dano ao equipamento utilizado para a
frequência a determinados lugares. atividade ou permitir que outrem o faça;
Art. 10. O servidor da Central de Monitoração, ao III - informar à Central de Monitoração se detectar
receber a pessoa a ser monitorada, verificará se a falhas no respectivo equipamento, no prazo de 1
decisão judicial contém todas as informações (uma) hora;
necessárias à monitoração, verificando se as IV - recarregar o equipamento, regularmente, de
condições pessoais da pessoa monitorada e seu forma correta;
local de residência possuem algum empecilho ao V - manter atualizada a informação de seus
início da monitoração. endereços residencial, de estudo e trabalho, bem
§ 1º Eventuais óbices à monitoração estabelecida, como os respectivos contatos telefônicos;
a exemplo de inexistência de cobertura telefônica VI - comparecer, quando convocada, à Central de
ou de sinal de GPS no local de residência da Monitoração.
pessoa monitorada ou da vítima quando estiver Art. 12. Caberá ao juízo responsável pela
utilizando a Unidade Portátil de Rastreamento determinação da monitoração, expressamente
(UPR), inexistência de fornecimento de energia em sua ordem judicial, permitir flexibilizações de
elétrica ou qualquer outro motivo que inviabilize a horários previamente definidos para atividades
externas, estudo, orientação religiosa, trabalho, III - violação de horários estabelecidos;
tratamento médico hospitalar ou ambulatorial III - perda de sinal de comunicação com o núcleo
frequente, mudança de endereço, devendo a de monitoração;
Central de Monitoração, ao receber a decisão, IV - descarregamento completo da bateria do
proceder ao ajuste do sistema de monitoração dispositivo;
eletrônica e exigir a seguinte documentação da IV - violação do dispositivo;
pessoa monitorada: VI - danificação do dispositivo.
I - em caso de flexibilização para estudo, Art. 14. Em caso de descumprimento, a Central de
apresentar declaração de matrícula escolar, Monitoração deverá adotar o seguinte fluxo:
declaração de frequência e grade de horário, I - registro do incidente no sistema de monitoração
devendo as declarações escolares conter nome eletrônica com data e horário;
completo e identificação do responsável e dados II - envio de sinal luminoso, sonoro ou vibratório ao
cadastrais da escola (endereço, CNPJ, telefone de dispositivo de monitoração eletrônica;
contato); III - contato telefônico com a pessoa monitorada
II - em caso de flexibilização para orientação ou pessoa de contato cadastrada, caso aquela
religiosa, apresentar declaração da instituição não resolva o incidente de pronto ou deixe de
religiosa, contendo endereço, telefone, nome contatar a Central de Monitoração;
completo da autoridade religiosa, datas e horários IV - convocação da pessoa monitorada à Central,
de frequência; nos casos pertinentes, para manutenção ou outra
III - em caso de flexibilização para trabalho, solução técnica em até 24 (vinte e quatro) horas,
apresentar Carteira de Trabalho ou Contrato de podendo a Central, mediante agendamento,
Trabalho devidamente assinado, cópia do contrato readequar o prazo que não poderá ultrapassar 48
social e última alteração contratual da empresa, (quarenta e oito) horas sem solução;
horário/escala, endereço, nome completo e V - convocação da pessoa monitorada à Central
telefone de contato do responsável pela para, nos casos pertinentes, promover
contratação ou, no caso de declaração de atendimento através da equipe multidisciplinar;
trabalho, esta deverá estar devidamente assinada VI - encaminhamento de ofício ao juízo informando
pelo empregador e terá validade máxima de 30 o descumprimento através de canais existentes ou
(trinta) dias; que venham a ser criados nos sistemas Banco
IV - em caso de tratamento médico-hospitalar ou Nacional de Medidas Penais (BNMP) e Sistema de
ambulatorial frequente, comprovado por Execução Eletrônico Unificado (SEEU) e,
documento hábil assinado pelo médico, indicando residualmente, através de sistemas de malote
a CID, natureza, duração do tratamento e digital;
declaração do estabelecimento de tratamento com VII - após esgotado o fluxo, a Central poderá
dados cadastrais (endereço, CNPJ, telefone de realizar a fiscalização in loco pelos policiais
contato); penais, assim como solicitar apoio às demais
V - em caso de mudança de endereço, o forças policiais no caso de perigo à incolumidade
comprovante de endereço, contrato de aluguel ou dos agentes, devendo o juízo responsável pela
declaração do proprietário do imóvel, desde que medida ser comunicado na sequência.
não afete as condições impostas de Parágrafo único. O fluxo previsto neste artigo não
distanciamento da vítima. afasta a possibilidade de o responsável pelo
§ 1º Caberá à Central de Monitoração a análise da monitoramento de solicitar apoio de outras forças
documentação e o deferimento ou indeferimento policiais, no caso de descumprimento em medida
da solicitação, motivando o ato. de monitoração, quando se vislumbre potencial
§ 2º As flexibilizações de horário concedidas serão perigo à incolumidade de qualquer pessoa,
válidas pelo período de 90(noventa) dias, especialmente em se tratando de medida em que
renováveis e condicionadas à comprovação do haja mulher vítima de violência doméstica ou
exercício da atividade que fundamentou a familiar, com imediata comunicação ao juízo
flexibilização. responsável pela medida.
Art. 13. São considerados descumprimentos, Art. 15. Diante do caráter substitutivo e temporário
observado o previsto especificamente em cada da medida de monitoração quando aplicada como
medida: medida cautelar, deverá a Central de Monitoração
I - violação de área de inclusão; encaminhar ao juízo responsável, a cada 90
II - violação de área de exclusão; (noventa) dias, relatório condensando as
informações do acompanhamento feito, solicitando III - fomento à participação das organizações da
avaliação quanto à sua manutenção ou sociedade civil no controle social desta Política,
revogação. bem como nos diversos planos, programas,
Art. 16. O sistema de monitoração será projetos e atividades dela decorrentes;
estruturado de modo a preservar o sigilo dos IV - humanização das condições do cumprimento
dados e das informações da pessoa monitorada, da pena, garantindo o direito à saúde, educação,
na forma da lei. alimentação, trabalho, segurança, proteção à
Art. 17. O Departamento Penitenciário Nacional maternidade e à infância, lazer, esportes,
(DEPEN), com base na presente resolução, assistência jurídica, atendimento psicossocial e
estabelecerá diretrizes nacionais para a gestão demais direitos humanos;
dos serviços de monitoração eletrônica e protocolo V - fomento à adoção de normas e procedimentos
com fluxos de atendimento das Centrais de adequados às especificidades das mulheres no
Monitoração Eletrônica. que tange a gênero, idade, etnia, cor ou raça,
Art. 18. As Centrais de Monitoração, existentes na sexualidade, orientação sexual, nacionalidade,
data da publicação desta Resolução ou em vias de escolaridade, maternidade, religiosidade,
instalação nos próximos 6 (seis) meses, deficiências física e mental e outros aspectos
estruturadas em desconformidade com o § 5º do relevantes;
art. 2º deverão ser regularizadas no prazo de 1 VI - fomento à elaboração de estudos,
(um) ano, prorrogável pelo mesmo período, com organização e divulgação de dados, visando à
justificativa ao Departamento Penitenciário consolidação de informações penitenciárias sob a
Nacional (DEPEN). perspectiva de gênero;
Art. 19. Fica revogada a Resolução nº 5, de 10 de VII - incentivo à formação e capacitação de
novembro de 2017. profissionais vinculados à justiça criminal e ao
Art. 20. Esta Resolução entra em vigor na data de sistema prisional, por meio da inclusão da
sua publicação. temática de gênero e encarceramento feminino na
matriz curricular e cursos periódicos;
POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO ÀS VIII - incentivo à construção e adaptação de
MULHERES EM SITUAÇÃO DE PRIVAÇÃO DE unidades prisionais para o público feminino,
LIBERDADE E EGRESSAS DO SISTEMA exclusivas, regionalizadas e que observem o
PRISIONAL disposto na Resolução nº 9, de 18 de novembro
(PORTARIA INTERMINISTERIAL MJ/SPM Nº de 2011, do Conselho Nacional de Política
210/2014) Criminal e Penitenciária - CNPCP;
IX - fomento à identificação e monitoramento da
Art. 1º Fica instituída a Política Nacional de condição de presas provisórias, com a
Atenção às Mulheres em Situação de Privação de implementação de medidas que priorizem seu
Liberdade e Egressas do Sistema Prisional - atendimento jurídico e tramitação processual;
PNAMPE, com o objetivo de reformular as práticas X - fomento ao desenvolvimento de ações que
do sistema prisional brasileiro, contribuindo para a visem à assistência às pré-egressas e egressas
garantia dos direitos das mulheres, nacionais e do sistema prisional, por meio da divulgação,
estrangeiras, previstos nos arts. 10, 14, § 3º, 19, orientação ao acesso às políticas públicas de
parágrafo único, 77, § 2º, 82, § 1º, 83, § § 2º e 3º, proteção social, trabalho e renda;
e 89 da Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984. Parágrafo único. Nos termos do inciso VIII,
Art. 2º São diretrizes da PNAMPE: entende-se por regionalização a distribuição de
I - prevenção de todos os tipos de violência contra unidades prisionais no interior dos estados,
mulheres em situação de privação de liberdade, visando o fortalecimento dos vínculos familiares e
em cumprimento aos instrumentos nacionais e comunitários.
internacionais ratificados pelo Estado Brasileiro Art. 3º São objetivos da PNAMPE:
relativos ao tema; I - fomentar a elaboração das políticas estaduais
II - fortalecimento da atuação conjunta e articulada de atenção às mulheres privadas de liberdade e
de todas as esferas de governo na implementação egressas do sistema prisional, com base nesta
da Política Nacional de Atenção às Mulheres em Portaria;
Situação de Privação de Liberdade e Egressas do II - induzir para o aperfeiçoamento e humanização
Sistema Prisional; do sistema prisional feminino, especialmente no
que concerne à arquitetura prisional e execução
de atividades e rotinas carcerárias, com atenção doenças;
às diversidades e capacitação periódica de k) quantidade de mulheres inseridas em
servidores; programas de atenção à saúde mental e
III - promover, pactuar e incentivar ações dependência química;
integradas e intersetoriais, visando à l) quantidade e local de permanência das
complementação e ao acesso aos direitos mulheres internadas em cumprimento de medidas
fundamentais, previstos na Constituição Federal e de segurança e total de vagas; e
Lei de Execução Penal, voltadas às mulheres m) quantidade de mulheres que deixaram o
privadas de liberdade e seus núcleos familiares; e sistema prisional por motivos de alvará de soltura,
IV - aprimorar a qualidade dos dados constantes indulto, fuga, progressão de regime ou aplicação
nos bancos de dados do sistema prisional de medidas cautelares diversas da prisão.
brasileiro, contemplando a perspectiva de gênero; II - incentivo aos órgãos estaduais de
V - fomentar e desenvolver pesquisas e estudos administração prisional para que promovam a
relativos ao encarceramento feminino. efetivação dos direitos fundamentais no âmbito
Art. 4º São metas da PNAMPE: dos estabelecimentos prisionais, levando em conta
I - criação e reformulação de bancos de dados em as peculiaridades relacionadas a gênero, cor ou
âmbito estadual e nacional sobre o sistema etnia, orientação sexual, idade, maternidade,
prisional, que contemplem: nacionalidade, religiosidade e deficiências física e
a) quantidade de estabelecimentos femininos e mental, bem como aos filhos inseridos no contexto
mistos que custodiam mulheres, indicando número prisional, que contemplem:
de mulheres por estabelecimento, regime e a) assistência material: alimentação, vestuário e
quantidade de vagas; instalações higiênicas, incluindo itens básicos, tais
b) existência de local adequado para visitação, como:
frequência e procedimentos necessários para 1. alimentação: respeito aos critérios nutricionais
ingresso do visitante social e íntimo; básicos e casos de restrição alimentar;
c) quantidade de profissionais inseridos no 2. vestuário: enxoval básico composto por, no
sistema prisional feminino, por estabelecimento e mínimo, uniforme específico, agasalho, roupa
área de atuação; íntima, meias, chinelos, itens de cama e banho,
d) quantidade de mulheres gestantes, lactantes e observadas as condições climáticas locais e em
parturientes; quantidade suficiente; e
e) quantidade e idade dos filhos em ambiente intra 3. itens de higiene pessoal: kit básico composto
e extramuros, bem como pessoas ou órgãos por, no mínimo, papel higiênico, sabonete, creme
responsáveis pelos seus cuidados; e escova dental, xampu, condicionador,
f) indicação do perfil da mulher privada de desodorante e absorvente, em quantidade
liberdade, considerando estado civil, faixa etária, suficiente;
cor ou etnia, deficiência, nacionalidade, religião, b) acesso à saúde em consonância com a Política
grau de instrução, profissão, rendas mensais da Nacional de Atenção Integral à Saúde das
família anterior ao aprisionamento e atual, Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema
documentação civil, tempo total das penas, tipos Prisional, a Política Nacional de Atenção Integral à
de crimes, procedência de área rural ou urbana, Saúde da Mulher e as políticas de atenção à
regime prisional e reiteração criminal; saúde da criança, observados os princípios e as
g) quantidade de mulheres inseridas em diretrizes do Sistema Único de Saúde - SUS, bem
atividades laborais internas e externas e como o fomento ao desenvolvimento de ações
educacionais, formais e profissionalizantes; articuladas com as secretarias estaduais e
h) quantidade de mulheres que recebem municipais de saúde, visando o diagnóstico
assistência jurídica regular, da Defensoria Pública, precoce e tratamento adequado, com implantação
outro órgão ou advogado particular, e frequência de núcleos de referência para triagem, avaliação
desses procedimentos na unidade prisional; inicial e encaminhamentos terapêuticos, voltados
i) quantidade e motivo de óbitos relacionados à às mulheres com transtorno mental.
mulher e à criança, no âmbito do sistema prisional; c) acesso à educação em consonância com o
j) dados relativos à incidência de hipertensão, Plano Estratégico de Educação no âmbito do
diabetes, tuberculose, hanseníase, Doenças Sistema Prisional e as Diretrizes Nacionais para a
Sexualmente Transmissíveis - DST, Síndrome da Oferta de Educação para Jovens e Adultos em
Imunodeficiência Adquirida - AIDS-HIV e outras Situação de Privação de Liberdade nos
Estabelecimentos Penais, associada a ações junho de 2012, do CNPCP; 5. inserção da
complementares de cultura, esporte, inclusão gestante na Rede Cegonha, junto ao SUS, desde
digital, educação profissional, fomento à leitura e a a confirmação da gestação até os dois primeiros
programas de implantação, recuperação e anos de vida do bebê;
manutenção de bibliotecas; 6. desenvolvimento de ações de preparação da
d) acesso à assistência jurídica integral para saída da criança do estabelecimento prisional e
garantir a ampla defesa e o contraditório nos sensibilização dos responsáveis ou órgãos por seu
processos judiciais e administrativos relativos à acompanhamento social e familiar;
execução penal, viabilizando o atendimento 7. respeito ao período mínimo de amamentação e
pessoal por intermédio da Defensoria Pública, de convivência da mulher com seu filho, conforme
outro órgão, advogado particular ou pela disposto na Resolução nº 3 de 15 de julho de
realização de parcerias; 2009, do CNPCP, sem prejuízo do disposto no art.
e) acesso a atendimento psicossocial 89 da Lei 7.210 de 11 de julho de 1984;
desenvolvido no interior das unidades prisionais, 8. desenvolvimento de práticas que assegurem a
por meio de práticas interdisciplinares nas áreas efetivação do direito à convivência familiar, na
de dependência química, convivência familiar e forma prevista na Lei nº 8.069, de 13 de julho de
comunitária, saúde mental, violência contra a 1990;
mulher e outras, as quais devem ser articuladas 9. desenvolvimento de ações que permitam
com programas e políticas governamentais; acesso e permanência das crianças que estão em
f) assistência religiosa com respeito à liberdade de ambientes intra e extramuros à rede pública de
culto e de crença; e educação infantil; e
g) acesso à atividade laboral com 10. disponibilização de dias de visitação especial,
desenvolvimento de ações que incluam, entre diferentes dos dias de visita social, para os filhos e
outras, a formação de redes cooperativas e a dependentes, crianças e adolescentes, sem limites
economia solidária, observando: de quantidade, com definição das atividades e do
1. compatibilidade das horas diárias de trabalho e papel da equipe multidisciplinar;
estudo que possibilitem a remição; e i) respeito à dignidade no ato de revista às
2. compatibilidade da atividade laboral com a pessoas que ingressam na unidade prisional,
condição de gestante e mãe, garantida a inclusive crianças e adolescentes;
remuneração, a remição e a licença maternidade j) implementação de ações voltadas ao tratamento
para as mulheres que se encontravam adequado à mulher estrangeira, observando:
trabalhando. 1. realização de parcerias voltadas à regularização
h) atenção específica à maternidade e à criança da sua permanência em solo brasileiro, durante o
intramuros, observando: período de cumprimento da pena;
1. identificação da mulher quanto à situação de 2. articulação de gestões entre as unidades
gestação ou maternidade, quantidade e idade dos prisionais e as embaixadas e consulados visando
filhos e das pessoas responsáveis pelos seus à efetivação dos direitos da estrangeira em
cuidados e demais informações, por meio de privação de liberdade;
preenchimento de formulário próprio; 3. instituição de parcerias voltadas à emissão de
2. inserção da mulher grávida, lactante e mãe com Cadastro de Pessoa Física - CPF provisório, com
filho em local específico e adequado com vistas à abertura de conta bancária e ao acesso a
disponibilização de atividades condizentes à sua programas de reintegração social e assistência à
situação, contemplado atividades lúdicas e mulher presa;
pedagógicas, coordenadas por equipe 4. garantia de acesso à informação sobre direitos,
multidisciplinar; procedimentos de execução penal no território
3. autorização da presença de acompanhante da nacional, questões migratórias, bem como
parturiente, devidamente cadastrada/o junto ao telefones de contato de órgãos brasileiros,
estabelecimento prisional, durante todo o período embaixadas e consulados estrangeiros,
de trabalho de parto, parto e pós-parto imediato, preferencialmente no idioma materno;
conforme disposto no art. 19-J da Lei nº 8.080, de 5. instituição de procedimentos que permitam a
19 de setembro de 1990; manutenção dos vínculos familiares, por meio de
4. proibição do uso de algemas ou outros meios contato telefônico, videoconferência, cartas, entre
de contenção em mulheres em trabalho de parto e outros;
parturientes, observada a Resolução nº 3, de 1º de 6. incentivo do acesso à educação à distância,
quando disponibilizado pelo respectivo consulado, f) saúde da mulher, inclusive mental, e dos filhos
sem prejuízo da participação nas atividades inseridos no contexto prisional;
educativas existentes na unidade prisional; e g) acessibilidade;
7. fomento à viabilização de transferência das h) dependência química;
presas estrangeiras não residentes ao seu país de i) maternidade;
origem, especialmente se nele tiverem filhos, caso j) desenvolvimento infantil e convivência familiar;
haja tratados ou acordos internacionais em k) arquitetura prisional; e
vigência, após prévia requisição e o l) direitos e políticas sociais.
consentimento da presa. VI - promoção de ações voltadas às pré-egressas
l) promoção de ações voltadas à presa provisória, e egressas do sistema prisional, por meio de setor
observando: interdisciplinar específico, observando:
1. adoção de medidas adequadas, de caráter a) disponibilização, no momento da saída da
normativo ou prático, para garantir sua segurança egressa do estabelecimento prisional, de seus
e integridade física; documentos pessoais, inclusive relativos à sua
2. garantia da custódia da presa provisória em saúde, e outros pertences;
local adequado, sendo vedada sua manutenção b) articulação da secretaria estadual de
em distritos policiais; e administração prisional com os órgãos
3. adoção de medidas necessárias para responsáveis, com vistas à retirada de
viabilização do exercício do direito a voto. documentos; e
III - garantia de estrutura física de unidades c) viabilização, por meio de parcerias firmadas
prisionais adequada à dignidade da mulher em pelo órgão estadual de administração prisional, de
situação de prisão, de acordo com a Resolução nº tratamento de dependência química, inclusão em
9, de 18 de novembro de 2011, do Conselho programas sociais, em cursos profissionalizantes,
Nacional de Política Criminal e Penitenciária - geração de renda, de acordo com os interesses da
CNPCP, com a implementação de espaços egressa.
adequados à efetivação dos direitos das mulheres Art. 5º Para a efetivação dos direitos de que trata
em situação de prisão, tais como saúde, esta Portaria deverão ser assegurados recursos
educação, trabalho, lazer, estudo, maternidade, humanos e espaços físicos adequados às diversas
visita íntima, dentre outros; atividades para a integração da mulher e de seus
IV - promoção de ações voltadas à segurança e filhos.
gestão prisional, que garantam: Art. 6ºAs unidades prisionais deverão providenciar
a) procedimentos de segurança, regras a documentação civil básica que permita acesso
disciplinares e escolta diferenciados para as das mulheres, inclusive das estrangeiras, à
mulheres idosas, com deficiência, gestantes, educação e ao trabalho.
lactantes e mães com filhos, inclusive de colo; Art. 7º O Departamento Penitenciário Nacional -
b) desenvolvimento de práticas alternativas à DEPEN deverá se articular com os órgãos
revista íntima nas pessoas que ingressam na estaduais de administração prisional para que
unidade prisional, especialmente crianças e sejam constituídas comissões intersetoriais
adolescentes; e específicas para tratar dos assuntos relacionados
c) oferecimento de transporte diferenciado para às mulheres em situação de privação de liberdade
mulheres idosas, com deficiência, gestantes, e egressas do sistema prisional.
lactantes e mães com filhos, sem utilização de Art. 8º O DEPEN deverá se articular com os
algemas. órgãos estaduais de administração prisional para
V - capacitação permanente de profissionais que que seja elaborado um planejamento institucional
atuam em estabelecimentos prisionais de custódia para o cumprimento gradual das estratégias
de mulheres, com implementação de matriz estabelecidas nesta Política e nas políticas
curricular que contemple temas específicos, tais estaduais, com vistas à melhoria de práticas
como: voltadas às mulheres em situação de privação de
a) identidade de gênero; liberdade e egressas do sistema prisional.
b) especificidades da presa estrangeira; Parágrafo único. No âmbito do DEPEN, o
c) orientação sexual, direitos sexuais e planejamento institucional será coordenado pela
reprodutivos; Comissão Especial do Projeto Efetivação dos
d) abordagem étnico-racial; Direitos das Mulheres no Sistema Penal.
e) prevenção da violência contra a mulher; Art. 9º O DEPEN prestará apoio técnico e
financeiro aos órgãos estaduais de administração I - Secretaria de Direitos Humanos da Presidência
prisional, com ênfase nas seguintes áreas: da República;
I - educação e capacitação profissional de II - Secretaria de Políticas de Promoção da
servidores, priorizando os projetos em Igualdade Racial da Presidência da República;
estabelecimentos prisionais que custodiam III - Secretaria Nacional de Juventude da
mulheres; Secretaria-Geral da Presidência da República;
II - trabalho, disponibilizando maquinários para IV - Ministério da Saúde;
oficinas laborais; V - Ministério da Educação;
III - saúde, priorizando o aparelhamento de VI - Ministério do Trabalho e Emprego;
centros de referência à saúde materno-infantil, VII - Ministério da Cultura;
bem como articulações voltadas à garantia da VIII - Ministério do Desenvolvimento Social e
saúde da mulher presa; Combate à Fome;
IV - aparelhamento, incentivando o IX - Ministério do Esporte;
desenvolvimento de novas tecnologias que § 3º Poderão ser convidados a participar das
possam ser adaptadas ao ambiente prisional, reuniões do Comitê Gestor especialistas e
voltadas às especificidades da mulher; e representantes de outros órgãos ou entidades
V - engenharia, elaborando projetos referência públicas e privadas, federais e estaduais, com
para a construção de unidades prisionais atribuições relacionadas à PNAMPE.
específicas femininas. § 4º Os representantes titulares e seus suplentes
Art. 10. Fica instituído, no âmbito do Ministério da de que tratam os § § 1º e 2º serão designados por
Justiça, o Comitê Gestor da PNAMPE, para fins de ato do Diretor-Geral do DEPEN, após indicação
monitoramento e avaliação de seu cumprimento. dos órgãos que representam.
§ 1º O Comitê Gestor de que trata o caput será § 5º A participação no Comitê Gestor é
composto por representantes, titulares e considerada prestação de serviço público
suplentes, dos seguintes órgãos: relevante, não remunerada.
I - Departamento Penitenciário Nacional: Art. 11. A coordenação do Comitê Gestor será
a) Coordenação do Projeto Efetivação dos Direitos exercida por um representante da Comissão
das Mulheres no Sistema Penal; Especial do Projeto Efetivação dos Direitos das
b) Ouvidoria do Departamento Penitenciário Mulheres no Sistema Penal indicado pelo DEPEN,
Nacional; e um representante da Secretaria de
c) Coordenação-Geral de Reintegração Social e Enfrentamento à Violência contra as Mulheres,
Ensino; indicado pela SPM.
d) Coordenação-Geral do Fundo Penitenciário Art. 12. O Comitê Gestor realizará reuniões
Nacional; trimestrais, podendo ser convocada reunião
e) Coordenação-Geral de Penas e Medidas extraordinária pela coordenação, e deverá
Alternativas; apresentar:
f) Coordenação-Geral de Pesquisas e Análise da I - no prazo de noventa dias, a contar da
Informação; publicação desta Portaria, plano de trabalho de
g) Coordenação de Saúde; e suas atividades com metas e prazos; e
h) Coordenação de Educação; II - relatórios anuais de avaliação de cumprimento
II - Secretaria de Políticas para as Mulheres da da PNAMPE, com sugestões de aperfeiçoamento
Presidência da República: de sua implementação.
a) Coordenação de Acesso à Justiça, da Art. 13. O DEPEN e a Secretaria de Políticas para
Secretaria de Enfrentamento à Violência contra as as Mulheres observarão a PNAMPE na celebração
Mulheres. de convênios e nos repasses de recursos aos
§ 2º Serão convidados permanentes a integrar o órgãos e entidades federais e estaduais do
Comitê Gestor um representante de cada um dos sistema prisional brasileiro.
seguintes órgãos: Art. 14. Esta Portaria entra em vigor na data de
sua publicação.

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