Abrir GT 17- Tuberculose
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DEFINIÇÃO E EPIDEMIOLOGIA
Definição Epidemiologia
GT 16 Tuberculose 1
A TB pode ser causada por qualquer uma das sete O M. tuberculosis é transmitido por via aérea, de
espécies que integram o complexo Mycobacterium uma pessoa com TB pulmonar ou laríngea, que
tuberculosis: elimina bacilos no ambiente (caso fonte), a outra
pessoa, por exalação de aerossóis oriundos da
M. tuberculosis, M. bovis, M. africanum, M. canetti,
tosse, fala ou espirro.
M. microti, M. pinnipedi e M. caprae.
O termo “bacilíferoˮ refere-se a pessoas com TB
Em saúde pública, a espécie mais importante é a
pulmonar ou laríngea que tem baciloscopia positiva
M. tuberculosis, conhecida também como bacilo
no escarro.
de Koch BK.
Esses casos têm maior capacidade
O M. tuberculosis é fino, ligeiramente curvo e mede
de transmissão, entretanto pessoas com outros
de 0,5 a 3 μm.
exames bacteriológicos como cultura e/ou Teste
É um bacilo álcool-ácido resistente BAAR, Rápido Molecular da Tuberculose TRMTB
aeróbio, com parede celular rica em lipídios (ácidos positivos também podem transmitir.
micólicos e arabinogalactano), o que lhe confere
A TB acomete, prioritariamente, o pulmão que
baixa permeabilidade, reduz a efetividade da
também é a porta de entrada da maioria dos casos.
maioria dos antibióticos e facilita sua sobrevida nos
macrófagos. A transmissão se faz por via respiratória, pela
inalação de aerossóis produzidos pela tosse, fala
ou espirro de um doente com tuberculose ativa
pulmonar ou laríngea.
FISIOPATOLOGIA
Patogênese e Imunidade Resposta ativadora de macrófagos na infecção por M.
tuberculosis:
Interação de M. tuberculosis com o hospedeiro
humano e virulência dos bacilos da tuberculose: Importância da Imunidade Mediata por Células IMC
Gotículas contendo bacilos viáveis são inaladas e Antígenos de M. tuberculosis processados pelos
chegam aos pulmões. macrófagos estimulam linfócitos T, que liberam
GT 16 Tuberculose 2
A maioria dos bacilos é retida nas vias aéreas linfocinas.
superiores, mas uma fração (menos de 10% atinge
Essas linfocinas ativam os macrófagos locais, que
os alvéolos.
se acumulam ao redor da lesão para neutralizar os
Primeiro Contato com o Sistema Imunológico: bacilos de forma eficaz.
Nas fases iniciais, as células dendríticas mieloides Os macrófagos ativados conseguem controlar os
são predominantemente infectadas. bacilos sem causar destruição excessiva do tecido.
A acidificação do fagossomo é reduzida pela falta Essa resposta causa destruição do tecido
de próton-adenosina-trifosfatase vesicular. pulmonar, com aumento da lesão e dano
progressivo ao tecido circundante.
O lipoglicano e a lipoarabinomanana da parede
celular bacteriana inibem o aumento intracelular de Formação de Cavidades e Liquefação Caseosa:
Ca2. No centro da lesão, o material caseoso (necrose)
A via Ca2/calmodulina, que facilita a fusão sofre liquefação, destruindo as paredes brônquicas
fagossomo-lisossomo, é comprometida. e vasos sanguíneos, formando cavidades.
O bacilo evita a destruição por bloquear a fusão do O material liquefeito, rico em bacilos, é drenado
fagossomo com o lisossomo. para os brônquios.
A autofagia (processo de destruição celular) Nos estágios iniciais, os bacilos são transportados
também é bloqueada pela bactéria. por macrófagos até os linfonodos regionais,
podendo depois retornar ao sistema venoso central
Propagação da Infecção:
e se espalhar para os pulmões e para outras partes
Se o bacilo bloqueia a maturação do fagossomo, a do corpo através da circulação sistêmica.
replicação começa dentro do macrófago.
Disseminação Extrapulmonar:
O macrófago infectado eventualmente se rompe,
As lesões extrapulmonares podem seguir o mesmo
liberando bacilos e expandindo a infecção.
padrão das pulmonares, embora a maioria cicatrize.
O sistema de secreção ESX1, codificado pela
Risco em Crianças com Imunidade Prejudicada:
região de diferença 1 RD1, é responsável por esse
GT 16 Tuberculose 3
processo. Em crianças pequenas com imunidade natural
fraca, a disseminação hematogênica pode levar a
Novos macrófagos são recrutados e infectados
formas graves, como TB miliar ou meningite
pela ingestão dos macrófagos mortos e do
tuberculosa, que podem ser fatais.
conteúdo bacilar, perpetuando a infecção.
O papel dos macrófagos e monócitos na resposta
Virulência de Mycobacterium tuberculosis:
imune contra M. tuberculosis:
Complexidade das Cepas:
Imunidade Celular IMC e Humoral:
M. tuberculosis é composto por um conjunto de
A IMC confere proteção parcial contra M.
cepas com diferentes níveis de virulência, que
tuberculosis, enquanto a imunidade humoral tem
causam várias manifestações da tuberculose.
um papel menos claro, embora anticorpos contra
Avanços na Pesquisa: lipoarabinomanana possam ajudar a evitar a
Desde a elucidação do genoma de M. tuberculosis disseminação da infecção em crianças.
em 1998, grandes coleções de mutantes foram Função dos Macrófagos e Células T
geradas, identificando genes envolvidos na
Macrófagos fagocitam os bacilos de M.
virulência.
tuberculosis diretamente.
Genes de Virulência Importantes:
Células T (principalmente CD4 e, em menor
katG Codifica uma enzima catalase/peroxidase, grau, CD8 induzem proteção por meio da
essencial para a defesa contra estresse oxidativo e produção de citocinas, especialmente IFNγ.
para a ativação da isoniazida (tratamento
Macrófagos Alveolares:
bactericida).
Após infecção, os macrófagos alveolares
RD1 Locus de 9,5 kb que codifica os antígenos
secretam citocinas que promovem a formação de
ESAT6 e CFP10, além de um sistema de secreção
granulomas e efeitos sistêmicos como febre e
ESX1 necessário para sua liberação. A ausência
perda de peso.
desse locus na vacina BCG de M. bovis é um fator
atenuante. Macrófagos alternativamente ativados podem ser
mais suscetíveis ao crescimento de M. tuberculosis
M. marinum Mutação no RD1 prejudica a
devido à sua resposta inflamatória limitada,
capacidade de macrófagos apoptóticos recrutarem
frequentemente agravada pela presença de
células não infectadas, levando a menor replicação
surfactante.
e formação de granulomas.
Atração de Novos Monócitos e Macrófagos:
Outros Genes Relacionados à Virulência:
Novos monócitos e macrófagos recrutados para o
Mutantes auxotróficos Mutantes que carecem de
local da infecção são cruciais para a resposta
enzimas essenciais de biossíntese (como leuCD e
imune.
panCD) não proliferam em animais, pois não
podem sintetizar certos substratos essenciais. Seu principal mecanismo de defesa envolve a
produção de oxidantes (como intermediários de
icl1 Codifica a isocitrato-liase, importante para o
oxigênio reativo e óxido nítrico), que têm atividade
uso de ácidos graxos como fonte de energia.
antimicobacteriana.
Essencial para a persistência de infecções crônicas
em camundongos. Produção de Citocinas:
Resistência inata à infecção por M. tuberculosis: Neutrófilos também participam da resposta imune,
mas o momento exato de sua ação e sua eficácia
Papel dos Fatores Genéticos:
ainda não são totalmente compreendidos.
GT 16 Tuberculose 4
A resistência à infecção por M. tuberculosis é O papel dos linfócitos T na resposta imune contra M.
influenciada por fatores genéticos, sugerindo um tuberculosis:
mecanismo poligênico de resistência à tuberculose
Importância dos Linfócitos T
TB.
Os macrófagos alveolares, monócitos e células
Diferentes populações apresentam graus variados
dendríticas são essenciais para o processamento e
de sensibilidade à TB, indicativos de variações
apresentação de antígenos aos linfócitos T,
genéticas na resistência.
especialmente CD4 e CD8.
Mecanismos de Eliminação do Patógeno:
Linfócitos T CD4 são cruciais na defesa do
A resistência pode ser observada em testes como o hospedeiro contra M. tuberculosis. Defeitos nas
Teste Tuberculínico TCT e o ensaio de liberação células T CD4 (como nos infectados pelo HIV
de interferon-γ (IGRA), com resultados negativos comprometem a contenção da proliferação de
sugerindo capacidade de eliminação eficaz do micobactérias.
patógeno.
Diferenciação dos Linfócitos T CD4
Genes Associados à Resistência:
Linfócitos T CD4 ativados podem se diferenciar
Nramp1 Gene em camundongos que codifica uma em células TH1 ou TH2, cada uma produzindo
proteína de macrófago NRAMP1 associada à diferentes citocinas:
resistência natural. Em humanos, o homólogo
Células TH1 Produzem IFNγ (ativa
NRAMP1 (localizado no cromossomo 2q) pode
macrófagos e monócitos) e IL2.
influenciar a suscetibilidade à TB, conforme estudo
em africanos ocidentais. Células TH2 Produzem IL4, IL5, IL10 e IL13,
favorecendo a imunidade humoral.
ipr1 Gene de resistência do hospedeiro em
camundongos, codificado no locus sst1. O gene Regulação das Citocinas:
ipr1 codifica uma proteína nuclear induzida por A inter-relação entre as citocinas e sua regulação
IFNγ que interage com outras proteínas nos cruzada é essencial para determinar a resposta do
macrófagos estimulados ou infectados por M. hospedeiro.
tuberculosis.
O IFNγ pode induzir a produção de intermediários
Polimorfismos Genéticos e Suscetibilidade: reativos de nitrogênio e regular genes
Vários polimorfismos genéticos estão associados à bactericidas.
suscetibilidade à TB, incluindo aqueles em genes O TNFα também desempenha papel importante no
que codificam: controle da infecção, embora seu equilíbrio seja
Alelos do complexo de histocompatibilidade crítico:
principal MHC Ativação excessiva do TNFα pode piorar a
IFNγ e seu receptor resposta imunopatológica.
GT 16 Tuberculose 5
Monócitos ou células dendríticas infectadas sistema imune inato.
transportam bacilos para o sistema linfático.
Lipoproteínas (como a lipoproteína de 19 kDa)
Mecanismos de Virulência e Formação de Granuloma: ativam poderosos sinais imunológicos por meio de
receptores semelhantes ao Toll TLR nas células
M. tuberculosis usa mecanismos de virulência para
dendríticas sanguíneas, facilitando o
subverter a sinalização celular e induzir uma
reconhecimento e resposta à infecção.
resposta pró-inflamatória.
Proteínas Micobacterianas:
A proteína ESAT6 estimula a secreção de
metaloproteinase matricial 9 MPM9, que recruta M. tuberculosis possui diversos antígenos
macrófagos imaturos, promovendo a maturação do proteicos, localizados no citoplasma, parede
granuloma e crescimento bacteriano. celular e proteínas secretadas.
A secreção de AMP cíclico pelos fagossomos Antígenos secretados têm grande importância na
subverte vias de sinalização celular, elevando a indução da resposta dos linfócitos T.
secreção de TNFα e recrutando mais células pró- Experimentos indicam que micobactérias vivas
inflamatórias. secretoras de proteínas podem induzir imunidade
protetora em animais.
Formação e Função do Granuloma:
Antígenos Protetores:
As quimiocinas e produtos bacterianos liberados
durante a lise celular dos macrófagos infectados Antígenos 30 kDa (ou 85B e ESAT6 são
recrutam células dendríticas para os linfonodos, destacados como importantes para a resposta
onde antígenos micobacterianos são apresentados protetora.
aos linfócitos T.
A imunidade protetora parece ser mediada por
Nesse estágio, começa o desenvolvimento da uma resposta imune a diversos antígenos
imunidade celular e humoral. Esse período inicial de micobacterianos diferentes.
infecção geralmente é assintomático.
Vacinas e Antígenos Micobacterianos:
Resposta do Hospedeiro Após 2 a 4 Semanas:
Estes antígenos estão sendo incorporados em
Duas respostas do hospedeiro surgem: vacinas desenvolvidas em várias plataformas,
visando a indução de proteção contra a infecção.
Ativação dos macrófagos Mediado por células
T, ativa macrófagos capazes de matar e digerir A reatividade do teste cutâneo TCT na infecção por
os bacilos. M. tuberculosis:
GT 16 Tuberculose 6
Alguns sugerem que o termo "persistente" seria Relação com TB Ativa:
mais adequado, pois os bacilos não estão inativos,
Casos de TB ativa podem ser acompanhados de
mas temporariamente escondidos.
reações fortemente positivas ao TCT, sugerindo
Infecção e Doença: que a presença de reatividade não impede a
reativação da infecção.
A infecção por TB é um continuum, e não um
estado binário (infecção vs. doença). Também há evidências de reinfecção por uma
nova cepa de M. tuberculosis em pacientes com
Biomarcadores sistêmicos podem ajudar a prever
doença ativa previamente tratada.
quais indivíduos irão progredir para a forma ativa
da doença, sendo valiosos para intervenções Conclusão:
profiláticas.
A infecção anterior ou a TB ativa não confere
imunidade protetora total, pois a reatividade ao
TCT não impede a reativação da doença ou a
reinfecção com uma nova cepa.
GT 16 Tuberculose 7
Com frequência, a radiografia de tórax revela um
padrão reticulonodular miliar (mais facilmente
observado em radiografia pouco penetrada), embora
possa não haver anormalidade radiográfica evidente no
estágio inicial da doença e entre pacientes infectados
pelo HIV.
GT 16 Tuberculose 8
sua vida – metade deles durante os primeiros 18 meses
após a infecção.
GT 16 Tuberculose 9
presença do padrão “árvore em brotamentoˮ.
FORMA DIAGNÓSTICA
Diagnóstico Teste Rápido Molecular
GT 16 Tuberculose 10
É difícil documentar que essa micobactéria esteja no biológicas, como lavado broncoalveolar LBA, lavado
local investigado; muitas vezes na prática médica, gástrico, liquor, gânglios linfáticos e outros tecidos;
devemos iniciar o tratamento empírico baseado no Triagem de resistência à rifampicina nos casos de
quadro clínico e exames do paciente. retratamento ou suspeita de falência do tratamento
(baciloscopia positiva após dois meses de tratamento);
Existem três formas de pesquisar a presença do bacilo.
Elas são: Como ele detecta o material genético da M.
Visualizando-os diretamente na microscopia com a tuberculosis, não deve ser usado para controle de cura
coloração de Ziehl-Neelsen através da nos pacientes com TB, afinal, bacilos mortos ou
baciloscopia; inviáveis poderiam ser detectados no teste.
Encontrando seu material genético na amostra obtida
através do
teste rápido molecular;
Cultivando essa micobactéria em
meios de culturas
Cultura para Micobactéria
Alguns pacientes podem não ter tosse produtiva,
Esse é o exame padrão-ouro para o diagnóstico de
dificultando a realização desses exames em amostra
tuberculose.
de escarro. O que pode ser feito é a indução do
escarro com solução salina hipert nica 5ml de soro Ele é mais sensível do que a baciloscopia e pode vir
fisiol gico 0,5ml de NaCl 20%. Esse procedimento com crescimento da M. tuberculosis nos casos onde a
deve ser feito em sala baciloscopia é negativa.
apropriada com pressão negativa, para evitar
O diagnóstico bacteriológico pode ser aumentado em
disseminação do bacilo pelo ambiente.
até 30%.
Baciloscopia
Além disso, esse é o único exame cujo perfil de
A baciloscopia é um exame simples, seguro e bastante sensibilidade da bactéria a outros antibióticos − do
difundido. esquema padrão de tratamento − conseguimos avaliar.
Ela consiste na pesquisa do bacilo através da Parece um exame maravilhoso, não é mesmo? Até
coloração de Ziehl-Neelsen. seria se não demorasse muito tempo para sair seu
resultado.
Pode ser feita em diversas amostras, sendo a
baciloscopia do escarro a mais importante, pois ela A amostra pode ser incubada em meio de cultura
permite detectar as pessoas bacilíferas (responsáveis sólido, que pode variar de 15 a 30 dias, mas pode
pela manutenção da cadeia de transmissão) e estender-se até 8 semanas para dar algum resultado.
definir quando elas deixam de transmitir a TB. Outro tipo de meio de cultura é o líquido, que é mais
Nos casos de TB extrapulmonar, esse exame pode ser caro e menos disponível, porém o tempo de detecção
realizado em outras amostras biológicas. do crescimento bacteriano é de 5 a 12
dias, podendo estender-se até 6 semanas.
A sensibilidade da baciloscopia do escarro não é muito
boa, permitindo a detecção de 60% a 80% dos casos De acordo com o Manual de Recomendações para o
de TB no adulto. Controle da Tuberculose no Brasil, de 2019, a cultura
para a micobactéria está indicada nos seguintes casos:
Ou seja, caso o exame seja negativo e o paciente tiver
Todo caso de diagnóstico de TB com TRM positivo;
achados clínicos e radiológicos compatíveis com
Todo caso suspeito de TB com TRM negativo e
tuberculose pulmonar, devemos desconsiderar
persistência do quadro clínico;
o resultado dessa baciloscopia.
Todo caso suspeito de TB em que não estiver
Em crianças esse exame não é indicado, já que é difícil disponível o TRM;
obter amostras de escarro de boa qualidade. Suspeita de infecção por MNT (micobactéria não
Outros microrganismos também podem ter uma tuberculosa);
baciloscopia positiva e não ser TB. Persistência de baciloscopia positiva após o segundo
mês de tratamento;
Ou seja, esse exame não é específico para Recidivas
tuberculose.
GT 16 Tuberculose 11
De acordo com o Ministério da Saúde, a baciloscopia
do escarro é indicada:
Nos sintomáticos respiratórios, durante estratégia de
busca ativa;
Em casos suspeitos de TB pulmonar
independentemente do tempo de tosse;
Para controle de cura e acompanhamento de
pacientes já com tuberculose confirmada, afinal, esse
exame consegue dizer se na
amostra há bacilos viáveis ou não
Devemos tratar os bacilos que se Os efeitos adversos são bem frequentes e podem ser
reproduzem dentro de lesões cavitárias e também divididos em “menoresˮ, que são aqueles que não
aqueles que se reproduzem lentamente dentro do necessitam de suspensão da medicação, e os
granuloma e dentro dos macrófagos. “maioresˮ, que causam a suspensão do tratamento.
Por esse motivo, o tratamento deve ser feito com várias As reações menores mais frequentes são:
drogas que atuem em mecanismos diferentes, para Cor avermelhada da urina e suor, que é um efeito
atingir populações diversas de bacilos e evitar o adverso universal a todos os pacientes que fazem uso
aparecimento de resistência. da rifampicina. Por esse
motivo, no início do tratamento, você já deve avisar o
Além disso, o tratamento deve ser prolongado para
paciente que isso vai acontecer, para ele não ser pego
evitar recidivas da doença.
de surpresa.
Existem várias medicações que podem ser usadas para Sintomas gastrointestinais, como náuseas, vômitos e
o tratamento da tuberculose. epigastralgia. Todas as drogas do esquema básico
Esses fármacos são subdivididos em dois tipos: podem causar esses efeitos
Os essenciais, que têm capacidade esterilizante e adversos. Se o paciente se queixar de algum desses
bactericida; sintomas, você deve mudar o horário da medicação
Os acompanhantes, que são aqueles que protegem para duas horas após o café da
as drogas essenciais contra a resistência adquirida manhã.
durante o tratamento. Prurido e exantema leve. A rifampicina e isoniazida
podem causar isso e o paciente deve ser orientado a
usar anti-histamínicos.
Neuropatia periférica. A isoniazida é a principal
responsável por esse efeito adverso. O tratamento é
feito com a prescrição de piridoxina (vitamina B6.
Dor articular, hiperuricemia, cefaleia e febre são
outros exemplos de efeitos menores que podem
acometer o paciente.
GT 16 Tuberculose 12
acúmulo de CO2
e ácido lático.
ESQUEMA BÁSICO
As drogas são:
Rifampicina R;
Isoniazida I ou H;
Pirazinamida P ou Z;
Etambutol E.
Fase de manutenção.
As drogas são:
Rifampicina R;
Isoniazida I ou H;
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que contêm a associação dessas duas drogas.
Rifampicina
Recomendada para quem não pode usar a isoniazida
Diagnóstico - hepatopatas, crianças 10 anos) e pessoas acima
de 50 anos;
A dose no adulto é de 10mg/Kg/dia (máximo de
600mg/dia) e na criança, 15mg/Kg/dia;
Tempo de tratamento: 4 meses, com um mínimo de
120 doses. Essas doses devem ser completadas em até
6 meses.
GT 16 Tuberculose 14
SEGUIMENTO DO PACIENTE APÓS O DIAGNÓSTICO
Após o início do tratamento, o paciente deve ser
acompanhado com exames e consultas conforme as
orientações do Manual de Recomendações para o
Controle da Tuberculose no Brasil, de 2019
•
Seguimento clínico: o paciente deve ser acompanhado
com consultas mensais.
•
Seguimento bacteriológico: o paciente deve coletar Caso o paciente trate adequadamente e receba alta por
baciloscopia mensalmente. É esperado que ela cura e posteriormente desenvolva novo quadro de
negative a partir do final da segunda semana de tuberculose, definimos esse novo quadro como
tratamento. Não tem problema se ela permanecer recidiva.
positiva por um período um pouco mais longo, porém,
A suspensão do tratamento por mais de 30 dias
se ela continuar positiva até o final do segundo mês,
consecutivos é considerada abandono.
deve-se solicitar cultura para micobactéria com teste
de sensibilidade.
•
Seguimento radiológico: o paciente deve realizar
radiografia para acompanhar a evolução das lesões a
partir do segundo mês de tratamento. Outro exame
deve ser solicitado ao final do tratamento.
•
Seguimento laboratorial: o paciente deve realizar teste
para HIV, glicemia, função renal e hepática no primeiro
mês do tratamento. É no início do tratamento que as
transaminases podem se alterar.
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encontra-se muito reduzida.
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