Genética Do Cancer
Genética Do Cancer
Genética Do Cancer
BÁSICA
Roberta Oriques
Becker
Genética do câncer
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
O câncer consiste em um grupo de doenças complexas, com com-
portamentos diferentes, conforme o tipo celular do qual se originam.
Apesar de apresentarem variações quanto à idade de início, à velocidade
de desenvolvimento, à capacidade invasiva, ao prognóstico e à capaci-
dade de resposta ao tratamento, no nível molecular, todos os tipos de
câncer apresentam características comuns a essa classe de doenças. Os
genes, cujas mutações causam o câncer, são classificados como proto-
-oncogenes, que controlam o crescimento e a diferenciação celular
normal, ou supressores tumorais, que inibem o crescimento celular
anormal, reparam danos do ácido desoxirribonucleico (DNA) e mantêm
a estabilidade genômica. Além disso, vários fatores epigenéticos, que
afetam a expressão gênica sem alterar a sequência do DNA, e ambientais
predispõem ao câncer.
Neste capítulo, você vai reconhecer as alterações genéticas e epige-
néticas relacionadas ao desenvolvimento do câncer, reconhecendo o
papel dos oncogenes e dos genes supressores tumorais nesse processo.
Além disso, vai compreender o mecanismo de ação de fármacos que
interferem na atividade de enzimas que alteram epigeneticamente o
DNA ou as histonas.
2 Genética do câncer
O crescimento das células normais apresenta uma regulação muito precisa, sendo
que os órgãos aumentam até o seu tamanho adequado e então param de crescer.
Entretanto, as células podem escapar desse processo regulatório, o qual é denomi-
nado neoplasia, e o conjunto de células resultantes é denominado neoplasma ou
tumor. Os tumores podem ser benignos, que são autolimitantes e não metastáticos,
ou malignos, quando mostram crescimento ilimitado e metastático, ou seja, podem
originar um novo foco tumoral (BORGES-OSÓRIO; ROBINSON, 2013).
Genética do câncer 3
Figura 1. O efeito dos danos no DNA sobre a proteína p53. Em células normais, o nível de
p53 é baixo, em parte porque a proteína MDM2 a exporta para o citoplasma, no qual é
destruída pelo proteossomo. O dano no DNA resulta em fosforilação (P) e acetilação (Ac)
de p53, o que incapacita a sua ligação com MDM2 e promove a sua ativação como fator
de transcrição.
Fonte: Borges-Osório e Robinson (2013, p. 389).
inclusive as que ocorrem nos oncogenes. Os mesmos genes que fazem a re-
gulação do ciclo celular podem desencadear a apoptose, todavia, esses genes
estão mutados em muitos tipos de câncer. Além disso, estudos demonstram
que a p53 aumenta a permeabilidade das mitocôndrias, resultando na liberação
da enzima mitocondrial citocromo c, a qual é responsável por desencadear a
apoptose (BORGES-OSÓRIO; ROBINSON, 2013).
(Continuação)
Figura 5. Via de transdução de sinal mediada por Ras. (a) No retinoblastoma familiar, uma
mutação em um alelo, designado como RB1, é hereditária e está presente em todas as
células. Uma segunda mutação em um outro alelo em qualquer célula retiniana contribui
para o descontrole celular e a formação de tumor. (b) No retinoblastoma esporádico, duas
mutações independentes, no gene do tipo selvagem, uma em cada alelo da mesma célula,
são adquiridas em sequência e também levam à formação de um tumor.
Fonte: Klug et al. (2012, p. 521).
Existem dois modelos para explicar a relação entre os genes supressores tumorais
e a carcinogênese: a hipóteses dos dois eventos, na qual as mutações (geralmente
uma germinativa e uma somática) devem causar a perda da função dos dois alelos
para originar o câncer; e o modelo da haploinsuficiência, na qual apenas um alelo
mutado, associado a eventos adicionais promotores de tumor, é capaz de induzir a
carcinogênese, mesmo com a expressão normal do outro alelo (BORGES-OSÓRIO;
ROBINSON, 2013).
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Leituras recomendadas
READ, A.; DONNAI, D. Genética clínica: uma nova abordagem. Porto Alegre: Artmed, 2009.
STRACHAN, T.; READ, A. Genética molecular humana. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
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