Política macroeconômica
Política macroeconômica
Política macroeconômica
Descrição Compreender as políticas fiscal e monetária e seus impactos no equilíbrio nos mercados
monetário e de bens e serviços e, ainda, como interagem com a demanda agregada. Entender a
diferença entre curto e longo prazos na economia e como as curvas da demanda agregada
reagem de forma distintas em cada um desses horizontes de tempo.
Propósito O estudo do funcionamento da economia como um todo, através da análise macroeconômica,
permite compreender o comportamento de variáveis essenciais para o bem-estar social, como
desemprego, inflação e crescimento econômico, além de equipar o aluno para analisar políticas
que buscam afetar essas variáveis.
Objetivos
Módulo 1 Módulo 2
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Exemplo
Quando passamos por uma recessão, a economia passa por um período de produção decrescente e
desemprego crescente.
Não é preciso ser economista para perceber que o crescimento econômico não é
estável e que, às vezes, é negativo, como foi durante a recessão de 2014-16 e os
impactos da covid-19. Mas, como se define uma recessão? Há definições distintas,
como:
Existe uma regra técnica que define recessão a partir do momento
em que o PIB de um país cai por dois trimestres consecutivos.
Codace
Comitê de Datação de Ciclos Econômicos da Fundação Getúlio Vargas, é uma organização independente criada
com a finalidade de determinar a referência cronológica para os ciclos econômicos brasileiros.
1.
Consumo
2.
Investimento
3.
Compras do Governo
4.
Exportações Líquidas
Essa teoria propõe, então, que haja uma relação inversamente proporcional entre o
hiato de produto (PIB efetivo, menos o PIB potencial) e o hiato da taxa de desemprego
[taxa de desemprego efetiva (u), menos a taxa de desemprego natural, (u N )]. Em
termos matemáticos, sendo α uma constante positiva, essa teoria pode ser expressa
da seguinte forma:
h t = −α × (u t − u N
t )
Em outras palavras, no curto prazo, quando a economia está aquecida (hiato do
produto é positivo), as firmas contratam mais e a taxa de desemprego efetiva diminui
(hiato da taxa de desemprego é negativo). Quando está desaquecida, por sua vez,
ocorre o inverso.
3 - Empresas 4 - Mercados
As empresas não alteram os salários de Os mercados não mudam as etiquetas
seus funcionários de pronto. de seus produtos.
A maior parte dos preços demora um certo período de tempo para se alterar. No longo
prazo, no entanto, esses preços se ajustam lentamente, respondendo a essas
alterações de política econômica ou a choques. A rigidez temporária dos preços
sugere que o impacto no curto prazo decorrente de uma variação na oferta monetária
difere do impacto no longo prazo.
Desse modo, um modelo que deseje capturar a dinâmica dos preços no curto prazo
deve levar em consideração essa rigidez. Veremos mais adiante que variáveis reais
como produto e emprego sofrerão algum ajuste no curto prazo, uma vez que os
preços não se adequam rapidamente. Isso significa que as variáveis nominais poderão
influenciar as variáveis reais enquanto durar o período no qual os preços se
mantiverem rígidos.
Quando os preços são rígidos, no entanto, esse ajuste de preço não pode ser
realizado. Assim, o produto depende também da demanda por bens e serviços. Já a
demanda depende de uma série de fatores, como:
Consumidores Investidores
Confiança dos consumidores em relação Percepção dos investidores a respeito de
ao cenário econômico. lucratividade.
Fiscal Monetária
Política fiscal. Política monetária.
Resumindo
Assim, a demanda agregada aponta para a quantidade de bens e serviços que as pessoas desejam adquirir
para cada nível de preços.
MV=PY
M = Oferta monetária
V = Velocidade da Moeda
P = Nível de preços
Y = Montante do produto
Supondo que a velocidade da moeda seja constante, essa equação diz que a oferta
monetária determina o valor nominal do produto PY. Partindo do pressuposto de que a
quantidade de moeda ofertada M é fixada pelo Banco Central, então a equação
quantitativa enuncia uma relação negativa entre preços P e quantidade de produto Y.
De outra maneira:
–
MV = P Y
As barras sobre as variáveis indicam que elas assumem valores fixos. Para manter o
lado esquerdo da equação constante, P e Y precisam ter uma relação negativa entre
si: Se o preço aumenta, o produto diminui. A próxima imagem mostra um gráfico para
combinações de P e Y que satisfazem essa equação para uma dada velocidade da
moeda V e oferta monetária:
Combinações de P e Y.
A curva com inclinação negativa é conhecida como curva de demanda agregada.
Assim, a oferta monetária M e a velocidade da moeda V determinam o valor nominal
do produto PY. Como PY é uma constante, quando P aumentar, Y deve diminuir, e vice-
versa.
A intuição econômica por trás dessa igualdade é que, uma vez determinada a oferta
monetária, ela estabelece o valor de todas as transações da economia em moeda
corrente.
Resposta
Porque não faz diferença ter o dobro do dinheiro se os preços forem duas vezes maiores. O que interessa é o
poder de compra da moeda, e não só o número impresso em uma cédula.
Uma vez que a oferta monetária M é constante, um encaixe real mais alto significa um
nível de preços mais baixo. Analogamente, uma demanda por encaixes reais mais
baixos por conta de menos transações implica um nível de preços mais alto.
Suponha que o Banco Central aumente a oferta monetária. Pela equação quantitativa
da moeda, um aumento de M deve provocar um aumento proporcional do valor
nominal do produto PY.
Comentário
Para qualquer nível de preços, o montante de produto passa a ser maior, assim como para qualquer
montante de produto, o nível de preços passa a ser mais alto.
Oferta agregada
Considerando que, no curto prazo, as empresas não operam a pleno emprego, ou seja,
há disponibilidade de fatores produtivos, o produto é capaz de aumentar caso haja
aumento da demanda agregada. Essa teoria era definida por Keynes, que afirmava que
o que iria determinar a oferta por bens e serviços era a demanda agregada.
Segundo Blanchard (2017), essa mudança na demanda poderia ser provocada por
mudanças na confiança do consumidor, por exemplo. Por isso, diz que a teoria de
Keynes é uma teoria de curto prazo. Quando a curva de oferta é horizontal ou
totalmente elástica, diz-se que se trata da curva de oferta Keynesiana – caso extremo.
É possível se deparar com uma curva de oferta assim crescente, em que uma
elevação da demanda agregada provoca elevação tanto da quantidade quanto dos
preços. Ela pode ser considerada também uma curva de oferta de curto prazo
Keynesiana, denominada curva de oferta Keynesiana básica.
(Froyen, 2010)
Conclui-se que:
Curto prazo, em macroeconomia, é o período em que os preços são rígidos e
nem todos os fatores de produção podem ser ajustados.
Longo prazo, em macroeconomia, é quando os preços são flexíveis e todos os
fatores de produção podem ser ajustados para alcançar o pleno emprego.
Note que o nível de preços P não entra na função de produção, ou seja, não é um
insumo: consequentemente, não afeta o montante de produto Y. Essa função deriva do
modelo clássico, que descreve como a economia se comporta no longo prazo. De
acordo com esse modelo, o produto não depende do nível de preços.
Sozinha, a curva de demanda agregada não diz em que ponto a economia se encontra,
isto é, qual o nível de preços vigente e o montante de produto correspondente. Ela
mostra apenas uma relação entre essas duas variáveis. Todavia, existe outra curva
que também apresenta uma relação entre P e Y que cruza a curva de demanda
agregada: a chamada curva de oferta agregada.
Atenção!
Dado que os bens e serviços ofertados têm preços flexíveis no longo prazo e preços rígidos no curto prazo, a
oferta agregada depende do horizonte de tempo que está sendo analisado.
Desse modo, pode-se dizer que existem duas curvas de oferta agregada: a oferta
agregada de longo prazo (OALP) e a oferta agregada de curto prazo (OACP).
¯ L)
Y = f(K, ¯
Essa equação indica que o produto Y é uma função do montante fixo de capital K
¯e
do montante fixo de trabalho L
¯ . Como ambos os insumos são fixos, o produto
também será fixo.
Relembrando
A barra superior indica que a variável assume um valor fixo.
Note que o nível de preços P não entra na função de produção, ou seja, não é um
insumo: consequentemente, não afeta o montante de produto Y. Essa função deriva
do modelo clássico, que descreve como a economia se comporta no longo prazo. De
acordo com esse modelo, o produto não depende do nível de preços.
Se o produto é fixo no longo prazo e não depende do nível de preços, a curva de oferta
agregada será uma linha reta vertical cujo intercepto no eixo do produto é o montante
de produto fixo Y¯ .
A imagem, a seguir, mostra a curva de oferta agregada do longo prazo (OALP)
cruzando a curva de demanda agregada (DA).
Dado que a curva de oferta agregada do longo prazo é uma linha vertical, então um
deslocamento da curva de demanda agregada não afetará a quantidade de produto Y,
mas apenas o nível de preços P.
Vamos tomar como exemplo o caso extremo: todos os preços são fixos no curto
prazo e vamos supor a seguinte situação:
flag 1
flag 2
flag 1
Produtores ficam amarrados a preços demasiadamente baixos para seu nível elevado de
produção.
flag 2
Com a demanda elevada por seus produtos, as empresas vendem uma alta quantidade
de bens e serviços, o que gera um aumento de sua produção.
flag 3
Atenção!
Devemos frisar que os casos ilustrados aqui são dois casos extremos e que a realidade da economia é um
tanto mais complexa do que isso.
Utilizamos esses dois casos extremos como pontos de partida para fundamentar o
restante da teoria. Como veremos mais adiante, num intervalo de tempo em que
alguns preços são flexíveis e outros rígidos, a curva de oferta agregada será uma
mistura das duas apresentadas até então. Ou seja, será uma curva positivamente
inclinada.
flag 1
Produção e emprego aumentam e passam a ficar acima de seus níveis naturais, o que
significa que a economia está aquecida.
flag 2
A d d i id d l d b i
As empresas passam a vender e a produzir uma quantidade alta de bens e serviços e,
para isso, utilizam mais capital e contratam mais trabalhadores.
flag 3
flag 4
Com maiores preços, a quantidade demandada por bens e serviços diminui, até o ponto
E’’, que é o novo equilíbrio de longo prazo.
Nesse novo equilíbrio, a produção e o emprego voltam aos seus níveis naturais, mas
os preços se encontram num nível mais elevado do que no antigo equilíbrio de longo
prazo, representado pelo ponto E. Assim, uma oscilação da demanda agregada afeta o
nível de produção no curto prazo, mas esse efeito é mitigado conforme o tempo passa
e as empresas ajustam seus preços.
Choques Econômicos
Política de estabilização
Vimos o exemplo de quando oscilações na economia são decorrentes de mudanças
na demanda agregada. Oscilações derivadas de mudanças na oferta agregada
também são possíveis. Vamos conhecer esses tipos de “choques”.
Endógenos Exógenos
O modelo também nos permite avaliar como a política macroeconômica pode reagir a
esses choques. Ações realizadas pelas autoridades voltadas para amenizar os efeitos
negativos de oscilações econômicas de curto prazo recebem o nome de políticas de
estabilização. As políticas de estabilização atuam no sentido de atenuar o ciclo
econômico, a fim de manter o produto e o emprego o mais próximo possível de suas
taxas naturais.
A rigidez dos preços no curto prazo faz com que a economia se mova do equilíbrio de
curto prazo no ponto E para o ponto E’, como mostra na próxima imagem. Nesse
ponto, a produção e o emprego estão abaixo de seus níveis naturais, e a economia se
encontra em recessão.
Uma redução da DA e a transição para um novo equilíbrio.
Até aqui, trabalhamos com choques de demanda ocasionados por uma alteração na
oferta monetária M. Lembre-se de que definimos a curva de demanda agregada como
uma relação entre o nível de preços P e produto Y, que mantinha constante o lado
esquerdo da equação quantitativa da moeda, MV. Nesse sentido, choques na
demanda agregada também podem ser ocasionados por uma alteração na velocidade
da moeda V.
Considere, então, um novo exemplo de
choque na demanda agregada: a
introdução de aplicativos de banco e
compras online nos smartphones e sua
rápida disseminação, possibilitando a
realização de transações em qualquer
momento do tempo de qualquer lugar,
sem a necessidade de deslocamento
físico.
Dado que constituem um meio mais rápido de realizar compras e transações do que o
uso prévio de dinheiro físico em lojas físicas, as inovações tecnológicas reduzem a
quantidade de moeda que as pessoas escolhem reter em mãos. Com isso, a redução
da demanda por moeda equivale a um aumento na velocidade da moeda.
Resumindo
Se cada pessoa reduz a quantidade de moeda que tem em mãos, isso implica que cada unidade de moeda
passa de mão para mão de forma mais rápida, de modo que a velocidade de moeda V aumenta.
No curto prazo, o aumento da demanda faz com que o nível de produto da economia
aumente, aquecendo a economia. Para o nível de preços do equilíbrio inicial E, as
empresas vendem uma quantidade maior de bens e serviços, o que as leva a
contratarem mais trabalhadores e utilizarem uma quantidade maior de capital.
É possível que o Banco Central faça algo para conter esse hiper
crescimento da economia e manter o produto mais próximo de
suas taxas naturais, evitando ocasionar um aumento elevado do
nível de preços? Em outras palavras, o Banco Central pode atuar
para reduzir o nível de atividade econômica e impedir inflação
alta?
Resposta
Sim, é possível que o Banco Central possa atuar para reduzir o nível de atividade econômica e impedir
inflação alta.
1.
Eventos climáticos adversos que destroem colheitas, como secas,
tempestades etc. A diminuição da oferta desses alimentos aumenta seu
preço;
2.
Alterações nas leis de proteção ambiental: Mudanças nas exigências de
emissão de agentes poluentes, desmatamento permitido, entre outros.
Mudanças no sentido do relaxamento dessas leis diminuem os custos das
empresas, enquanto o endurecimento dessas leis representa um aumento
dos custos das empresas, que podem repassá-los ao menos parcialmente
para os consumidores por meio de preços mais altos;
3.
Pressão sindicalista por salários mais altos. Se atendida, haverá um
aumento dos salários e também nos preços dos bens e serviços produzidos
por empregados sindicalizados;
4.
Atuação de cartéis internacionais. Por exemplo, o aumento do preço do
petróleo na década de 1970 pela OPEP representou um choque de oferta.
Um choque adverso de oferta impulsiona a oferta agregada de curto prazo para cima.
Se a demanda agregada permanece constante, a economia diminui sua produção e
aumenta o nível de preços, movendo-se do ponto A para o ponto B, como mostra a
imagem a seguir.
No ponto B, o nível de preços está alto e a produção e o emprego estão abaixo de seu
nível natural: Fenômeno conhecido como estagflação.
Primeira opção
Não fazer nada, mantendo constante a demanda agregada, e deixar a economia
realizar o processo de ajuste sozinha. Veja as vantagens e desvantagens:
Vantagem Desvantagem
Questão 1
Questão 2
b) Falso. Como vimos na parte de oferta agregada de longo prazo, a curva de oferta
agregada no longo prazo é uma linha reta vertical. O motivo para isso é que no longo
prazo os preços são flexíveis, e a economia fica em torno do produto de pleno
emprego.
Curva IS
A taxa de juros afeta o mercado de bens e serviços, por meio do investimento e da poupança. Este
mercado é representado pela curva IS.
Curva LM
A taxa de juros afeta o mercado de moeda, influenciando a oferta e demanda por moeda. Este
mercado é representado pela curva LM.
Dado que ela afeta tanto o investimento quanto a demanda por moeda, a taxa de juros
é a variável que conecta as duas partes do modelo IS-LM. Neste módulo, vamos
examinar com mais atenção esses dois mercados.
A cruz keynesiana
Antes de entrar no modelo IS-LM, contudo, vamos começar com um modelo básico,
chamado de a cruz keynesiana. Em sua obra intitulada A Teoria Geral do Emprego, dos
Juros e da Moeda, John Maynard Keynes propôs que, no curto prazo, a economia era
determinada pelo planejamento dos gastos, por parte dos domicílios, empresas e
governo.
A intuição por trás dessa teoria é que, se as pessoas desejassem gastar mais, maior
seria a quantidade de bens e serviços que as empresas conseguiriam vender e, assim,
optariam por produzir mais bens e serviços e contratariam mais trabalhadores. Nesse
sentido, Keynes acreditava que o problema durante as recessões era o gasto
insuficiente.
Para compreender essa teoria, façamos uma distinção conceitual. Há dois tipos de
gastos na economia:
Gasto planejado Gasto efetivo
Essa distinção sugere que nem sempre o gasto planejado e o gasto efetivo serão
iguais. A razão para isso é que, no caso de as vendas não corresponderem às
expectativas das empresas, as firmas poderiam ter um investimento não planejado em
estoques. Se as vendas superam o montante planejado, os estoques diminuem, caso
contrário, os estoques se acumulam.
YP = C + I + G
C - Consumo
I - Investimento planejado
G - Compras do governo
O consumo C, por sua vez, será uma função da renda disponível, que é simplesmente
a diferença entre a renda total (Y) e os tributos pagos ao governo (T). Então,
escrevemos:
C = c(Y − T )
Logo:
I = I¯
¯
G=G
T = T¯
Como visto, nem sempre o gasto efetivo e o gasto planejado são iguais. Quando isso
ocorre, no entanto, dizemos que a economia se encontra em equilíbrio.
O gasto planejado YP.
Lembre-se que o produto, ou PIB, é igual ao total da renda, mas também pode ser
interpretado como o gasto total com bens e serviços. A condição de equilíbrio pode
ser expressa então da seguinte maneira:
Ou seja:
Y = YP
Representamos essa igualdade por uma reta de 45o no painel (b) da imagem a seguir.
Essa reta passa por todos os pontos no qual a igualdade é válida e os eixos do gráfico
são iguais. O equilíbrio dessa economia está no ponto em que as duas retas se
cruzam, representado pelo ponto A no gráfico. O produto de equilíbrio está sinalizado
por Y*.
A cruz keynesiana.
Entretanto, quando o gasto efetivo e o planejado não são iguais, como se alcança o
equilíbrio?
Vamos analisar primeiro o caso, em que o gasto efetivo Y supera o gasto planejado YP
(ou seja, Y > YP), e, portanto, estamos à direita do produto de equilíbrio Y*. Nessa
situação, os produtores produziram (Y) efetivamente mais do que os gastos
planejados (YP). Então, a produção que não foi vendida gera um aumento não
planejado de estoques. Devido a isso, as empresas decidem cortar a produção e
diminuir o número de trabalhadores, o que acarreta a diminuição do PIB, deslocando o
produto pouco a pouco para a esquerda.
Esse processo de redução da renda continua até que a renda se iguale ao nível de
equilíbrio. Analogamente, se Y < YP, estamos à esquerda do produto de equilíbrio Y*:
As vendas são maiores do que o esperado, os estoques ficam abaixo do desejado, e
as firmas aumentam a produção até alcançar Y*. A próxima imagem mostra esses
dois casos, indicados por um box cinza.
Multiplicador keynesiano
O multiplicador de gastos
O que ocorre se uma das variáveis exógenas muda? Vamos supor que o governo
deseje aumentar seus gastos G. Como isso afeta a economia?
Como os dispêndios do governo são um dos componentes do gasto planejado, um
aumento nos gastos do governo leva a um maior gasto planejado para qualquer nível
de renda. Vamos denotar a variação nos gastos do governo por ΔG (a letra grega Δ
(delta) é frequentemente usada para denotar variação).
O gráfico mostra que um aumento nos gastos do governo resulta num aumento de
ainda maior magnitude da renda. Isso significa que ΔY>ΔG, e, portanto, ΔY/ΔG>1. A
razão ΔY/ΔG é chamada de multiplicador dos gastos do governo. Esse multiplicador
informa o quanto o produto ou a renda aumentam em virtude de um aumento de uma
unidade monetária nos gastos do governo.
Atenção!
O fato de ΔY ser maior que ΔG implica que o multiplicador dos gastos do governo é maior do que 1: um real a
mais gasto pelo governo gera um aumento de renda superior a um real.
A razão para esse efeito multiplicador está no componente do consumo, que depende
positivamente da renda: C=c(Y-T). Assim, uma renda maior provoca um consumo mais
elevado. Isso gera um efeito espiral na renda: O aumento nos gastos do governo faz a
renda crescer, o que, por sua vez, causa um aumento do consumo, que gera um
aumento ainda maior da renda, que faz crescer novamente o consumo, e assim por
diante.
ΔG
Aumento do consumo em t1 =
P MgC × ΔG
Aumento do consumo em t2 =
P MgC 2 × ΔG
Aumento do consumo em t3 =
P MgC 3 × ΔG
Logo:
Dica
Para calcular o multiplicador dos gastos do governo, basta dividir os dois lados da equação por ΔG.
O primeiro termo do lado esquerdo é uma série geométrica infinita e pode ser
substituído por 1/(1-PMgC). Assim:
ΔY /ΔG = 1/(1 − P MgC)
O multiplicador de impostos
Um processo similar ocorre quando há uma alteração nos impostos cobrados pelo
governo. Quando o governo decide reduzir os impostos em ΔT, a renda disponível Y - T
aumenta imediatamente em ΔT, o que gera, portanto, um aumento do consumo em
PMgC×ΔT.
O gasto planejado se torna maior para qualquer nível de renda Y. O painel (b) da figura
mostra o deslocamento para cima do gasto planejado, causado por um aumento no
consumo da magnitude de PMgC×ΔT. Novamente, o equilíbrio salta do ponto A para o
ponto B. Assim como o aumento nos gastos do governo gera um efeito multiplicador
sobre a renda, o mesmo ocorre com a diminuição dos impostos.
Uma redução nos impostos.
Observe a diferença:
ΔY /ΔT = −P M g C/ (1 − P M g C)
Resumindo
Essa expressão recebe o nome de multiplicador gerado por impostos e indica o montante em que a renda
varia em resposta a uma variação de uma unidade monetária nos impostos.
I = I(r)
A taxa de juros r mede o custo dos recursos para financiar o investimento. Para que
um investimento seja lucrativo, o seu retorno deve superar seu custo, ou seja, os
pagamentos pelos empréstimos realizados para financiar projetos de investimento,
que são determinados pela taxa de juros. Se a taxa de juros aumenta, a quantidade de
projetos de investimentos que é lucrativa diminui, assim como o investimento.
A função investimento.
Vimos que um aumento dos gastos do governo desloca a curva de gasto planejado na
cruz keynesiana. Esse aumento no nível de dispêndios também deslocará a curva IS. A
próxima imagem utiliza a cruz keynesiana para mostrar como um aumento da ordem
de ΔG nas compras do governo desloca a curva IS.
Por outro lado, uma redução nos dispêndios do governo ou um aumento nos impostos
reduz a renda, deslocando a curva IS para dentro.
Ainda em sua obra A Teoria Geral, Keynes desenvolveu uma teoria para explicar como
a taxa de juros se comporta no curto prazo, à qual deu o nome de teoria da preferência
pela liquidez. Esse nome vem da hipótese de que a taxa de juros se ajusta para
equilibrar a oferta e a demanda por moeda corrente, o ativo mais líquido da economia.
A liquidez de um ativo considera a facilidade com a qual ele pode ser convertido em
dinheiro. Por exemplo:
Poupança
close Imóvel
(M/P ) s = M/
¯ P¯
O Banco Central ou alguma autoridade monetária determina de maneira exógena a
oferta monetária. Tomaremos o nível de preços P também como variável exógena,
utilizando o modelo IS-LM para explicar o comportamento da economia no curto
prazo, em que o nível de preços é fixo. A combinação de ambos esses pressupostos
implica que a oferta de encaixes monetários reais é fixa e, portanto, independe da taxa
de juros.
(M/P ) d = L(r)
Esse ajuste ocorre, porque, caso o mercado monetário esteja fora do equilíbrio, os
indivíduos ajustam suas carteiras de ativos e acabam por alterar a taxa de juros no
processo.
Nesse cenário, seu João da padaria prefere manter mais dinheiro no caixa do que no
banco, as pessoas tentam vender títulos e retirar dinheiro de suas contas bancárias, e
os bancos reagem aumentando as taxas de juros que oferecem para tentar atrair
recursos que agora estão mais escassos.
Resposta
Um aumento em M faz subir, por sua vez, a razão de encaixes monetários reais M/P, dado que P é fixo. A
oferta de encaixes monetários se desloca para a direita, e a taxa de juros de equilíbrio cai de r1 para r2.
Um nível mais baixo da taxa de juros faz com que os indivíduos dessa economia
fiquem satisfeitos em reter uma parcela maior de encaixes monetários reais. Com
mais moeda em circulação, seu João não se importa em deixar mais dinheiro no caixa
da padaria. A imagem a seguir mostra esse movimento.
Um aumento na oferta monetária.
video_library Curva IS
Neste vídeo, vamos falar sobre a relação entre política fiscal, taxa de juros e nível de
renda na economia por meio do modelo da cruz keynesiana, introduzindo a curva IS.
Curva LM
Agora que vimos como a teoria da preferência pela liquidez explica os determinantes
da taxa de juros, podemos construir a curva LM. Precisamos traçar a relação entre a
taxa de juros r e o nível de renda Y. Como uma mudança no nível de renda afeta o
mercado de encaixes monetários reais? Quando a renda é elevada, gasta-se mais, e os
indivíduos realizam um número maior de transações que demandam moeda. Assim,
uma maior renda implica mais demanda por moeda.
Nesse sentido, pode-se dizer que o nível de renda afeta positivamente a demanda por
encaixes monetários reais. Como a demanda por moeda é negativamente relacionada
com a taxa de juros, podemos sintetizar essa relação pela expressão:
(M/P ) d = L(r, Y )
Mas, o que acontece com a taxa de juros quando o nível de renda se altera? Quando a
renda aumenta, por exemplo, a curva de demanda por moeda se desloca para a direita.
Esse deslocamento acarreta um aumento da taxa de juros para equilibrar o mercado
monetário, de r1 para r2, mantida fixa a oferta de encaixes monetários reais.
Assim, de acordo com a teoria da preferência pela liquidez, uma renda mais alta
resulta numa taxa de juros mais alta. A próxima imagem mostra essa relação, com o
ajuste no mercado de encaixes monetários reais ilustrado no painel (a) e a curva LM
no painel (b).
Exemplo
Se a autoridade monetária aumenta subitamente a oferta monetária, de M' para M'', a oferta de encaixes
monetários reais também aumenta na mesma proporção, dado que P é fixo. Mantendo a renda constante e,
consequentemente, a curva de demanda por moeda também constante, um aumento na oferta monetária faz
com que a taxa de juros de equilíbrio do mercado monetário diminua.
Desse modo, um aumento na oferta monetária desloca para baixo (ou para a direita) a
curva LM. A imagem a seguir mostra esse deslocamento. O gráfico (a) mostra o que
ocorre no mercado monetário quando o Banco Central aumenta a oferta monetária.
Modelo IS-LM
Examinamos como cada curva se comporta separadamente e como respondem a
alterações nas políticas fiscal e monetária. A combinação das duas curvas determina
o nível da renda e taxa de juros na economia. Se há um deslocamento em uma das
duas curvas, há uma oscilação na renda nacional e o equilíbrio de curto prazo se
modifica.
A da próxima imagem mostra um possível equilíbrio de curto prazo da economia. O
ponto no qual as duas curvas se interceptam indicado pela letra E é o equilíbrio inicial,
correspondente à renda nacional Y1 e à taxa de juros r1.
O modelo IS-LM.
Exemplo
Suponha que o governo decida realizar uma política fiscal contracionista, isto é, visa a melhorar o resultado
das contas públicas ao diminuir seus gastos ou aumentar os impostos. Por ora, vamos considerar uma
redução nos dispêndios (G). Como vimos acima, esse tipo de política desloca a curva IS para dentro, sem
alterar a curva LM.
Uma vez que a renda diminui, pela teoria da preferência da liquidez, sabemos que a
quantidade de moeda demandada também diminui, pois o número de transações
diminui. Como a oferta monetária não se modificou, a menor demanda por moeda faz
cair a taxa de juros de equilíbrio para r2.
Vamos examinar agora os efeitos de uma política monetária. Considere que o Banco
Central decida reduzir a oferta monetária repentinamente. Relembrando o que
estudamos aqui, uma diminuição em M resulta numa queda nos encaixes monetários
reais M/P, dado que os preços são rígidos no curto prazo.
A diminuição na oferta de encaixes monetários reais acarreta uma taxa de juros mais
alta, segundo a teoria da preferência pela liquidez. Com isso, a curva LM se desloca
para cima, como mostra a próxima imagem. No novo equilíbrio, a taxa de juros é maior
e o nível de renda diminui.
Sabemos que, no novo equilíbrio, o produto diminui e a taxa de juros também. Mas
esse é o resultado apenas se o Banco Central não fizer nada. É possível que o Banco
Central decida reagir a esse aumento para atingir algum objetivo específico na
economia.
Comentário
Se o Banco Central deseja manter constante a taxa de juros, ele precisa responder com uma política que
aumente a taxa de juros. Como vimos, esse é o caso de uma política de redução da oferta monetária. A
figura mostra uma possibilidade de resposta do Banco Central à contração fiscal.
Num primeiro momento, a curva passa do ponto A para o ponto B na próxima imagem,
reduzindo a renda e a taxa de juros. Com a reação do Banco Central, a taxa de juros
sobe, mas o produto cai ainda mais, e o novo equilíbrio passa a ser o ponto C.
Outra possibilidade é o Banco Central manter constante o produto. Nesse caso, ele
precisaria realizar uma política fiscal no sentido contrário: para responder a uma
diminuição no nível do produto, ele deve realizar uma política que desloque a LM para
a direita (para baixo), a fim de empurrar o nível de renda para cima. Assim, a resposta
do Banco Central deve ser no sentido de um aumento na oferta monetária.
A imagem, a seguir, mostra como seria essa resposta. O nível de renda de equilíbrio se
manteria, mas a taxa de juros cairia tanto em resposta à política fiscal quanto à
política monetária.
Política monetária como resposta à política fiscal: Banco Central mantém o nível de
renda.
Em ambos os casos, o ajuste na oferta monetária que o Banco Central fez foi
exatamente o suficiente para manter ou a taxa de juros constante, ou o nível de renda
constante.
É possível que a taxa de juros do novo equilíbrio seja um pouco mais alta do que a
inicial, caso o Banco Central diminua demais a oferta monetária, ou que a taxa de
juros seja um pouco mais baixa, caso ele não diminua o suficiente a oferta monetária.
No segundo caso, sabemos que a taxa de juros com certeza cai em virtude de uma
contração fiscal acompanhada de uma expansão monetária, mas o efeito sobre o
produto pode ser ambíguo se o Banco Central não for preciso.
IS-LM
O modelo IS-LM serviu para explicar o equilíbrio no curto prazo quando o nível de
preços é fixo. Para compreender como o modelo IS-LM se encaixa no modelo de
oferta e demanda agregada visto no início da aula, permitiremos que o nível de preços
se modifique.
Como visto anteriormente, a demanda agregada expressa uma relação entre o nível de
preços e o nível da renda nacional. Utilizamos a teoria quantitativa da moeda para
derivar essa relação. Agora, utilizaremos o modelo IS-LM.
Sabemos que a relação entre renda e nível de preços ilustrada pela curva de demanda
agregada é uma relação negativa. Para entender por que o produto aumenta à medida
que o nível de preços diminui, vamos examinar o que acontece no modelo IS-LM
quando o nível de preços se altera.
Relembrando
Recorde que no modelo IS-LM, a variável de nível de preços estava presente, de maneira implícita, na curva
de oferta de encaixes monetários reais M/P. Naquele momento, consideramos o nível de preços P fixo. Se o
nível de preços aumenta, todavia, a oferta de encaixes monetários diminui.
Essa redução na oferta de encaixes monetários reais desloca a curva LM para cima, o
que acarreta um aumento da taxa de juros de equilíbrio e a redução do nível de renda,
como mostra o painel (a) da próxima imagem.
O nível de preços sobe de P1 para P2 e a renda cai de Y1 para Y2. O painel (b) mostra
a curva de demanda agregada, que ilustra graficamente a relação negativa entre renda
nacional e nível de preços.
Uma diminuição da oferta monetária | A curva de demanda agregada.
No debate abaixo sobre como o controle de preços pode ser uma ferramenta para
combater a inflação, exploraremos os prós e contras, analisando suas implicações nas
políticas econômicas e no cotidiano das pessoas. Será uma oportunidade única para
ampliar o seu entendimento sobre os desafios enfrentados na gestão da inflação e
para refletir sobre alternativas viáveis para promover a estabilidade econômica. Venha
fazer parte dessa discussão e contribuir com suas ideias e perspectivas!
Inserir o seu nome
Está a entrar na discussão “O controle de preços no combate à
inflação”.
Continuar
Questão 1
Questão 2
B
A curva LM mostra os diferentes pontos de equilíbrio no mercado de
encaixes monetários reais.
Leia agora as manchetes de Economia dos jornais: Você encontrará chamadas como
“Banco Central diminui a taxa de juros para enfrentar recessão”, ou “Economistas
debatem o efeito de um aumento de gastos públicos”. Tente entender essas
manchetes a partir do instrumental desenvolvido aqui!
headset Podcast
Agora, a(o) especialista encerra o tema, fazendo um breve resumo dos principais
tópicos que foram abordados ao longo dos módulos.
Explore +
Para saber mais sobre os assuntos tratados neste conteúdo, sugerimos que leia:
BOLLE, M. B. de. Como matar a borboleta azul ‒ Uma crônica da era Dilma. Rio de
Janeiro: Intrínseca, 2016.
Referências
BLANCHARD, O. Macroeconomia. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2017.
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