Artigo G As Brincadeiras No Ensino-Aprendizagem Na Educação Infantil
Artigo G As Brincadeiras No Ensino-Aprendizagem Na Educação Infantil
Artigo G As Brincadeiras No Ensino-Aprendizagem Na Educação Infantil
doi.org/ 10.51891/rease.v8i8.6694
Joanilde da Silva1
Joelma Auxiliadora Soares do Prado2
Katiúscia Cristina Costa Marques3
Laura Yule de Alencar Alcântara4
Marilene Maria Schnorr5
Silmara Francisca Gondim6
RESUMO: Este artigo busca refletir sobre a contribuição do brincar para o desenvolvimento
e a aprendizagem das crianças. Dentro de uma análise do porquê as crianças na primeira
infância precisam de brinquedos, jogos e brincadeiras em seu dia a dia para tornar as salas
de aula mais agradáveis, estimular as habilidades de raciocínio das crianças e promover o
aprendizado para todos. Utilizar os jogos como recurso escolar é utilizar a própria motivação
da criança para tornar o aprendizado mais atrativo. No entanto, os ambientes escolares têm
encontrado dificuldades para impedir o uso de recursos de jogos como facilitadores da
aprendizagem. Para isso, este artigo utilizará construtores teóricos, como Vygotsky (1994)
(1991), Brougere (2001), Kishimito (1999), Oliveira (2002), Maluf (2003).
1
Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Mato-Grosso – UFMT, Especialista em Educação
Infantil e Especial pela Faculdade das Águas Emendadas – FAE.
2
Graduada em Pedagogia pelas Faculdades Integradas Mato-Grossenses de Ciências Sociais e Humanas,
Especialista em Educação Infantil e Alfabetização pela Associação Varzeagradense de Ensino e Cultura –
AVEC.
3
Graduada em Pedagogia Séries Iniciais pela Universidade de Cuiabá – UNIC, Especialista em Educação
Especial – AEE.
4
Graduada em Educação Física pela Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, Especialista em Educação
Aplicada ao Transtorno do Espectro Autista pela Faculdade – FAIPE.
5
Graduada em Pedagogia pela Faculdade Luterana no Brasil – ULBRA, Especialista em Psicopedagogia pela
Faculdades das águas Emendadas – FAE.
6
Graduada em Pedagogia pela Faculdade Afirmativo, Especialista em Educação Especial AEE pela Faculdade
Integradas de Cuiabá – FIC.
Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação. São Paulo, v.8.n.08. ago. 2022.
ISSN - 2675 – 3375
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1 INTRODUÇÃO
Um dos muitos problemas enfrentados por quem atua na educação infantil é a falta
de conhecimento para construir a alfabetização das crianças. Na educação infantil, as coisas
foram mudando desde que descobriram que as crianças merecem um aprendizado de
qualidade, a creche era vista como um ambiente auxiliar que apenas fornecia ajuda com
alimentação, vestuário e higiene, enquanto hoje é vista como um ambiente de educação.
Onde as crianças desenvolvem seu potencial motor, cognitivo, simbólico, emocional e
expressivo.
Creches e pré-escolas eram locais onde as crianças eram depositadas e tratadas
fisicamente enquanto suas mães trabalhavam. Os educadores precisam estar preparados para
atender essas crianças com os métodos de desenvolvimento global de aprendizado, visto que
trabalham com crianças e não com adultos; portanto, a principal maneira de as crianças
pequenas aprenderem é por meio de brincadeiras, música e jogos. Segundo Vygotsky (1991),
o brincar é entendido como uma atividade social para crianças cuja natureza e origem
específicas são elementos essenciais na construção de sua personalidade e na compreensão 1205
da realidade em que vivem.
Brincar é uma forma de comunicação por meio da qual as crianças desenvolvem seu
comportamento cotidiano, seja com dramatizações, brincadeiras, faz de conta, ou textos
imitando o mundo adulto, ou seja, independentemente do tipo de brincadeira, as crianças
estão sempre ganhando aprendizados criativos, sociais, intelectuais e habilidades físicas.
Piaget (1998) disse que as atividades lúdicas são o berço inevitável das atividades intelectuais
das crianças e, portanto, são essenciais para a prática educativa. Valorizar a ludicidade na
docência significa pensar nela pela perspectiva da criança, vivenciando-a em sala de aula
como algo espontâneo, permitindo que ela sonhe, fantasie, realize seus desejos e viva como
uma criança de verdade.
Uma criança que brinca pode ser mais feliz, realizada, espontânea, alegre,
comunicativa e outros traços positivos que ajudam a criança a se desenvolver, tornando-a
uma pessoa mais humana, cooperativa e sociável. Nesse sentido, acreditamos ser necessário
compreender a importância do brincar na construção do conhecimento na educação infantil.
O objetivo geral foi analisar a importância de brincar com as crianças em sala de aula, pois
a maioria dos professores, principalmente no final da educação infantil, está mais
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2. DESENVOLVIMENTO
2.1 Educação Infantil: breve Histórico
É claro que as crianças sempre fizeram parte da sociedade, mas seu lugar mudou ao
longo da história, como aponta Áries, (1986, p. 14), “A aparição da criança como categoria
social se dá lentamente entre os séculos XIII e XVII”. Esse “descaso” era natural devido ao
alto grau de mortalidade infantil. Áries (1986) mostrou que somente no século XVI e início
do século XVII a família e a sociopedagogia mudaram radicalmente, graças às novas
condições de vida. Essas mudanças impulsionaram a criação de instituições de ensino e
provocaram discussões sobre como educar as crianças fora do ambiente doméstico. A partir
deste século, a aprendizagem ocorre em ambiente escolar. À medida que a escola se expande
como instituição social, o conceito de infância adquire outras conotações.
Historicamente, a demanda por creches parece ser um reflexo direto das enormes
mudanças sociais, econômicas e políticas que ocorreram na Europa desde o século XVIII
1206
(CORAZZA, 2002).
À medida que as crianças ingressam nas creches, aumenta a necessidade de novas
orientações pedagógicas destinadas a transformar as sociedades capitalistas. Nesse contexto,
surgiram novos modelos educacionais com o objetivo de respeitar as crianças e incentivar
atividades significativas.
No Brasil, as "preocupações" com a educação infantil começaram a surgir na
segunda metade do século XIX. Durante este período, não existiam preocupações quanto à
criação de instituições de ensino que atendessem crianças menores de 6 anos, quer do ponto
de vista conservacionista, quer do ponto de vista educativo.
Kuhlman Jr. (1998) destaca que, até meados do século, a educação dos filhos era
responsabilidade exclusiva da família e, portanto, do grupo social ao qual pertencia. As
necessidades são atendidas por esse grupo social: emocionais, afetivas, psicológicas e
educacionais. Na ausência de instituições de ensino, estudam em casa com professores
particulares.
Com a abolição da escravatura, a população urbana das grandes cidades aumentou,
desencadeando uma série de iniciativas voltadas ao cuidado infantil. Na época, foram criadas
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creches, internatos e abrigos para cuidar de crianças carentes, incluindo os filhos de escravos
abandonados.
Em 1875, o primeiro jardim de infância do Brasil foi inaugurado no Rio de Janeiro.
Dois anos depois, apareceu em São Paulo. Sendo entidades privadas destinadas a atender às
necessidades educacionais de crianças de elite.
Oliveira (2002, p. 34) registra que os jardins de infância da época eram confundidos
com abrigos franceses, ou entendidos como um perigoso início para a educação infantil.
Tais modelos foram influenciados pelas ideias de Rousseau que revolucionou a
educação ao exaltar que a criança deveria aprender através de atividades práticas. No século
XIX, devido à importância da educação para o desenvolvimento social, intensificou-se a
discussão sobre a obrigatoriedade do ensino nos países europeus. Nesse caso, Corazza (2002,
p. 89) diz: “[...] A criança é considerada um componente essencial da família e da sociedade
e seus direitos passam a ser protegidos pelo Estado”.
No entanto, o sistema educacional para crianças empobrecidas proposto pela elite
política europeia visava apenas promover o aprendizado profissional baseado na piedade e
na disciplina. Sobretudo, Oliveira (2002) esclarece que os jardins de infância visavam 1207
atender crianças de elite, enquanto as crianças de classe baixa permaneciam em instituições
assistenciais.
A crença predominante é que as instituições educacionais (creches e pré-escolas)
criadas para os pobres precisavam oferecer educação de baixa qualidade porque as crianças
não podiam ser ensinadas “[...] a pensarem mais sobre sua realidade e a não se sentirem
resignadas em sua condição social” (KUHLMANN Jr., 1998, p. 183).
No início do século XX, ocorreram grandes mudanças no campo da educação
europeia e americana, dois médicos: Ovidio Decroly e Maria Montessori. Decroly
desenvolveu um método de ensino que propõe atividades de ensino baseadas na
integralidade do funcionamento mental e nos interesses das crianças, enquanto o trabalho
de Maria Montessori se concentra na produção de materiais educativos adequados à
exploração sensorial das crianças.
Com a industrialização e o estabelecimento de empregos remunerados, foram
criadas as primeiras instituições pré-escolares. Essas instituições foram inseridas na esfera
industrial devido à necessidade de regular as relações de trabalho das mulheres emergentes
no sistema capitalista (KRAMER, 1995).
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O uso do brincar é uma atividade natural para a criança e traz benefícios, pois por
meio do brincar a criança pode despertar suas emoções, aprender a lidar com os fatos
pertinentes ao seu cotidiano, aprender a lidar com o mundo, recriar, repensar, imitar e
vivenciar o que desencadeia desses eventos. Eles estimulam a autoestima, ajudando-os a
desenvolver a imaginação, a criatividade, as habilidades motoras e o raciocínio em suas
interações consigo mesmos e com os outros.
A criança cresce na brincadeira, pois na brincadeira, a criança adquire naturalmente 1209
toda a riqueza do aprendizado através da prática, sem pressão ou medo de errar, e se alegra
com o poder do conhecimento.
Queiros e Martins (2002), nas brincadeiras e nos jogos, a criança age como se fosse
maior que a realidade, o que sem dúvida contribui muito para o seu desenvolvimento. Mas
isso tem causado muita polêmica nos últimos anos, pois os jogos nas escolas são apenas uma
forma de lazer e têm ocupado um lugar na educação infantil, e muitas pessoas ainda não
entendem o quanto os jogos trazem benefícios para as crianças.
As visões da educação infantil mudaram com os movimentos sociais que visam
mudar o trabalho de desenvolvimento infantil, a creche era vista como um ambiente de bem-
estar que fornecia apenas alimentação, vestuário e higiene, ao passo que hoje é vista como
um ambiente educacional, permitir que as crianças desenvolvam seu potencial motor,
cognitivo, simbólico, emocional e expressivo.
O primeiro passo para a mudança é reconhecer a educação infantil nas creches e
pré-escolas, e incluir as crianças de 0 a 6 anos, que devem começar a receber uma
aprendizagem de qualidade e voltada ao seu desenvolvimento global. Mas com esse avanço
veio a falta de qualidade.
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que ela quer que seja seu foco e quais problemas a incomodam. Por meio da brincadeira, a
criança expressa o que tem dificuldade em expressar em palavras.
A criança agirá de acordo com o significado que atribui ao objeto dessa interação,
adaptando-se às reações de outros elementos da interação e também reagindo, resultando em
novos significados que serão interpretados por outros como uma espiral.
A experiência lúdica alimenta-se constantemente de elementos da cultura geral.
Essa influência vem de muitas formas, começando com as condições ambientais e materiais.
O que os adultos dizem e fazem sobre a atividade, bem como o espaço, o tempo e os materiais
fornecidos às crianças (nas cidades, em casa e na escola), terão um papel fundamental no
desenvolvimento da experiência lúdica.
Uma forma de comunicação lúdica pressupõe que a aprendizagem terá impacto em
outras aprendizagens porque abre a possibilidade de distinguir entre diferentes tipos de
comunicação: real, realista, fantasiosa.
Enquanto brincam, as crianças entram em um mundo complexo de comunicações
que são usadas em ambientes escolares, simulações educacionais e exercícios. Nesse sentido,
é de extrema importância distinguir entre os diferentes tipos de atividades que podem e 1211
devem ser garantidas no ambiente escolar.
As atividades lúdicas, principalmente na educação infantil, não são apenas um
passatempo, contribuem para o desenvolvimento global das crianças e promovem o processo
de socialização e descoberta do mundo. A criança tem potencial dentro de si, e esse potencial
aparece em suas situações de vida, principalmente nas brincadeiras interativas, e é nesses
momentos que o indivíduo mostra seu ritmo e harmonia ao mundo. Brincar nada mais é do
que a linguagem de uma criança.
O brincar é tão importante para as crianças que passou de um simples direito a uma
garantia da Declaração Universal dos Diretos da Criança, cujo quarto requisito afirma
claramente que as crianças terão direito a alimentação adequada, recreação e cuidados
médicos. Estabelecendo igualmente que o entretenimento é tão importante quanto a
alimentação e a saúde das crianças, enfatiza a importância do brincar no desenvolvimento
da criança.
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O sétimo princípio afirma que as crianças devem ter oportunidades adequadas para
brincar e participar de atividades recreativas que sejam consistentes com os objetivos
educacionais. Porque as autoridades sociais e públicas têm o dever de promover esses
direitos.
No artigo segundo do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), são
consideradas crianças para os fins desta Lei, as pessoas menores de 12 anos e os adolescentes
são as pessoas entre as idades de 12 e 18 anos. Portanto, no artigo dezesseis, a criança tem
direito à liberdade, que inclui diversos aspectos, inclusive no inciso quarto, que é brincar, se
exercitar e se divertir. No artigo cinquenta e nove, cabe aos municípios, com apoio estadual
e da União, destinar recursos e espaços e viabilizar programas culturais, esportivos e
recreativos para crianças e adolescentes.
O Referencial Curricular Nacional para a Educação nos informa que:
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impasses, a Lei de Diretrizes e Base da Educação traz os professores para treinamentos para
que possam atualizar seus métodos de ensino com seus alunos. Tal processo significa
examinar práticas, crenças, hábitos, ou seja, lidar com a resistência à inovação (SCARPA,
1998).
CONCLUSÃO
REFERENCIAS
ÁRIES, Philippe. História social da infância e da família. Rio de Janeiro: Guanabara. 1986.
BETTELHEIM, B. Uma vida para seu filho. Rio de janeiro, Campus, 1988.
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CORAZZA, Sandra Mara. Infância & educação: era uma vez – quer que eu conte outra vez?
Petrópolis: Vozes, 2002.
KISHIMOTO, T. (org). Jogo, brinquedo, brincadeira e educação. 3ª ed. São Paulo: Cortez,
1999.
KISHIMOTO. Brinquedo e brincadeira. In SANTOS, Santa Marli Pires dos Santos (org.)
4ª ed. Brinquedoteca: o lúdico em diferentes contextos. Petrópolis: vozes, 2000.
MALUF, Ângela, Cristina Munhoz. Brincar: prazer e aprendizado. Petrópolis: Vozes, 2003.
SANTOS, Santa Marli Pires dos (org). Brinquedoteca: o lúdico em diferentes contextos.
Petrópolis, RJ: vozes, 1997.
SCARPA, R. Era assim, agora não: uma proposta de formação de professores leigos. São
Paulo: Casa do Psicólogo, 1998.
VYGOTSKY, Lev. S. A Formação Social da Mente. 4ª ed. São Paulo: Martins Fontes
Editora Ltda, 1991.
WINNICOTT, D.W. A criança e o seu mundo. 6ª ed. Rio de Janeiro: LTC, 1982.
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