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#3 - Mortífera Mag.

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EDIÇÃO 3, 12 DE JULHO, 2024

N E P H A S T U S
ANÚNCIOS, PARCERIAS E RELEASES

EDITORIAL
mortiferamag@gmail.com
CRÉDITOS FOTOS EDIÇÃO #3
Rafael Passos
Novamente, sejam bem vindos a mais uma Ricardo Pinto
Edson Alburquerque
edição da Mortífera Mag. Com intuito de Isa Mioto
divulgar a Cena Paraibana, principalmente Niel Melo
o universo do Rock e seus subgêneros, a Adril
Mortífera nasce com o intuito de Marcus Russo
fortalecer o cenário musical local Josi Calitxo
abordando tanto temas e entrevistas com COLABORADORES
músicos e bandas que já passaram pelo
meio, como também, as que estão Igor Silva
chegando recentemente na área e Anita Rogeria
desejam fazer parte do Underground.
EDIÇÃO E TEXTOS
Fundada em abril de 2024 por Beatriz J. Beatriz J. Sena
Sena, nasce a revista homenagem a
banda campinense composta por EDIÇÃO #1
mulheres, Mortífera, considerada
possivelmente a primeira banda com
apenas integrantes femininas de Death
Metal do Brasil.

Deseja acompanhar nosso meio de


comunicação? Siga as redes sociais da
Mortífera Mag e fique por dentro de mais
atualizações, lançamentos e entrevistas.

Ótima leitura para todos e todas!

Beatriz J. Sena
@beatrizjarrys
EDIÇÃO #2

EDITORA E FUNDADORA
Beatriz Jarry Sena
EDIÇÃO #3 3

VAMOS FALAR SOBRE


A CENA DE ROCK
ALTERNATIVO
PESSOENSE?
Um dos meus objetivos quando comecei a revista
foi poder começar a proporcionar um espaço
também a outros gêneros e subgêneros
paraibanos além da minha bolha “música pesada
e extrema”. Aos poucos, com a chegada de uma
galera nova na página, após diversas trocas de FOTO//RICARDO P.
ideias, fui aos poucos conhecendo sobre vários
grupos locais até topar com a atual cena de rock Formada em 2015, no mesmo ano a banda já
alternativo de João Pessoa. Aí foi quando pensei, começou com seus trabalhos em estúdio com o EP,
para começar a nova edição, o que melhor do
que falar sobre a cena da nova geração que “Dreams to Come”. A diferença dos seus trabalhos
chegou para ser destaque? atuais, as letras em inglês marcam o começo da
banda e apenas no ano seguinte passam a
trabalhar mais com composições em português nos
lançamentos dos singles “Presciência e Nos Seus
Braços”. Citando novamente o idealizador do
projeto, o primeiro EP foi gravado em casa,
trabalhado e masterizado pelo Vitor Figueiredo.
Quanto à influências da banda, a banda reune e usa
como base do indie rock, power pop, pós-punk
destacando bandas como Death Cab for Cutie,
Weezer, Placebo, The 1975 e Sonic Youth.

FOTO//RICARDO P.

Após um tempo fora do ar, o podcast MEU


SONS + ALTERNATIVAB retorna com um
episódio sobre esse novo cenário. Nos 40
minutos de conversas e músicas, discutem um
pouco sobre as bandas que estão inseridas no
meio e falam um pouco sobre cada. É aí que,
junto ao programa, também venho destacar as
bandas EMERALD HILL, SORRYSTATE, VÊNUS
IN FUZZ, TELA AZZU e PÁPANGU.
FOTO//RICARDO P.
PODCAST DISPONÍVEL NO SPOTIFY E
DEEZER.
Começando pela EMERALD HILL, já dentro da
cena musical pessoense há um tempo, a banda CONHEÇA TAMBÉM:
se destaca já por ter alguns trabalhos lançados GABRIEL
(“Para Sempre Conectados Mas Eternamente NOVAIS -
Distantes” e “Cidades em Chamas”) e por suas PROJETO
apresentações em vivo. A conjunção dos SOLO
vocais do Vitor Figuereido, cabeça do projeto, e F.U.G.A
do baixista Gabriel Novais e da baterista
Catarina, é de uma qualidade absurda que faz
questionar como até o momento a banda ainda
não teve seu destaque merecido dentro do
Estado.

MORTÍFERA MAG.
EDIÇÃO #3 4

No mesmo ano do surgimento do Emerald Hill,


também nasce VÊNUS IN FUZZ. Inclusive, você
pode encontrar mais sobre a banda em nossa
edição #2 + colaboração do baixista e vocalista,
Igor Silva.
Como foi mencionado pelo guitarrista Gilberto um
tempo atrás aqui para a MORT, a Vênus nasce
com a vontade de inquieta de montar uma
sonoridade noise com uma linguagem poética e
focada em questões sociais.
Além do Gilberto e Igor, a formação da banda
também conta com Helton na guitarra e nas
baquetas, Catarina Serrano, baterista conhecida
pelo seu trabalho na Emerald Hill.
FOTO//RICARDO P.

A banda tem 4 EPs lançados, “Room Tapes” em


2015 que foi distribuído gratuitamente em seus Para encerrar, por último e não menos importante, a
shows e está disponível no Bandcamp, “Juntar As banda SorryState que já está na área faz pouco
Ideias E Fazer Algo” lançado pelo selo Subfolk tempo e que em menos de 3 anos já conta com
em 2016. Na sequência, o EP “Homônimo” em diversos singles, EP e o primeiro disco que foi
2017 e depois em 2019, o “Live in Kaos”. Em lançado em 2023, “Mente Corrompida por
2023 também foi lançado dois singles, “Sina” e Lembranças Vazias”.
“Guerra Fria”.

FOTO//RICARDO P.

Dando continuidade à lista, não existe uma


palavra exata para definir a cena alternativa e
isso fica claro quando falamos de bandas como
TELA AZZU e PAPANGU. Explorando diversos
sons, instrumentos, notas e timbres dentro do
subgênero, a banda incorpora essa estética de
Rock mais inspirado no psicodélico e a
implementação de um som moderno e até com
elementos regionais.
Formada a pouco tempo, no período pós-
pandemia, a banda Tela Azzu tem lançado desde
então diversos singles e EPs. Recentemente, foi
concluído e divulgado seu primeiro disco, “Baleia
Explode”, o qual em 7 faixas explora essa
experimentação.
Um som denominado de “rock troncho” pelos
próprios integrantes da Tela Azzu e Papangu
ambos trabalham com esse termo, que inclusive FOTO//RICARDO P.

já foi comentado previamente por um dos Poderia destacar várias coisas sobre a banda mas
membros sobre a necessidade da divulgação dessa vez venho citar o Jorge Victor por esse
desse som que ainda não conquistou um grande projeto, quem além de ser uma das cabeças da
espaço dentro da cena, sendo um dos poucos banda -e frequentar a cena já faz tempo-, é
cujo som implementa as raizes nordestinas em responsável pelo festival alternativo, Indie Rock
sua sonoridade. Fest.
MORTÍFERA MAG.
EDIÇÃO #3 5

O que não falta na cidade é shows


organizados pela galera do
Underground. Da música eletrônica ao
metal extremo, quase todos fim de
semana a cidade fornece eventos da
praia até o centro. O rock alternativo
pessoense não fica por fora, é por isso
que Jorge Victor, organizador do Indie
Rock Fest, contará um pouco seu
FOTO//RICARDO P. projeto.

CONHEÇA +
Quais bandas já tocaram nas edições
passadas?
Já fizeram parte do festival Vênus In Fuzz, Emerald

SOBRE O
Hill, Margaridas em Fúria, Tela Azzu, Doce
Escárnio e nossos amigos de Pernambuco, as
bandas Write Love e Lizzies Dream. Além de nós,

INDIE ROCK
claro, a Sorrystate.
Quais bandas você gostaria de ver
pelo Fest?

FEST!
Algumas bandas que me cativaram recentemente
foram Kinoa (PE), Dead Poetz que é do interior da
Paraíba e faz um Horror Punk bastante honesto e
os paulistas da Eliminadorzinho, banda que já
Fale um pouco sobre o festival. trocamos ideia pela internet e recentemente
Miguel (guirarrista da Sorrystate) acabou viajando
A ideia do festival surgiu pela necessidade de e assistindo um show dos caras. Seria uma honra
abrir espaço nas casas de show para bandas contar com esse pessoal no nosso rolê e quem
mais alternativas. Quando a Sorrystate lançou o sabe não aconteça no futuro.
EP "Fantasmas do Passado" em 2022, nós
sentimos dificuldade em nos encaixar em uma
cena ou de simplesmente sermos aceitos ou Quais são os planos para 2024?
convidados para eventos, visto que a grande
maioria de shows na cidade se voltam para Bom, em 2024 já realizamos uma edição,
bandas de Metal ou de covers. O Indie Rock contando com Emerald Hill e Write Love (PE). Os
Fest é idealização nossa mas sempre contou planos são continuar organizando os eventos
com o apoio das bandas amigas que sempre esporadicamente, já que o foco da Sorrystate é
fizeram questão de fortalecer. Um salve sempre estar compomdo e gravando. Temos ideias
especial para Igor e Tarcísio da Vênus in Fuzz, de edições especiais, como no Halloween e
que sempre nos deram a mão e somaram podemos garantir que esse ano ainda vai ter muito
conosco! mais barulho e Indie Rock Fest pra vocês.

MORTÍFERA MAG.
EDIÇÃO #3 6

DOCE
A Doce Escárnio, um trio onde para a minha
surpresa, nenhum dos integrantes é de maior e
formam um trio que busca na psicodelia, rock

ESCÁRNIO
progressivo, shoegaze, tropicalista, pós punk e
experimentalismo a sua fonte de inspiração para
uma música conduzida por uma bateria jazzistica e
que interage com os grooves de um baixo muito
bem conduzido e bastante presente . O guitarrista
POR IGOR SILVA faz soar sonhos e pesadelos e também é
responsável pela maioria dos vocais cantados,
falados e as vezes berrados, sempre de forma
Como a banda surgiu e como tem sido a passional. Tudo isso tocado com uma naturalidade
recepção no cenário local? de quem parece estar brincando e como é bom ver
a banda "brincar" no palco e calar qualquer coroa
A banda surgiu em 2021 justamente com babaca que acha que tem idade pra sentir e
essa premissa de ser uma banda acima entender música.
de tudo experimental.
Que a gente não precisa se prender a um até porque desde sempre eu e Pedro Neto (baterista)
estilo específico e que se sinta bem a sempre tivemos essa química musical, de saber o que o
vontade para criar, girar e viajar. outro vai fazer, então até nos ensaios a gente improvisa,
é muito satisfatório.
A recepção no cenário local foi até
inesperado na verdade, a gente não Para finalizar, deixo aqui o espaço para o que quiserem
sabia que ia conseguir atrair a atenção acrescentar, falar sobre planos, futuros projetos ou
de tantas pessoas em algumas poucas deixar qualquer recado que acharem interessante.
apresentações e nenhuma música
lançada nas plataformas, então nós Temos muitos planos, muitos sonhos, como qualquer
sempre encaramos como um saldo banda. Mas estamos tentando viver um dia de cada vez e
positivo essa nossa inserção na cena. acho que isso vale para tudo. A gente não pode se
render a ansiedade de fazer tudo de uma vez e nem
sequer conseguir marcar um ensaio. Tem que ter calma,
Soube que entraram em estúdio para resiliência e muita paciência. É um verdadeiro
gravar material. Já existe previsão de relacionamento.
lançamento? Como foi o processo de
gravação no estúdio? Acho que o recado que eu (alan martins) quero dar, para
A gente ainda não tem previsão para os artistas, para as bandas que tão nesse cenário junto
lançar, mas garantimos que estamos com a gente, de algo mais alternativo, é justamente esse,
colocando todas as nossas viagens no ter paciência, ter consciência que vai ter gente que vai
estúdio também! odiar o que você faz, mas vai ter gente que vai amar e te
O processo de gravação é bem mais apoiar muito e é uma coisa natural na vida de qualquer
centrado, não é bom perder tempo, não é artista. Mas para quem ta começando ou ta chegando
bom errar muito. Mas num geral, acredito numa nova fase, é sempre bom relembrar esses velhos
que vem sido tranquilo... conceitos de ter calma e paciência consigo mesmo e
com sua arte.
Apesar de serem mais novos que a
maioria dos integrantes das bandas
locais, vocês vão muito além da zona de
conforto do que se entende como banda
de rock. Esse direcionamento mais para
o experimentalismo foi algo planejado ou
surgiu de modo espontâneo?

As minhas letras (Alan Martins)


geralmente nascem em momentos bem
difíceis, ja passei por uns maus bocados,
sempre me senti muito vazio, sem
perspectiva, enfim, muitos problemas... e
compor sempre me deu alguma razão pra
continuar levantando da cama e a
esperança de um dia eu poder ajudar
alguém com isso... mas elas não seguem
um roteiro não, eu escrevo elas de uma
vez, de repente me vem uma melodia na
cabeça, eu faço a base das músicas e
depois a gente se junta para polir, ver o
que fica legal ou não e assim vai. Mas
essa de ser uma jam é bem verdade FOTO//RICARDO P.

MORTÍFERA MAG.
EDIÇÃO #3 7

MORTÍFERA MAG.
EDIÇÃO #3 8

A HISTÓRIA DA CENA
Rock Independente em Tibiri
É urgente sair de João Pessoa.

UNDERGROUND EM
Nisso reside a riqueza deste
documentário super bem dirigido.
Elenca as bandas Jardim Crônico,
Delfos, Território, Anemone, Master

DOCUMENTÁRIOS
Harpyah, Dolphins, Verso Marginal,
Espaço em Branco e, de todos que
vi, é o que mais dá espaço para
mulheres. Depoimentos de Alan
POR ANA ROGÉRIA Pear, Robson Feoli, Eli, Andréia de
Jesus, ilustram bem como era a
Fiz um passeio pelo YouTube e cataloguei cena. Destaque para a Caixa de
algunsdocumentários que são bem representativos e Resistência, reduto que acolhia as
ilustram o contexto, os desafios que o mundo bandas, sob comando do Sandro
underground ainda enfrenta (e sempre vai enfrentar). das Estrelas. Direção de Deyse
Décadas depois, pouca coisa mudou, mas há algo em Plácido e Roberto Menezes, 2013.
comum: a vontade fazer música seja lá como for, do jeito
que der. Creio que essa seja a essência underground. Rock Suor Skate
Antes de tudo, é bom que se diga: existia uma coisa O skate une os integrantes da
chamada VHS. Então em alguns docs, as imagens não icônica banda Restos Mortais, de
estão boas, o som também não está lá essas coisas,
mas tá valendo. Quais bandas? Quem fez o quê? Onde?
João Pessoa. Entre uma e outra
Fazer essa cena acontecer não é fácil! É essencial para manobra, os meninos vão dando
as novas gerações saber quem veio antes, pois foi boa opiniões e contextualizam bem a
parte dessa galera que está nos vídeos que abriu cena independente da qual
caminhos e palcos.Tem um LINK para cada doc, olha fazem parte. Tem cenas do
só que gentileza! finado half do Espaço Cultural.
Direção da sempre querida Olga
Costa, 1990.
Tão sentindo cheiro de queimado? Rock em João Pessoa Rock 4 X 4 no
Clássico!!! O doctem como aporte o Acho muito bem feito, além de ser muito Funcionários IV
programa Jardim Elétrico, especial. Traz bandas como Machine
conduzido por Olga Costa, que Hands, Rota 66, Rotten Flies, Mind Grind. Aqui a periferia pulsa forte. Mesmo
apresenta as bandas Disunidos, Coloca a discussão da época: banda com poucas edições, os festivais
Aberração Sonora, Desordem cover X banda autoral. Cita ainda as conseguiram reunir muitas
Armada, Restos Mortais, Medicine bandas Metallica Cover, Black Sabbath bandas suburbanas, o que é
Death, Danger, Nephastus. Fala Cover, Ramones Cover e entrevista o muito bom! O doc traz, com
sobre os fazines, as principais Raimundos, sucesso do momento. Conta destreza, esse olhar. Comedores
formas de divulgação das bandas com participação do Ulisses de Freitas e de Lixo, Roadside, Anárquila,
e o grande dilema entre punks e Jesuíno André, entes indies. Direção do Scary Monsters, Gramáticos
headbangers. Direção de Bertrand sempre presente Rodrigo Rocha, 1995. marcam presença. Flávio
Lira e Everaldo Pontes, 1991 Cavalcanti e Escurinho também
estão por lá. Direção de José
Ronaldo, 2007.
Rock em João Pessoa – Opus II
O doc chega numa cena mais
recente, com as bandas Bona
Dea, Nailspop, Flávio Cavalcanti,
Cuidado com o Cão, Escurinho e
banda Labacé, mostrando outras
vertentes do rock. Também tem a
Rotten Flies e Ovnis Gay, DJs
Oddie e Rick Mala, e uma
participação massa do Ricardo
(do bar da Feirinha de Tambaú).
Em pauta, a dor e a delícia da
cena underpessoense. Direção
do Carlos Dowling, 2000.
MORTÍFERA MAG.
EDIÇÃO #3 9

FILHO DO
“Filhos do Caos” é nome de uma música
lançada pela primeira banda de rock de
Cajazeiras, a Conspiração Apocalipse.

CAOS:
Esse mesmo nome foi escolhido pelo
cineasta Didier Junior para o documentário

ENTREVISTA
que mostra a cena independente do Alto
Sertão paraibano. O lançamento está
previsto para o segundo semestre deste

COM DIDIER
ano. Confira uma breve conversa com o
realizador.

JR. Confira
também o livro
Canções e
Documentário “Filhos Tensões
Apocalípticas,
do Caos” retrata cena primeiro livro
independente do Alto lançado pelo
Didier (2024)
Sertão paraibano
Por que abordar a cena independente?
“Filhos do Caos” é nome de uma
música lançada pela primeira banda
de rock de Cajazeiras, a
Conspiração Apocalipse. Esse
mesmo nome foi escolhido pelo
cineasta Didier Junior para o
documentário que mostra a cena
independente do Alto Sertão
paraibano. O lançamento está
previsto para o segundo semestre
deste ano. Confira uma breve
conversa com o realizador.
E a escolha por Cajazeiras? FOTO//EDSON ALBUQUERQUE

Como bom cajazeirense, sou Quais bandas participam?


apaixonado pela cidade que nasci, me
criei e estudei. Veruza [Guedes], que Durante o documentário, várias bandas da cena rock em Cajazeiras
foi roteirista junto comigo e atuou na são mencionadas, como Peleja, Arlequim, Cabeça Chata, Danos
produção executiva, também é outra Morais, Tocaia da Paraíba, Baião d’Doido, Epidemia Tipo 5, Laura
que ama Cajazeiras. Tanto eu como Freire, Vinil Vagabundo... Enfim, muitas daquelas que estabeleceram
ela temos um grande interesse por os parâmetros do rock no Alto Sertão paraibano. Mas, uma das
contar histórias, seja nas telas do bandas acaba tendo um toque especial na lembrança e nos
audiovisual ou na folha de papel do ouvidos daqueles que participaram da gravação do documentário, e
livro. essa é a banda Conspiração Apocalipse. Ela foi a primeira banda
formada na cidade, em 1989. Em seus mais de 30 anos de carreira,
Pensamos nesse documentário juntos a Conspiração Apocalipse acabou se tornando o símbolo mor da
pois é um tema que nos inquieta, nos cultura roqueira em Cajazeiras e no Alto Sertão paraibano. Tornou-
formou enquanto pessoas antenadas no se uma referência para todos os roqueiros cajazeirenses. E, aliás, é
universo da arte sertaneja.O rock foi por isso mesmo que o documentário recebeu o nome de uma das
escola, foi formação cultural, tanto para canções da Conspiração Apocalipse. Filhos do Caos é uma música
mim como para Veruza. São duas que fala sobre crianças em situação de rua, ela traz potencialmente
gerações que se uniram para tentar esse ideal de crítica ao establhisment, ao que está posto na
contar como o movimento roqueiro é sociedade e o que devemos, definitivamente, mudar. Filhos do Caos,
importante para Cajazeiras e para o Alto então, são todos aqueles em nossa sociedade que lutam por uma
Sertão da Paraíba como um todo. vida mais digna.

MORTÍFERA MAG.
EDIÇÃO #3 10

FOTO//ISA MIOTO

MORTÍFERA MAG.
EDIÇÃO #3 11

Com apenas dois singles,


Tapuia ganha espaço na cena
-pesada- pessoense e fala
com a MORT. sobre sua
história e futuros lançamentos
Como surgiu a banda?
A história da banda começou Parte dos povos que viviam no vo baterista, Gláucio. Achamos
ainda no colégio. Yan e Isaac eram interior da Paraíba não falavam que as composições atuais do
de salas tupi e eram chamados, pelos Tapuia vão dar bons frutos nas
diferentes e não se falavam, até povos que falavam tupi, de forma músicas que estamos gravando
que um dia os dois estavam até pejorativa de Tapuias, que em agora, colocando elementos do
vestindo camisas de banda de tradução livre é algo como “o metal moderno misturado com
metal e começaram a falar sobre outro”, “bárbaro”, “inimigo” ... nossas raízes culturais. Nas
música. A ideia de montar uma Ao longo dos anos, essa palavra próximas semanas anunciaremos
banda veio logo depois disso. passou por uma mudança de novidades empolgantes kkk,
Pouco tempo depois Matheus significado, o que antes era uma fiquem de olho.
entrou na banda que ainda não palavra que gerava afastamento e
“preconceito”, hoje é utilizado Sobre a capa de ambos singles
era Tapuia, era uma banda mais de lançados, o que vocês querem
covers. Anos depois, mais pelos povos Tapuias como orgulho representar?
precisamente em 2022, quando a de pertencimento a este povo.
Usamos a palavra Tapuia com os Assim como a ideia do nome da
banda quis começar a ser autoral, banda, queremos valorizar nossas
é que surgiu realmente a Tapuia. dois significados, o primeiro de
raízes e mostrar isso para os
Os primeiros ensaios da banda nossos ouvintes. Os pássaros dos
aconteciam em tempos bárbaro” por tocarmos metal na
Paraíba, desafiando o “comum” o dois primeiros singles são aves
pandêmicos no apartamento do brasileiras que acreditamos que
antigo baterista da banda. ordinário, e também com o
significado de orgulho, honra de encaixam esteticamente com a
Sobre o nome, qual é a origem e ideia de cada música que ela
razão de vocês terem escolhido ser brasileiro, paraibano e da
o nome “Tapuia”? história do nosso povo originário. representa. São bonitas e
Por isso somos Tapuia. gostamos delas. Créditos ao
Nas nossas composições, nosso guitarrista, fotógrafo e
presamos sempre em ser Atualmente vocês se editor Isas Massas.
autênticos. Autênticos a nossas encontram em algum
ideias e a nossas raízes culturais e processo de composição E sobre a cena local, para
musicais. É claro que tocamos um para lançamento de EP ou vocês, como tá a recepção da
gênero musical estrangeiro, mas álbum? banda?
colocamos outros elementos da Começamos a tocar recentemente,
nossa cultura, brasileira e Estamos passando por um mas já temos o nosso público fiel que
paraibana, nas nossas músicas, processo de composição sempre comparece em nossos
isso fica claro em nossas constante desde a formação, mas shows, além de cada vez mais ter
composições. recentemente os trabalhos de mais gente nova. Como o metal que
gravação do nosso disco nós tocamos é algo mais moderno,
Para falar do porquê escolhemos o começaram. Vamos lançar com muitas influências de bandas
nome, temos que falar da origem algumas músicas antes do EP, como Gojira e Deftones, achávamos
da palavra “Tapuia”. No passado (e que vem por aí em breve. Estamos que teríamos mais dificuldades em
no presente), existiam diversas trabalhando com um novo entrar na cena, porém isso não
etnias dos povos originários aqui produtor e temos grandes aconteceu. O bom do cenário
na Paraíba, a maioria dos povos expectativas para as próximas pessoense de rock/metal é que não
que viviam no litoral paraibano músicas, ainda mais que serão as tem nenhuma banda muito parecida
falavam tupi, como por exemplo os primeiras com uma mão maior de com outra, praticamente todos os
Tabajaras. Isas e já gravadas por nosso no- estilos de metal são abraçados pelo
nosso cenário.
MORTÍFERA MAG.
EDIÇÃO #3 12

O DEATH O disco será lançado aproximadamente no mês de


agosto - setembro e estará disponível em todos os

METAL RAÍZ
meios de streaming, levando aquele som mais obscuro
para o público paraibano.

PESSOENSE:
¡NEGATIVUS!
Se você é de João Pessoa e acompanha a trajetória
do Behaviour, você provavelmente conhece o
Eduardo Jarry. O conhecido “chileno paraibano”,
Eduardo é vocalista do Behaviour desde os anos 80 e
já passou por vários projetos como Omago,
Carcinoma e Stomachal Corrossion.
Desde seu começo dentro da Cena, sua afinidade
sempre foi mais próxima e alinhada com as ideias e
sonoridade mais do Death Metal School e o Grindcore
em seu início. Com influências que variam do Carcass
ao Napalm Death, Eduardo decide juntar tudo isso em
seu novo projeto que leva ainda suas letras e som
para um lado mais intenso e obscuro.
Com letras em português , o projeto faz forte críticas a
vários temas que também são abordados no “Rex
Imbecilic” do Behaviour, só que dessa vez, de uma
jeito ainda mais literal e direto.
Sobre a produção, por trás do projeto houve a
participação dos seus companheiros de banda,
Thyago Trajando e Eduardo Amorim, junto com o
produtor Vitor Hugo que vem trabalhando com a
mixagem dos trabalhos do Eduardo desde seus
projetos fora do país.
FOTO//RAFAEL PASSOS

MORTÍFERA MAG.
EDIÇÃO #3 13

COALIZÃO:
FOTO//NIEL MELO

RESISTÊNCIA
E HARCORE

MORTÍFERA MAG.
EDIÇÃO #3 6

Qual foi a origem da banda?


Como surgiu?
A coalizão, como o próprio nome já
entrega é a junção de 4 caras que
tinham/tem uma trajetória em
comum. O Punk Hardcore.A banda já
nasceu veterana.Explicando: já
tínhamos passado por bandas com Cada capa dos EPs retrata um
grande atuação na cena Nordestina acontecimento. O que vocês
e Brasileira. Em 2018, Ilson podem compartilhar conosco
Barros(também Zeferina)me sobre o que cada imagem
Convidou (Ramsés)pra montarmos representa?
uma banda com influência das Os três primeiros EPS apresentam
velharias punk rock brasileiro dos nas capas eventos históricos
anos 1980. Tínhamos saído ou atrelados as lutas das ligas
estávamos dando um tempo de camponesas ocorridas entre
nossas bandas anteriores e a Pernambuco e Paraíba. Eventos
COALIZÃO seria nosso ponto de dramáticos e que levaram centenas
encontro. Somava-se a banda de camponeses a serem torturados
Edmundo (Cabreira/Musa Junkie)e a e mortos pela ditadura militar e por
época Oscar (Ex Calibre 12/SP). latifundiários nos anos 1960.
Tinha tudo pra dar liga 4 macacos Algumas dessas lutas permanecem
escaldados na barulheira e com na Paraíba e no Nordeste, da mesma
enorme ficha corrida no protesto. forma muitos conflitos com outras
Uma das principais pautas se apresentam ainda mais
características da banda é duros, nos últimos anos. O Último EP
justamente a posição política e “Pátria ruminante” que tem um boi e
abordar temas relevantes como vacas na capa, se auto explica nas
pode ser visto nos EPs da atuais circunstâncias do avanço
banda. Como é o processo de extremista, e dessa manada de
composição da banda? fanáticos ultra nacionalistas que se Sobre gravação e lançamentos,
apresentam na sociedade brasileira. quais são os planos para 2024?
Nossa base de protesto é muito Além de continuar tocando nos mais
forte. Crescemos em meio aos anos As capas de forma geral estão
ligadas às letras e essa nossa visão diversos espaços, como em 2023, um
1980 com todas as dificuldades da ano massa,em termos de GIGS HC fora
redemocratização. Além disso, sou reflexiva sobre a sociedade brasileira
sempre vai estar presente. de João Pessoa, principalmente em
historiador e professor. Osso se Pernambuco, estamos com uma série
reflete diretamente nas Sendo uma banda com uma de novos sons compostos para nosso
composições. Some-se o punk e a posição clara, quais vocês futuro material. Ele tem o título provisório
mistura é explosiva. Todos na banda acham que são os maiores de:”A tradicional, ordeira e devota família
são de esquerda, seja no âmbito desafios na trajetória? brasileira”. O material será meio
partidário ou anarquista.Além disso Consideramos importante nos conceitual sobre esse
Coalizão é uma banda Hardcore manter atentos a novas agendas de “Evangelistão”fundamentalista que
ANTIFA, o que significa que muitas luta. O fascismo nunca foi tão tomou conta do Brasil. Nunca foi tão
agendas combativas nos dão lastro desavergonhado ao se manifestar importante dizer…”ore, reze ou se
pra construir narrativas e temas de publicamente, inclusive dentro da manifeste como quiser para qualquer
reflexão. Não conseguimos entender cena underground. O que tem de divindade no lugar destinado a esse
o mundo sem uma dose de crítica, de reaça frequentando shows de fenômeno. Entretanto, não temos a
posicionamento libertário. bandas locais…Ainda bem que menor obrigação de engolir a fé de
Você jamais verá a banda tocando sempre tempos uma bandeira do ninguém. E nesse universo, pior ainda se
num evento com bandas que se MST para afugentar nazis você assume uma postura “Nazi-gospel.
posicionem como “isentas” ou desavisados. Talvez uma das coisas O ano de 2024 será um ano intenso
reacionárias. Clube de que tenha tomado nossos papos para a banda com nova formação,
motociclistas? Nem a pau! Para nos ensaios, seja essa sacralização depois da saída do Matheus (bateria).
muitos essa é uma posição radical e neo pentecostal. Extremamente Hoje a banda tem Ramsés (vocal)Ilson
é mesmo. Não recuamos um intolerante no Brasil, e que de forma Barros (Guitarra)Edmundo (Baixo)e
milímetro frente ao autoritarismo. Se arrogante impõem certas formas de acaba de entrar na banda, o Guga
incomodamos a mensagem está comportando. Todos que se (Também Zeferina).A Coalizão continua
dada. Não gosta do MST?Não comportam fora dessa fronteira ferina é ácida. Sempre ANTIFA!
apareça no show, já estamos serão combatidos. Ou seja:se você
escaldados para engolir. não reagir estará fodido. Agradecemos o espaço do Mortífera
Mag!!
MORTÍFERA MAG.
EDIÇÃO #3 15

O RETORNO DO
A Matriarcaos é uma banda que surgiu em
2017, em João Pessoa, PB, com fortes

PUNK ROCK
influências femininas do meio artístico,
variando da música até artes visuais e

FEMINISTA:
literatura. Com inspiração que vai do
Hardcore, Dark, Rap e outros, a banda não

MATRIARCAOS
define exatamente seu som com apenas um
subgênero específico, se consideram abertas
a experimentar e focar mais em expressar o
grito de resistência através de suas
No período de 2016-2019, a banda esteve composições.
ativa com diversos ensaios abertos e
participando em festivais locais como Festival
Pela Vida Das Mulheres e Grito Rock 2018.
Após essa trajetória, para 2024 foi definido
uma nova formação de forma fixa que conta
com Marilia, Misandri, Amanda e Gabi Diaz.

Recentemente em suas redes sociais,


confirma seu retorno e se prepara para fazer
um show o qual será anunciado em breve, o
qual marcará o começo dessa nova etapa.

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Nayara França - Ilustradora
Grupo Seiva -Grupo artístico
Stephany Eloy - Fotógrafa/Redatora

MORTÍFERA MAG.
EDIÇÃO #3 16

EM BREVE: ROTTEN
FLIES ESTARÁ DE
VOLTA!
HISTÓRIA

Formada em 1990 por dois amigos,


Beto Farias e Ramsés Nunes, sem
instrumentos musicais e com apenas
uma determinação feroz de fazer
música e uma paixão pelo
punk/hardcore, nasce a Rotten Flies.
Improvisando com o que tinham à
mão, mais tarde, outros dois amigos se
juntam ao grupo, compartilhando ideia
e gosto musical.
Em 1992, lançaram sua primeira demo
tape, "Necrofilia", gravada em uma
simples fita cassete. Apesar das
limitações técnicas, a demo chamou a
atenção pela sua autenticidade e
intensidade. Dois anos depois, em
1994, veio o segundo trabalho,
"Cultura do Ódio", também distribuído
em fita cassete. Este álbum
conquistou resenhas positivas em
fanzines e revistas especializadas,
solidificando o nome da Rotten Flies
no underground.
De 1996 até 2001 a Rotten Flies
participou de várias coletâneas
enquanto faziam as novas
composições para o queviria a ser, o
primeiro CD oficial da banda – Amargo,
que só foi lançado oficialmente em
2012 pelo selo paraibano Microfonia.
Em 2019, Wiliane França assume o
vocal da Rotten e dessa vez
entregando um outro tipo energia
diversos aos vocalistas anteriores da
Rotten, trazendo ainda mais ATUALIDADE
intensidade e autenticidade com o Enquanto Beto passou pela recuperação, à formação do novo
estilo da vocalista. Lembrando que projeto do Thales, Best Foe, e Erivan ativo na banda Letal e Sinal de
junto com a Wilie, a banda lançou o Ataque, a Rotten esteve bastante “off” nesses últimos tempos com a
split “Sight Disaster” com a banda busca intensa por uma nova/novo vocalista.
estado-unidense, The Sawed Offs.
Inclusive recentemente, Beto voltou às baquetas novamente em um
evento no pátio da Música Urbana, também notificando nas redes
Em 2023, a contora encerra suas socias da banda que oficialmente o retorno está mais breve que
atividades com a banda e segue outro nunca e com novidades que estão por vir que irá definir uma nova
caminho dentro do meio musical. etapa na história da banda.

MORTÍFERA MAG.
#MORTINDICA
EDIÇÃO #3 17

VERM
GOD
Desde sua fundação em 20
de fevereiro de 2009, a
banda de Black Metal
VERMGOD vem marcando a
cena musical de João
Pessoa, capital da Paraíba.
Fundada pelo guitarrista e
vocalista Luiz Eduardo
Viana, a banda é uma
mescla intensa de
influências de grupos como
Trespasser, Darkthrone, Der
Weg Einer Freiheit e Gaerea,
unindo um som sombrio a
letras que exploram temas
de anti-cristianismo,
filosofia e morte.
A banda já lançou dois
discos e seu último trabalho
foi lançando em 2023, o EP
“Ascension’s Wrath”.

DEAD
POETZ
Formada na cidade de
Pirpirituba, Paraíba,
emergiu na cena musical
em pleno Halloween de
2021, trazendo um som
que mescla horror punk
com toques de post-punk
e pop punk. Influenciados
por ícones do horror punk
como Blitzkid e Misfits, a
Dead Poetz explora temas
de terror com uma
abordagem poética,
abordando também
questões profundas como
depressão, suicídio e
dependência química.
Confira o último
lançamento da banda
“Anestesia”.

MORTÍFERA MAG.
INCES
EDIÇÃO #3 18

SANTE
Desde 2010, a banda paraibana
Incessante vem marcando presença na
cena do rock local com seu som único e
engajado. Com letras em português que
abordam temas atuais e políticos, a banda
se destaca por sua musicalidade pesada e
variada, transitando pelo
“rapcorefunkmetal” e incorporando sons
tribais.
Em 2014 lançou seu primeiro EP “Ponto de
Vista” com influências de diversas bandas
como Biohazard, Pavilhão 9, Sepultura,
Rage Against entre outras. E novamente
em 2019/2020, já no período da pandemia,
a banda lança mais um EP com 4 faixas
inéditas nos streams.
Recentemente, a banda foi a primeira do
gênero a tocar no programa “Clan
Sessions” para o Youtube da TV Cidade
João Pessoa, levando aos palcos das
gravações um pouco do som que rola
frequentemente na cidade nos rolês
underground.
Todas as faixas tocadas e o vídeo da
sessão, pode ser encontrada em diversas
plataformas da banda.
FOTOS//ADRI L

MORTÍFERA MAG.
EDIÇÃO #3 19

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MORTÍFERA MAG.
EDIÇÃO #3 20

TOP 5
BANDAS DA
PB POR
WILIANE DE
FRANÇA
NOSKILL
ESCURINHO E BANDA Banda de Hardcore aqui de João
É um cantor e percusionista Pessoa, de meados dos anos
Paraibano que na verdade, é 2000, que na época que as
um ícone da nossa cena. conheci, era formada apenas por
Escurinho transita entre o mulheres. Tive contato com essa
rock n’ roll, música popular banda ainda quando criança por
paraibana dentre outros intermédio da guitarrista Aline
gêneros de uma forma tão Myrtes que foi minha professora
fluida que pega de surpresa de inglês na escola. Acredito que
quem está ouvindo. E essa foi uma das minhas primeiras
acompanhado por grandes referências para a vontade de
artistas como Júnior Espínola fazer música.
e outros, formando uma das
melhores bandas da Paraíba.

PAPANGU
Banda de rock progressivo
da Paraíba, que impressiona
bastante com sua
sonoridade que transita
entre rock, metal, forró e
várias coisas loucas.
Acredito que, atualmente, é
uma das bandas melhores
produzidas da cena
paraibana!

OPIUM COLLIN ROTTEN FLIES


Banda de Death Metal A Rotten Flies é uma banda de
paraibana dos meados dos hardcore de João Pessoa, ativa há
anos 2000. Foi uma das mais de 30 anos na cena
primeiras bandas de metal paraibana e tem como um de seus
extremo que conheci na cena fundadores o ilustre Beto, na
paraibana, na época do bateria. Apesar de eu ter feito
início/auge do Facebook. parte dela por quase 5 anos
Essa banda tinha como um de (rsrsrs), não deixa de ser uma
seus fundadores o grande grande referência musical e de
multiartista Fábio Nosferatus resistência na cena underground
que tocava bateria e fazia os paraibana.
vocais ao mesmo tempo!

MORTÍFERA MAG.
SHOWS COM APOIO
EDIÇÃO #3 21

DA MORT.

MORTÍFERA MAG.
EDIÇÃO #3 22

UMA NOVA Não vai ser a primeira vez


que você encontrará o

ERA:
nome da Tela Azzu nessa
edição. Com uma
“mistura” de diversos

CONHEÇA A
subgêneros musicais e
várias experimentações,
a banda conversa um

TELA AZZU
pouco com a MORT.
sobre sua trajetória e
lançamento do disco
Baleia Explode.

Vinícius na guitarra, que trouxe Diferente de várias bandas


Mencionamos um pouco com ele o colega do cenário
vocês no começo da revista metal Lucas Madruga nos da área, vocês buscam
mas queremos agora baixos, deixando espaço para incorporar vários elementos
aprofundar na trajetória e entrada um pouco depois de e não se limitar apenas com
sobre o debut. Diogo Rodrigues nos um subgênero específico.
Primeiramente, como surgiu sintetizadores (hoje, guitarra) e Como vocês trabalham essa
a banda? Marcus Matheus, que mais “mistura”? Quais são as
tarde assumiria a bateria, influências da banda?
fechando a nossa formação
A “Tela Azul” como primeiro foi atual, ambos ex-companheiros
pensada lá no finalzinho de de Turmalina, surge então, a Todos integrantes tinham um
2019, tratava-se de um projeto Tela Azzu. gosto musical muito diferente
paralelo de Iann, na época uns dos outros, mas foram
vocalista da Pollar e baixista da A principal diferença entre Tela
Azul e Tela Azzu, além da descobrindo e desenvolvendo
Turmalina Parahyba que tinha a alguns pontos em comum ao
vontade de gravar e cantar ao nomenclatura que agora
enaltece e se imbui do sotaque longo dos anos, coisas
vivo sons que não se internacionais como os
encaixavam em nenhuma dos paraibano, é o intuito de ser
grupos. Após o fim de uma das mais que um grupo musical, australianos do King Gizzard e
bandas e o início da pandemia quase como um coletivo os porto riquenhos do Mars
de Covid-19 o EP que vinha artístico que abrange outros Volta, panteões da cultura
sendo gravado no estúdio Salve espectros da arte além daquilo pessoense como Jaguaribe
foi interrompido e os integrantes que se pode ouvir, seja na Carne e Escurinho ou nossos
debandaram deixando o projeto poesia ou em performances, amigos da Augustine Azul e
na geladeira até o ano seguinte happening’s, instalações, Papangu.
(2020), quando Iann o revive no ilustrações e outras Nunca tivemos um gênero
intuito de gravar um álbum ramificações das artes visuais musical pré-definido, então à
autoral que contaria medida que estreitávamos
primeiramente com o ex- que agora fazem parte da
definição do que é nosso nossos laços e aprendíamos as
companheiro da Pollar, Arthur características artísticas de
projeto.
cada um, por não haver um filtro,
todas as ideias malucas
possíveis iam sendo levadas em
conta na hora de compor, algo
que levou a outras
características importantes da
nossa maneira de trabalhar essa
mistureba, dentre elas o fato de
nosso processo de composição
ser quase uma performance,
onde alguém traz um esboço ou
até mesmo uma música pronta,
gravada ou na ponta dos
dedos,e nós desmembramos
parte por parte para criarmos ou
reestruturarmos aquilo no intuito
de que cada um contribua na
canção (instrumentos e letra)
com a primeira ideia que pairar
em sua mente nas poucas horas
semanais que ensaiamos juntos.

MORTÍFERA MAG.
EDIÇÃO #3 23

Ao falar de nossa mistura é Sobre o disco Baleia A comunicação visual da banda


fundamental pontuarmos que muda de acordo com cada
assim como boa parte da nossa Explode, como foi o processo
de composição- gravação? lançamento, levando apenas o
estética visual e do conceito conceito de psicodelia em
geral do projeto, a música comum, e tendo em vista que
também passa por um processo O processo inteiro durou mais
de um ano e passou por todas as artes de capa até
de recorte, onde muitas vezes à então foram concebidas por
fazemos por partes, gravamos o diversas etapas, começando em
2022 nas composições de integrantes do grupo; Iann,
ensaio no celular e vamos Lucas e Marcus e que o
colando umas nas outras (no faixas como “Fogo da Extinção”
onde uma das principais trabalho estético que circunda o
computador) de acordo com o mesmo é facilitado por esse
que conte melhor a história, diferenças de toda discografia
anterior foi a presença física de fator, ainda assim é sempre um
ideia ou o sentimento que processo extremamente
queremos transmitir. Sempre uma baterista (Marcus Matheus)
na hora de cozinhar as ideias, trabalhoso pois buscamos
paira na vontade coletiva do sempre inovar na hora de
grupo, o objetivo de explorar algo que só havíamos feito até
então utilizando recursos expressar essa visualidade,
misturas que não são comuns, afinal é um projeto
sejam elementos sonoros não virtuais como bateria MIDI.
Após quase um ano compondo, intrinsicamente ligado as artes
convencionais como os copos visuais.
de vidro e alumínio que usamos passamos por bons 3 meses de
gravações em 2023 e outros 7 O vocalista Iann é professor de
de percussão em “Azzu” (Single artes em formação e assim
- 2023), as subversões de meses de pós produção até
chegarmos no lançamento em como o baixista Lucas, são
estrutura musical como em “No artistas visuais que emprestam
Céu Desça Tã” (EP “RGB” – abril de 2024, tudo feito de
maneira absolutamente suas obras como
2022) que não possui marcação “Dictyfanoptera” (Ilustração
de tempo nem compasso ou nas independente por nós mesmos,
com mixagem de Diogo Digital, Lucas Madruga - 2023)
mais recentes junções de para compor o acervo visual do
gêneros musicais como visto no Rodrigues e masterização por
Iann Wilker, que se projeto, incluindo a parte do
“Baleia Explode” (Álbum – 2024) merchandising onde é possível
que possui faixas de samba com responsabilizou pela capa,
identidade visual, materiais de encontrar a obra citada em
metal, baião progressivo, reggae adesivos e camisetas, além
indie, e por aí vai, puro insumo divulgação e produção
executiva, dupla que também disso muitas outras obras
de rock troncho nordestino. podem ser observadas desde o
realizou a captação, junto à
Arthur Vinícius, todos em suas início da trajetória, desde a logo
Sobre o disco Baleia respectivas residências (...) e o primeiro single “Stunado”
Explode, como foi o processo (2021) carrega esse viés em sua
de composição- gravação? Sobre a estética, é possível capa e no lyric vídeo
analisar várias influências do disponibilizado no youtube.
O processo inteiro durou mais psicodélico nas ilustrações.
de um ano e passou por O que você pode Para nortear a estética do
diversas etapas, começando em compartilhar conosco sobre álbum Baleia Explode, foi
2022 nas composições de utilizada uma técnica recorrente
esse trabalho visual da
faixas como “Fogo da Extinção” banda?
onde uma das principais
diferenças de toda discografia
anterior foi a presença física de
uma baterista (Marcus Matheus)
na hora de cozinhar as ideias,
algo que só havíamos feito até
então utilizando recursos
virtuais como bateria MIDI.
Após quase um ano compondo,
passamos por bons 3 meses de
gravações em 2023 e outros 7
meses de pós produção até
chegarmos no lançamento em
abril de 2024, tudo feito de
maneira absolutamente
independente por nós mesmos,
com mixagem de Diogo
Rodrigues e masterização por
Iann Wilker, que se
responsabilizou pela capa,
identidade visual, materiais de
divulgação e produção
executiva, dupla que também
realizou a captação, junto à
Arthur Vinícius, todos em suas
respectivas residências.

MORTÍFERA MAG.
EDIÇÃO #3 24

na feitura de máscaras do bagagem valiosa como Venuz in Dependendo da data de


carnaval nordestino, presente Fuzz e Margaridas em Fúria lançamento dessa edição
em manifestações culturais sempre presentes nos eventos estaremos informando aqui em
valiosas como Carrancas e La em que nos apresentamos, além primeira mão que o plano é cair
Ursas, no intuito de simbolizar a de estarmos crescendo junto a na estrada e realizar em agosto
antropofagia cultural promovida amigos que sempre dividimos a primeira turnê da banda, uma
pela Tela Azzu e o anonimato palco, mesmo em projetos “mini” mas ainda assim
que nos assola, novamente anteriores como é o caso da extremamente significativa para
misturando simbolismos Sorrystate que tem promovido nós que não vemos a hora de
nordestinos com conceitos os “Indie Rock Fest’s” do qual já nos reencontrarmos com
globais, afinal, máscaras são participamos de duas edições. colegas artistas de outras
utilizadas em diferentes culturas Fora isso temos uma ligação cidades.
ao longo da história da existencial com a banda Fora isso dada a largada na
humanidade, quase sempre Papangu, que além de ser produção do segundo e do
ligadas ao espiritual, tema que composta por amigos músicos terceiro álbum quase
recorrentemente é abordado ao que conhecemos e admiramos simultaneamente, além de
longo do álbum. Essa capa se há algum tempo, também é diversas surpresas sendo
trata de uma fotografia tirada expoente do Rock Troncho que preparadas como materiais
por Alexia Vieira de uma obra fazemos e grande incentivador audiovisuais e eventos
chamada “Zero” (Papietagem – e catalisador do nosso trabalho. imperdíveis que contarão com a
2024) feita por Iann Wilker e Assim como a Papangu, temos presença de nomes novos e
editada posteriormente pelo outras figuras em nossas vidas conhecidos do cenário.
mesmo. que somam
incomensuravelmente com o
Sobre a cena local, como que fazemos em outros âmbitos
está sendo a recepção da como é o caso de Ricardo Pinto
banda no atual cenário? (Alternativa B e Meusons),
Kenidy Santana (Paraíba
Como os membros da Tela já Criativa) e tantas outras
tem uma vivência anterior com o pessoas que se prestam a tirar
cenário musical paraibano, a fotos, escrever matérias ou
nossa análise é extremamente contribuir com ideias da estética
positiva, pois apesar de não comunicacional como é o caso
estarmos recebendo nenhum de Renata Venâncio que nos
tipo de incentivo governamental ajudou até mesmo a reinventar
ou sequer entrado na rota de nossa presença online.
festivais maiores, temos feito
conexões importantes com E para encerrar, quais são os
artistas locais excepcionais e de planos para 2024?

MORTÍFERA MAG.
EDIÇÃO #3 25

A ESSÊNCIA DO ROCK
PARAIBANO

FOTO//MARCUS RUSSO
MORTÍFERA MAG.
EDIÇÃO #3 26

Como surgiu a banda? E de Além da de gostar de se reunir A partir do convite recebido pela
onde surgiu o nome “Musa pra tocar, ensaiar e estar juntos produção do Palco Tabajara, um
Junkie”? se divertindo, soma-se a isso um programa feito ao vivo e
Surgiu em meados da década sentimento de resistência e transmitido pela rádio e redes
de 1990 com o encontro de três resiliência. Somos muito sociais, tivemos a ideia de fazer
caras que estavam a fim de estamos sempre compondo, esse registro. Para tanto,
fazer um som, José de Jesus, ensaiando, fazendo coisas e chamamos Adriano Leão, produ-
Beto e Edliano. com vontade de mostrar tudo produtor musical e amigo, que
Tivemos várias formações, isso. Apesar de algumas pausas já conhecia o som da banda,
passaram pela banda por motivos pessoais dos para captar o som ao vivo. Ele
NildoGonzalez (Zumbir, Seu integrantes, o que nos move é captou, e levou pro seu estúdio
Pereira, Flavio C, Star 61, essa inquietação musical. pra remixar e masterizar todas
Totonho etc), Oscar Filho as faixas. Ainda convidamos o
A banda tem diversas Anderson oliveira, do Clan
(Calibre 12, Nenê Vodoo, influências em seu som que Musical, para reeditar os vídeos
Disunidos, Coalizão), Rogério vai do Punk até Surf Rock. e conseguimos lançar esse
Aragão (Rota 66), Túlio Flávio Como vocês definem o som material de áudio (plataformas
(Zackarias Nepomuceno, que vocês fazem? E quais de streaming) e vídeo
Cuidado com o cão) e a
formação atual é Edliano influências predominam no (YouTube).
Valeriano (baixo e voz), Edy processo criativo da banda?
Gonzaga (guitarra e voz), Diego Gostamos muito desse registro
Não temos muitos rótulos e por ter a cara dessa nova
Second (Guitarra e voz) e Rayan temos as influências mais formação, com Rayan e Second,
Lins (bateria e voz). diversas, que se somam na hora fazendo um passeio por músicas
O nome é uma homenagem as de compor e arranjar as antigas e músicas novas já
musas de atitude ligadas à músicas. As influências compostas com essa formação.
música, como por exemplo, Elis poderiam ir de ABBA à Cartola,
Regina, Clara Nunes, Marilyn passando por toda aquela fase Quais são os futuros planos
Monroe, Calíope, Melpômene, indie, de efusão do rock para a banda e o que você
Janis Joplin,Carmen Miranda, alternativo dos anos 90. pode compartilhar conosco.
Aracy de Almeida, entre outras. Essasinfluências diversas, vão
Musa Junkie é reconhecida se somando e mixando com os Por enquanto estamos tocando
por ser uma das bandas sons que escutamos em todos esse repertório do Palco
esses anos de parceria, Tabajara nos shows e
pioneiras da cena rock composição e estúdio. compondo material novo para,
paraibano dos anos 90, em breve, gravar um novo EP,
como vocês definiram essa O último lançamento foi um ainda sem data pra sair.
trajetória da banda até os ao vivo no palco tabajara.
dias atuais? Como foi feita essa Agradecemos o trabalho da
gravação ao vivo? Mortífera MAG, que
consideramos essencial para
que a nossa cena cresça ainda
mais, dando oportunidades de
bandas novas aparecerem e
formarem novos públicos aqui e
Brasil e/ou mundo afora.
Obrigado! Sigamos!

FOTO//RAFAEL PASSOS

MORTÍFERA MAG.
EDIÇÃO #3 27

BONA DEA
O Bona Dea foi uma banda que atuou em um curto
período, mas que nos poucos anos de existência,
conseguiu destaque no underground nacional, tendo
resenha elogiando a demo, inclusive a qualidade da sua
Por Igor Silva produção, gravada no já na época veterano, estúdio
Peixe Boi. Além desses destaques na mídia impressa, a
banda chamou atenção da MTV, mas o fim do Bona
Dea, abriu um novo capítulo na trajetória musical de
Após o fim da década de 90, um jovem tímido tinha saído Flaviano André, que pretendo contar mais para a frente,
da sua primeira tentativa de fazer música decidido a por enquanto fica aqui esse relato e a recomendação
montar uma nova banda, nesse momento ele já estava se da audição dessa demo histórica, que nem existe
tornando conhecido na cena musical quando começou a disponível nos streamings, mas.pode ser ouvida no
trabalhar na loja de discos Música Urbana, localizada no YouTube e vale destacar, que além de toda a
centro de João Pessoa, local ideal para servir de
inspiração para as letras que aquele rapaz iria musicar em importância já destacada, a voz de Flaviano é
uma sequência de projetos musicais intensos e que nunca espetacular, ele teve formação musical, fez parte de
passaram despercebidos. O impacto da música idealizada coral, mas nunca se adaptou a certas caretices do meio
por Flaviano André era algo impossível de causar erudito, sempre foi um artista que se entregou a sua
indiferença e junto com uma formação improvável que produção, criando uma obra que vai além dessa demo
contava com ex integrantes do Medicine Death, do Bona Dea, mas vem depois com a bandas Star 61 e a
respectivamente Hansen nas guitarras, Ganzales no baixo, carreira solo batizada de Fla Mingo ficam para outras
Wilame nos teclados (atualmente a frente do duo synth edições, por enquanto procurem conhecer essa demo
dark pop Electro Bromance) e a bateria eletrônica tratada que apesar de conter poucas faixas, é auto explicativa,
como uma integrante relevante e batizada com o singelo só ouvindo para entender o destaque e a importância
nome de Pâmela Suck Suck. Com essa formação, que a banda teve, inclusive para mim, sendo referência
entraram em estúdio e gravaram a demo clássica e com a constante e indo além das lembranças de um tempo
melhor produção que a cena presenciou, o título “My room que já se foi, tanto que de todos os projetos, esse foi o
is a graveyard of love” entregava as referências de Smiths, que não passou por tantas mudanças de formação e se
Cure, Echo and The Bunnymen e Suede, coisa que consolidou como uma daqueles clássicos não datados,
destoava da formação que acompanhava Flaviano e que nada daquela música fedendo a mofo, segue relevante,
tinha um histórico como uma das bandas mais clássicas atual em melodias e ambiência envolventes,inclusive
do metal paraibano. Esse registro não lembrava não só o
metal e o Medicine Death, como nada tinha a ver com desfilando um leque sonoridades que hoje tem sido
hardcore que estava em seu auge na época e muito redescobertas por muitas bandas atuais. Assim, encerro
menos com as experimentações pop/regionais que meu relato sobre um artista que ousou vomitar um arco
ecoavam o legado dos movimentos da tropicalia e mangue íris purpurinado em uma cena que ainda não estava
beat. preparada para ser realmente inclusiva, fazendo
rock'n'roll do alto do seu salto plataforma e sendo
visceral e combativo ao seu modo em um momento
histórico, de lá para cá muita coisa mudou, no mundo,
O Bona Dea era algo entre o glamour rock dos anos 70 de na sua carreira, está em mutação a comunicar e tudo
Bowie e T-rex, inclusive no visual de Flaviano no palco, isso foi impulsionado na cena musical paraibana, por um
além de uma sonoridade mais sombria e melancólica que
assombrava todas as músicas, bebendo das fontes do pós artista que no seu dia a dia, parecia ter receio,e
punk,do shoegaze mais melódico e atmosférico e do rock provavelmente tinha mesmo, mas isso não o impediu de
gótico, além de umas pitadas das bandas mais glamour do ousar e tentar.
britpop como o já citado Suede e as bandas Pulp e Gene.
Flaviano era antenado no que havia de melhor na música
alternativa e tinha uma presença de palco que foi sendo
moldada a cada show, se tornando mais intensa, onde a
androginia do seu visual, fazia dele um ícone LGBTQIAPN+
em um cenário onde se criticava a homofobia abertamente
apenas em gigs anarcopunks do Cilaio Ribeiro e entre as
bandas punk e hardcore mais politizadas, coisa que era
forte, mas restrita em um meio que já era restrito.
Empunhando seu violão ou as vezes só no vocal ou
somando as batidas com uma pandeiros, aquele garoto
tímido, no palco exorcizava tudo que no dia a dia tentava
silenciar ele e outras pessoas que se sentiam deslocadas.
Muita gente tenta negar, mas o underground não era
realmente acolhedor para pessoas que estavam fora da
normatividade hetero, hoje não é tão diferente, mas já foi
muito mais complicado, mas graças a bandas como o Bona
Dea, Flávio Cavalcanti e a Mãe de quem? Através de
integrantes que estavam à frente dessas bandas, um
público que antes era muitas vezes segregado, começou a
se sentir acolhido, passou a ser mais participativo abrindo
espaço para outros artistas, tornando a cena mais
inclusiva para todes.

MORTÍFERA MAG.
# MORTINDICA: ¡MARCAS
INDEPENDENTES!
A marca Coraticum, nascida na Paraíba em 2017, é um reflexo da arte
independente e artesanal da Gabriela. A marca produz em pequena
escala bolsas, roupas e outros produtos limitados feitos com matéria-
prima excedente e reutilizada da indústria têxtil. Reinventando,
transformando e permanecendo coração coragem.
EDIÇÃO #3 29

PROFILE UNDERGROUND
EDY GONZAGA

Melhor disco da PB
Dificíl, Bea. Poderia citar vários que gosto bastante. Lugar onde gostaria de tocar em João Pessoa
Mas tem um em especial que pra mim é Teatro Pedra do Reino. Mas não tenho essa esperança.
representativo pela importância das pessoas Acho q o cenário de q a gente faz parte, é difícil para
envolvidas, incluindo os músicos e convidados que aquele espaço, que é longe e não muito acessível. Mas
participaram, que não foram poucos, que é o álbum acho q seria lgl tocar naquele palco, como foi tocar no
‘Vem no Vento’, do Jaguaribe Carne, grupo criado Teatro Nacional em Brasília com O Chico Corrêa, banda
pelos irmãos Pedro Osmar e Paulo Ró. Além das q tocava na época.
músicas e das pessoas que fizeram esse álbum, ele
teve presente fortemente num momento muito difícil
que atravessei e me fez resistir, reencontrar um Disco da PB que recomendaria
caminho pelas músicas, pelas letras e pela época. Pra
mim é de suma importância não só da música Começando pelos mais antigos: Medicine Death –
paraibana pelas pessoas envolvidas, mas por esse Genetic Radioactive Experimentes; Rotten Flies –
lado pessoal. Cultura do Ódio; Cine Parahyba – Junior Espínola;
Mas tem muitos outros que gosto e é muito cruel Labacê – Escurinho; Conflict das Marees – Tribo Ethnos;
escolher apenas um, vai pela memória afetiva. Papangu - Holoceno; HeadSpawn – Parasites;
obviamente, Vem no Vento – Jaguaribe Carne; Tocaia da
Paraíba – Botando pra Quebrar; Zepelin e o Sopro do
Lugar onde mais tocou em João Pessoa Cão – Corona Gaze; Zefirina Bomba –
Outra pergunta difícil. A memória já não ajuda tanto, Noisecocogrooveenvenenado; Zackarias Nepomuceno
muito tempo nesse cenário underground Mas lembro –Quero Sangrar em cima de você; Flávio Cavalcanti –
com muito carinho do Teatro Cilaio Ribeiro, Flavio Cavalcanti na Praia.. são muitos, passaria um
praticamente o CBGB da minha época pra gente. O tempo aqui citando, álbuns legais de ouvir, citei os q me
Espaço Mundo tb foi um lugar onde participei de vieram à cabeça agora.
vários eventos. Na FUNESC como um td, teatro de
Arena, Teatro Paulo Pontes e Praça do Povo, tb foram
vários. Aì tb vi shows memoráveis, como a fase em que Cinco bandas que chamaria para um festival
tinha muitos shows do Dead Nomads e Metallica
Cover. Na época tocava com o Rotten Flies, cheguei Rage Against The Machine, Suicidal tendencies,
a deslocar meu braço duas vezes em uma no em Circle Jerks, Minor Threat e The Stooges
rodas de pogo por lá.. kkkkk
MORTÍFERA MAG.
PROFILE UNDERGROUND
EDIÇÃO #3 30

EDY GONZAGA
CONHEÇA AS BANDAS:
CABRUÊRA, ZEFERINA
BOMBA, MUSA JUNKIE,
DISUNIDOS, COALIZÃO,
BURGO E LA GAMBIAJA

Um músico internacional que te influencia


Flea – Baixista RHCP

Um músico da PB que admira


Pablo Ramires – Baterista

Um show memorável que você já tocou


Festival ‘Claro que é Rock’, com o Star 61, que
teve no line up: Stooges, Flaming Lips,
Phantomas, Sonic Youth... inesquecível.

Show memorável que você já viu


Vou citar dois: Motörhead e Suicidal Tendencies

MORTÍFERA MAG.
EDIÇÃO #3 31

+ 5 FATOS
CURIOSOS
SOBRE A CENA
PESADA
UNDERGROUND
PARAIBANA
MORTÍFERA MAG.
EDIÇÃO #3 32

Óliver da loja Óliver Discos além do


Necropólis, já fez parte da banda
Incubus, banda que abriu o show do
Sepultura em Caruaru, 1987.

Olga Costa já recusou entrevistar o


Lemmy do Motörhead com medo de não
entender o que ele iria falar.

Teatro Cilaio Ribero já marcou


bastante a Cena Underground local,
inclusive foi onde ocorreu o primeiro
Metal Command. Atualmente, o local se
encontra fechado.

Em 2010 ocorreu um festival chamado


Sun Rock que prometia botar João
Pessoa na rota de shows internacionais.
A clássica banda de Hard Rock Alemão,
Scorpions, se apresentou em um dos
dias.

Charlie Curcio além de ser uma das


pessoas com o maior acervo de material
da Cena Underground -Pesada- PB, já
trabalhou na Cogumelo Records em BH.

MORTÍFERA MAG.
EDIÇÃO #3 33

Aquela linha entre o Thrash Metal e o


Hardcore, o Crossover se destaca nas
composições e apresentações da banda
campinense, T.O.S.I.
Formada em 2011, a banda com seu som
rápido e intenso, aborta diversos temas
sociais e reforça isso em seu recente
lançamento “Ódio Organizado”.
Com uma ilustração forte, a cor intensa
do laranja-vermelho simbolizando o fogo
e o quartel de polícia, a banda deixa
evidente sua posição como conjunto.
Sobre o disco, se você já escutou a
banda e o álbum “Todos Obrigados no
Sistema Imundo” e “O Silêncio Que Não
Paga”, a banda prevalece após mais de
10 anos a mesma pegada e a essência
da T.O.S.I, com músicas curtas, rápidas e
críticas.
A diferença dos lançamentos prévios,
dessa vez a banda aborda ainda mais
temas atuais como “Online”, a qual
retrata esse mal uso atual da tecnologia
e inclui músicas que já foram escritas
anteriormente como “Banzo”.
Para aprofundar mais e ter maior
conhecimento sobre esse processo de
criação da banda, a T.O.S.I conta um
pouco sobre cada música que foi
incluida nesse EP.

MORTÍFERA MAG.
EDIÇÃO #3 34

ÓDIO BANZO

BACURAU ONLINE

CORPOS

MORTÍFERA MAG.
EDIÇÃO #3 35

DESTRÓI

MORTÍFERA MAG.
EDIÇÃO #3 36

MORTÍFERA MAG.
EDIÇÃO #3 37

FORMAÇÃO CLÁSSICA

FORMAÇÃO CLÁSSICA FORMAÇÃO CLÁSSICA

MORTÍFERA MAG.
EDIÇÃO #3 38

SEPULTURA EM CG

DAVI LIMA + MAX CAVALERA E PAULO X. CAPA DISCO

MORTÍFERA MAG.
EDIÇÃO #3 39

KREATOR + NEPHASTUS

ILUSTRAÇÃO FEITA POR CHARLIE CURCIO


NEPHASTUS 2022

MORTÍFERA MAG.
EDIÇÃO #3 40

MORTÍFERA MAG.
EDIÇÃO #3 41

FANZINEs PARAIBANAS:
CONHEÇA UMA POR EDIÇÃO

Fundada por Charlie Curcio, a Crazy


Invansion era uma fanzine
campinense ativa começo dos anos
80 que focava na ilustração +
divulgação da cena extrema local.
Charlie também foi responsável pela
fanzine Merda e fez parte de bandas
como Óstia Podre e Stomachal
Corrossion.

Quer saber mais sobre a cena


campinense nos anos 80, histórias e
trajetória do Charlie Curcio? A
Mortífera Mag. indica esse livro para
quem deseja aprofundar e conhecer
mais além!

MORTÍFERA MAG.
EDIÇÃO #3

CONTATO
mortiferamag@gmail.com

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