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09 Calor

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TEMPERATURA, CALOR E PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA

Termodinâmica é o estudo das leis que regem a relação entre calor e outras formas de
energia. Um dos conceitos centrais da termodinâmica é o de temperatura, que é a grandeza que
caracteriza o estado térmico de um corpo ou sistema. Podemos definir como quente um corpo
que tem suas moléculas agitando-se muito, ou seja, com alta energia cinética. Analogamente,
um corpo frio, é aquele que tem baixa agitação das suas moléculas.
Assim, ao aumentar a temperatura de um corpo, pode-se dizer que está se aumentando
o estado de agitação de suas moléculas. Pela Lei Zero da Termodinâmica, dois corpos estão em
equilíbrio térmico se, e somente se, suas temperaturas (ou estado de agitação) são iguais.

Medindo a Temperatura
Os físicos medem a temperatura na escala Kelvin (𝐾). Embora não exista um limite
superior para a temperatura de um corpo, existe um limite inferior, cuja temperatura é tomada
como o zero da escala Kelvin.
Para criar uma escala de temperatura, escolhemos um fenômeno térmico reprodutível e,
arbitrariamente, atribuímos a ele uma temperatura. A escolha mais usual é usar o ponto de fusão
e o ponto de ebulição da água. Na escala Kelvin, esses fenômenos acontecem, respectivamente,
nas temperaturas 273𝐾 e 373𝐾.
Em quase todos os países do mundo, a escala Celsius (°𝐶) é a mais usada no dia a dia.
Diferente da escala Kelvin, as temperaturas na escala Celsius são medidas em graus. A fusão
da água acontece na temperatura 0°𝐶 e a ebulição em 100°𝐶.
Ainda temos a escala Fahrenheit (°𝐹), que é a mais comum nos Estados Unidos e tam-
bém é medida em graus. A fusão da água acontece na temperatura 32°𝐹 e a ebulição em 212°𝐹.
Uma vez que conhecemos esses valores, podemos relacionar as três escalas da seguinte forma:

𝑇𝑘 − 273 𝑇𝑐 − 0 𝑇𝑓 − 32
= =
373 − 273 100 − 0 212 − 32
𝑇𝑘 − 273 𝑇𝑐 𝑇𝑓 − 32
= =
100 100 180
𝑻𝒌 − 𝟐𝟕𝟑 𝑻𝒄 𝑻𝒇 − 𝟑𝟐
= =
𝟓 𝟓 𝟗

sendo 𝑇𝑘 a temperatura em Kelvin, 𝑇𝑐 em Celsius e 𝑇𝑓 em Fahrenheit.

Fonte: HALLIDAY, D.; WALKER, J.; RESNICK, R. Fundamentos de Física – Vol. 1 e 2. LTC, 2009
Noção de Calor
Quando pegamos uma lata de refrigerante na geladeira e a deixamos na mesa da cozinha,
a temperatura do refrigerante aumenta, a princípio rapidamente e depois mais devagar, até que
se torne igual à do ambiente, ou seja. até que os dois estejam em equilíbrio térmico. Podemos
descrever o refrigerante como um sistema e as partes relevantes da cozinha como o ambiente.
A variação de temperatura ilustrada se deve a uma mudança de energia térmica do sis-
tema por causa da troca de energia entre ele e o ambiente. Esta energia transferida é chamada
de calor e é simbolizada por 𝑄. O calor é positivo se a energia é transferida do ambiente para a
energia térmica do sistema (dizemos que o calor é absorvido) e negativo se a energia é transfe-
rida da energia térmica do sistema para o ambiente (dizemos que o calor é cedido ou perdido).
Antes que os cientistas percebessem que o calor é energia transferida, o calor era medido
em termos da capacidade de aumentar a temperatura da água. Neste contexto, a caloria (𝑐𝑎𝑙)
foi definida como a quantidade de calor necessária para aumentar a temperatura de 1𝑔 de água
de 14,5°𝐶 para 15,5°𝐶. Em 1948, a comunidade científica decidiu que, uma vez que o calor,
assim como o trabalho, é energia transferida, a unidade de calor do SI deveria ser a mesma da
energia, ou seja, o joule (𝐽). Hoje em dia, a caloria é definida pela relação
1 𝑐𝑎𝑙 = 4,1868 𝐽

Calor e Trabalho
Vamos agora examinar o modo como a energia pode ser transferida, na forma de calor
e trabalho, de um sistema para o ambiente e vice-versa. Considere como sistema um gás confi-
nado em um cilindro com um êmbolo, conforme a figura abaixo:

Fonte: HALLIDAY, D.; WALKER, J.; RESNICK, R. Fundamentos de Física – Vol. 1 e 2. LTC, 2009
A força para cima sobre o êmbolo devido à pressão do gás confinado é igual ao peso
das esferas de chumbo colocadas sobre o êmbolo mais o peso do êmbolo. As paredes do cilindro
são feitas de material isolante que não permite a transferência de energia na forma de calor. A
base do cilindro repousa em um reservatório térmico, cuja temperatura 𝑇 pode ser controlada.
O sistema (gás) parte de um estado inicial 𝑖, descrito por uma pressão 𝑝𝑖 , um volume 𝑉𝑖
e uma temperatura 𝑇𝑖 . Deseja-se levar o sistema a um estado final 𝑓, descrito por uma pressão
𝑝𝑓 , um volume 𝑉𝑓 e uma temperatura 𝑇𝑓 . O processo de levar o sistema do estado inicial ao
estado final é chamado de processo termodinâmico.
Durante o processo, energia pode ser transferida do reservatório térmico para o sistema
(calor positivo) ou o contrário (calor negativo). Além disso, o sistema pode realizar trabalho
sobre as esferas de chumbo, levantando o êmbolo (trabalho positivo), ou receber trabalho das
esferas de chumbo (trabalho negativo). Considere que todas as mudanças ocorrem lentamente,
de modo que o sistema está sempre (aproximadamente) em equilíbrio térmico.
Suponha agora que algumas esferas de chumbo sejam removidas do êmbolo, permitindo
que o gás empurre o êmbolo e as esferas restantes para cima com uma força 𝐹⃗ , que produz um
deslocamento infinitesimal 𝑑𝑠⃗. Como o deslocamento é pequeno, podemos supor que 𝐹⃗ é cons-
tante durante o deslocamento. Nesse caso, o módulo de 𝐹⃗ é igual a 𝑝 𝐴, sendo 𝑝 a pressão do
gás e 𝐴 a área do êmbolo. Assim, o trabalho infinitesimal 𝑑𝑊 realizado pelo gás durante o
deslocamento é dado por
𝑑𝑊 = 𝐹⃗ ⋅ 𝑑𝑠⃗
𝑑𝑊 = 𝐹 𝑑𝑠 cos 0
𝑑𝑊 = 𝑝 𝐴 𝑑𝑠
𝒅𝑾 = 𝒑 𝒅𝑽
sendo 𝑑𝑉 a variação infinitesimal do volume do gás devido ao movimento do êmbolo.
Quando o número de esferas removidas é suficiente para que o volume varie de 𝑉𝑖 para
𝑉𝑓 , o trabalho realizado pelo gás é
𝑉𝑓
𝑊 = ∫ 𝑝 𝑑𝑉
𝑉𝑖

Durante a variação de volume, a pressão e a temperatura do gás também podem variar.


Se o gás realiza trabalho sobre o êmbolo, empurrando-o para cima, o volume aumenta e, com
isso, pode ser que a pressão diminua e a temperatura permaneça constante. Outra possibilidade
é ocorrer um aumento de temperatura a uma pressão constante.

Fonte: HALLIDAY, D.; WALKER, J.; RESNICK, R. Fundamentos de Física – Vol. 1 e 2. LTC, 2009
Primeira Lei da Termodinâmica
Quando um sistema passa de um estado inicial para um estado final, tanto o trabalho 𝑊
realizado como o calor 𝑄 transferido dependem do modo como a mudança é executada. Os
experimentos, porém, revelaram algo interessante: a combinação 𝑄 − 𝑊 é a única que depende
apenas dos estados inicial e final e não da forma como o sistema passou de um estado ao outro.
Esse fato sugere que a grandeza 𝑄 − 𝑊 é uma medida da variação de uma propriedade
intrínseca do sistema, a qual chamamos de energia interna (𝐸𝑖𝑛𝑡 ) e escrevemos
Δ𝐸𝑖𝑛𝑡 = 𝐸𝑖𝑛𝑡,𝑓 − 𝐸𝑖𝑛𝑡,𝑖
𝚫𝑬𝒊𝒏𝒕 = 𝑸 − 𝑾
A equação acima é a expressão matemática da primeira lei da termodinâmica. Para uma
variação infinitesimal, podemos escrever
𝑑𝐸𝑖𝑛𝑡 = 𝑑𝑄 − 𝑑𝑊
Logo, a energia interna 𝐸𝑖𝑛𝑡 de um sistema tende a aumentar se acrescentamos energia
na forma de calor 𝑄 e a diminuir se removemos energia na forma de trabalho 𝑊 realizado pelo
sistema. Como o trabalho realizado sobre um sistema é sempre o negativo do trabalho realizado
pelo sistema, temos também que
Δ𝐸𝑖𝑛𝑡 = 𝑄 + 𝑊𝑠
sendo 𝑊𝑠 o trabalho realizado sobre o sistema.
A primeira lei da termodinâmica é uma extensão da lei da conservação da energia para
sistemas que não estão isolados. Nesses casos, a energia pode entrar ou sair do sistema na forma
de trabalho 𝑊 ou calor 𝑄.
Note que, se Δ𝐸𝑖𝑛𝑡 = 0, então temos que
𝑄−𝑊 =0
𝑄=𝑊
Assim, no caso em que a variação Δ𝐸𝑖𝑛𝑡 é nula, toda a energia recebida em forma de
calor 𝑄 é convertida em trabalho 𝑊 realizado pelo sistema.

Exercício
Uma máquina térmica recebe 125 𝑐𝑎𝑙 de calor e tem uma variação da energia interna
igual a 0. Supondo que 1 𝑐𝑎𝑙 = 4𝐽, calcule o trabalho realizado pela máquina.
𝑅𝑒𝑠𝑝.: 𝑊 = 500𝐽
𝑂𝑏𝑠.: Para este exercício, estamos supondo que o rendimento da máquina é de 100%. Porém,
na prática, máquinas com esse rendimento não existem.

Fonte: HALLIDAY, D.; WALKER, J.; RESNICK, R. Fundamentos de Física – Vol. 1 e 2. LTC, 2009

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