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SENADO FEDERAL

PROJETO DE LEI
N° 3202, DE 2021
Altera a Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, para definir critérios para o controle
e distribuição de munições.

AUTORIA: Senador José Aníbal (PSDB/SP)

Página da matéria

Página 1 de 6 Avulso do PL 3202/2021.


SENADO FEDERAL
Gabinete do Senador José Aníbal

PROJETO DE LEI Nº , DE 2021

Altera a Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003,

SF/21476.48081-35
para definir critérios para o controle e distribuição de
munições.

O CONGRESSO NACIONAL decreta:

Art. 1º A Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, passa a viger


com as seguintes alterações:

“Art. 4º ..........................................................................
......................................................................................
§ 9º O detentor de certificado de registro de arma de fogo sem
autorização para porte deverá renovar a comprovação de capacidade
técnica para o manuseio da arma de fogo a cada dois anos, mediante
comprovante expedido por clube ou escola de tiro credenciada.” (NR)
“Art. 23..........................................................................
.......................................................................................
§ 2º O estojo e o projétil da munição de arma de fogo conterão a
identificação do lote da munição, o qual não poderá ser superior a mil
unidades, e as empresas autorizadas a comercializar munições manterão
controle que identifique o adquirente, lote adquirido e quantidade de
munição.
.........................................................................................
§ 5º A recarga de munição só poderá ser feita para o fim exclusivo
de treinamento e ensino pelos clubes e escolas de tiro e pelas
instituições elencadas no art. 6º desta Lei.
§ 6º O prazo de validade da munição, inclusive de seus
componentes individuais, não poderá ser superior a dois anos.
§ 7º Todos os detentores de autorização para posse e as
instituições cujos integrantes têm direito ao porte de arma de fogo
manterão registro atualizado dos lotes e quantidade de munição
adquiridos, o destino da distribuição interna das munições, a finalidade
de uso, com a identificação dos usuários, e do descarte das munições
vencidas.

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§ 8º Entidades de tiro e estandes de tiro manterão o controle de


que trata o § 7º e identificarão os membros, associados ou clientes
usuários das munições fornecidas para uso local.
§ 9º O controle de que tratam os §§ 2º, 7º e 8º deste artigo,
inclusive do prazo de validade das munições, poderá ser requerido pela

SF/21476.48081-35
autoridade competente a qualquer momento, e a situação irregular
poderá implicar cassação de funcionamento do estabelecimento ou da
autorização de posse ou porte de arma de fogo.
§ 10. O Comando do Exército fará inspeções semestrais nos
estabelecimentos que fabricam e distribuem armas de fogo e munições,
assim como nas instituições que fazem recarga de munições, para
verificar se há indícios de desvio ou de fabricação, distribuição e
destinação em desacordo com a legislação.” (NR)

Art. 2º Esta Lei entra em vigor quarenta e cinco dias após a sua
publicação.

JUSTIFICAÇÃO

Dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública


(FBSP) revelam que, entre janeiro de 2019 e agosto de 2020 já foram
concedidos mais de 336 mil registros de armas de fogo, sendo que, desses,
quase 200 mil eram referentes a novas armas (cerca de 63% para pessoas não
ligadas a instituições de segurança pública e privada do País). Isso apontaria
para um movimento de renovação dos arsenais privados. Faz parte do programa
do governo de ampliação do acesso às armas de fogo, que envolvem até mesmo
a liberação de armas mais potentes, anteriormente restritas ao uso policial,
como as pistolas .40 e 9mm.

Esse movimento é preocupante em face de algumas variáveis que


operam na nossa realidade institucional.

O Exército é atualmente a instituição que mais concede acesso a


armas de fogo para pessoas físicas no País, por causa dos chamados CACs
(Caçadores, Atiradores e Colecionadores). Houve uma “explosão” nos registros
de CACs nos últimos anos, e um dos possíveis motivos desse movimento é uma
tentativa de driblar as exigências feitas pela Polícia Federal (muitas pessoas
têm encontrado maior facilidade em registrar-se como CAC do que em
conseguir autorização da Polícia Federal para adquirir uma arma). Entre 2019

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e 2020, aumentou em 120% os registros de armas entre os CACs, segundo o


FBSP.

Conforme previsto em lei, toda vida útil das armas deveria ser
monitorada pelo SINARM da Polícia Federal, desde sua produção às

SF/21476.48081-35
transferências de propriedade, extravios, furtos, roubos, apreensões e, quando
pertinente, destruição. A fragilidade das informações no SINARM é
preocupante quando se relaciona a dados que tem origem nas polícias estaduais,
como as apreensões e os extravios, perdas, furtos e roubos. Sabe-se que essa
má qualidade dos dados é derivada, basicamente, da ausência de protocolos
padronizados sobre a transmissão da informação das apreensões dos Estados
para a Polícia Federal e pela carência de servidores, nas duas instâncias, para
alimentação do sistema.

Há também hoje uma grande deficiência no uso da inteligência


sobre armas de fogo. Além dos dados ruins, não há preocupação rotineira das
forças policiais com rastreamento da origem e mapeamento das fontes das
armas de fogo que abastecem o crime.

Tudo isso somado, o presente projeto de lei oferece uma mudança


de foco: da arma em si para a munição. O objetivo é duplo: facilitar o trabalho
da polícia judiciária na identificação de autores de homicídios, aumentando o
índice de resolução de homicídios, que é baixo, em média; e aprimorar a
fiscalização e rastreamento de munições, tema hoje dependente de ato
administrativo do Comando do Exército e que não vem recebendo a devida
atenção. O controle da munição nos parece ser mais estratégico para o controle
da criminalidade do que o controle das armas em si.

Conforme a proposta, a recarga de munição só poderá ser feita para


o fim exclusivo de treinamento e ensino pelos clubes e escolas de tiro e pelas
instituições elencadas no art. 6º desta Lei (aquelas cujos integrantes têm direito
ao porte de arma - forças armadas, polícia etc.). A recarga depende de
autorização do Comando do Exército, e hoje não se vincula à finalidade de
treino e ensino. Essa medida retiraria também a liberdade de caçadores,
colecionadores e atiradores de fazerem recarga. Diminuiria o armazenamento
de pólvora em residências, riscos relacionados e acidentes domésticos que
costumam acontecer.

Todo projétil de arma de fogo conterá a identificação de seu lote,


o qual não poderá ser superior a mil unidades. Lotes grandes dificultam a
fiscalização. O regulamento prevê a identificação no estojo da arma; no projétil

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(a bala em si), contudo, que se aloja no corpo da vítima, facilitará o trabalho da


polícia para a identificação do autor do disparo. Não apenas daquele que fica
no corpo, mas o que ficou no estofado de um bando de carro, em uma cama,
em uma piscina etc. Muitos projéteis ficam intactos no corpo da vítima.
Criminosos, quando tem tempo, somem com os estojos, o que dificulta a

SF/21476.48081-35
identificação.

O prazo de validade da munição, inclusive de todos os seus


componentes individuais, não poderá ser superior a dois anos. Não há qualquer
previsão hoje. Geralmente o prazo de validade da munição é de dois a três anos.
Dar valor jurídico ao prazo incentivará a renovação de estoques.

Todos os detentores de autorização para posse e as instituições


cujos integrantes têm direito ao porte de arma de fogo manterão controle
atualizado dos lotes e quantidade de munição adquiridos, o destino da
distribuição interna das munições e a finalidade de uso, com a identificação dos
usuários. Não há qualquer previsão de uma rotina nesse sentido hoje na
legislação. A ideia é criar uma rotina de segurança. Alcança pessoas físicas e
jurídicas que têm arma para manter na residência/local de trabalho (posse) ou
para porte. A quantidade de munição que cada categoria pode adquirir é
definida pelo Comando do Exército. O controle aqui proposto torna
desnecessário a lei adentrar nesse nível de regulação.

O controle acima, inclusive do prazo de validade da munição,


poderá ser requerido pela autoridade competente a qualquer momento, e a
situação irregular poderá implicar cassação da autorização de posse ou porte de
arma de fogo. Entidades de tiro e estandes de tiro manterão o mesmo controle
e identificarão os membros, associados ou clientes das munições fornecidas
para uso local.

Todos os detentores de autorização de posse deverão renovar a


capacidade técnica de manuseio a cada dois anos, mediante comprovante de
prática por clube ou escola de tiro credenciada.

Por fim, o Comando do Exército fará inspeções semestrais nos


estabelecimentos que fabricam e distribuem armas de fogo e munições, assim
como nas instituições que fazem recargas de munições, para verificar se há
indícios de desvio ou de fabricação, distribuição e destinação irregulares, em
desacordo com a legislação. Ficaria definido em lei a periodicidade das
inspeções, estas não previstas nos regulamentos.

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Nossa esperança é que tal rotina de segurança e controle contribua


para a identificação de autores de disparos e queda na taxa de homicídios no
Brasil.

SF/21476.48081-35
Sala das Sessões,

Senador JOSÉ ANÍBAL


PSDB/SP

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