Literatura e Leitura Infantil e Juvenil LIVRO
Literatura e Leitura Infantil e Juvenil LIVRO
Literatura e Leitura Infantil e Juvenil LIVRO
Biblioteconomia na Modalidade
a Distância
Literatura e Leitura
Infantil e Juvenil
Semestre
3
Curso de Bacharelado em Biblioteconomia
na Modalidade a Distância
Literatura e Leitura
Infantil e Juvenil
Semestre
3
Brasília, DF Rio de Janeiro
Faculdade de Administração
e Ciências Contábeis
Departamento
de Biblioteconomia
2018
Permite que outros remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho para fins não
comerciais, desde que atribuam o devido crédito ao autor e que licenciem as novas
criações sob termos idênticos.
Coordenação de
Desenvolvimento Instrucional
Cristine Costa Barreto
Desenvolvimento instrucional
Renata Vittoretti
Diagramação
Patricia Seabra
Normalização
Dox Gestão da Informação
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-85229-63-4 (brochura)
ISBN 978-85-85229-62-7 (e-book)
1. Literatura infantil. 2. Literatura juvenil. I. Silva, Rovilson José da. II. Título.
CDD 028.5
CDU 028.8
Figura 1 – As múltiplas leituras que fazemos diariamente são parte visceral de nossas vidas
Atenção
PARA PENSAR: O que você já leu de interessante na sua rua
hoje? O que você leu de interessante no jornal de hoje? Como
essas duas formas de leitura convergem para o seu conceito de lei-
tura? Nesta aula você vai ler sobre o que pode ser entendido como
leitura e quais os efeitos que ela pode ter.
UNIDADE 1
AS MÚLTIPLAS
LEITURAS QUE FAZEMOS
Fonte: Flickr1
1
FLICKR. r. nial bradshaw. Disponível em: <https://bit.ly/2OowgtO>. Acesso em: 04 nov. 2018.
Figura 3 – No nível sensorial de leitura, são os sentidos que leem: a visão, o tato, a
audição, o olfato e o gosto entram em ação. É a nossa primeira forma de leitura do livro.
Isso porque o livro, antes de ser um texto escrito, é um objeto: tem forma, cor, textura,
volume, cheiro. Para a criança, esse contato sensorial com o objeto livro, visto por ela
muitas vezes como brinquedo, é extremamente salutar
2
“Lemos uma determinada edição, um exemplar concreto, reconhecível pela aspereza ou
suavidade do papel, por seu odor, por um pequeno rasgo na página 72 e uma mancha circular
de café na esquina direita da contracapa.” (tradução nossa)
3
PIXABAY. Ninocare. Disponível em: <https://bit.ly/2DlMlQa>. Acesso em: 04 nov. 2018.
4
FLICKR. Simon Blackley. Tower of Babel. Disponível em: <https://bit.ly/2RwyPvZ>. Acesso em: 04
nov. 2018.
Fonte: Pxhere5
Atenção
– Maria Helena Martins (1989) considera que a leitura se dá em três
níveis: o sensorial, o emocional e o racional.
– Ezequiel da Silva (2003) acredita que a leitura acontece em três
momentos: a constatação, o cotejo e a transformação.
5
PXHERE. Disponível em: <https://bit.ly/2P8Gcgj>. Acesso em: 04 nov. 2018.
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Little_Red_Riding_Hood_-_J._W._Smith.jpg
Figura 6 – A Poética (em grego antigo: Περὶ ποιητικῆς; em latim: poiétikés), provavelmente
registrada entre os anos 335 a.C. e 323 a.C. é um conjunto de anotações das aulas de
Aristóteles sobre o tema da poesia e da arte em sua época, pertencentes aos seus escritos
acroamáticos (para serem transmitidos oralmente aos seus alunos) ou esotéricos (textos para
iniciados)
Fonte: Wikimedia6
Explicativo
A palavra já é um produto da criação humana e, quando usada artis-
ticamente na literatura, tem uma função conotativa que lhe dá uma
dimensão maior e mais ampla do que seu sentido trivial e cotidiano.
6
WIKIMEDIA. Aristóteles. Aristotle poetics. Disponível em: <https://bit.ly/2Qkd8iC>. Acesso em:
04 nov. 2018.
Assim, pode-se dizer que a literatura revela o mundo pela palavra. Tem
e também cria no leitor compromissos éticos e políticos.
Para Todorov (2009, p. 77), a literatura é concebida como “[...] pen-
samento e conhecimento do mundo psíquico e social em que vivemos.”.
Nos faz viver experiências singulares, únicas, da nossa condição humana,
podendo “[...] transformar a cada um de nós a partir de dentro.” (TODO-
ROV, 2009, p. 76). Quem está em contato com a literatura, torna-se um
conhecedor do ser humano, das diferentes facetas do ser humano. Das
causas de suas alegrias ou tristezas. Das maneiras que o ser humano usa
para resolver suas angústias, e das soluções que ele dá a seus problemas
e conflitos. Por isso, a literatura precisa ser considerada um direito.
Antonio Candido (1995), justificando o título de seu texto, O direito
à literatura, considera que todo ser humano tem direito à literatura; não
há ser humano que consiga viver sem ela, “[...] sem a possibilidade de
entrar em contato com alguma espécie de fabulação.” (CANDIDO, 1995,
p. 242). Essa satisfação que a literatura nos possibilita se constitui em
fator imprescindível de humanização e, portanto, um direito que deve ser
assegurado a todos.
Assim, o contato com a literatura e o livro deve ser iniciado precoce-
mente na vida da criança. Deve ser estimulado e continuado ao longo da
adolescência para que possa o indivíduo se tornar um adulto fluente na
leitura literária. Com isso, poderá beneficiar-se de obras que vão enrique-
cer sua vida.
Por essa razão, vamos nos ocupar da literatura infantil a seguir.
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Antes de prosseguirmos para a próxima seção, eu lhe pergunto: para
você, livro infantil e literatura infantil são sinônimos? Pense um pouco so-
bre isso, justifique o que você concluiu e depois continue lendo o material
referente a esta unidade.
2.4 A LITERATURA
INFANTIL
“Um livro de Literatura Infantil é, antes
de mais nada, uma obra literária. Nem
se deveria consentir que as crianças fre-
quentassem obras insignificantes, para
não perderem tempo e prejudicarem
seu gosto.” (MEIRELES, 1984).
Fonte: Flickr7
7
FLICKR. Prefeitura de Belo Horizonte. Prefeitura abre processo de seleção de livros literários para
o kit escolar de 2013. Disponível em: <https://bit.ly/2RF0ZFh>. Acesso em: 04 nov. 2018.
2.4.1 Atividade
Você lembra de algum episódio de sua infância em que pôde
perceber a importância de uma obra em sua vida naquele momen-
to? Registre suas lembranças aqui.
Fonte: Wikipédia8
Multimídia
Se você quiser ler onl-ine as outras histórias de Calila e Dimna, bus-
que a tradução de Al Mukafa, Ibn. Calila e Dimna (tradução para o
português, de Mansour Challita). Rio de Janeiro: Record.
Se você quiser ler as histórias do Panchatantra, busque em:
<http://indianidades.blogspot.com.br/2008/04/o-panchatantra.html>.
ou em
<https://fabulassonhadas.wordpress.com/bidpai/>.
Se você quiser ler a história de Eros e Psique, você pode acessá-la
no capítulo V, na página 103, d’O asno de ouro, disponível em:
<https://magiapdf.files.wordpress.com/2013/11/lucio-apuleio-o-
asno-de-ouro.pdf>.
8
WIKIPÉDIA. Fadrique de Castilla. Calila y Dimna. Disponível em: <https://bit.ly/2QgZXPb>. Acesso
em: 04 nov. 2018.
Curiosidade
Romance da raposa data do período entre o século XII e o século
XIII. É uma coletânea de histórias de animais, escrita em verso, em
francês antigo, na Idade Média, por diversos autores, na sua maio-
ria, anônimos. Os mais antigos datam de 1174 e são atribuídos a
Pierre de Saint-Cloud.
Há uma adaptação recente para crianças, feita por Brigitte Coppin
e traduzida para o português por Heloísa Jahn, publicada pela
Companhia das Letrinhas em 2009, sob o título: As aventuras de
Renart, o raposo.
Multimídia
Talvez você não conheça a primeira versão escrita de Cinderela, que
é chinesa e data do século VIII ou IX. Se tiver interesse em conhecê-
-la, poderá acessá-la em:
<http://chines-classico.blogspot.com.br/2007/07/contos-chineses-
por-lin-yutang.html>.
Gesta romanorum é uma obra que se localiza temporalmente entre
o final do século XIII e início do XIV, literalmente significando “fei-
tos heróicos dos romanos”. Também é uma coletânea anônima de
contos e anedotas e lições de moral, do período romano.
Curiosidade
As preciosas francesas, no século o XVII, foram a origem do primei-
ro questionamento da identidade masculina. Alguns homens, os
preciosos, aceitaram esse questionamento e adotaram uma moda
feminina e refinada — perucas longas, plumas extravagantes, rou-
pas com abas, pintas no rosto, ruge e perfumes. Recusavam-se a
manifestar ciúme e a se comportar como tiranos domésticos. Pouco
a pouco, os valores femininos progrediam na sociedade e, no sécu-
lo seguinte, eram dominantes.
Disponível em: <http://www.twitlonger.com/show/7ecnuj>. Acesso em: 21 out. 2016.
Fonte: Gallica9
Atenção
Você ouviu ou leu, quando criança, histórias de Perrault, dos Ir-
mãos Grimm e de Andersen? Talvez tenha lido, mas não soubesse
que eram desses autores. Então, nas próximas unidades você terá
a oportunidade de rever, confirmar ou descobrir algo mais sobre
essas histórias e esses autores.
9
GALLICA. Livre Contes nouveaux ou Les fées à la... Aulnoy, Marie-Catherine Le Jumel de
Barneville (1650-1705 ; baronne d’). Disponível em: <https://bit.ly/2CYkpAy>. Acesso em: 04
nov. 2018.
Figura 10 – O livro Contos de mamãe gansa traz na capa a representação de mulheres que
contavam histórias e inclui as famosas Bela adormecida, Chapeuzinho vermelho, Barba
azul, Gato de botas, As fadas, Gata borralheira, Rique do topete e Pequeno polegar
Fonte: Wikipédia10
É provável que Perrault tenha ouvido esses contos na voz de suas amas
de leite e babás, encarregadas da primeira educação dos filhos da classe
burguesa, que era a sua classe social. Essas mulheres distraíam as crianças
com canções e contos populares, do mesmo modo que as veillées perpe-
10
WIKIPÉDIA. Charles Perrault (1695). Contes de ma mère l’Oye, illustration à la gouache d’un
manuscrit de la fin du XVIIe siècle. Disponível em: <https://bit.ly/2P7r5Uz>. Acesso em: 04 nov.
2018.
Curiosidade
Os desejos ridículos, de Charles Perrault
“Era uma vez um pobre lenhador que, cansado de sua vida
dura, ansiava por descanso no futuro. Em sua infelicidade, ele de-
clarou que, em todos os seus dias, o céu não havia concedido nem
ao menos um de seus desejos.
Um dia, trabalhando na floresta e reclamando de sua sorte
infeliz, Júpiter apareceu diante dele com seus raios e trovões em
mãos. Seria difícil imaginar o terror do pobre homem.
“Eu não quero nada”, disse ele, jogando-se no chão. “Vou de-
sistir de meus desejos se você, por sua vez, largar o seu trovão.
Seria uma troca justa!”
“Não tenha medo”, disse Júpiter. “Eu ouvi as suas queixas e eu
vim para mostrar-lhe como me julga injustamente. Escute, eu sou o
rei do mundo inteiro e eu prometo conceder-lhe três desejos, não
importa o que seja. Como a sua felicidade depende deles, pense
com cuidado antes de desejá-los.”
Com estas palavras, Júpiter retornou aos céus e o lenhador,
carregando o seu fardo de varetas, correu para casa. A carga do
fardo nunca lhe pareceu tão leve.
“Esta é uma questão de grande importância”, disse ele a si mes-
mo. “Eu, certamente, devo pedir a opinião de minha esposa.”
“Ei, Fanchon”, ele gritou quando entrou na casa de campo.
“Faça-nos um bom fogo. Estamos ricos para o resto de nossas vi-
das. Tudo o que temos a fazer é três desejos!”
Com isso, ele disse à esposa o que havia acontecido, e ela, em
sua imaginação, já começou a formar mil planos. Mas, perceben-
do a importância de agir com prudência, ela disse a seu marido:
“Acalme-se, meu querido, não vamos estragar tudo por sermos
impacientes. Devemos pensar sobre essas coisas com muito cuida-
do. Vamos adiar nosso primeiro desejo até amanhã. Vamos dormir
e pensar sobre isso.”
2.4.5 A reviravolta
Ao longo de todo o século XVIII, cresce a capacidade econômica da
burguesia emergente, o que marca a ascensão da família burguesa na
sociedade europeia. O aumento do seu poder político constitui uma nova
ordem social e cultural. E essa mudança de postura motiva uma visão
nova da criança, que não é mais vista como um adulto em miniatura e sim
como um ser que precisa de cuidados específicos para sua formação. Esse
novo status da infância também motiva uma reorganização da escola
(ZILBERMAN; MAGALHÃES, 1987). Na área da educação, novos procedi-
mentos trabalham em prol da formação de um cidadão obediente. Logo
se descobriu que a literatura poderia ser um veículo eficaz para atingir
esse objetivo.
Portanto, consideramos que o que é chamado de literatura infantil
começa a existir de fato a partir do momento em que a mentalidade
do mundo burguês se consolida no decorrer do século XIX, como nos
conta Nelly Coelho (2010, p. 148). Seus valores se impõem, imprimindo
na literatura infantil emergente características que decorrem dessa nova
conjuntura. É aprovada como veículo de divulgação de uma ideologia
própria dos novos valores dessa sociedade.
Associadas à pedagogia, as histórias se convertem em instrumentos
dela. Buscam formar mentalidades, atitudes e comportamentos e ensi-
nar a criança a desempenhar seu papel na sociedade. Portanto, na sua
origem, o livro infantil teve uma natureza pedagógica ao invés de lúdica.
Incorporou valores e normas do mundo adulto para repassá-los às crian-
ças. Seu valor literário ficava em segundo plano.
Assim, as primeiras obras direcionadas a esse público-alvo aparecem
no mercado livreiro na primeira metade do século XVIII. Os editores pas-
sam a focar no público infantil e, num primeiro momento, são usadas
as mesmas histórias que datam do século XVII. Mais tarde surgem os
clássicos romances de aventura em lugares exóticos: em 1719, Robinson
Crusoé, de Daniel Defoe, e em 1726, As viagens de Gulliver, de Jonathan
Swift, posteriormente adaptados e que se destinam mais ao público juve-
nil. São histórias mais longas, apesar de episódicas, que demandam um
domínio maior da capacidade de leitura e por isso são mais apropriadas
para os jovens (LAATHS, 1967).
Fonte: Wikipédia11
O século XIX é marcado pelo sucesso de obras como as dos Irmãos Grimm
e de Andersen, que perduram até hoje e sobre as quais falaremos a seguir.
11
WIKIPÉDIA. Carl Offterdinger (1829-1889). Robinson et Vendredi. Disponível em: <https://bit.
ly/2zquFhG>. Acesso em: 04 nov. 2018.
WIKIPÉDIA. Donaldson Brothers. Disponível em: <https://bit.ly/2D0bKh8>. Acesso em: 04 nov.
2018.
Fonte: Wikipédia12
12
WIKIPÉDIA. Erster Theil (1812). Grimm’s Kinder und Hausmärchen. Disponível em: <https://bit.
ly/2P91lXT>. Acesso em: 04 nov. 2018.
Fonte: Wikipédia13
13
WIKIPÉDIA. Carlo Chiostri (1863–1939). Le avventure di Pinocchio. Disponível em: <https://bit.
ly/2JDCKEv>. Acesso em: 04 nov. 2018.
WIKIPÉDIA. Sir John Tenniel. Alice. Disponível em: <https://bit.ly/2BtzKsk>. Acesso em: 04 nov.
2018.
Atenção
Você certamente leu algum livro de Monteiro Lobato na sua infân-
cia. Lembra qual foi? Não? Nunca leu Monteiro Lobato? Então você
não sabe o que está perdendo. Leia o texto a seguir. Talvez você
possa se convencer de que vale a pena ler.
14
CONRADO LEILOEIRO. Disponível em: <http://www.conradoleiloeiro.com.br/peca.
asp?ID=1758877>. Acesso em: 04 nov. 2018.
Fonte: Wikipédia17
15
PINIMG. Disponível em: <https://i.pinimg.com/originals/cd/c7/3d/
cdc73d0d9848d042757688be3044d919.jpg>. Acesso em: 04 nov. 2018.
16
TRAÇA. Disponível em: <https://www.traca.com.br/livro/1065067/cacadas-pedrinho/>. Acesso
em: 04 nov. 2018.
17
WIKIPÉDIA. André Koehne. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Monteiro_Lobato >.
Acesso em: 04 nov. 2018.
2.5 A ILUSTRAÇÃO
“Para a criança, toda figura conta uma
história.” (Laura Sandroni).
Fonte: Wikimedia19
19
WIKIMEDIA. Comenius. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/w/index.
php?curid=16076229>. Acesso em: 04 nov. 2018.
20
WIKIPÉDIA. Little Red Riding Hood. Disponível em: <https://bit.ly/2PM9p0h>. Acesso em: 04 nov.
2018.
21
WIKIMEDIA. Gustave Doré. Cinderella. Disponível em: <https://bit.ly/2zvKgNc>. Acesso em: 04
nov. 2018.
WIKIMEDIA. Walter Crane. Little Red riding hood meets The Wolf in the woods. Disponível em:
<https://bit.ly/2DoIO3e>. Acesso em: 04 nov. 2018.
22
WIKIPÉDIA. Anne Anderson. Beauty and the Beast. Disponível em: <https://bit.ly/2qslI3v>. Acesso
em: 04 nov. 2018.
23
SURLALUNE FAIRY TALES. The stone in the cock’s head. Disponível em: <https://bit.ly/2CZqnkQ>.
Acesso em: 04 nov. 2018.
Fonte: Wikipédia24
24
WIKIPÉDIA. Edmund Dulac. A princesa e o grão de ervilha. Disponível em: <https://bit.
ly/2D2Qg3m>. Acesso em: 04 nov. 2018.
WIKIPÉDIA. Carl Offterdinger. João e Maria. Disponível em: <https://bit.ly/2PzVHxl>. Acesso em:
04 nov. 2018.
25
Disponível em: <https://www.bl.uk/collection-items/the-house-that-jack-built>. Acesso em: 04
nov. 2018.
Curiosidade
Chapbooks (cheap books = livros baratos) – eram livros impressos
rusticamente e por isso muito baratos para os padrões da época;
eram vendidos pelos chapmen, espécie de vendedores ambulantes,
que circularam do século XVI até o XIX. Apresentavam geralmen-
te versões resumidas de romances, como Robinson Crusoé, Dom
Quixote, fábulas, baladas e contos populares, ilustrados com xilo-
gravuras.
Fonte: <https://www.bl.uk/romantics-and-victorians/articles/chapbooks>.
Para Góes (1984), é desejável que o livro infantil atinja seu leitor mirim
em três níveis: o racional, que privilegia o pensamento lógico, e no qual
é possível à criança distinguir o real do imaginário; o nível da linguagem,
em que a criança tem a possibilidade de ampliar seu vocabulário, melho-
rar sua escrita e aperfeiçoar a clareza, e, por fim, oportunizando o conhe-
cimento da realidade social, do mundo e de seus problemas, o livro leva
a criança a atingir o nível cultural.
No que tange ao livro ilustrado, é preciso dar atenção também às
relações que se estabelecem entre texto e imagem, verificando se es-
tas propiciam o exercício da imaginação. Van der Linden (2011) em sua
obra Para ler o livro ilustrado, afirma que “[...] o livro ilustrado evoca
duas linguagens: o texto e a imagem. Quando as imagens propõem uma
significação articulada com a do texto, ou seja, não são redundantes à
narrativa, a leitura do livro ilustrado solicita apreensão conjunta daquilo
que está escrito e daquilo que está mostrado.” (p. 8). A mesma autora
analisa que existem três tipos de relação que se podem identificar entre
o texto e a imagem no texto infantil. Refere-se à redundância, relação
que constitui “[...] uma espécie de grau zero [...]” porque “[..] não pro-
duz nenhum sentido suplementar.” (p. 120). Ou seja, a ilustração poderia
até nem estar ali. À colaboração, em que o sentido é produzido pela
relação necessária entre ambas as linguagens, sendo que se enriquecem
mutuamente. E à disjunção, em que texto e imagem não se encontram,
ou seja, contam histórias paralelas, não exatamente convergentes, pare-
cendo até que se ignoram por completo.
26
CLIQUE E POESIA. Disponível em: <https://bit.ly/2PCuN7Y>. Acesso em: 04 nov. 2018.
27
PINTEREST. La Semaine de Suzette. Disponível em: <https://br.pinterest.com/VerityHope/la-
semaine-de-suzette/>. Acesso em: 04 nov. 2018.
28
FUNDACIÓN Cuatro Gatos. Disponível em: <https://www.cuatrogatos.org/ilustradores.
php?letra=L#>. Acesso em: 04 nov. 2018.
Multimídia
Você pode curtir belas obras dos nossos ilustradores que também
são autores em seus próprios sites:
Ângela Lago em: <http://www.angela-lago.net.br/>
Ciça Fittipaldi em: <https://cicafittipaldi.com/>
Eva Furnari em: <http://www.evafurnari.com.br/pt/a-escritora/>
Paula Mastroberti em: <http://www.mastroberti.art.br/>
Ziraldo em: <http://www.ziraldo.com/>
RESUMO
A literatura como arte da palavra tem várias funções na vida do ser
humano: a estética, porque dá à palavra uma dimensão mais rica do que
seu sentido cotidiano; a catártica, porque desencadeia um processo de
libertação e de liberação de emoções; a cognitiva, porque pode ensinar
de maneira mais prazerosa os fatos da História ou outros da realidade
humana, e a político-social, porque cria no leitor compromissos éticos
e políticos. Coloca-o diante das ambiguidades da vida através das am-
biguidades da linguagem. Acredita-se que seja fonte de prazer e que
tenha um impacto psicológico e social sobre a criança; justifica assim sua
necessidade e seu direito a ela, desde tenra idade, como veículo para a
construção de sua identidade e de sua cidadania.
Quando a literatura em questão é a infantil, é preciso dizer que lite-
ratura infantil não é sinônimo de livro infantil. O livro infantil é todo livro
publicado para a criança. Já a literatura infantil é todo texto adequado à
criança que tem literariedade e cuja ilustração também é de qualidade. A
literatura infantil deve ter, em primeiro lugar, um propósito estético e de
entretenimento, não exatamente de ensinamento moral. Desse modo, as
crianças devem ter à sua disposição obras de literatura infantil, obras com
Fonte: Wikipédia29
Explicativo
Iluminismo – movimento cultural e filosófico europeu que surge
na Inglaterra, com a Revolução Gloriosa inglesa (1688), de lá se
difundindo para a França, onde se consolidou fortemente, persis-
tindo até a Revolução Francesa (1789). Não teve na Alemanha,
nem na Itália, o mesmo sucesso. Acredita no desenvolvimento da
razão humana de maneira ilimitada, por influência das ideias dos
filósofos empiristas, principalmente John Locke (1632-1704), e do
racionalismo vigente no século XVII. O Racionalismo considera as
ideias, a razão, como uma característica inata, o conhecimento dos
29
WIKIPÉDIA. Defoe (1719). Robinson Crusoé. Disponível em: <https://de.wikipedia.org/wiki/
Robinson_Crusoe#/media/File:Defoe_(1719)_Robinson_Crusoe.jpg>. Acesso em: 04 nov. 2018.
Daniel Defoe (1660-1731) foi, pois, com seu Robinson Crusoé, o mar-
co inicial da literatura de ação e aventura que vem ao encontro do gos-
to emergente, nessa faixa etária, por histórias de aventuras em lugares
exóticos, e que ainda atrai pré-adolescentes entre 10 e 12 ou 13 anos.
Sua obra Robinson Crusoé, publicada na Inglaterra em 1719, como lem-
bra Carvalho (1987), criou um verdadeiro “ciclo robinsoniano”, gerando
obras semelhantes em outros países, como França, Holanda, Hungria,
Áustria, mas que não se equipararam em grandeza à de Defoe. Possivel-
mente pela mesma razão, também não se tornaram conhecidas interna-
cionalmente. A história de Robinson Crusoé parece ter se inspirado em
uma aventura real, famosa na época, de um marinheiro escocês, Ale-
xander Selkirk (ou Selcraig), que foi abandonado, por própria vontade,
na ilha de Juan Fernandez, no Pacífico, depois de uma discussão com o
capitão do navio em que viajava. Lá viveu por quatro anos totalmente só.
Defoe transformou esses quatro anos em 28, durante os quais “[...] ele
reconstrói, simbolicamente, a longa caminhada do homem até a civiliza-
ção.” (CARVALHO,1987, p. 92).
Fonte: Wikipédia30
30
WIKIPÉDIA. Daniel Defoe. Disponível em: <https://bit.ly/2DmBOnw>. Acesso em: 04 nov. 2018.
WIKIPÉDIA. Jonathan Swift. Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/Jonathan_Swift>.
Acesso em: 04 nov. 2018.
Fonte: Wikipédia31
Fonte: Wikimedia32
31
WIKIPÉDIA. Gulliver’s travels. Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/Gulliver%27s_
Travels>. Acesso em: 04 nov. 2018.
32
WIKIMEDIA. J.J. Grandville. Gulliver entdeckt Laputa. Disponível em: < https://commons.
wikimedia.org/wiki/File:Laputa_-_Grandville.jpg>. Acesso em: 04 nov. 2018.
33
“Appartiendrait en somme à la S.-F. [science fiction] toute oeuvre qui prendrait pour thème non
la realité telle qu’elle nous apparait, mais celle que nous pouvons commencer a imaginer à partir
des donnés les plus avancées de la science.”
34
WIKIPÉDIA. Julio Verne. Disponível em: <https://bit.ly/2D19jLb>. Acesso em: 04 nov. 2018.
35
PIXABAY. Skeeze. Disponível em: <https://pixabay.com/pt/mark-twain-homem-pessoa-
retrato-391112/>. Acesso em: 04 nov. 2018.
Fonte: Wikipédia36
Outra obra que merece um lugar entre as que podem ser recomenda-
das aos jovens é Alice no País das Maravilhas (Alice’s Adventures in Won-
derland), publicada em 1865, e também Alice no País dos Espelhos (Alice
through the Looking Glass), de 1871. Ambas foram escritas por Lewis
Carroll (1832-1898), pseudônimo literário de Charles Lutwidge Dodgson,
pastor anglicano inglês, que também lecionava matemática no Christ Col-
lege, em Oxford. Possivelmente por essa sua atividade, inseriu em ambos
os livros vários problemas matemáticos e de lógica, ocultos no texto. O
duplo sentido da obra, porém, só se revela se conhecemos um pouco da
história inglesa da época. É uma sátira que tem como alvo arbitrariedades
e vícios vigentes e o falso moralismo de uma sociedade regida por um
absolutismo monárquico da qual era chefe a Rainha Vitória, satirizada na
obra pela figura da Rainha de Copas. Através do nonsense, faz um jogo
semântico em que coloca magistralmente em xeque a lógica e o sentido
cotidiano da palavra. São obras que tratam simbólica e ludicamente de
questões sempre atuais de poder e arbitrariedade presentes em qualquer
época; leituras que podem, se bem motivadas, entreter os jovens e levá-
-los a reflexões produtivas (LAATHS, 1967).
Explicativo
Nonsense é uma expressão inglesa que significa sem sentido, con-
trassenso ou absurdo. Denota algo que não tem nexo. Nas artes, a
expressão é usada muitas vezes para denotar um estilo de humor
perturbado e sem sentido.
Fonte: <https://en.wikipedia.org/wiki/Nonsense>.
36
WIKIPÉDIA. Carlo Collodi. Disponível em: <https://bit.ly/2DkeKWL>. Acesso em: 04 nov. 2018.
WIKIPÉDIA. Lewis Carroll. Disponível em: <https://bit.ly/2RAagy1>. Acesso em: 04 nov. 2018.
Fonte: Wikipédia37
37
WIKIPÉDIA. Charles Dickens, Disponível em: <https://bit.ly/2Qjt6JA>. Acesso em: 04 nov. 2018.
WIKIPÉDIA. Robert Louis Stevenson. Disponível em: <https://bit.ly/2Oot6X5>. Acesso em: 04 nov.
2018.
3.7.1 Atividade
Nesta unidade, aprendemos a diferenciar literatura infantil e litera-
tura juvenil, bem como lemos sobre diferentes estilos textuais que
podem provocar o jovem leitor. A partir destas informações, indi-
que pelo menos dois livros que, em sua opinião, representem esti-
los de leitura bastante diferentes entre si e que integrariam sua lista
de favoritos da literatura juvenil. Justifique suas escolhas a partir
dos aspectos discutidos na Unidade 3. Assim como sugerimos das
outras vezes, se tiver oportunidade, compartilhe suas reflexões em
um ambiente de aprendizagem virtual, colaborativo.
38
FNLIJ. Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. Disponível em: <http://www.fnlij.org.br/
site/>. Acesso em: 04 nov. 2018.
Fonte: PROLER39
39
PROLER. Programa Nacional de Incentivo à Leitura. Disponível em: <http://proler.culturadigital.
br/>. Acesso em: 04 nov. 2018.
40
MEC. Ministério da Educação. Programa Nacional Biblioteca da Escola. Disponível em: <http://
portal.mec.gov.br/programa-nacional-biblioteca-da-escola>. Acesso em: 04 nov. 2018.
Por último, ainda pode ser considerado o Prêmio Jabuti, criado pela
Câmara Brasileira do Livro (CBL), que marca com um selo de qualidade
as obras que recebem este prêmio e por isso são consideradas altamente
recomendáveis.
Fonte: Jabuti42
41
MINC. Ministério da Cultura. Plano Nacional do Livre e Leitura. Disponível em: <http://www.
cultura.gov.br/pnll>. Acesso em: 04 nov. 2018.
42
JABUTI. Prêmio Jabuti. Disponível em: <https://www.premiojabuti.com.br/>. Acesso em: 04 nov.
2018.
4.4 OS GÊNEROS
Os gêneros que podem servir de leitura a crianças e jovens adolescen-
tes são vários. Em princípio, aplicando uma divisão mais ampla, temos
basicamente a prosa (gênero narrativo, ou ficção) e a poesia (gênero poé-
tico). No gênero dramático (o teatro) não há, comparativamente, uma
produção tão significativa.
Dentro do gênero narrativo, que é o que conta histórias, temos basi-
camente as fábulas (que também podem ser encontradas em verso), os
apólogos e as parábolas, os contos folclóricos, as lendas, os contos de
fadas, os contos maravilhosos, bem como contos modernos que, diría-
mos, formam uma categoria em particular. Na prosa de ficção infantil e
juvenil, temos basicamente os mesmos elementos da ficção adulta: temos
um enredo, personagens responsáveis pelas ações, o ambiente, que é o
cenário. Para crianças muito pequenas por vezes não temos um cenário
muito definido, pelo menos no texto. Quando presente, o ambiente mui-
tas vezes aparece definido apenas na ilustração.
Na poesia, temos as parlendas, apropriadas para crianças de tenra ida-
de e também a poesia autoral, dentro das quais várias obras poéticas
adequadas aos jovens. Entre as parlendas estão os brincos, as mnemônias
e os trava-línguas ou jogos de palavras (JARDIM, 2001). Textos para o tea-
tro, específicos para representação ou dramatização, são mais escassos;
no mais das vezes, as próprias histórias de algum dos gêneros menciona-
dos anteriormente são adaptados para serem encenados.
Atualmente, seguindo a tendência que também se evidencia na litera-
tura adulta, temos muitas vezes certo hibridismo em termos de gênero,
mesclando diferentes formas tradicionais e fazendo surgir estruturas no-
vas, ainda não consolidadas. Mas vamos começar pelo que já está con-
sagrado.
Atenção
Você sabe o que são e quando surgiram as fábulas? Você sabe que
o apólogo e as parábolas são narrativas semelhantes a uma fábula?
É o que vamos ver a seguir.
Fonte: Wikimedia43
Curiosidade
O lobo e o cordeiro
Estava o lobo a beber água num ribeiro, quando avistou um cor-
deiro que também bebia da mesma água, um pouco mais abaixo.
Mal viu o cordeiro, o lobo foi ter com ele de má cara, arreganhando
os dentes:
– Como tens a ousadia de turvar a água onde eu estou a beber?
43
WIKIMEDIA. Shakko. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/w/index.
php?curid=5545991>. Acesso em: 04 nov. 2018.
Respondeu o cordeiro:
– Nesse tempo, senhor, ainda eu nem era nascido, não tenho
culpa.
– Sim, tens – replicou o lobo –, que estragaste todo o pasto do
meu campo.
– Mas isso não pode ser – disse o cordeiro –, porque ainda não
tenho dentes.
O lobo, sem mais uma palavra, saltou sobre ele e logo o dego-
lou e comeu.
Multimídia
Se você quiser ler outras fábulas de Esopo, busque em: <https://
lerebooks.files.wordpress.com/2013/01/fabulasdeesopo.pdf>.
Curiosidade
A lenda do guaraná
Conta a lenda que em uma aldeia dos índios Maués havia um
casal, com um único filho, muito bom, alegre e saudável. Ele era
muito querido por todos de sua aldeia, o que levava a crer que no
futuro seria um grande chefe guerreiro. Isto fez com que Jurupari,
o deus do mal, sentisse muita inveja do menino. Por isso resolveu
matá-lo. Então, Jurupari transformou-se em uma enorme serpente
e, enquanto o indiozinho estava distraído, colhendo frutinhas na
floresta, ela atacou e matou a pobre criança.
Seus pais, que de nada desconfiavam, esperaram em vão pela
volta do indiozinho, até que o sol foi embora. Veio a noite e a lua
começou a brilhar no céu, iluminando toda a floresta. Seus pais já
estavam desesperados com a demora do menino. Então toda a tri-
bo se reuniu e saíram para procurá-lo. Quando o encontraram mor-
to na floresta, uma grande tristeza tomou conta da tribo. Ninguém
conseguia conter as lágrimas. Neste exato momento uma grande
tempestade caiu sobre a floresta e um raio veio atingir bem perto
do corpo do menino. Todos ficaram muito assustados. A índia-mãe
disse: “...É Tupã que se compadece de nós. Quer que enterremos
os olhos de meu filho, para que nasça uma fruteira, que será nossa
felicidade”. E assim foi feito. Os índios plantaram os olhos do indio-
zinho imediatamente, conforme o desejo de Tupã, o rei do trovão.
Alguns dias se passaram e no local nasceu uma plantinha que os
índios ainda não conheciam. Era o guaranazeiro. É por isso que os
frutos do guaraná são sementes negras rodeadas por uma película
branca, muito semelhante a um olho humano.
Fonte: <http://www.sohistoria.com.br/lendasemitos/guarana/>.
Multimídia
Se você quiser ler os Contos tradicionais do Brasil, de Luís da Câma-
ra Cascudo, acesse em:
<http://lelivros.top/book/baixar-livro-contos-tradicionais-do-brasil-
luis-da-camara-cascudo-em-pdf-epub-e-mobi-ou-ler-online/>.
Após as cerimônias do batismo toda a corte O que o sapo dissera tornou-se realidade, e a
voltou ao palácio do rei, onde havia uma grande rainha teve uma menina que era tão bonita que
festa para as fadas. Foi colocado diante de cada o rei, não cabendo em si de alegria resolveu dar
uma delas um conjunto magnífico, de prato de uma grande festa. Ele convidou não só os seus
ouro maciço, onde havia uma colher, garfo, faca de parentes, amigos e conhecidos, mas também as
ouro, cravejados de diamantes e rubis. Mas, quan- mulheres sábias, para que elas assegurassem bons
do cada uma tomou seu lugar à mesa, viram entrar augúrios à criança. Havia treze delas no reino, mas
uma fada velha que não tinha sido convidada por- como havia apenas doze pratos de ouro no cas-
que havia mais de cinquenta anos que não saía de telo para elas comerem, uma delas acabou tendo
uma torre e se acreditava que ela estivesse morta que ficar em casa.
ou encantada. O rei mandou que lhe colocassem
A festa foi celebrada com todo o esplendor, e
também um conjunto para ela na mesa, mas não
quando acabou, as mulheres sábias presentearam a
teve como lhe dar um prato de ouro maciço, como
criança com dons maravilhosos: uma lhe concedeu
para as outras, porque ele não tinha mandado fa-
virtude; outra, beleza; a terceira, riquezas e tudo o
zer mais do que sete para as sete fadas convidadas.
mais que se possa desejar no mundo. Quando onze
A velha fada imaginou que ela estava sendo me-
delas tinham feito seus desejos e promessas, de re-
nosprezada e murmurou algumas ameaças entre-
pente, entrou a décima terceira mulher sábia. Ela
dentes. Uma das jovens fadas que se encontrava
queria vingança porque não tinha sido convidada
perto dela a ouviu e, julgando que pudesse dar um
e, sem cumprimentar ou olhar para ninguém, ela
presente infeliz à pequena princesa, assim que dei-
gritou em alta voz: “Em seu décimo quinto ano de
xaram a mesa, foi se esconder atrás da tapeçaria,
vida, a princesa vai picar-se em uma roca de fiar e
a fim de falar por último, e de poder reparar, tanto
cair morta.” E sem dizer outra palavra, ela virou-se
quanto possível, o dano que a velha tivesse feito.
e deixou a sala.
No entanto, as fadas começaram a conceder GRIMM, Irmãos. Dornröschen. In: Die Schönsten Mär-
seus dons à princesa. A mais nova deu a ela o dom chen Der Brüder Grimm. [Bielefeld] : Bertelsmann, 1957,
de ser a mais bela do mundo; a segunda, de ter o p.158. (tradução nossa)
espírito de um anjo; a terceira, que ela teria uma
graça admirável em tudo o que fizesse; a quarta,
que dançaria com perfeição; a quinta, que cantaria
como um rouxinol, e a sexta, que ela tocaria todos
os tipos de instrumentos com perfeição. Quando
chegou a vez da velha fada, ela disse, balançando a
cabeça, ainda com mais rancor do que velhice, que
a princesa furaria sua mão com um fuso e morreria.
Disponível em: <http://feeclochette.chez.com/Perrault/
bellebois.htm>. (tradução nossa)
4.4.7 A novela
Novelas são narrativas que extrapolam o tamanho de um conto, em-
bora ainda com uma estrutura relativamente simples. Entre elas temos
basicamente dois tipos direcionados ao público jovem: a de aventura e
a sentimental. Embora em geral se acredite que as de aventura agradem
mais aos meninos e as sentimentais, às meninas, isso não é uma regra
geral, obviamente. As novelas de aventura, frequentemente ligadas a via-
gens, se caracterizam por confrontarem o herói com dificuldades reais,
que exigirão força ou habilidade para serem resolvidas, sem a interferên-
cia de fadas ou outros seres fantásticos ou maravilhosos (COELHO, 2010).
Entre as histórias de aventura, podemos destacar as de ficção científica,
cujo exemplo típico são as obras de Júlio Verne. Nelas, os poderes que
certos objetos detinham nos contos maravilhosos são transferidos para
criações do ser humano. Embora a ficção científica hoje já não faça mais
tanto sucesso, nem se encontrem tantos escritores do gênero atualmen-
te, até porque a realidade hoje, em muitos aspectos, supera a ficção,
ainda pode suscitar interesse nos jovens.
Outro tipo de leitura que tende a ser bastante aceito pelos jovens é o
de mistério, no qual se combinam astúcia e inteligência, resultando no
gênero policial. Embora tenda a ser um pouco desvalorizado em termos
literários, vale pelo interesse que desperta nos jovens, mantendo e refor-
çando seu interesse pela leitura que, muitas vezes, tende a diminuir na
pré-adolescência e adolescência, como já foi mencionado.
Contrapondo-se tematicamente às novelas de aventura que incluem
viagens e narrativas de suspense e mistério, as novelas sentimentais apre-
sentam, nas palavras de Jesualdo Sosa (1993), “[...] a trama amorosa e
o idílio romântico do eterno casal nos seus amores contrariados [...]”;
gênero do qual também encontramos representantes na literatura para
adultos. Segundo o mesmo autor (SOSA, 1993, p.174), os leitores ado-
lescentes encontram nelas “[...] o melhor espelho de suas almas contur-
badas [...]” pela dificuldade de realizar integralmente seus desejos ainda
parcialmente restritos ao mundo adulto, o que obviamente não é privilé-
gio apenas das meninas.
Todos esses gêneros acima descritos brevemente podem se constituir
em material de leitura de crianças e também de adolescentes, se escolhi-
dos com critério, sempre levando em conta sua faixa etária e seus interes-
ses. Para os menores, mediados pelo adulto, aqui pensamos no bibliote-
cário, que poderá para eles lê-los ou contá-los. Para os maiores, também
se deverá levar em conta seu estágio no processo de alfabetização.
4.4.8 A poesia
Convite
José Paulo Paes
Poesia
é brincar com palavras
como se brinca com bola, papagaio, pião.
Só que
bola, papagaio, pião
de tanto brincar se gastam.
As palavras não:
quanto mais se brinca
com elas
mais novas ficam.
(AGUIAR, 1995).
A avó do menino
Cecília Meireles
A avó
vive só.
Na casa da avó
o galo liró
faz “cocorocó!”
A avó bate pão-de-ló
E anda um vento-t-o-tó
Na cortina de filó.
A avó
vive só.
Mas se o neto meninó
Mas se o neto Ricardó
Mas se o neto travessó
Vai à casa da avó,
Os dois jogam dominó.
Um tênis frajola
caminha na sala.
Bonita cartola
e uma bengala.
Um céu de moranguinhos
gostosos, bem maduros
nuvens de pão de queijo
flutuando além do muro.
Atenção
Existem ainda outras classificações de rimas, além das mencionadas
no texto. Se você tiver interesse em aprofundar essas questões teó-
ricas sobre poesia, uma boa e detalhada fonte é o livro de Massaud
Moisés (2012) que consta nas referências, ao final desta aula.
O pato
Vinicius de Moraes
Lá vem o pato
Pata aqui, pata acolá
Lá vem o pato
Para ver o que é que há.
O pato pateta
Pintou o caneco
Surrou a galinha
Bateu no marreco
Pulou do poleiro
No pé do cavalo
Levou um coice
Criou um galo
Comeu um pedaço
De jenipapo
Ficou engasgado
Com dor no papo
Caiu no poço
Quebrou a tigela
Tantas fez o moço
Que foi pra panela.
O monstro do banheiro
Ricardo Silvestrin
Dessa vez
ele está lá,
o monstro do banheiro.
Vou abrir a porta
sem gritar
e o verei
de corpo inteiro.
– Um, dois, três e já:
é só o chuveiro.
Quem me garante:
as roupas se transformam
num monstro mutante,
ou ao contrário:
os monstros se disfarçam
de roupas no armário?
Multimídia
Se você gostou, busque mais poemas da Arca de Noé, de Vinicius
de Moraes em: <http://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/
poesia/livros/arca-de-noe>.
Busque, também, mais poemas de Ricardo Silvestrin em:
<http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/rio_grade_sul/
ricardo_silvestrin2.html>.
Multimídia
Confira no site de Antonio Miranda, poemas infantis de Cecília
Meireles:
<http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_infantil/cecilia_
meireles.html>.
Veja, também, de José Paulo Paes:
<http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_infantil/jose_paulo_
paes.html>.
Lá em cima do piano
Tem um copo de veneno
Quem bebeu morreu
O culpado não fui eu
ou
Sol e chuva
Casamento de viúva
Chuva e sol,
Casamento de espanhol
Dedo mindinho
Seu vizinho,
Pai de todos
Fura-bolos
Cata-piolhos.
E um mais complicado:
Pode-se dizer, então, que a poesia, seja ela de que tipo for, pode tam-
bém fazer a criança e o jovem brincar em com as palavras, fazê-los “sentir
o gosto” das palavras e com elas criar novas combinações, mas também
ajudando-os a ter um maior poder sobre a língua, conduzindo-os ao po-
der de dizer e de se dizer e oferecer-lhes oportunidade de tornarem-se
sujeitos da sua língua.
Não podemos esquecer que a biblioteca pode e deve ser lugar de
praticar poesia!
4.4.9 Atividade
Você conhecia as parlendas que foram transcritas nesta unidade?
Você lembra de mais alguma que fazia parte da sua infância? Trans-
creva abaixo uma das que você lembra e diga de que tipo se trata.
Se tiver oportunidade, compartilhe suas reflexões em um ambiente
de aprendizagem virtual, colaborativo.
RESUMO
A seleção deve garantir a qualidade das obras e uma diversidade de te-
mas, de autores, de ilustradores, de estilos e de gêneros, preferencialmente
sem ideologias explícitas, ou mesmo preconceitos e estereótipos; precisa
adotar critérios. Deve ser feita pelo bibliotecário em conjunto com especia-
listas em literatura infantil ou professores de literatura. Podem ser consulta-
dos catálogos de editoras, resenhas de lançamentos em jornais e revistas;
são recomendadas idas a livrarias ou feiras de livros. Também reportar-se a
instituições como a Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), a
Câmara Brasileira do Livro (CLB) e programas como o Programa Nacional
de Incentivo à Leitura (PROLER), o Programa Nacional Biblioteca da Escola
(PNBE) e o Programa Nacional do Livro e da Leitura (PNLL).
São vários os gêneros que podem ser oferecidos como leitura a crian-
ças e jovens adolescentes. No gênero narrativo, temos as fábulas, os apó-
logos e as parábolas – narrativas exemplares; os contos folclóricos ou
populares, as lendas, os contos de fadas, os contos maravilhosos, os con-
tos modernos e as novelas. Principalmente nas novelas encontramos os
mesmos elementos da ficção adulta: enredo, personagens e o ambiente.
Na poesia, temos a poesia autoral, para crianças e jovens. E para o públi-
co infantil, especificamente, os diversos tipos de parlendas, os acalantos,
ou as cantigas de ninar; os brincos, as mnemônias, os trava-línguas e as
adivinhas. No teatro, textos específicos são mais escassos, sendo que as
histórias em prosa são muitas vezes adaptadas para serem encenadas.
Atualmente, observa-se certo hibridismo, mesclando gêneros tradicionais
com estruturas novas.
UNIDADE 5
O DESENVOLVIMENTO DA
CRIANÇA, DO ADOLESCENTE
E A MEDIAÇÃO DA LEITURA
5.4 DESENVOLVIMENTO,
LINGUAGEM E
SOCIALIZAÇÃO
Não se pode negar a importância que Piaget atribuiu ao fator biológi-
co na sua teoria construtivista. Mas, para ele, o desenvolvimento humano
se constrói quase que exclusivamente a partir de uma interação entre o
desenvolvimento biológico e as aquisições da criança com o meio. Já a
abordagem sociointeracionista de Vygotsky parte do pressuposto de que
o desenvolvimento humano se dá na relação, nas trocas entre parceiros
sociais, através de processos de interação e mediação, o que também é
verdadeiro.
Vygotsky (1996) enfatiza o processo histórico-social e o papel da
linguagem no desenvolvimento do indivíduo. Sua questão central é
a aquisição de conhecimentos, pela interação do sujeito com o meio.
Para ele as raízes do pensamento e da linguagem são genéticas, mas
a linguagem é o instrumento mais complexo para viabilizar a comu-
nicação, a vida em sociedade. Para ele, o sujeito é interativo, pois
adquire conhecimentos, sobretudo a partir de trocas com o meio e
relações intra e interpessoais, a partir do processo de mediação. Sua
5.4.1 Atividade
De acordo com a concepção de Piaget, o desenvolvimento cogniti-
vo do ser humano compreende quatro estágios ou períodos. A par-
tir do que estudamos nesta unidade, indique um livro para leitores
em cada um destes estágios, justificando suas escolhas a partir dos
aspectos discutidos. Não deixe de compartilhar suas reflexões em
um ambiente de aprendizagem virtual.
Indicação de
Estágio Justificativa
leitura
Sensório-motor
(nascimento aos 2 anos)
Pré-operacional
(2 a 7 anos)
Operações concretas
(7 a 12 anos)
Operações formais
(1 anos em diante)
Paulo Freire (2005) considera a mediação como uma ação que possibi-
lita a constituição do ser humano como sujeito. Isso porque, ao vivenciar
o processo de mediação, ele pode refletir sobre si mesmo e sobre aqueles
com quem dialoga; sobre uma situação vivida e sobre o mundo. Essa
experiência reforça sua consciência e o torna comprometido e capaz de
interferir na realidade.
A ação do bibliotecário deve se dar em um processo comunicativo
consciente, em que ele desenvolve ações de interlocução. Bakhtin e Vo-
lochinov (1995) enfatizam que somos sujeitos falantes e não podemos
existir isoladamente. É preciso que haja uma relação comunicativa entre
um Eu e um Outro. Dessa forma, ocorre um processo que desencadeia a
contínua construção de sujeitos de linguagem.
O papel mediador do bibliotecário, portanto, precisa ser desempenha-
do de maneira consciente e direcionada. Numa biblioteca, essa ação po-
derá ser singular, quando se constituir em ação única; ou plural, quando
se tratar de uma série de ações que levam a um objetivo. A mediação
poderá ser individual, ao atingir indivíduos em particular, embora, obvia-
mente, também vá afetar uma coletividade, mesmo que indiretamente;
ou poderá ser coletiva, quando se direcionar, já de início, a um grupo
ou a uma coletividade. Como somos todos sujeitos em formação, as ne-
cessidades informacionais serão sempre “parcialmente” atendidas e “de
maneira momentânea”, porque fazem parte apenas de um momento do
todo da vida. Respostas que fatalmente levarão a novas necessidades,
pois cada necessidade satisfeita modifica o estágio em que se encontra o
conhecimento. Gera, assim, um novo estado de conhecimento, que trará
novas questões e necessidades, pois nunca estamos completos.
Assim, esse processo dialógico da mediação se caracteriza por ser
uma ação social responsável, em que se constituem os sujeitos de lin-
guagem, sempre determinados pelas relações que se inscrevem num
contexto social e num momento histórico específicos (BAKHTIN; VOLO-
CHINOV, 1995).
O interesse pela leitura, seja ela de informação precisa e científica, ou
menos científica e objetiva e mais literária e subjetiva, precisa ser des-
pertado e cultivado. O sucesso depende de vários fatores. Entre eles, da
oferta de material, de “equipamentos informacionais”, como os deno-
mina Almeida Júnior (2015) no trecho citado, mas também de ambiente
5.6 MEDIAÇÃO E
CONTAÇÃO DE
HISTÓRIAS
Entre as ações de aproximação da criança, ou mesmo de jovens, com a
literatura está a atividade de contar histórias. É uma das mais estimulantes
e eficazes atividades para criar vínculos entre a literatura e os usuários de
uma biblioteca (BARCELLOS; NEVES, 1995). Tradicionalmente chamada
de “Hora do conto” e atualmente também sendo chamada de “Conta-
ção de histórias” apresenta histórias principalmente às crianças, embora
a atividade possa ser também apresentada a jovens e até a idosos. Tudo
dependerá de uma seleção apropriada de histórias e de uma forma de
apresentação também adequada.
Há várias razões para se contar histórias às crianças. A razão maior
talvez seja a de lançar o marco inicial da formação do leitor, como de-
fende Abramovitch (1997). Mas podemos particularizar um pouco mais,
elencando pontualmente algumas razões em sua defesa. Um dos mo-
tivos para criar um momento de contar histórias é o de recrear, dando
ao ouvinte uma alternativa a outras atividades de lazer. Além disso, o
ouvir histórias propicia um estímulo à fantasia, à sensibilidade, à imagi-
nação e ao pensamento abstrato. Exercita o pensamento visual, a que
se refere Poon (2016), citado anteriormente, pois faz com que a criança
forme suas imagens mentais de formas, cores, cheiros, sons, a partir da
narrativa oral.
Outra razão para se contar histórias é que ensina a ouvir. Num mundo
em que muitos só estão ocupados em ouvir a própria voz, postando sua
vida nas redes sociais ou de outra forma, dar-se conta de que, ouvindo, é
possível apropriar-se de fatos, quiçá até emocionantes, é uma descoberta
interessante.
O fato de a criança precisar dar atenção para seguir a sequência dos
acontecimentos da história é outro ponto positivo de contar histórias.
Exercita a atenção e também a memória, porque depois, no dia seguinte,
na semana seguinte, poderá rememorar a história em seus detalhes para
sua própria satisfação.
Além disso, ajuda a resolver conflitos e medos, alivia tensões, como
defende Bettelheim (1980). Através das experiências dos personagens,
sofre-se junto e experimenta-se o alívio da solução dos problemas, assim
vivenciando a catarse, da qual falava Aristóteles.
Fonte: Wikimedia44
44
WIKIMEDIA. Disponível em: <https://bit.ly/2SM1sXe>. Acesso em: 04 nov. 2018.
Figura 40 – Se a contação de histórias tradicional não traz grande apelo para o público
juvenil, sua versão digital (digital storytelling ou contação de histórias digital) traz para a
arte de contar história ferramentas tecnológicas, como tablets, desktops, câmeras digitais
e smartphones. O que parece uma forma de diversão, ou de arte, pode ensinar para o
estudante diversas habilidades essenciais para seu sucesso profissional
Fonte: Flickr45
45
FLICKR. Giulia Forsythe. Disponível em: <https://www.flickr.com/photos/gforsythe/5394469018>.
Acesso em: 04 nov. 2018.
46
FABULOSA IDEIA. O passo a passo de uma storytelling. Disponível em: <https://bit.ly/2qrdcSd>.
Acesso em: 04 nov. 2018.
REFERÊNCIAS
ABRAMOVICH, F. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São
Paulo, Scipione, 2004.
THE GOLDEN ass of Apuleius. 3rd. ed. New York: Pocket Books,
1956.
ZIPES, J. The Great Fairy Tale Tradition: from Straparola and Basile
to the Brothers Grimm. New York: W.W. Norton, 2001.
Sugestão de Leitura
ABREU, A. P. B. Revelações que a escrita não faz: a ilustração do livro
infantil. Baleia na Rede: Estudos em Arte e Sociedade. FFC/UNESP,
v. 1, n. 7, dez. 2010. Disponível em: <http://www2.marilia.unesp.br/
revistas/index.php/baleianarede/article/view/1519> Acesso em 12 out.
2016.
LADEIRA, I.; CALDAS, S. Fantoche & cia. São Paulo: Scipione, 1993.
VAN DER LINDEN, S. Para ler o livro ilustrado. São Paulo: Cosac
Naify, 2011.