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LEGISLAÇÃO SOCIAL I

DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

-1-
Olá!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:

1. Identificar os direitos da criança e do adolescente;

2. conhecer os mecanismos de proteção.

Até chegarmos ao ECA, passamos por diversos estágios, legislativos, reflexo do processo de evolução e

conscientização da necessidade de proteção à criança e ao adolescente. Faremos, então, um breve histórico a

partir do século XX e, posteriormente, vamos nos ater ao ECA.

Em 1924, o Juiz Mello Mattos proferiu o 1° despacho oficial na defesa dos direitos dos menores. Criou um asilo

junto com sua mulher e recolhia a população que estivesse numa situação irregular, que eram os órfãos, os

enjeitados e os delinquentes. Com a evolução do Direito, em 1927, entrou em vigor o Decreto n° 17.943-A, que

recebeu o nome de Código Mello Mattos, em homenagem ao primeiro juiz de menores que tivemos no País.

De 1927 a 1979, quando entrou em vigor o Código de Menores, foram incluídas algumas leis que foram

pontuando determinados assuntos, tais como, a CLT, a Lei de alimentos, leis que foram evoluindo, e o Estado

voltando a sua atenção para essa faixa etária. O Código de Mello mattos e o Código de Menores tinham como

filosofia a proteção do menor em situação irregular. Todo menor, órfão, rejeitado ou que praticasse um delito

estaria em proteção da Lei.

Qual a diferença entre o Código de medo Mattos e o Código de Menores?

O Código de Menores trouxe uma novidade que não havia no Código Mello Mattos, que era a autorização dada

pelo Juiz para o casamento do menor, o suprimento matrimonial, o rapaz ou a moça que não estivesse em idade

para casar poderia se casar caso o juiz autorizasse. Até este momento, o Estado não se envolvia com

determinados problemas familiares. Se o pai agredia o filho, era tido como um problema familiar, sem a

interferência do Estado.

O Estado, até então, cuidava do órfão, do enjeitado e do delinquente tirando-os de circulação, internando-os

numa casa de custódia ou na FUNABEM, e assim por diante. O menor delinquente era preso e, diante do juiz, este

decidia por sua internação pelo tempo que achasse necessário. Desta forma, os menores eram objetos de direito.

Veja as principais caraterísticas do Código de Menores de 1979


• Criou a figura do “menor em situação irregular” (infratores, privados de liberdade, de condição de vida,
vítimas de maus tratos, em perigo mortal, sem responsáveis, com conduta desviada)
• Ampliou a função legislativa do magistrado – portarias e provimentos;

• Possibilitou a qualquer do povo e aos comissários de menores o encaminhamento do menor ao juiz;

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• Possibilitou a qualquer do povo e aos comissários de menores o encaminhamento do menor ao juiz;
• Deu ao juiz amplos poderes para praticar ato de ofício – o juiz assume o papel de pedagogo e de “Bom
Pai”;
• No caso dos infratores: o juiz passou a acusar, defender, sentenciar, fiscalizar a execução de suas
decisões, ou seja, processo inquisitorial;
• Aos infratores: permitia a aplicação de medidas sem prova – o caráter contraditório só se admitia
quando a família constituía advogado – os pobres ficavam sem defesa;
• Impedia a participação social, já que solução dos problemas estava no Judiciário e no modelo da FEBEM;
• A FUNABEM e as FEBEMs não conseguiam acumular discussões e avançar na pedagogia, pois haviam se
tornado Órgãos recicladores da criminalidade, depósito de menores;
• Regulamenta a passagem do jovem de 21 anos da FEBEM para o estabelecimento prisional comum, de
competência do juízo das execuções penais. Chazal detinha três princípios: a)princípio da substituição da
pena por medidas educativas; b)imposição do exame médico-psicológico e social da personalidade do
menor; c)princípio da mutabilidade dos julgados a qualquer tempo.
Tivemos inúmeros conflitos e, em 1987, a ONU se reuniu na cidade de Beijing, na China, para tratar sobre os

Direitos Humanos e da Criança e do Adolescente, editando as Normas Mínimas de Beijing, das quais o Brasil foi

signatário. Em 1988, o legislador trouxe para a Constituição Federal essas normas de Beijing. Após esta

exposição, cabe salientar que o Art. 227 da CRF/88 é a introdução do Estatuto da Criança e do Adolescente, os

demais artigos da Constituição são aplicáveis da mesma forma, tais como, o direito saúde, à educação, à vida,

honra, inviolabilidade, enfim, a todos os direitos e garantias fundamentais, e independentes da vontade dos pais.

Não se confundindo com essa independência a responsabilidade dos pais, pois os primeiros responsáveis na

defesa dos direitos da criança e do adolescente são os pais. O Estado, se necessário for, é que deve intervir na

família.

Para efeitos do Estatuto da Criança e do Adolescente, não é correto se falar em menor, para se referir à camada

da faixa etária que se encontra na proteção do Estatuto, até os 18 anos incompletos, fala de criança e

adolescente, mais precisamente no art.2° (CRIANÇA ATÉ 11 ANOS 11 MESES E 29 DIAS-12 anos incompletos).

Utiliza-se a denominação menor àquele que, no direito de família, estiver sendo objeto de litígio de uma guarda

de seus pais, àquele menor que é herdeiro, àquele que em juízo pede alimentos etc. Art. 2° - Considera-se criança,

para os efeitos desta Lei, a pessoa até 12 (doze) anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e

dezoito anos de idade.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90 - ECA) estabeleceu como diretriz básica no atendimento a

crianças e adolescentes a doutrina da proteção integral, revolucionando, desta forma, o direito infantojuvenil, ao

adotar a Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança, a qual já foi ratificada por mais de 160 países.

Todavia, desde a promulgação da Constituição Federal de 1988, a ordem jurídica brasileira já havia aderido à

Doutrina de Proteção Integral, prevista em seu artigo 227, a qual foi posteriormente disciplinada pela Lei 8.069

/90.

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Pela concepção adotada pelo ECA, há um nítido rompimento com a doutrina anteriormente indicada pelo Código

de Menores, deixando a criança e o adolescente de ser objetos de direito, sendo-lhes assegurados todos os

direitos fundamentais e outros especiais, em razão de sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.

Outras importantes mudanças foram introduzidas pela nova ordem jurídica, destacando-se a forma de

democracia participativa, com a gestão entre governo e sociedade civil e a redistribuição de responsabilidades.

A ideia é que o Estado priorize sua atenção ao bem-estar da criança e do adolescente, criando condições numa

convivência harmônica sem qualquer tipo de discriminação e abusos. Daí sempre questionarmos o que vem a ser

melhor para a criança e o adolescente.

Nesse sentido, podemos afirmar que o Estatuto é preventivo, pois ele tenta prevenir antes que o fato tome

proporções maiores. A responsabilidade dos pais é objetiva em razão do dever de zelar sob todos os aspectos

por seus filhos.

Com o ECA, a criança e o adolescente passaram a ser sujeitos de direito; passaram a manifestar suas vontades,

sua opinião; ainda que o juiz não fique restrito a esta manifestação.

Sabemos que, mesmo com as normas protetivas, existem inúmeros casos em que ocorrem violência/abuso

contra criança e adolescente feita pelo próprio responsável, e que poderá chegar ao conhecimento da autoridade

podendo vir a perder o poder familiar ou sua suspensão. Poderá o juiz liminarmente destituir e depois apurar a

responsabilidade; pois o foco da lei é a criança e o adolescente. O direito da criança está acima dos direitos dos

pais

Percebemos que há uma nítida preocupação em proteger a criança e o adolescente, daí o artigo 1° falar em

proteção integral.

Art. 1° - Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente. Mas o que significa exatamente isso?

Significa que é aplicável não só à criança e ao adolescente, mas à sua família, seja natural ou substituta da qual a

criança ou adolescente fará parte como também a gestante, salvaguardando os direitos desde a concepção

(nascituro), acompanhamento pré-natal, atendimentos em hospitais etc... Sob a ótica legal, quer dizer que toda

matéria em relação aos direitos da criança ou do adolescente serão submetidas ao próprio ECA.

Destacamos, ainda, que sempre deverá ser observado o melhor interesse da criança e do adolescente, ou seja, na

lacuna da lei, desde que seja melhor para a criança e ao adolescente, não há o porque de não se aplicar, mesmo

que não esteja expresso no Estatuto da Criança e do Adolescente. No Art. 4° do ECA, verificamos a preferência no

atendimento, ele prevê a prioridade na aplicação nas políticas de defesa da criança e do adolescente. O Estado

atua também na família, como por exemplo, filhos de pais alcoólatras, porém, podem aparentar normalidade e,

vez por outra, em função do alcoolismo, ocorrem vários problemas, principalmente de agressão, podendo neste

caso o Estado intervir, a comunidade comunicar ao Conselho Tutelar.

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Art. 98 - As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos

nesta Lei foram ameaçados ou violados:

I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; Il - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; III -

em razão de sua conduta.

O ECA trouxe como novidade a gratuidade dos serviços jurídicos, a isenção de custas e emolumentos, não

importando a situação jurídica ou financeira da criança, para garantir a maior celeridade e o melhor interesse da

criança na defesa de seus direitos, além da total impossibilidade de discriminação em relação aos filhos e às

certidões de nascimento sem qualquer menção àqueles que eram adotados.

Percebe-se que o ECA procurou dar efetividade aos direitos fundamentais assegurados em nossa Constituição,

tratando, por exemplo, no art. 7°, do direito ao atendimento ao SUS, acompanhamento médico, alimentação,

sempre direcionado para a criança. O direito à educação e aos cuidados especiais para as crianças física ou

mentalmente deficientes; programas do Estado, mesmo que através de Associações Cíveis particulares. Há que

ressaltar a importância da conscientização dos pais e da própria sociedade da importância da efetividade do

ECA, pois não basta colocar o filho no mundo e, sim, toma-se imperativo assegurar o seu desenvolvimento em

condições propícias acompanhando-o, buscando sempre o melhor, mesmo com toda a escassez de recursos, visto

que o bem maior que nós temos é, sem sombra de dúvidas, a vida.

O artigo 8° do ECA assegura à gestante o atendimento pré e perinatal, pelo SUS, disponibilizando

acompanhamento nesta fase, preferencialmente pelo mesmo médico que a acompanhou, e alimentar, caso seja

necessário. No artigo 9°, temos a previsão do poder público, as instituições e os empregadores propiciarão

condições adequadas ao aleitamento materno, incluindo aquelas submetidas a medida privativa de liberdade.

Nota-se que a intenção é no sentido de viabilizar a criança o contato com a mãe, fortalecendo seus laços, assim

como prestigiando a saúde da criança e o seu desenvolvimento sadio.

Ainda nesse seguimento, os hospitais e demais estabelecimentos também possuem sua parcela de

responsabilidade, como podemos verificar no artigo 10. Incluímos também, nas hipóteses de atendimento de

saúde, que deverão os estabelecimentos propiciar condições para a permanência em tempo integral de um dos

pais ou responsável, nos casos de internação da criança ou adolescente. Outro aspecto importantíssimo é a

obrigação de comunicação de maus tratos. Tal previsão encontra-se no Art. 13 do ECA.

Não menos importante é o direito ao respeito, que consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e

moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos

valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.

Veja o que diz o artigo 17: http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon264/pdf/Artigo17.pdf

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Basta darmos uma olhada para ver que temos três artigos bem específicos em relação à Educação, Cultura,

Esporte e Lazer. Os artigos em comento mencionam o direito à educação como fator primordial para o

desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania.

Destacamos agora o direito à profissionalização e proteção no trabalho, que foram igualmente tratados, tanto na

nossa Constituição como no ECA. Em linhas gerais admite o legislador o trabalho do adolescente, contudo com

restrições. Há o estímulo à profissionalização, tanto é verdade que, no rol dos direitos sociais, art. 7° da CRFB/88,

mais precisamente inciso XXXIII, fala textualmente da impossibilidade de exercer atividade laborativa noturna,

em condições perigosas, penosa, antes da idade de 16 anos, salvo na condição de aprendiz aos 14 anos, conforme

artigos 402 a 411 da CLT, já mencionados na aula anterior.

Vejam, não só ao adolescente aprendiz, ainda que não seja empregado, ele tem a garantia dos direitos

trabalhistas e previdenciários, assim como o adolescente empregado. Porém, mesmo àqueles que estiverem fora

desta faixa etária, como, por exemplo, um adolescente de 13 anos, é possível o reconhecimento dos direitos

trabalhistas e previdenciários, ainda que esteja proibido de trabalhar, não possa ser considerado empregado e

que não haja previsão legal.

Não poderíamos, em hipótese alguma, deixar de mencionar o papel relevante da família. Devemos salientar que a

família é a célula-mãe, e somente no seio dela poderá o menor se desenvolver plenamente. Prestando total

importância a essa afirmação, a CRFB/88 no art. 227 e artigos 19 a 24 do ECA, como citamos anteriormente,

demonstra de forma inequívoca a relevância da convivência familiar. Abrimos aqui um espaço para falar da

família, pois esta precede o Estado, porém a nossa legislação deixa clara como bem salienta Roberto Ruggiero: "O

estado intervém na família não somente para fortalecer seus vínculos, mas para garantir a segurança de suas

relações, disciplinar e conduzir a família" a sociedade a intervenção do estado no âmbito familiar para fortalecer

seus vínculos".

A família atualmente, como já foi visto, está desvinculada da noção de casal (monoparental), diante da própria

evolução da sociedade. Isso não pode significar que o Estado se omita com relação a tais avanços, mas deve

sempre buscar o que seja melhor para criança e o adolescente.

Por família substituta, entende-se aquele como próprio nome indica, que venha a substituir em determinadas

situações a impossibilidade da construção de família nos moldes que todos conhecemos.

Logicamente não podemos nos esquecer de que temos outras situações de crianças que sequer tiveram um lar,

pois foram abandonadas antes mesmo de imaginar ter aquilo que se conhece com tal.

Anteriormente, falava-se em família e a sua origem vinha do casamento. A família ilegítima era citada quando

não vinha do matrimônio, da mesma forma que os filhos, se não viessem do casamento, também eram

considerados ilegítimos.

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A nossa legislação anunciava que a família natural é aquela formada pelos pais ou qualquer deles e seus

descendentes. Dito isso, não resta nenhuma dúvida da enorme preocupação do legislador na criação da criança e

do adolescente, com a família, que em última análise venha a ser substituta (excepcionalidade), na falta da

família de origem. A família aqui mencionada é de padrão moral elevado, livre de pessoas dependentes de

substâncias entorpecentes, sem qualquer tipo de abuso, que possa garantir aos menores, pessoas em

desenvolvimento, um ambiente absolutamente sadio.

"Por intermédio do interesse familiar, há ainda um interesse mais alto que pede e recebe proteção: o , próprio

Estado, que na conservação e na fortaleza do núcleo familiar vai buscar força e impulso para o , seu próprio

desenvolvimento. Na verdade, interessa ao Estado que o organismo familiar sobre o qual repousa todo o

organismo superior estatal seja regulado e disciplinado em conformidade com o fim universal e comum a que se

destina"(Instituições de direito civil, cit.,p. 6-7).

Voltamos a enfatizar o artigo 227,§6° da Constituição Federal, que proíbe qualquer tipo de discriminação em

relação aos filhos. Parece estranho, mas a preocupação é que não haja mais qualquer discriminação como houve

no passado, que a consciência de que todos os filhos são iguais independentemente se oriundo de relação

extramatrimonial terão os mesmos direitos, sem qualquer menção inclusive em seu assentamento de

nascimento, se adotado.

Passemos agora a falar brevemente sobre o ato infracional (clicar para ver os artigos 103,104 ECA) que não só

pode ser praticado pelo adolescente, mas também por criança, porém, a medida socioeducativa, a medida com

caráter de correção, é para o adolescente.

A lei entende que a criança não possui discernimento, não podendo receber uma medida de caráter

ressociabilizante, de caráter educativo. Na realidade, ela terá de receber uma proteção do Estado, porque ela está

numa situação irregular, ela é vítima perante a sociedade ou perante a família; a criança é absolutamente incapaz

e totalmente inimputável. A idade penal é partir dos 18 anos, quando a pessoa já pode passar a receber uma

aplicação de pena, seja ela qualquer for, porém, quando se chega no adolescente, a idade de correção por um ato

infracional praticado começa a partir dos 12 anos. Aos 12 anos, o adolescente pode receber uma medida mais

gravosa, que é a internação desde o primeiro ato infracional praticado por ele. Isso depende da natureza do ato

infracional, da consciência e as condições (art. 112 do ECA).

O ECA trouxe a possibilidade de internação em local adequado e livre do convívio com aqueles que são

imputáveis. Contudo, ressalta-se que quando fica internado, ele está efetivamente privado de sua liberdade. A lei

prevê que o adolescente, o internado, receba um apoio psicológico, apoio pedagógico, profissionalizante. Após

decorrido certo lapso de tempo, dependendo, 3 anos, pode o juiz adotar uma semiliberdade, quase como se fosse

uma progressão de regime. Prevê ainda que o juiz, de 6 em 6 meses, reveja a aplicação daquela medida

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socioeducativa. Ainda assim, se o juiz achar que pode, ele aplica uma semiliberdade, o adolescente tem de voltar

para dormir no estabelecimento, além de cumprir outras obrigações, tais como frequentar a escola; é por isso o

ato infracional praticado pelo adolescente é mais gravoso; em regra, o adolescente cumpre os 3 anos.

Em vários momentos, devemos nos socorrer no art. 104 para sabermos quem deve ou não ser punido, até

mesmo porque temos que levar em consideração a data do ato praticado. Exemplo: homicídio com 12 anos

incompletos. Será considerada criança para fins do ato inf racional; foi praticado o ato infracional análogo ao

crime de homicídio, mas, na data do ato, era ainda criança para fins de aplicação das medidas previstas para o

ato infracional. Vejam que "Ao ato infracional praticado por criança corresponderão às medidas previstas no Art.

101". Quem é que aplica as medidas do Art. 101 para uma criança? O Conselho Tutelar, ele é quem aplica as

medidas de proteção à criança que furta, rouba, comete homicídio, dirige sem habilitação, enfim, a lei considera a

criança vítima de uma situação, os pais, os responsáveis ou o próprio Estado tinham de estar zelando por essa

criança.

Veja o que a lei traz sobre o conselho tutelar: http://estaciodocente.webaula.com.br/cursos/gon264/pdf

/artigo136.pd

Percebemos que o conselho tutelar tem atuação importantíssima de caráter administrativo, socioassistencial,

conforme o elenco dos artigos 136 e 137.

Retomando o tema, embora o art. 101 não seja somente para a criança, o adolescente infrator, além da medida

socioeducativa do art. 112, o juiz pode cumular a medida com as do art. 101; porém, para a criança, será somente

as do art. 101. Essa medida não é só específica da criança infratora, a criança pode se encontrar em outra

hipótese que não infracional e receber as medidas do art. 101, que é geral para o adolescente e para criança,

independente de ser infratora ou não

O que é ato infracional? Segundo o art. 103, ECA: "Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou

contravenção penal". A conduta tão somente, a tipificação, mas não a aplicação, como por exemplo, subtrair coisa

alheia é furto, o adolescente pratica um ato infracional análogo ao crime de furto, mas à medida que ele vai

receber como punição pela prática do ato análogo ao crime de furto, está previsto no ECA.

Não podemos nos esquecer de que a nossa Constituição, no art. 228 e o ECA no art. 104, descrevem quem são

inimputáveis "São penalmente inimputáveis os menores de 18 (dezoito) anos, sujeitos às medidas previstas

nesta Lei".

Por fim, art. 107, ECA: "A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão

incontinenti comunicados à autoridade judiciária competente e à familia do apreendido ou a pessoa por ele

indicada".

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Quando uma criança é apreendida num ato infracional, ela deve ser imediatamente encaminhada ao Conselho

Tutelar; e o adolescente, quando é apreendido num ato infracional, nas cidades onde existem delegacias

especializadas, o adolescente infrator deverá ser encaminhado; quando ele é levado para qualquer outra

delegacia, o delegado não pode impor a condição de que a família dele não seja comunicada; o artigo diz que o

delegado tem de comunicar incontinenti, sem condições, informar o local que o adolescente, o ato infracional

praticado, o dia; é um direito constitucional do adolescente; às vezes não se torna possível porque o adolescente

não indica, mas não é facultado ao delegado, é uma obrigação dele informar.

O ECA garante ao adolescente a defesa feita por um advogado ou defensor e a lei anterior, o Código de Menores,

se o adolescente praticasse ou fosse suspeito da prática de um delito, o adolescente era levado à frente de um

promotor, o promotor dava seu parecer e o Juiz determinava o que iria ser feito com o adolescente, não havia o

devido processo legal e a garantia do contraditório e da ampla defesa. Hoje existe a garantia constitucional.

O que vem na próxima aula


•O sistema penitenciário, a pena, seu histórico, aplicação, classificação e princípios;

• As medidas de segurança e os direitos sociais do interno.

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• conheceu os direitos da criança e do adolescente;
• compreendeu a importância dos mecanismos de proteção da criança e do adolescente;
• avaliou as responsabilidades dentro do contexto, jurídico, social e político.

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