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Processos e Produto

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Curso de Bacharelado em

Biblioteconomia na Modalidade
a Distância

Rosa Inês de Novais Cordeiro

Processos e Produtos
de Representação Temática
da Informação

Semestre

5
Curso de Bacharelado em Biblioteconomia
na Modalidade a Distância

Rosa Inês de Novais Cordeiro

Processos e Produtos
de Representação Temática
da Informação

Semestre

5
Brasília, DF Rio de Janeiro
Faculdade de Administração
e Ciências Contábeis
Departamento
de Biblioteconomia

2018
Permite que outros remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho para fins não
comerciais, desde que atribuam o devido crédito ao autor e que licenciem as novas
criações sob termos idênticos.

Presidência da República Leitor


Gercina Angela de Lima
Ministério da Educação
Comissão Técnica
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Célia Regina Simonetti Barbalho
Superior (CAPES) Helen Beatriz Frota Rozados
Henriette Ferreira Gomes
Diretoria de Educação a Distância (DED) Marta Lígia Pomim Valentim

Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) Comissão de Gerenciamento


Mariza Russo (in memoriam)
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Ana Maria Ferreira de Carvalho
Maria José Veloso da Costa Santos
Núcleo de Educação a Distância (NEAD)
Nadir Ferreira Alves
Nysia Oliveira de Sá
Faculdade de Administração e Ciências Contábeis (FACC)
Equipe de apoio
Departamento de Biblioteconomia Eliana Taborda Garcia Santos
José Antonio Gameiro Salles
Maria Cristina Paiva
Miriam Ferreira Freire Dias
Rômulo Magnus de Melo
Solange de Souza Alves da Silva

Coordenação de
Desenvolvimento Instrucional
Cristine Costa Barreto

Desenvolvimento instrucional
Marcelo Lustosa

Diagramação
Patricia Seabra

Revisão de língua portuguesa


Licia Matos

Projeto gráfico e capa


André Guimarães de Souza
Patricia Seabra

Normalização
Dox Gestão da Informação

C794p Cordeiro, Rosa Inês de Novais.


Processos e produtos de representação temática da informação / Rosa Inês de
Novais Cordeiro ; [leitora] Gercina Angela de Lima. – Brasília, DF : CAPES : UAB ;
Rio de Janeiro, RJ : Departamento de Biblioteconomia, FACC/UFRJ, 2019.
110p. : il.

Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-85229-81-8 (brochura)
ISBN 978-85-85229-87-0 (e-book)

1. Indexação de assuntos. 2. Organização do conhecimento. I. Lima, Gercina


Angela de. II. Título.

CDD 025.4
CDU 025.4

Catalogação na publicação por: Miriam Dias CRB-7 / 6995


Caro leitor,
A licença CC-BY-NC-AS, adotada pela UAB para os materiais didá-
ticos do Projeto BibEaD, permite que outros remixem, adaptem e criem a
partir desses materiais para fins não comerciais, desde que lhes atribuam
o devido crédito e que licenciem as novas criações sob termos idênticos.
No interesse da excelência dos materiais didáticos que compõem o Curso
Nacional de Biblioteconomia na modalidade a distância, foram empreen-
didos esforços de dezenas de autores de todas as regiões do Brasil, além
de outros profissionais especialistas, a fim de minimizar inconsistências e
possíveis incorreções. Nesse sentido, asseguramos que serão bem recebi-
das sugestões de ajustes, de correções e de atualizações, caso seja iden-
tificada a necessidade destes pelos usuários do material ora apresentado.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Sem título............................................................................... 21

Figura 2 – Produção de sentido............................................................... 49

Figura 3 – Processo e objetivo da indexação para


a recuperação da informação................................................. 54

Figura 4 – Triângulo do conceito de Dahlberg (1978).............................. 78

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Tratamento da informação..................................................... 16

Quadro 2 – Sistematização da representação


temática dos documentos....................................................... 16

Quadro 3 – Representação temática dos documentos............................... 17

Quadro 4 – As dez premissas em organização do conhecimento............... 18

Quadro 5 – Cronologia da indexação: panorama internacional.................. 27

Quadro 6 – Diferenças entre memória de curto e de longo prazo.............. 40

Quadro 7 – Comparação entre leitor comum e leitor indexador................ 43

Quadro 8 – Macroestrutura, microestrutura


e superestrutura de textos...................................................... 45

Quadro 9 – Algumas definições de indexação........................................... 50

Quadro 10 – Etapas da indexação............................................................... 53

Quadro 11 – Leitura técnica do documento................................................ 56

Quadro 12 – Resultado da literatura sobre consistência na indexação.......... 65

Quadro 13 – Fatores que podem afetar a qualidade da indexação............... 66

Quadro 14 – Elementos a serem considerados


na comparação de indexações................................................ 67

Quadro 15 – Conceito, assunto, palavra, termo.......................................... 80

Quadro 16 – Tipologias textuais.................................................................. 87

Quadro 17 – Exemplo de resumo estruturado............................................. 90

Quadro 18 – Texto tipo 2 (dissertativo) e resumos decorrentes.................... 91

Quadro 19 – Regras gerais para elaboração e apresentação de índices........ 94


SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA.................................................................... 9
1 UNIDADE 1: REPRESENTAÇÃO TEMÁTICA DA INFORMAÇÃO:
NOÇÕES DOS PROCESSOS E PRODUTOS, CORRENTES
TEÓRICO-METODOLÓGICAS E HISTÓRICO................................................. 11
1.1 OBJETIVO GERAL................................................................................................. 11
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...................................................................................... 11
1.3 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 13
1.4 NOÇÕES DOS PROCESSOS E PRODUTOS DA REPRESENTAÇÃO
TEMÁTICA DA INFORMAÇÃO.............................................................................. 14
1.5 A REPRESENTAÇÃO TEMÁTICA DA INFORMAÇÃO: CORRENTES
TEÓRICO-METODOLÓGICAS E CRONOLOGIA DA INDEXAÇÃO........................ 19
1.5.1 Atividade.............................................................................................................. 21
1.6 CONCLUSÃO......................................................................................................... 31
RESUMO.............................................................................................................. 32
REFERÊNCIAS..................................................................................................... 32
2 UNIDADE 2: PERCEPÇÃO DA INFORMAÇÃO PELO INDIVÍDUO
E PROCESSAMENTO COGNITIVO. INDEXAÇÃO:
ANÁLISE CONCEITUAL E REPRESENTAÇÃO................................................ 35
2.1 OBJETIVO GERAL................................................................................................. 35
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...................................................................................... 35
2.3 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 37
2.4 PERCEPÇÃO DA INFORMAÇÃO PARA SEU PROCESSAMENTO:
CONSIDERAÇÕES.................................................................................................. 37
2.5 A LEITURA DOCUMENTÁRIA............................................................................... 42
2.5.1 Atividade.............................................................................................................. 47
2.6 INDEXAÇÃO......................................................................................................... 48
2.6.1 INDEXAÇÃO: ETAPAS E SUBETAPAS................................................................... 56
2.7 PRINCÍPIOS NORTEADORES PARA A LEITURA DOCUMENTÁRIA....................... 59
2.8 QUALIDADE DE INDEXAÇÃO: BREVES COMENTÁRIOS A PARTIR
DA NBR 12676 E PRINCÍPIOS DE INDEXAÇÃO DO UNISIST................................ 64
2.9 CONCLUSÃO......................................................................................................... 68
RESUMO.............................................................................................................. 68
REFERÊNCIAS..................................................................................................... 69
3 UNIDADE 3: CONDENSAÇÃO PARA A REPRESENTAÇÃO
DOS DOCUMENTOS: TERMOS, RESUMOS DOCUMENTÁRIOS,
NOTAÇÕES E ÍNDICES...................................................................................... 73
3.1 OBJETIVO GERAL................................................................................................. 73
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...................................................................................... 73
3.3 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 75
3.4 CONCEITO, ASSUNTO, TERMO E CONTEXTO..................................................... 76
3.4.1 Conceito............................................................................................................... 76
3.4.2 Assunto................................................................................................................ 78
3.4.3 Termo.................................................................................................................... 80
3.4.4 Contexto............................................................................................................... 83
3.5 FORMA DE DOCUMENTOS.................................................................................. 83
3.6 ORDEM DE CITAÇÃO OU COMBINAÇÃO DOS ASSUNTOS................................ 85
3.6.1 Atividade.............................................................................................................. 86
3.7 RESUMOS DOCUMENTÁRIOS.............................................................................. 87
3.7.1 Atividade.............................................................................................................. 92
3.8 ÍNDICES................................................................................................................. 93
3.8.1 Atividade.............................................................................................................. 96
3.8.2 Atividade.............................................................................................................. 97
3.9 NOTAÇÕES............................................................................................................ 97
3.10 POLÍTICA DE INDEXAÇÃO: NOÇÕES................................................................... 99
3.11 CONCLUSÃO....................................................................................................... 102
RESUMO............................................................................................................ 102
REFERÊNCIAS................................................................................................... 102
BIBLIOGRAFIA BÁSICA.................................................................................. 104
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR................................................................ 105
APRESENTAÇÃO DA
DISCIPLINA
Estudar os processos e produtos de representação temática da informação é fun-
damental para sua formação profissional. Nesta disciplina, serão abordados conteúdos
técnicos indispensáveis ao desenvolvimento de competências e habilidades necessárias
ao conhecimento e às práticas do bibliotecário nos dias atuais. Afinal, você precisará
resolver situações complexas nas bibliotecas e demais serviços de informação onde tra-
balhar, de modo a viabilizar para a sociedade o acesso e o uso social da informação.
Relembramos que os conteúdos curriculares de todo o curso de Biblioteconomia
na modalidade a distância foram organizados em oito eixos, aos quais as disciplinas
pertencem. O nosso eixo é o número 2, referente à Organização e Representação da
Informação, que é composto de dez disciplinas obrigatórias e duas optativas.
Agora você cursará uma disciplina do 5º período, em que enfocaremos especial-
mente os processos de análise conceitual, condensação e representação da informação
mediante a elaboração de resumos documentários, notações e índices. Ela está organi-
zada em três unidades, assim nomeadas:
Unidade 1 – Representação temática da informação: noções dos processos e pro-
dutos, correntes teórico-metodológicas e histórico.
Unidade 2 – Percepção da informação pelo indivíduo e processamento cognitivo.
O processo de indexação: análise conceitual e representação.
Unidade 3 – Condensação para a representação dos documentos: termos, resumos
documentários, índices e notações.
UNIDADE 1
REPRESENTAÇÃO TEMÁTICA
DA INFORMAÇÃO: NOÇÕES
DOS PROCESSOS E PRODUTOS,
CORRENTES TEÓRICO-
-METODOLÓGICAS E HISTÓRICO

1.1 OBJETIVO GERAL


Apresentar o tratamento temático da informação a partir da distinção entre seus processos e produ-
tos, bem como mostrar suas correntes teórico-metodológicas e seu histórico.

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS


Esperamos que, ao final desta Unidade, você seja capaz de:
a) distinguir processos e produtos da representação temática da informação;
b) demonstrar a importância desses processos e produtos para a recuperação e o uso social da
informação;
c) identificar as abordagens teórico-metodológicas do tratamento temático da informação;
d) resumir brevemente o histórico da indexação.

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 11


1.3 INTRODUÇÃO
Para um melhor entendimento sobre o grande universo da organi-
zação da informação, é apropriado ressaltarmos que a representação
temática da informação (ou seu tratamento temático) é realizada con-
siderando-se duas fases: a representação descritiva e a representação
temática. A primeira trata dos elementos extrínsecos ao documento, que
correspondem à análise para sua descrição física (descrição bibliográfica
ou registros bibliográficos). Já a segunda lida com elementos intrínsecos
a ele, que se relacionam com as operações da análise conceitual e com a
representação (tradução) do conteúdo do documento, isto é, a atribuição
de seus assuntos-núcleo (assuntos fundamentais/principais), que consti-
tuirão os pontos de acesso temático para sua recuperação em catálogos,
índices e outras fontes. Essas operações relacionam-se com os processos
e os produtos do tratamento temático da informação, portanto, esta dis-
ciplina tem como objetivo abordar a segunda fase citada.
Na sequência, mencionaremos, de forma sucinta, dez possíveis pre-
missas relacionadas à organização do conhecimento, pois elas auxiliam
na compreensão da importância dos processos e produtos de representa-
ção temática para a recuperação da informação e seu uso.
Por fim, situaremos o tema ao longo do curso e relembraremos, con-
forme apresentado na disciplina “Organização do Conhecimento e da
Informação”, que a representação temática da informação é uma das
especialidades desse domínio disciplinar.
Devemos observar que os conceitos de uma área, bem como sua ter-
minologia, sofrem mudanças no decorrer dos anos, devido ao conheci-
mento acumulado sobre ela. Isso permite que novos enfoques surjam e
resultem em descobertas científicas e aplicações tecnológicas inovadoras.
Nessa evolução do saber, podemos estabelecer, no âmbito da represen-
tação temática da informação, três momentos teórico-metodológicos1
que são muito próximos conceitual e historicamente: a catalogação de
assunto, a indexação e a análise documentária, cujos movimentos acon-
tecem nos Estados Unidos, na Inglaterra e na França. É oportuno recordar
a advertência de Lancaster (2004) sobre o uso da terminologia em uma
área, quando diz que várias das ideias surgidas na atualidade possuem
claros antecedentes na literatura de anos atrás, e esses trabalhos pionei-
ros, inspiradores e clássicos da área precisam ser visitados e creditados,
evitando-se a repetição de ideias. Existe uma expressão de uso frequente
em inglês, que diz “new wine in old bottles” (vinho novo em garrafas
velhas). Ela expressa o que, popularmente, chamamos de uma tentativa
de “reinventar a roda”. A propósito, o título da nota de advertência de
Lancaster (2004), que mencionamos, é “Uma nota sobre terminologia (e
a redescoberta da roda)”. Em conclusão, ao final desta Unidade, apresen-
taremos um quadro sobre a cronologia da indexação em uma perspectiva
panorâmica e internacional.

1
Cf. GUIMARÃES, José Augusto Chaves. Abordagens teóricas no tratamento temático da
informação: catalogação de assunto, indexação e análise documental. Ibersid: revista de
sistemas de información y documentación, Zaragoza, v. 3, p. 105-117, 2009. Disponível em:
<http://www.ibersid.eu/ojs/index.php/ibersid/article/view/3730>. Acesso em: 12 set. 2019.

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 13


1.4 NOÇÕES DOS
PROCESSOS E
PRODUTOS DA
REPRESENTAÇÃO
TEMÁTICA DA
INFORMAÇÃO
Atribui-se a Henry Evelyn A organização do conhecimento e da informação visando à repre-
Bliss (1870-1955) o uso da sentação dos documentos sempre foi uma preocupação dos estudiosos
expressão organização do envolvidos com a área e dos profissionais que atuam em unidades de
conhecimento (knowledge informação (UIs), como arquivos, bibliotecas, museus, entre outras. Cada
organization), pois um de seus
uma dessas instituições apresenta naturezas específicas quanto a seus
livros, datado de 1929, tem
como título The Organization of objetivos, sua formação, seleção, organização, tratamento e o uso dos
Knowledge and the System of the documentos que constituirão seus acervos. Nossa discussão abordará o
Sciences. universo das bibliotecas. Elas operam como Sistemas de Recuperação da
Informação (SRIs), onde ocorre a organização da informação, que é con-
siderada uma atividade intelectual de dimensões social, teórico-metodo-
lógica e operacional (SVENONIUS, 2001 apud LIMA et al., 2006, p. 18).

Multimídia
Para relembrar o conceito de Sistema de Recuperação da Infor-
mação, introduzido na disciplina “Ambientes, Serviços e Sistemas
de Informação” e que será retomado no curso “Recuperação da
Informação”, indicamos a consulta aos artigos a seguir:
CESARINO, Maria Augusta da Nóbrega. Sistemas de Recupera-
ção da Informação. Revista da Escola de Biblioteconomia da
UFMG, Belo Horizonte, v. 14, n. 2, p. 157-168, set. 1985.
SOUZA, Renato Rocha. Sistemas de recuperação de informações e
mecanismos de busca na web: panorama atual e tendências. Pers-
pectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 11, n. 2,
p. 161-172, maio/ago. 2006.

A representação documentária e a recuperação em um SRI devem ser


vistas, conforme Cordeiro (2000), como um processo comunicacional in-
terativo e inserido em um contexto situacional. Nele, ocorre a mediação
entre conjunto de documentos e conjunto de usuários, além de levar-se
em conta a ambiência da unidade-organizacional, isto é, do SRI. O biblio-
tecário atua como mediador desse processo. Para que ocorra a recupera-
ção dos registros do conhecimento e, em consequência, o acesso a eles,

14 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


é necessário que tenhamos itens dos documentos (autor, título, assunto,
entre outros) que sejam recuperáveis mediante critérios determinados.

Atenção
Tradicionalmente, conforme já mencionamos, a representação
de um documento pode ser entendida sob duas dimensões, no-
meadas como representação descritiva e representação temática.
A primeira está relacionada com os procedimentos de identificação
de autoria, título, série, entre outros, que alguns autores nomeiam
como elementos extrínsecos ao documento. De acordo com Galvão
(1998, p. 48), a “[…] representação descritiva […] contempla os
dados ligados à produção editorial dos documentos, tais como o
responsável pela obra, título da publicação, editor, ano de publica-
ção, número de páginas”. Já a representação temática analisa os
elementos intrínsecos ao documento, abrangendo seu conteúdo e,
em especial, os assuntos nele abordados.

Duas práticas da área estão relacionadas à condensação de conteúdo


temático dos documentos: a indexação e a classificação. Esse processo
de sumarização – ou seja, de condensação, como já dissemos – resulta
em produtos que representam o conteúdo temático por palavras-chave
ou termos de indexação, resumos documentários e notações de assunto.
Eles são, portanto, pontos de acesso (itens) para a busca e a localização
dos documentos ou de outros itens de informações sobre os registros
em um ambiente informacional. É importante salientar, também, que os
índices de assunto são um produto que representa o conteúdo de um do-
cumento mediante o emprego de palavras-chave, acrescidas da indicação
de páginas ou notações, no caso dos esquemas de classificação.
Para fins didáticos, e sabendo das limitações que são impostas por
qualquer tentativa de classificar, sistematizaremos aqui, de forma intro-
dutória, os processos e produtos referentes à representação temática
da informação, pois eles serão aprofundados nas Unidades 2 e 3 desta
disciplina. Também incluímos, na sistematização, os instrumentos de re-
presentação temática e esclarecemos que são conteúdos das disciplinas
“Instrumentos de Representação Temática da Informação I e II”.
Dias e Naves (2013, p. 7-16) sistematizam o tratamento da informa-
ção mediante a “identificação de duas grandes especialidades na área:
tratamento descritivo e tratamento temático”. Na sequência, desdobram,
em dois grandes processos básicos (descrição temática e descrição física),
os instrumentos que possibilitam a padronização e a representação dos
assuntos dos documentos (linguagens de indexação alfabéticas e simbó-
licas), bem como os produtos gerados nesse processo.

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 15


Quadro 1 – Tratamento da informação

• Processos
Descrição física
Descrição temática

• Instrumentos
Códigos de catalogação
Linguagens de indexação (linguagens documentárias)

• Produtos
Registros bibliográficos
Registros catalográficos
Resumos
Metadados (registros bibliográficos ou catalográficos de documentos eletrô-
nicos)
Pontos de acesso de catálogos
Pontos de acesso de bibliografias
Arranjo sistemático de coleções de documentos (organizados conforme um
sistema de classificação bibliográfica)
Fonte: Dias e Naves (2013, p. 7-16).

Conforme resultado do VI Encontro de Diretores e Docentes de Biblio-


teconomia e Ciência da Informação do Mercosul (2002), apresentamos,
com sucinta modificação, a sistematização da dimensão da representação
temática dos documentos, tendo em vista os aspectos que lhe são ine-
rentes (processos, instrumentos ou modelos conceituais computacionais
e produtos).
Quadro 2 – Sistematização da representação temática dos documentos

• Processos
Análise
Condensação
Representação

• Instrumentos ou modelos conceituais computacionais


Sistemas de classificação bibliográfica
Listas de cabeçalhos de assunto
Tesauros
Terminologias
Ontologias

• Produtos
Índices
Resumos documentários
Fonte: VI Encontro de Diretores e Docentes de Biblioteconomia
e Ciência da Informação do Mercosul (2002, p. 2 apud GUIMARÃES, 2008).

Com base nos Quadros 1 e 2, a representação temática pode estar


relacionada com os seguintes aspectos:

16 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


Quadro 3 – Representação temática dos documentos

• Processos
Descrição temática (análise conceitual e condensação do conteúdo para sua
representação)

• Instrumentos ou modelos conceituais computacionais


Linguagens de indexação (linguagens documentárias verbais e notacionais):
tradicionalmente, são os sistemas de classificação bibliográfica, as listas de
cabeçalhos de assunto e os tesauros
Terminologias
Ontologias

• Produtos
Índices de assunto
Resumos documentários
Metadados de conteúdo
Pontos de acesso de catálogos de assunto
Pontos de acesso (assunto) de bibliografias
Arranjo sistemático de coleções de documentos (organizados conforme um
sistema de classificação bibliográfica)
Fonte: Adaptado de Dias e Naves (2013, p. 7-16); adaptado de VI Encontro de Diretores e Docentes
de Biblioteconomia e Ciência da Informação do Mercosul (2002, p. 2 apud GUIMARÃES, 2008).

Diante do exposto, perguntamos: qual a importância dos processos,


instrumentos e produtos da representação temática da informação para
a socialização do conhecimento e seu compartilhamento?
Nossa resposta se baseia na citação de Guimarães (2009, p. 105),
quando observa:

[…] um conhecimento registrado (informação


socializada) requer que sobre ele se desenvolvam
processos específicos de organização que propiciem
sua passagem da dimensão pública para a dimensão
privada, ou seja, a construção do conhecimento
individual (GUIMARÃES, 2001), que, por sua vez, gerará
uma nova informação registrada para ser socializada
[…]. Nesse contexto, a questão dos conteúdos
informacionais emerge como um ponto fundamental
a ser abordado, assumindo papel estratégico em
arquivos, bibliotecas e museus […].

Logo, os documentos necessitam receber tratamento técnico nas bibliotecas


e nos demais serviços de informação, para que ocorra sua organização,
disseminação e uso, de modo a permitir seu “melhor aproveitamento social
e individual” (BARITÉ apud GUIMARÃES, 2009, p. 105).
Outro aspecto relacionado a nossa indagação diz respeito à perda de
informação e à possiblidade de gerar limitação em seu compartilhamento:

Para evitar que o conhecimento produzido se perca,


ou mergulhe num caos onde nada possa ser encon-
trado, tornam-se necessárias a criação e a adoção de
sistemas de registros capazes de propiciar o compar-
tilhamento de saberes entre as pessoas […] (TÁLAMO
et al., 1994, p. 16).

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 17


Soma-se a isso a necessidade de situar nossa disciplina no que tange ao
campo de atuação na organização do conhecimento, ao desenvolvimento
profissional na Biblioteconomia e Documentação, e ao estudo da informação
como produto social. Barité (2001) avalia que existem três grandes subáreas
na organização do conhecimento: a gestão de unidades de informação,
o tratamento da informação e a gestão de seu uso social. Nossa disciplina
se localiza na segunda, o tratamento da informação. Cada uma dessas
subáreas tem suas especificidades, além de correspondências e interlocuções
necessárias entre elas. No que diz respeito ao tratamento da informação
e, em especial, ao tratamento temático da informação, o autor avalia que
subsídios teóricos se acentuam nessa subárea e, de forma menos evidenciada,
porém não menos importante, na gestão do uso social da informação.
Ele considera que o objeto de estudo da organização do conhecimento
é o conhecimento socializado e, como disciplina, ela é responsável pelo
desenvolvimento de técnicas para a construção, a gestão, o uso e a avaliação
de classificações científicas, taxonomia, nomenclaturas e linguagens
documentárias. Acrescentam-se metodologias de uso e recuperação por
linguagem natural. Isso posto, deve-se citar as dez premissas básicas em
organização do conhecimento na perspectiva de Barité (2001, p. 42-54), pois
elas auxiliam na compreensão da importância dos processos e produtos de
representação temática, visando à recuperação e ao uso social da informação.

Quadro 4 – As dez premissas em organização do conhecimento

O conhecimento é um produto social, uma necessidade social e um


1 dínamo social.
O conhecimento se realiza a partir da informação e, ao socializar-se,
2 transforma-se em informação.
A estrutura e a comunicação do conhecimento formam um sistema
3 aberto.
O conhecimento deve ser organizado para seu melhor aproveita-
4 mento individual e social.

5 Existem n formas possíveis de organizar o conhecimento.

Toda organização do conhecimento é artificial, provisória e determi-


6 nista.
O conhecimento se registra sempre em documentos, como conjunto
7 organizado de dados disponíveis, e admite usos indiscriminados.
O conhecimento se expressa em conceitos e se organiza mediante
8 sistemas de conceitos.
Os sistemas de conceitos se organizam para fins científicos, funcio-
9 nais ou documentais.
As leis que regem a organização de sistemas de conceitos são uni-
10 formes e previsíveis, e se aplicam igualmente para qualquer área dis-
ciplinar.
Fonte: Barité (2001, p. 42-54).

Portanto, esse conhecimento registrado é transformado em produtos


informacionais socializados, que constituem os acervos físicos ou eletrô-
nicos das bibliotecas. Para que eles sejam acessados e usados, é neces-
sário que uma gama de ações e procedimentos se realize na unidade de
informação, sendo a representação documentária (descritiva ou temáti-

18 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


ca) uma parte do processo do tratamento técnico dos documentos, com
vistas a sua recuperação para o acesso e uso. Convém relembrar que o
enfoque desta disciplina será na representação temática dos documen-
tos (representação da informação), que, na concepção de Brascher e Café
(2008), situa-se no âmbito da organização da informação.

Multimídia
Para relembrar os conceitos de organização da informação ou
organização do conhecimento, releia o artigo:
BRÄSCHER, Marisa; CAFÉ, Lígia. Organização da informação ou or-
ganização do conhecimento. In: Encontro Nacional de Pesquisa em
Ciência da Informação, 9., 2008, São Paulo. Anais… São Paulo:
USP; Brasília: Ancib, 2008.
Para os conceitos de organização e representação do conheci-
mento, leia o artigo:
LARA, Marilda Lopes Ginez de. Conceitos de organização e repre-
sentação do conhecimento na ótica das reflexões do grupo Temma.
Informação & Informação, Londrina, v. 16, n. 3, p. 92-121, jan./
jun. 2011.

1.5 A REPRESENTAÇÃO
TEMÁTICA DA
INFORMAÇÃO:
CORRENTES TEÓRICO-
-METODOLÓGICAS
E CRONOLOGIA DA
INDEXAÇÃO
Retomando nossa tentativa de situar a representação temática da in-
formação no âmbito da organização da informação ao longo do tempo,
apontamos que, em sentido lato, a indexação está presente desde as
primeiras tentativas de elaboração de índices para as mais diversas pu-
blicações (indexação editorial). Porém, do ponto de vista stricto, ela é
entendida como um processo analítico, visando à representação do con-

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 19


teúdo temático dos documentos para a recuperação e o acesso (indexa-
ção acadêmica).
Conforme Gil Leiva (2012, p. 65), as origens da indexação estão rela-
cionadas com as

[…] tarefas realizadas pelos antigos escribas da Me-


sopotâmia. Naquela época, começaram a ter salas
para a cópia das tábuas de argila, a elaboração de
etiquetas e a conservação das placas. Os textos eram
armazenados em prateleiras de madeira, colocados
em nichos nas paredes ou eram dispostos em caixas
de madeira. Para saber o que continham, colocavam
uma pequena etiqueta anexada na lateral, onde es-
creviam o conteúdo dos documentos.

No verbete sobre indexação da Encyclopedia of Library and Information


Sciences, Bella Haas Weinberg (2010) aborda a história da indexação,
considerando os primeiros índices de que se tem notícia, e acrescenta:

Nosso conhecimento da história da indexação


é limitado porque muitas das evidências foram
destruídas pelas devastações do tempo, pela queima
de livros e pela fragilidade dos materiais nos quais
a informação foi registrada. Isto é especialmente
verdadeiro para livros hebraicos, que muitas vezes
foram submetidos a censura e a queima. Além disso,
como Malachi Beit-Arié apontou, os livros hebraicos
costumavam ser copiados para uso pessoal, ao passo
que os livros em latim foram copiados em contextos
institucionais, notadamente mosteiros. (WEINBERG,
2010, p. 2.282).

Weinberg (2010) adverte sobre o fato de que uma listagem não pode
ser considerada um índice e lamenta que, ainda hoje, sumários sejam no-
meados como índice, pois são estruturas de informação muito menos so-
fisticadas do que as obtidas com a indexação. Estas últimas oferecem um
acesso eficiente aos tópicos específicos abordados em um documento,
que são denominados como índices internos, em oposição aos externos.
A autora também lastima que “muitas ferramentas de busca na web que
são chamadas de índices do site são, de fato, mapas do site; estes últimos
são equivalentes aos sumários”.

Um índice leva de uma ordem de símbolos conhecida


a uma ordem de informação desconhecida. Um índice
está em uma ordem diferente do documento ou co-
leção ao qual ele fornece acesso. O catálogo de uma
biblioteca é um tipo de índice. A coleção de livros de
uma biblioteca é geralmente classificada por assunto.
Se alguém conhece o autor ou o título de um livro de
interesse, pode-se usar o conhecimento do alfabeto
para localizar entradas para o autor ou o título do
livro no catálogo. O registro bibliográfico fornecerá o
número de chamada do livro, que indica sua localiza-
ção dentro da coleção classificada. (WEINBERG, 2010,
p. 2.277)

20 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


1.5.1 Atividade
Consulte publicações e sites para tentar identificar:
a) as diferenças entre a estrutura e os elementos do sumário e
do índice de um livro;
b) algum site que nomeie seu mapa como “índice”;
c) as diferenças entre os índices de autores e assuntos dos
artigos e as listas alfabéticas e por assunto de periódicos
incluídos na plataforma SciELO (a seguir), que arrola uma
coleção eletrônica de periódicos científicos brasileiros.
Disponível em: <http://www.scielo.br/?lng=pt>.

Figura 1 – Sem título

Fonte: SciELO (2019).

Resposta comentada
a) Você pode acessar, por exemplo, o Portal do Livro Aberto
(http://livroaberto.ibict.br/) e consultar o livro: MAIA, Otá-
vio Borges; FREITAS, Tino. Livro vermelho das crianças.
Brasília, DF: Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e
Tecnologia, 2015.
Observe, nessa obra, o caso do sumário e do índice das es-
pécies.
b) Um exemplo em que você pode ver o mapa do site
denominado como “índice” é o endereço Hoteis.com
(https://www.hoteis.com/site-index/).
c) Nos índices de autores e assuntos, a busca é realizada no
sistema, mediante palavra-chave que o usuário inclui, repre-
sentando um assunto ou nome. Já na busca pelo periódico,
são fornecidas ao usuário listagens dos títulos dos periódicos
e das grandes áreas do conhecimento, nas quais são incluí-
dos os títulos dos periódicos em ordem alfabética.

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 21


Em sentido estrito, podemos percorrer a história da indexação citan-
do três momentos teóricos e metodológicos, que, conforme Guimarães
(2008, 2009), são marcantes na prática do tratamento temático da infor-
mação. São eles:
a) catalogação de assunto/ subject cataloguing (de orientação pre-
dominantemente norte-americana – final do século XIX);
b) indexação/ indexing (de orientação predominantemente inglesa –
metade do século XX);
c) análise documentária/ analyse documentaire (de orientação pre-
dominantemente francesa – final da década de 1960 e início dos
anos 1970).

Explicativo
A expressão tratamento temático da informação foi usada na
tradução da obra de Antony Charles Foskett, que, em inglês, se
chama The subject approach to information (1969, 1971). A edição
em português data de 1973, é traduzida por Antonio A. Briquet
de Lemos e recebeu o seguinte título: A abordagem temática da
informação.
No que concerne à expressão francesa analyse documentaire,
assinalamos que ela é usualmente traduzida para o português como
análise documentária2, em vez de análise documental. Em espa-
nhol, emprega-se análisis documental. Portanto, essa expressão é
usada em países que sofreram a influência da corrente francesa no
tratamento temático da informação, conforme mencionamos ante-
riormente e desenvolveremos a seguir. Essa situação não impactou
na terminologia dos países de língua inglesa. Assim, a expressão
document analysis não é usual na língua inglesa, sendo preferível
usar indexing, subject analysis, subject indexing, entre outras.
Além disso, Lara ressalta que:

A dificuldade em traçar um quadro panorâmico dos


estudos de Organização e Representação do Conhe-
cimento decorre do estágio de seu desenvolvimen-
to: mesmo que existam diferentes vertentes teóricas
e, consequentemente, diferentes formas de obser-
var os problemas, é necessário que seus termos e
conceitos sejam explícitos e que correspondam a
sistemas de conceitos coerentes. A dispersão termi-
nológica (conceitual e denominativa) dificulta a co-
municação e compreensão do quadro de propostas
existentes (LARA, 2011, p. 94).

Em seu livro A abordagem temática da informação, Foskett (1973)


inicia o capítulo intitulado “Cabeçalhos alfabéticos de assunto” descre-
vendo:

2
Cf. CUNHA, Murilo Bastos da; CAVALCANTI, Cordélia Robalinho de Oliveira. Dicionário de
biblioteconomia e arquivologia. Brasília, DF: Briquet de Lemos, 2008. p. 15.

22 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


Coube a Charles Ammi Cutter a primeira tentativa de
estabelecer um conjunto de regras para cabeçalhos
alfabéticos de assuntos, com as suas Rules for a Dici-
tionary Catalogue, publicadas em 1876.

O autor assinala que 1876 também foi o ano da primeira edição da


Classificação Decimal de Dewey, e faz a seguinte interjeição: “um annus
mirabilis!”.
Portanto, levando-se em conta as possíveis divergências de opiniões,
os estudos, na literatura, indicam como fato marcante para a história da
representação de assunto a atuação do americano Cutter, no final do
século XIX, quando elaborou as Regras para um catálogo dicionário (Rules
for a dictionary catalog). Inicialmente, elas integravam a segunda parte do
relatório especial nomeado como Bibliotecas públicas nos Estados Unidos
da América: sua história, condições e gerenciamento (Public Libraries in
the United States of America: their history, condition and management).
A parte 1 do relatório recebeu o título de “Library Catalogues” e a
parte 2, de “Rules for a Printed Dictionary Catalogue”. Elas podem ser
vistas como a primeira tentativa substancial de sistematizar as entradas e
os cabeçalhos de assunto dos documentos para catálogos de bibliotecas.
Cutter firmou a catalogação de assuntos, da qual muitas regras continuam
válidas.
Martinho (2010) relembra que Coates (1960), no que tange à
importância do trabalho de Cutter no âmbito da catalogação de assunto,
afirma:

No desenvolvimento histórico de qualquer ofício há


sempre um estágio bem demarcado no qual uma
linha de profissionais de prática empírica e intuitiva
é levada a um fim abrupto por alguém que consiga
racionalizar a melhor prática em alguns princípios ge-
rais que podem vir a ser aplicados conscientemente.
(COATES, 1960, p. 31 apud MARTINHO, p. 120).

Ainda, Martinho (2010, p. 120) descreve que Coates (1960) considera


que Cutter não apenas demarcou, “[…] mas lançou a base da Catalogação
de Assunto para os próximos três quartos de século. Além disso, perdurou
sua influência em um período de mudanças no qual outros fatores
tornaram-se obsoletos”.
A preocupação de Cutter era de ordem pragmática: ele objetivava a
organização das entradas dos catálogos alfabéticos (catálogos dicionários)
nas bibliotecas americanas, quanto aos elementos autor, título e assunto.
Essas regras possibilitariam aos bibliotecários a organização dos acervos
de forma mais criteriosa.

Cutter, ao desenvolver suas regras para o catálogo


dicionário, tinha como premissa facilitar o acesso
dos usuários ao acervo, a partir do agrupamento
alfabético das entradas (autor, título e assunto) do
catálogo. Ele também estabeleceu níveis diferentes
de catalogação e idealizou princípios para o
estabelecimento das entradas de assunto. Sua obra
exerceu grande influência no desenvolvimento das
bibliotecas públicas como entidades educacionais,

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 23


já que originalmente foi publicada pela Secretaria
de Educação, obtendo grande aceitação e utilização
por parte dos bibliotecários destas instituições e se
constituem como a base da catalogação americana.
(MARTINHO, 2010, p. 17)

Outro fato que vai influenciar na história da catalogação de assunto


refere-se à publicação de duas listas de cabeçalhos de assunto. A primeira,
em 1895, pela American Library Association (ALA), denominada de Lista
de Cabeçalhos de Assuntos para Uso nos Catálogos Dicionários. Tratava-se
de uma ferramenta de indexação para as bibliotecas não especializadas de
pequeno e médio porte (GIL LEIVA, 2008, p. 110). A segunda foi publicada
em 1909, pela Biblioteca do Congresso Americano, nomeada de Lista
de cabeçalhos de assunto usados nos catálogos dicionários da Biblioteca
do Congresso Americano (Library of Congress Subject Headings Used in
the Dictionary Catalogues). Essa lista teve como principais referentes a
lista da ALA e as regras previstas por Cutter. Gil Leiva (2008, p. 110)
salienta que, a partir desse momento, a lista de cabeçalhos da Library of
Congress (LC) se tornou referência para as demais bibliotecas do mundo,
que a traduziram ou a adotaram em outros idiomas. Em 1975, ela passa
a denominar-se Library of Congress Subject Headings (LCSH).

Multimídia
Charles Ammi Cutter (1837-1903), nascido em Boston,
Massachusetts, é uma figura fundamental na história e no
desenvolvimento da Biblioteconomia, por sua atuação como
bibliotecário e no desenvolvimento da Cutter Expansive Classification
(parte 1891-93) e da Cutter’s Rules for a Printed Dictionary Catalog
(1876). Essas duas obras podem ser acessadas no Internet Archive
(Disponível em: https://archive.org/).
Fontes:
NEW WORLD ENCYCLOPEDIA. Charles Ammi Cutter. [S.l.], 2017.
Disponível em: <https://www.newworldencyclopedia.org/entry/
Charles_Ammi_Cutter>. Acesso em: 12 set. 2019.
BOSTON ATHENAEUM. Charles Ammi Cutter. Boston, 2010.
Disponível em: <https://www.bostonathenaeum.org/library/book-
recommendations/athenaeum-authors/charles-ammi-cutter>.
Acesso em: 12 set. 2019.
Em 1983, Cutter escreveu um curioso artigo, intitulado “A
Biblioteca Pública de Buffalo”, no qual aponta para a biblioteca do
futuro. Posteriormente, o artigo também foi publicado no Library
Journal.
Disponível em: CUTTER, Charles Ammi. The Buffalo Public
Library in 1983. [S.l.]: Wikisource, 2019. Disponível em: <https://
en.wikisource.org/wiki/The_Buffalo_Public_Library_in_1983>.
Acesso em: 12 set. 2019.

24 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


O segundo momento teórico-metodológico da representação temáti-
ca da informação diz respeito à indexação, cuja matriz é inglesa.
Nessa altura, a discussão era no domínio da informação especializada.
A grande preocupação dos estudiosos era com bibliotecas especializadas,
centros de documentação que abrangessem não apenas a realidade
bibliotecária tradicional, mas também documentos especializados e o
universo editorial. Nesse meio, os índices, como produtos da indexação,
decorrem da utilização de linguagens de indexação, observando-se uma
preocupação de natureza teórica acerca da construção de tais linguagens
para sua aplicação prática, em muito influenciada pelos trabalhos do
Classification Research Group (CRG, 1952-1968, Inglaterra). O CRG tinha
a preocupação com o desenvolvimento de teorias e sua aplicação prática.

Relativamente à indexação, dada a natureza mais


especializada da informação, merece destaque a
dupla dimensão de seu universo: o documento, por
um lado, e o usuário (representado pela recuperação
da informação), por outro. Nesse âmbito, a questão
da análise assume uma dimensão significativamente
mais específica que a da catalogação de assunto, de
tal ordem que a análise propriamente dita deixa de
lado a dimensão fria do assunto do documento para
ir ao encontro de algo mais complexo: a dimensão
conceitual do mesmo, em cujo âmbito vêm à tona
aspectos como o aboutness [tematicidade], a
informatividade (aqui se inserindo os aspectos ligados
à perspectiva centrada no usuário) e, ainda, a questão
conceitual no âmbito da unidade de informação em
que se insere (aqui incluindo-se aspectos atinentes à
política de indexação). (GUIMARÃES, 2009, p. 112)

O terceiro momento teórico-metodológico se refere à análise docu-


mentária.
Conforme relata Guimarães (2009), nela, que é de orientação francesa,
o foco recai sobre o próprio processo de análise e representação da
informação, vale dizer, na explicitação dos procedimentos voltados para
a identificação e a seleção de conceitos para posterior representação e
geração de produtos. A atenção é voltada para o desenvolvimento de
referências teórico-metodológicas para o processo de tratamento do
conteúdo do documento, observando-se, também, sua estrutura textual.
A referida abordagem teve forte interface com a Linguística e a Lógica,
a partir dos trabalhos pioneiros de J. C. Gardin e M. Coyaud.
De acordo com Fujita, Nardi e Santos (1998, p. 21),

a expressão “análise documentária” foi formalmente


conceituada por Jean-Claude Gardin (1981, p. 29),
citado por Cunha (1989, p. 17), como “um conjun-
to de procedimentos efetuados com a finalidade de
expressar o conteúdo de documentos científicos, sob
formas destinadas a facilitar a recuperação da infor-
mação”.

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 25


Lara (2011, p. 97) esclarece que:

O termo Análise Documentária tem sua origem nos


trabalhos de Coyaud (1966) e Gardin (1966, 1968a;
1968b, entre outros) para designar as operações
semânticas que transformam um texto original em
uma ou várias palavras-chave, ou ainda, paráfrases,
visando facilitar a representação de conteúdos e a
recuperação da informação. Para Coyaud (1966, p.
18), “a análise documentária é primeiramente uma
operação de reconhecimento das unidades lexicais
que representam as noções importantes de um
documento”.

Guimarães (2009, p. 112) aponta que, nela, “[…] a questão procedi-


mental fica mais claramente evidenciada, inclusive pela nítida assunção
de espectro teórico-metodológico interdisciplinar (Linguística, Terminolo-
gia, Lógica, Psicologia Cognitiva etc.)”.
Da mesma forma, Lara (2011, p. 98) ressalta a preocupação dos pro-
cedimentos metodológicos nesse tipo de representação temática da in-
formação:

Os investimentos metodológicos realizados pela


Análise Documentária partiram do princípio de que
a formalização dos procedimentos nessas operações
poderia alterar o quadro empírico de representação
no âmbito dos sistemas documentários. As operações
de substituição de textos em Linguagem Natural por
representações supõem necessariamente a existência
de uma metalinguagem, que é constituída por
unidades lexicais (símbolos designando noções ou
conceitos) e convenções sintáticas (para expressão das
relações lógicas presentes nos textos em Linguagem
Natural).

Em síntese, Guimarães (2009, p. 112) avalia que as três abordagens


são complementares, até mesmo historicamente, e,

em virtude de seus distintos objetivos, revelam


denominações distintas para fenômenos semelhantes,
aspecto que deve ser cuidadosamente observado
pelos pesquisadores, inclusive como forma de melhor
sedimentar a terminologia especializada da área.

Explicativo
Uma pesquisa realizada em artigos publicados nos últimos
dez anos nos periódicos Journal of Documentation e Knowledge
Organization confirma a influência das teorias linguísticas nas
abordagens e pesquisas sobre indexação. Identificou-se, nesses
artigos, a frequente ocorrência de duas vertentes teóricas
provenientes dos estudos do significado no âmbito da filosofia da

26 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


linguagem. Trata-se do realismo (aquele que identifica parcelas da
realidade, em que a linguagem expressa a realidade concreta) e do
mentalismo (aquele que partilha eventos mentais entre falantes e
ouvintes, no qual a linguagem não diz a realidade concreta, mas o
que pensamos sobre ela). Ambos influenciam na compreensão da
linguagem, o que impacta diretamente na representação temática
dos documentos.

A concepção da linguagem como um instrumento


comunicacional, de base universal, cuja função bá-
sica é designar nomes das coisas no mundo, é algo
presente na forma em que abordamos a indexação
dos documentos em nossa contemporaneidade.
(PRET; CORDEIRO, 2017, p. 60).

A seguir, apresentamos um quadro com fatos importantes na linha do


tempo da representação temática da informação, isto é, da indexação.
Ele é de autoria de Gil Leiva (2008, p. 110-114) e foi nomeado como
“Cronologia da indexação”. Adicionamos a ele alguns dos fatos dos mar-
cos teóricos da indexação apontados por Fujita (2013, p. 147) e, também,
inclusões de Cordeiro (2000).

Quadro 5 – Cronologia da indexação: panorama internacional

continua

GIL LEIVA
Os antigos escribas da Mesopotâmia, para saberem o que continham
as cestas de vime onde estavam depositados os documentos (tabule-
30.000 a.C. Etiquetas de barro tas de barro), anexavam a elas uma pequena etiqueta de barro, com
uma frase ou palavra. Dessa maneira, conheciam o conteúdo sem
abrir a cesta.
Os egípcios introduziram o papiro como suporte documentário. Ele
era enrolado em uma vareta de madeira ou metal, sendo necessário
desenrolá-lo para que se pudessem ler as informações que traziam.
Egito Cartelas do Egito
Foi colocada, então, numa das extremidades da vareta, uma etiqueta
ou cartela onde eram escritas as primeiras frases do documento ou
algumas palavras.
Rules for a dicitionary Princípios para a atribuição de assuntos, de Ammi Cutter, que apare-
1876
catalog, de A. Cutter cem em sua obra Rules for a dictionary catalog.
A American Library Association (ALA) publica a List of Subject
List of Subject Headings
Headings for Use in Dictionary Catalogs como ferramenta de
1895 for Use in Dictionary
indexação para bibliotecas de pequeno e médio porte com acervos
Catalogs
não especializados.
Aparece a primeira Subject Headings Used in the Dictionary Catalogues
of the Library of Congress, tendo como principais referentes a lista
Subject Headings mencionada da ALA e as regras feitas por Ammi Cutter. A partir desse
Use in the Dictionary momento, a lista de cabeçalhos se torna referência para as bibliotecas
1909
Calatogues of the do mundo todo, que a traduzem em outros idiomas (português do
Library of Congress Brasil, em 1948; francês, em 1946 e 1980; espanhol, árabe etc.). Em
1975, passa a ser denominada Library of Congress Subject Headings
(LCSH).
Minnie Earl Sears foi a autora da Lista de cabeçalhos de assunto
List of Subject Headings
1923 SEARS. Trata-se de uma versão reduzida da LCSH para bibliotecas pe-
for Small Libraries
quenas.

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 27


Guia de cabeçalhos de
Juana Manrique de Lara publica, no México, a primeira lista de ca-
assunto
1934 beçalhos em espanhol. Trata-se de uma tradução e adaptação da
para os catálogos
SEARS, da lista da ALA e da LCSH.
dicionários
Aparece a primeira edição do Répertoire de vedettes-matière (RVM),
Répertoire de vedettes-
1946 da Biblioteca da Universidade de Laval (Canadá), com 11 mil cabeça-
-matière (RVM)
lhos de assunto.
SEARS traduzida em
1949 Aparece, na Argentina, a primeira tradução da SEARS.
espanhol
Calvin Mooers propõe o termo descritor para especificar o tema de
1951 Descritor determinada informação em um contexto de recuperação de infor-
mação.

1952 Unitermo Mortimer Taube propõe e explica o método Unitermo.

CORDEIRO
Criação do Classification Research Group (CRG), na Inglaterrra, sob a liderança de B. C.
Vickery, além de A. J. Wells, B. I. Palmer, D. J. Foskett, entre outros. Surgiu em decorrência das
discussões realizadas na Royal Society Scientific Information Conference, em 1948, devido ao
grande aumento da produção científica e da preocupação com as classificações bibliográficas.
1952
Inicialmente, o CRG preocupava-se com a aplicação da análise de facetas para o desenvolvimento
de esquemas de classificação especializados. Sua contribuição para a indexação é marcante,
com a aplicação da técnica de análises de faceta nas linguagens de indexação, por exemplo, no
Thesaurofacet (Cf. Foskett, A. C. 1973, p. 373).
GIL LEIVA
Hans Meter Luhn começa a trabalhar com indexação automática,
1957 Indexação automática aplicando o método da frequência com que a palavra aparece (relativa
e total).

É publicada a norma francesa Z 44-070: 1957 Catalogue alphabétique


1957 NF Z 44-070: 1957
de matières (1ª edição).
Projetos de
No início da década de 1960, iniciam-se os primeiros projetos de con-
compatibilidade
1960 versão entre vocabulários controlados, por meio de tabelas de equiva-
e integração de
lência, para se ampliarem as buscas em várias bases de dados.
vocabulários controlados
Gerald Salton desenvolve o sistema SMART para a análise automática
1961 Sistema SMART
de textos (indexação automática) e a recuperação da informação.

Guidelines for the Diretrizes para a elaboração de tesauros feitas pelo U.S. Federal
Development of Council for Science and Technology e pelo Committee on Scientific
1967
Information Retrieval and Technical Information (COSATI). Washington: Government
Thesauri Printing Office, 1967.

Lista de cabeçalhos em espanhol para grandes bibliotecas gerais e


Lista de cabeçalhos de
1967 especializadas, compilada por Carmen Rovira e Jorge Aguayo, sob a
assunto para bibliotecas
supervisão da União Panamericana.
ISO/R 919: 1969 Guide
pour l’elaboration
Essa norma foi posteriormente revisada e substituída pela ISO 10241:
1969 des vocabulaires
1992 Terminology standards – Preparation and layout.
systématiques (exemple
de méthode)
CORDEIRO
Segundo La Barre (2010, p. 256 apud ATHERTON, 1962; RANGANATHAN, 1965), foi um perío-
do de intensa atividade na experimentação inicial da recuperação da informação, com projetos
1950-1968
e testagem de esquemas de classificação facetados ou o uso de análises de faceta para a criação
de sistemas de indexação.

28 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


GIL LEIVA
Guidelines for the
Establishment and
1970 Development of Encarregada e publicada pela Unesco.
Monolingual Scientific
and Technical
Sistema de indexação
1974 Desenvolvido por Derek Austin na British National Bibliography.
PRECIS
Guidelines for the establishment and development of monolingual
1974 ISO 2788: 1974
thesauri (1ª edição).
American national standard guidelines for thesaurus structure,
1974 ANSI Z39.19-1974
construction and use.
Norma francesa sobre indexação, denominada Principles généraux
1978 NF Z 47-102: 1978
pour l’indexation des documents.

FUJITA

Década de Abordando aspectos linguísticos e cognitivos, Austin (1974), Jones (1976), Borko (1977), Cooper
1970 (1978) e Fugmann (1979) forneceram lastros teóricos para investigações posteriores.

GIL LEIVA
Répertoire d’autorité- Como iniciativa da Biblioteca Nacional francesa, aparece a primeira
-matière encyclopédique edição do Répertoire d’autorité-matière encyclopédique et
1980
et alphabétique unifié alphabétique unifié (RAMEAU). Foram tomadas como referência a
(RAMEAU) RVM Laval e a LCSH.
Norma ISO chamada de Information and documentation. Vocabulary.
Acquisition, identification and analysis of documents and data. Nela
1981 ISO 5127 / 3A – 1981 são definidos conceitos como cabeçalho de assunto, de forma, inde-
xação, extração de termos, indexação pré-coordenada e pós-coorde-
nada, entre outros.

Norma ISO denominada Documentation and information. Part 1:


Basic concepts. São definidos conceitos utilizados na indexação, como
1983 ISO 5127 / 1– 1983
linguagem e terminologia, linguagem natural, linguagem artificial,
terminologia, sinonímia, quase-sinonímia, polissemia etc.

Norma britânica de indexação denominada Recommendations for


BS 6529: 1984 examining documents, determining their subjects and selecting
indexing terms.
1984
NC 39-22: 1984 Norma cubana denominada Indización manual de documentos.

Lista de cabeçalhos de assunto em espanhol, equivalente à LCSH. Em


1983 Bilindex
2007, foi publicada a 15ª edição.

Documentation and information: vocabulary; part 6 (documentary


1983 ISO 5127 / 6-1983
languages). A norma espanhola equivalente é a UNE 50113– 6:1997.

É publicada a norma francesa Z 47-200: 1985, intitulada Liste


1985 NF Z 47-200: 1985
d’autorité de matières: Structure et règles d’emploi.

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 29


Methods for examining documents. Determining their subjects and
selectin indexing terms. Tomando como ponto de partida a france-
sa NF Z 47-102 1978 e a britânica BS 6529:1984, o comitê técnico
1985 ISO 5963: 1985
da ISO redigiu essa norma, que foi traduzida e adaptada por muitos
países (na Itália, UNI ISO 5963:1989; em Portugal, NP 3715:1989; na
Espanha, UNE 50-121-91; no Brasil, NBR 12676: 1992).

A ISO publica as Guidelines for the establishment and development of


1985 ISO 5964: 1985
multilingual thesauri (1ª edição).

Abandono dos símbolos Com a 10ª edição da LCSH, são substituídos os símbolos tradicionais
tradicionais das listas de das listas de cabeçalhos (x, See, xx, s.a., v.a.) pelos dos tesauros (SN,
1986
cabeçalhos pelos dos USE, UF, BT, NT, RT). A partir daí, muitas outras listas de assuntos ado-
próprios tesauros tam essa simbologia.

Indexation analytique par matière. Trata-se da atualização da norma


1986 NF Z 44-070: 1986
que apareceu em 1957, mas com uma denominação diferente.

Catalogue-Forme et structure des vedetes noms de personne, des


vedettes titres, des rubriques de classement et des titres forgés. Pros-
1986 NF Z 44-061: 1986
segue a normalização dos pontos de acesso tanto nos catálogos de
assunto como nos cabeçalhos de nomes de pessoas.

A ISO edita as Guidelines for the establishment and development of


1986 ISO 2788.1986
monolingual thesauri (2ª edição).
Publicação da norma francesa Indexation analytique par matière para
1986 NF Z 44-070:1986 atualizar a norma anterior em indexação de assuntos, que datava de
1957.

O Sistema Unificado de Linguagens em Medicina é um projeto de


Unified Medical
1986 integração e exploração de vocabulários de ciências da saúde iniciado
Language System
e mantido pela Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos.

FUJITA

Fugmann (1984) desenvolve uma teoria de indexação a partir de cinco axiomas relacionados à
estratégia de busca e recuperação em bases de dados, e inicia uma longa discussão sobre políti-
Década de
cas de indexação que antecipam resultados da busca e recuperação da informação para ganhar
1980
tempo de pesquisa do usuário. Soergel (1985) utiliza uma concepção de indexação orientada
pelo documento, que não considera o contexto e as necessidades dos usuários.

GIL LEIVA

O desenvolvimento da internet supôs a difusão e a popularização de


conceitos (palavras-chave, descritores, vocabulário controlado, te-
sauros, classificações temáticas), técnicas (classificação, indexação,
Universalização da
1995- indexação automática) e práticas (elaboração de tesauros ou de clas-
internet
sificações) que, até esse momento, eram próprias de bibliotecários,
documentalistas e arquivistas. Definitivamente, tudo isso criou um
universo da indexação na web.
A partir da metade da década de 1990, começa a generalização
do uso de metadados como forma de definir, estruturar e fazer um
intercâmbio de dados entre sistemas de informação. Nesses anos,
1995 Metadados aparece também a lista de metadados de Dublin Core. A maioria
das linguagens específicas tem etiquetas para abrigar o resultado da
indexação, como <subject>, <keywords>, <corpname>, <persname>,
<geoname>, <date> etc.

30 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


conclusão

Iniciativa da Conference of European National Librarians (CENL) na


criação do Projeto MACS (Multilingual Access to Subject – Acesso
temático multilíngue), com as principais bibliotecas nacionais euro-
1997 Projeto MACS
peias. A intenção é facilitar a recuperação diante da compatibilização
de três linguagens de indexação: o SWD/RSWK alemão, o RAMEAU
francês e a LCSH, usada no Reino Unido e na Suíça.

FUJITA
Na década de 1990, Fidel (1994) aborda a indexação a partir de concepções orientadas a
usuários e suas demandas na recuperação da informação, ou seja, de forma diferente das
concepções mais exclusivamente orientadas ao documento. Na perspectiva da concepção
orientada pelo usuário, os estudos de avaliação da indexação usam as características ou
qualidades de exaustividade, especificidade, correção e consistência, que podem ser medi-
das pela recuperação e, ao mesmo tempo, modificá-la e aprimorá-la. Albrechtsen (1993)
Década de 1990 e propõe a existência de três concepções de análise de assunto no processo de indexação: a
simplista, a orientada para o conteúdo e a orientada para a demanda. Farrow (1991), com
início dos anos
um modelo do processo cognitivo da indexação de documentos, além de Bertrand e Cellier
2000
(1995), enfatizam a perspectiva cognitiva da indexação. Ainda, Lancaster (1993) e Fugmann
(1993) aliam teoria e prática, e Frohman (1990) propõe regras para a indexação sem a pers-
pectiva do que ele denomina “mentalismo”.
A partir de 2000, surgem, com Mai (2001) a perspectiva da semiótica para a análise da
natureza do processo de indexação de assunto e a perspectiva da indexação orientada pelo
domínio (MAI, 2004).
Fonte: Adaptado de Gil Leiva (2008, p. 110-114; 2012, p. 100-105) e de Fujita (2013, p. 147).

Multimídia
Convidamos você a pesquisar, na internet, alguns dos registros
ou instrumentos citados no quadro relativo à cronologia da indexa-
ção. Por exemplo, visualize como as cartelas (etiquetas) eram colo-
cadas nas varetas dos papiros enrolados.

1.6 CONCLUSÃO
Iniciamos nossa Unidade apresentando noções dos processos e pro-
dutos da representação temática da informação. Em seguida, mostramos
sua importância para a recuperação e o uso social dela. Exploramos os
três momentos teórico-metodológicos na história do tratamento temá-
tico da informação: catalogação de assunto, indexação e análise docu-
mentária. Vimos que as origens da indexação estão relacionadas a tarefas
realizadas pelos antigos escribas da Mesopotâmia e, ainda, por que não
podemos igualar o ato de elaboração de listas à criação de índices.

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 31


RESUMO
Nesta Unidade, abordamos a importância dos processos e produtos de
representação temática para a recuperação e o uso social da informação.
Vimos que a competência profissional do bibliotecário quanto à orga-
nização do conhecimento pode ser pensada, entre outros enfoques, na
perspectiva de três grandes subáreas: a gestão de unidades de informa-
ção, o tratamento da informação e a gestão de seu uso social. Cada uma
delas tem suas especificidades, além de correspondências e interlocuções
necessárias. Foram citadas dez premissas da organização do conheci-
mento e estudados três momentos teórico-metodológicos na história da
indexação (catalogação de assunto, indexação e análise documentária).
Indicamos, também, fatos pertencentes à história da indexação, em um
quadro cronológico.

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34 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


UNIDADE 2
PERCEPÇÃO DA INFORMAÇÃO PELO
INDIVÍDUO E PROCESSAMENTO
COGNITIVO. INDEXAÇÃO: ANÁLISE
CONCEITUAL E REPRESENTAÇÃO

2.1 OBJETIVO GERAL


Introduzir conteúdo sobre a percepção sensorial da informação pelo sujeito, visando à indexação; ex-
plicitar a leitura documentária, as etapas da indexação e seus desdobramentos, a fim de evidenciar seus
processos e produtos, bem como descrever os princípios norteadores da leitura documentária e indicar
fatores relacionados à qualidade da indexação.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS


Esperamos que, ao final desta Unidade, você seja capaz de:
a) apresentar noções sobre o processamento da informação humana;
b) demonstrar a dimensão da leitura documentária;
c) reconhecer as etapas (estágios) e subetapas da indexação;
d) relatar as abordagens na indexação e possíveis princípios norteadores para a leitura documentária;
e) apresentar noções sobre a qualidade da indexação.

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 35


2.3 INTRODUÇÃO
A representação temática da informação ou dos documentos tem
como atividade central o processo de análise conceitual e condensação
(ou sumarização) do conteúdo presente neles, que resulta no que deno-
minamos de indexação de assuntos. Esta é realizada com a finalidade
de estabelecer pontos de acesso dos documentos (nomes, atividades,
disciplinas, locais, épocas, entre outros), para possibilitar sua recupera-
ção e seu uso, e deve ser entendida como um processo comunicacional
interativo e inserido em um contexto situacional. As necessidades dos
usuários em relação aos documentos variam, fazendo com que um docu-
mento possa ser múltiplo-indexado para permitir a busca por diferentes
aspectos. Na realidade da internet, esses estoques de informação são
“espaços de fluxos”, expressão usada por Santaella, a partir de Castells,
para denominar a sociedade em que vivemos no espaço da web, “[…]
que caracteriza uma lógica organizacional independente de localização”.
Evidentemente, esses pontos de acesso funcionam como fragmentos-
-chave do documento e não podem ser comparados com ele comple-
to. Essa condição é inseparável da atividade de indexação, bem como o
equilíbrio entre os domínios objetivo e subjetivo nos serviços e nas ope-
rações atreladas à representação documentária. Como destaca Portella,
“a cultura do Ocidente é uma cultura que fez uma divisão radical entre o
objetivo e o subjetivo”. Esta última dimensão foi tida como um foco de
perturbação, e é tempo de convivermos, nas nossas atividades institucio-
nais, com esses dois horizontes.
As representações resultantes da análise e da condensação dos docu-
mentos podem ser expressas de forma verbal ou notacional.

2.4 PERCEPÇÃO DA
INFORMAÇÃO PARA
SEU PROCESSAMENTO:
CONSIDERAÇÕES
O tema da leitura é abordado na literatura de Biblioteconomia de for-
ma recorrente e com importantes e diferentes enfoques no domínio das
especialidades da área. Por exemplo, é tema central no âmbito da história
do livro, das bibliotecas públicas e escolares, das práticas sociais, entre
outros. Contudo, nosso enfoque será na leitura técnica realizada pelo in-
dexador, que pode ser também nomeada como leitura documentária, lei-
tura indexadora ou análise do indexador (ou, ainda, análise indexadora).
Antes de entrarmos no tema propriamente dito, ou seja, na leitura do-
cumentária, enfocamos, aqui, de forma introdutória, o processamento da
informação humana, expressão usada por Farrow (1991, 1995), um dos

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 37


precursores do estudo desse tema no âmbito da indexação. Nesse uni-
verso, são abordados elementos do processo cognitivo necessários para
colocá-la em prática.
Conforme Farrow (1995), Gil Leiva (2008), Cleveland e Cleveland
(2013), dentre outros, a percepção da informação está sujeita aos
sentidos. Sabemos que recebemos informações sobre o ambiente onde
estamos mediante nossos cinco sentidos: visão, audição, tato, olfato e
paladar.
Sobre a percepção sensorial da informação pelo indivíduo, é
interessante observar como Gil Leiva (2012, p. 41) relaciona os sentidos
da visão, da audição e do tato – que não está explicitado na citação a
seguir – com a informação que pode chegar ao indexador.

Pela visão, recebe o texto escrito (livro, artigo, lei


etc.), a imagem fixa (fotografia, anúncio publicitário
etc.) e a imagem em movimento (vídeo, filme), bem
como objetos físicos sujeitos à indexação (escultura).
Pela audição, recebe os sons articulados por sistemas
linguísticos (discurso), sons por composição artística
(música), sons pela interação social (ruídos urbanos,
domésticos, festas etc.), sons mecânico-industriais
(cadeia de produção, perfurações etc.), sons da
natureza (ruídos da floresta, ondas etc.) ou sons
apelativos (relógios, timbres, sinos chamando para
a oração etc.). No momento em que a informação
é percebida por algum dos sentidos, são ativados os
processos da memória.

Na continuidade, apresentaremos o tema da percepção da informação


com base nas ideias de Cleveland e Cleveland (2013), quando relacionam
a percepção com a classificação e o processo de indexação.
Inicialmente, é preciso ressaltar, como explicam tais autores, que, para
o funcionamento do cérebro, é primordial compreender a relação entre
percepção e classificação de objetos e ideias. Eles advertem sobre o fato
de que, em consonância com isso, “[…] a percepção e a classificação
de objetos e ideias são fundamentais para o processo de indexação”
(CLEVELAND; CLEVELAND, 2013, p. 49). Corroborando com o que
pontuamos no parágrafo anterior, os autores esclarecem que a percepção
é “o processo pelo qual os organismos vivos tornam-se conscientes das
coisas e atividades em torno deles. Para um organismo sobreviver, ele
necessita de informação sobre seu ambiente e obtém essa informação
através de seus sentidos”. Continuam:

a percepção é o ato de produzir algo significativo a


partir de padrões em informação sensorial. É basica-
mente uma questão de combinar padrões. Pode ser
vista como parte de um processo de quatro etapas:
(1) nós sentimos; (2) nós selecionamos; (3) nós perce-
bemos; e (4) então nós entendemos.

Quanto à preocupação das pesquisas sobre percepção desenvolvidas


pelos cientistas, Cleveland e Cleveland (2013, p. 49) esclarecem que ela
se relaciona

38 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


[…] com a forma como adquirimos informação e co-
nhecimento sobre o nosso mundo através da ação
dos nossos órgãos sensoriais e da sua interação com
os nossos cérebros. Eles estudam os sentidos huma-
nos da visão, audição, olfato, tato e paladar. Para as
pessoas [que não têm problema de visão], a visão é
o sentido dominante, respondendo por cerca de dois
terços de tudo o que eles sabem.

Possuímos no cérebro áreas dedicadas a cada sentido. “Essas áreas


incluem neurônios que recebem e processam a entrada sensorial. Em todos
os momentos em que estamos acordados, nosso cérebro é inundado com
informações sensoriais de nossos olhos, ouvidos, nariz, pele e língua”
(CLEVELAND; CLEVELAND, 2013, p. 49). Ele, então, compara esses sinais
com experiências anteriores.
Os autores indagam: “Como essas áreas sensoriais de nossos cérebros
são organizadas e como elas funcionam?”. Observam que o ponto ini-
cial se dá mediante a “classificação ou o arranjo de coisas semelhantes
em grupos. A classificação é tão antiga quanto o pensamento humano,
é uma atividade natural da mente humana”. Quando nos defrontamos
com novas ideias, logo tentamos entender a nova situação, procurando
encontrar algo semelhante a isso na base de nosso conhecimento mental.
É a procura de características conhecidas daquilo que se apresenta como
novo.
Recorrendo a Farrow (1995, p. 244), os autores esclarecem:

A informação que chega através dos órgãos sensoriais


é rapidamente examinada pelo cérebro, que procura
padrões. Ele tenta combinar padrões que já estão ar-
mazenados. Se não houver uma correspondência, ela
selecionará determinadas informações para processa-
mento adicional. A informação não selecionada neste
[estágio] é perdida.

Vale acentuar que Farrow (1995) enfoca as estruturas de memórias e


as distingue como de curto e longo prazos. Em complementação a isso,
Gil Leiva (2008, p. 31), por meio de Veja (1998, p. 59), elucida que as
pesquisas sobre o assunto distinguem essas estruturas em memórias:
sensorial, de curto e de longo prazo. “Cada uma dessas estruturas tem
propriedades funcionais específicas sobre o tipo de informação que
armazena, a capacidade de armazenamento, a persistência temporal
da informação e o formato simbólico da informação” (GIL LEIVA, 2012,
p. 42).

Durante a indexação, a memória entra em jogo


constantemente, uma vez que o indexador tem
muitos conhecimentos armazenados e os utiliza
a cada momento. Armazena dados relativos ao
mesmo processo de indexação (tanto teóricos quanto
práticos), adquiridos durante sua formação e através
da experiência, dados da política de indexação da
instituição aplicáveis sobre o uso de linguagem de
indexação ou em relação aos usuários; ou dados
da área em que trabalha (Química, Direito, Meio
Ambiente etc.), entre outros (GIL LEIVA, 2012, p. 42).

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 39


A seguir, mostramos um quadro comparativo entre as propriedades
das memórias de curto e de longo prazo.

Quadro 6 – Diferenças entre memória de curto e de longo prazo

MEMÓRIA PROPRIEDADES DA MEMÓRIA


Persistência limitada:
A informação recebida parece desaparecer entre 15 e 30 se-
gundos após o recebimento. A maioria das pessoas pode re-
petir um número de seis ou sete dígitos imediatamente após
tê-lo escutado pela primeira vez, ou transcorridos alguns se-
gundos; podemos repetir uma lista de seis ou sete palavras
ou letras, assim como a última frase de um interlocutor. No
entanto, em todas essas situações, passados alguns segun-
dos, a informação parece desaparecer por completo.
MCP
Capacidade limitada:
(memória de
Se alguém nos lê 15 dígitos, não seremos capazes de repeti-
curto prazo) -los sem erros, nem que seja logo em seguida. Os limites da
MCP estão estabelecidos em sete unidades de informação.
Quando se excede essa quantidade, a MCP recebe uma so-
brecarga que se manifesta em uma escassa retenção.
Ativação:
Por meio de inputs sensoriais.
Busca ou recuperação da informação:
Acesso quase instantâneo da informação armazenada.
Persistência ilimitada:
A informação armazenada permanece em estado inativo ou
latente e apenas são recuperados fragmentos da informa-
ção, quando uma tarefa assim o exige. Por exemplo, diante
da pergunta “Quem descobriu a América?”, respondemos
de forma rápida, sem erro. O segmento de informação “Co-
lombo descobriu a América” estava armazenado num estado
inativo, até que a pergunta anterior desencadeou o processo
MLP de recuperação dessa informação.

(memória de Capacidade ilimitada:

longo prazo) Podemos armazenar enormes quantidades de informação


que permanecem conosco enquanto vivemos.
Ativação:
Opera a partir de inputs procedentes tanto do exterior como
do próprio sistema cognitivo.
Busca ou recuperação da informação:
Devido ao enorme repertório de conhecimentos que arma-
zena, requer processos sistemáticos de busca e de inferência.
Fonte: Gil Leiva (2012, p. 44), a partir de Veja (1988, p. 89).

Retomando a questão da organização mental, conforme Cleveland


e Cleveland (2013, p. 50), “[…] parece que o cérebro usa categorias
e hierarquias para organizar o conhecimento”. A partir da indicação
dos autores ao texto de Farrow (1995, p. 244) e ampliando a citação,
podemos destacar que ele considera que “[…] categorias e hierarquias

40 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


de categorias são uma forma óbvia de organizar o conhecimento para a
recuperação, pois a informação estruturada é mais facilmente recordada/
lembrada do que a não estruturada”. Ainda conforme Farrow (1995,
p. 244) “as informações podem ser organizadas em redes semânticas.
Quando um conceito é ativado, conceitos relacionados dentro da mesma
rede também são ativados”.
É fundamental o indexador entender os conceitos dos textos e seu
significado, para que possa ter como resultado termos de indexação
satisfatórios. Quando as representações não são um espelho daquilo que
o autor desejou expressar em seu texto, isso resulta em problema no
processo de recuperação da informação. Isso ocorre pois a suposição geral
é a de que o usuário reconhecerá, nos termos de pesquisa selecionados
em sua busca, os significados indicados pelo indexador. Essa combinação
é reconhecida por Cleveland e Cleveland (2013, p. 57) como uma tarefa
difícil e o cerne do desafio ou problema da indexação. Khoo e Na (2006
apud CLEVELAND; CLEVELAND, 2013, p. 57) acreditam que essa sinergia
entre alcançar o significado desejado, idêntico, do texto, via indexação, e
alcançar o mesmo significado através da busca, raramente é verdadeira.
A situação se amplifica com as novas tecnologias, o acesso on-line e as
indexações não profissionais, como os “tagueamentos” em diversos
ambientes e serviços na internet.

A interoperabilidade da informação dos sistemas de


informação entre países, pessoas e instituições é se-
riamente afetada pela área temática, cultura e pela
linguagem primária dos autores dos documentos,
dos indexadores e dos usuários finais. A linguagem
é fluida, uma ferramenta de comunicação humana
dinâmica, com uma complexidade difícil de controlar.
(CLEVELAND; CLEVELAND, 2013, p. 57)

Multimídia
A discussão sobre a indexação profissional e o “tagueamento”
está presente na literatura sobre indexação e ganha acentuada dis-
cussão na nomeação de imagens e documentos audiovisuais no
ambiente da internet.
Sobre esse assunto, consulte o artigo:
CORDEIRO, Rosa Inês de Novais. O delineamento de uma
pesquisa em imagens e audiovisuais na Ciência da Informação:
o “tagueamento” como quarta dimensão. Informação &
Informação, Londrina, v. 23, n. 1, p. 6-30, dez. 2017. Disponível
em: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/
view/32581>. Acesso em: 12 set. 2019.

Com base em Khoo e Na (2006 apud CLEVELAND; CLEVELAND, 2013,


p. 57), Cleveland e Cleveland ressaltam que relacionamentos semânticos
são associações entre conceitos ou conjuntos de conceitos. Associações

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 41


mentais se constroem em nosso processamento mental, as ideias são in-
terligadas, influenciadas por estímulos recebidos e memórias armazena-
das. Como dito anteriormente, os relacionamentos semânticos são uma
parte intrínseca da estrutura lógica em nosso pensamento, e de essencial
importância para o desenvolvimento de ferramentas de indexação.
Os autores concluem, no contexto do processamento mental, que
“[…] o conhecimento estruturado é muito mais fácil de gerenciar do que
o conhecimento não estruturado” (CLEVELAND; CLEVELAND, 2013, p.
50). Segundo eles, “nossas mentes esperam que tudo pertença a alguma
classe”. Tendo em conta “[…] tudo o que sentimos, nossos cérebros iden-
tificam rapidamente um pequeno grupo de coisas conhecidas que são
semelhantes à nova sensação”, isto é, “[…] das milhares de categorias
possíveis, encontramos rapidamente uma a que a sensação pertence e
isso nos ajuda a entendê-la”.
Para o funcionamento da mente, necessitamos da memória, que “[…]
envolve armazenar e recuperar informações organizadas, ou conheci-
mento. A memória move esse conhecimento para as áreas do cérebro
onde é necessário realizar alguma ação mental”. Os autores ilustram essa
afirmação com situações como “[…] controlar uma perna para chutar
uma pedra ou controlar a voz para cantar uma música”.
Ainda incluem na discussão a importância da emoção no processo.
Segundo eles, as emoções são mensagens (ordens mentais) para o cére-
bro e são valiosas em nossa sobrevivência. “O medo, por exemplo, pode
influenciar uma pessoa a evitar ou a fugir do perigo”.
Sobre a atuação desses processos cerebrais básicos no processo de
indexação, concluem dizendo que eles:

[…] influenciam, de fato, dirigem os processos de


pensamento na indexação. Todos os conceitos dis-
cutidos anteriormente entram em jogo nos proces-
sos de indexação. Talvez quando compreendermos
completamente o cérebro humano e como ele
gerencia eventos cognitivos, poderemos usar esse
conhecimento para projetar sistemas de indexação
(CLEVELAND; CLEVELAND, 2013, p. 50).

2.5 A LEITURA
DOCUMENTÁRIA
A leitura documentária, que é realizada pelo bibliotecário no momen-
to da indexação, deve ser vista como uma análise técnica do conteúdo do
documento, afastando-se, portanto, de um estágio de leitura de entrete-
nimento ou sem compromisso (leitura de fruição). O indexador terá como
desafio básico enfrentar “[…] a linguagem e todas as complexidades que
influenciam o processo de indexação”.
No Quadro 7, a seguir, adaptamos a comparação feita por Vanoye e
Goliot-Lété (1994) para indicar a diferença de papéis entre o espectador

42 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


e o analista de um filme, estabelecendo uma analogia com os autores,
a fim de comparar a leitura sem compromisso e a leitura documentária.

Quadro 7 – Comparação entre leitor comum e leitor indexador

LEITOR COMUM LEITOR INDEXADOR


• Passivo, ou melhor, menos ativo • Conscientemente ativo, de maneira
do que o analista – ou, mais exa- racional e estruturada.
tamente ainda, ativo de maneira
instintiva, irracional.
• Faz leitura sem um desígnio parti- • Olha, observa, examina e lê tecni-
cular. camente o texto, espreita e procura
indícios.
• Está submetido ao livro, ao texto, • Submete o texto a seus instrumen-
deixando-se guiar por ele. tos de análise, à política de indexa-
ção e suas suposições.
• Vive um processo de identificação. • Vive um processo de distanciamen-
to.
• Para ele, o livro ou texto pertence • Para ele, o texto pertence ao cam-
ao universo do lazer. po da reflexão, da produção inte-
lectual.
ENTRETENIMENTO TRABALHO
Fonte: Adaptado de Vanoye; Goliot-Lété (1994).

Fujita (1999, p. 102) afirma que existem diferentes propósitos de leitu-


ra, como “[…] lazer, conhecimento, informação. Em análise documentá-
ria, para fins de indexação, a identificação e a extração de termos são os
objetivos da leitura documentária”. A autora também constata “[…] que
o trabalho de um indexador não se restringe a poucos documentos, as-
sim, é razoável supormos que a leitura total do texto é operacionalmente
impraticável para fins de análise documentária”.
Neste momento, devemos situar a importância da linguagem como
“[…] sistema simbólico usado para construir e transmitir informações. Isso
inclui linguagens humanas e linguagens artificiais usadas em dispositivos
tecnológicos, como sistemas de computador” (AMERICAN HERITAGE
DICTIONARY, 2011 apud CLEVELAND; CLEVELAND, 2013, p. 50).
Porém, seu uso tem raízes marcantes na cultura de uma sociedade e
vai muito além da troca de informações ou da comunicação.
Para Cleveland e Cleveland (2013, p. 50),

[…] a linguagem, não importa o contexto cultural ou


social, ou o lugar no mundo, permite que as pessoas
troquem informações, expressem sentimentos e
emoções e influenciem as atividades dos outros. A
evolução da linguagem causou um salto gigantesco
na capacidade da humanidade de se organizar em
sociedades.

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 43


Complementam os autores:

A linguagem é certamente uma das áreas em que


os cérebros humanos são mais desenvolvidos do
que os cérebros de outras criaturas. Alguns outros
animais, por exemplo, baleias e botos, parecem
ter desenvolvido algum tipo de linguagem. Mas a
linguagem humana é mais complexa e isso possibilita
que as pessoas compartilhem ideias mais complexas
(CLEVELAND; CLEVELAND, 2013, p. 51).

De forma muito simplificada, podemos considerar que existem vários


tipos de linguagem, em conformidade aos sistemas utilizados – verbal,
não verbal ou gráfico, além de suas associações (linguagens híbridas).
Nesta disciplina, vamos nos ater aos registros verbais.
A seguir, enfocaremos os elementos estratégicos que norteiam o
processamento da leitura realizada pelo indexador, ou seja, como é feita
a análise técnica de um registro, visando à identificação de conceitos
e à representação do conteúdo do documento em um serviço de
informação. Enfatizamos que a especialidade da representação temática
da informação é a aplicação de parâmetros de indexação que possibilitem
o tratamento documentário de grandes acervos (a indexação deverá
atender a vários documentos por meio da linguagem documentária) e
seu acesso coletivo (as representações deverão dar conta da demanda
pela recuperação dos documentos por diversos perfis de usuários):

Estudos sobre as dificuldades da fase de análise,


realizados a partir da observação da prática
profissional, revelam que indexadores estão, também,
sujeitos a condições específicas de leitura: limite de
tempo, propósito definido, geração de produtos,
conjunto limitado de tipos de textos e áreas de assunto,
além do componente repetitivo em seu trabalho, que
o conduzirá a um processamento automático, além
daqueles associados com a leitura normal fluente.
(CREMMINS, 1982 e MILS; BROUGTHON, 1977 apud
FUJITA, 1999, p. 102).

Kobashi (1996, p. 9), a partir de Lara (1993), expõe o caráter


generalizante das representações documentárias feitas por intermédio
das linguagens documentárias, uma vez que “[…] a indexação não opera
com informações particulares do texto”:

O código de intermediação funciona, nesse sentido,


como um elemento para assegurar um rendimento
informativo modal. A normalização obtida através do
código documentário, embora tenha, por um lado,
um caráter preditivo, impedindo a representação
da subjetividade expressa nos textos originais,
garante, por outro lado, a circulação de informações,
revelando, dessa forma, seu caráter dinâmico. (LARA,
1993, p. 62 apud KOBASHI, 1996, p. 9).

De acordo com Cintra (1987), nas estratégias da leitura documentária,


ou seja, na leitura para fins documentários, os textos analisados são “[…]
desautenticados, na medida em que são deslocados de seus contextos

44 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


naturais e, mesmo assim, dois fatores ativos que determinam a legibilidade
têm, nessa tarefa, papel preponderante”.
A autora, com base em Kato (1985 apud 1987, CINTRA, p. 28), declara
que três elementos essenciais determinam a legibilidade do texto: a
qualidade textual, o conhecimento prévio do leitor e o tipo de estratégia
que o texto exige. Somam-se a isso os fatores que contribuem para a
qualidade textual: a manutenção do tema, a correção gramatical, a
adequação lexical e a estrutura do texto (CINTRA, 1987, p. 28; DIAS;
NAVES, 2013, p. 38).
Dias e Naves, baseados em Cintra (1983), explicitam que “o caráter
interativo da leitura pode ser garantido pelo comprometimento com
os aspectos cultural e ideológico da linguagem tanto na produção do
texto como na sua recepção”. Entretanto, Cintra (1987, p. 29) adverte
que o princípio da interação autor/leitor é rompido na leitura para fins
documentários, pois o autor, quando escreve, não pressupõe o indexador
como leitor. Isso exige que se considere, no processo de indexação, uma
dimensão ainda mais complexa.
Devemos notar que a qualidade do texto é independente do indexa-
dor e, portanto, ele terá em mãos textos de diversas naturezas tipológi-
cas, cuja qualidade de construção segue as exigências de seus autores.
Sobre os tipos textuais, observe o Quadro 16, na Unidade 3.

Se o texto, por exemplo, segue padrões canônicos em


sua estrutura e apresenta-se bem redigido, a leitura
pode não só ser facilitada, como também aumentar
a probabilidade de o trabalho documental ganhar em
precisão. Entretanto, a qualidade do texto não depen-
de do bibliotecário. (CINTRA, 1987, p. 28)

Pois bem, para a compreensão de um documento e sua representa-


ção, é importante que o indexador conheça as estruturas dos textos. De
forma muito sucinta, podemos elencar essas estruturas com base nos
estudos de Teun A. van Dijk, realizados nos anos 1970 e 1980, e citados
de forma contumaz na literatura da área.

Quadro 8 – Macroestrutura, microestrutura e superestrutura de textos

1. A macroestrutura corresponde ao conteúdo global levado a


cabo por uma sequência discursiva.
2. As microestruturas têm expressão direta nos enunciados cons-
titutivos do texto; elas determinam e são determinadas pelas
macroestruturas.
3. A superestrutura é o esquema convencionalizado que fornece a
forma global do conteúdo do texto.
Fonte: Van Dijk (1980 apud Instituto Universitário de Lisboa, 2009).

Segundo Dias e Naves (2013, p. 29-30), citando Van Dijk (1992 apud
KOBASHI, 1996), “[…] a superestrutura é um elemento fundamental
para a apreensão do significado do texto. Ela permite ao leitor monitorar
a leitura, de modo a integrar as várias informações textuais”.
Ler, conforme pontua Castello-Pereira (2003, p. 47), é muito mais do
que decifrar, do que passar os olhos num texto e captar seu significado.

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 45


Existe, no processo de leitura, uma “interação entre autor, texto, leitor”.
Daí considerarmos que a leitura documentária é muito particular e
próxima ao que alguns nomeiam de leitura tópica: “[…] a leitura que se
faz para identificar informações pontuais no texto, localizar verbetes em
um dicionário ou enciclopédia” (2003, p. 53).
Dias e Naves (2013, p. 38) compreendem que é possível distinguir:

[…] dois grupos de estratégias no processo de leitura:


as cognitivas, que são comportamentos automáticos
e inconscientes, e as metacognitivas, que supõem
comportamentos não automáticos, em que o leitor
tem consciência de como está lendo.

Haja vista essa perspectiva, Cintra (1987, p. 32) comenta que, embora
toda leitura envolva esses dois tipos de estratégias, “[…] é provável que
quanto menos atividades metacognitivas exigir, mais legível será o texto.
Entretanto, é também provável que a leitura apenas automática conduza
à incompreensão”.
Portanto, é fundamental o leitor conhecer os mecanismos ou as es-
tratégias que poderão ser usadas para superar a incompreensão de um
texto.

As estratégias cognitivas ficam, então, como


expectativas inconscientes, como atividades realizadas
automaticamente em função de “esquemas”
prévios armazenados na memória de longo termo
do leitor. No caso de qualquer insucesso, o leitor
dispõe de mecanismos ou estratégias de superação
que, aplicadas conscientemente, podem levar à
compreensão. (CINTRA, 1987, p. 32)

A seleção das estratégias que o leitor (bibliotecário ou não) utiliza para


o entendimento de um texto, além das estocadas em sua memória, de-
pende de outros fatores:

[…] da finalidade da leitura, da experiência do leitor,


ou da sua maturidade frente à tarefa de ler, do tipo de
texto lido, da atenção mais concentrada em partes do
texto, do grau de novidade do texto e até mesmo da
motivação para ler. (CINTRA, 1987, p. 32).

Brown (1980 apud CINTRA,1987, p. 34), elenca algumas estratégias


que o leitor deverá considerar na leitura:

a) monitorar, enquanto lê, a finalidade e a compreen-


são da leitura;
b) identificar as partes mais importantes do texto;
c) concentrar mais atenção sobre conteúdos princi-
pais, basicamente sobre o tema;
d) fazer a segmentação do texto, identificando as ma-
croproposições semânticas, isto é, as sequências que
contêm as informações principais;
e) proceder a ações corretivas, quando são detectadas
falhas no processo.

46 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


Por fim, Cintra (1987, p. 34) conclui que, apesar de as estratégias
cognitivas terem um papel fundamental na leitura, “[…] pois comandam
a compreensão ortográfica, sintática e semântica do texto, entendemos
que deva haver um trabalho específico para a passagem de estratégias
cognitivas para metacognitivas.”.
Diante disso, acreditamos que o conhecimento do indexador sobre
tipologia e gêneros textuais é fundamental. Esse aspecto deverá ser con-
templado nas recomendações que orientam sobre a leitura técnica do
documento nas etapas da indexação, naturalmente, considerando o
perfil dos documentos que serão indexados no serviço de informação.

2.5.1 Atividade
Leia os dois textos a seguir e:
a) aponte as relações de semelhança entre os temas ou as si-
tuações que apresentam;
b) faça um esquema, sistematizando tópicos relacionados aos
seguintes aspectos: legibilidade e qualidade do texto, tipos
de estratégias de leitura.
CINTRA, Anna Maria Marques. Estratégias de leitura em
documentação. In: SMIT, Johanna Wilhelmina (Coord.). Análise
documentária: a análise da síntese. Brasília, DF: Ibict, 1987. p. 28-
35. Disponível em: <https://livroaberto.ibict.br/bitstream/1/1011/1/
An%C3%A1lise%20document%C3%A1ria.pdf>. Acesso em: 11
out. 2021.
DIAS, Eduardo Wense; NAVES, Madalena Martins Lopes. A leitura
do texto pelo indexador. In: ______. Análise de assunto: teoria
e prática. 2. ed. Brasília, DF: Briquet de Lemos, 2013. p. 27-41.
Disponível em: <http://biblioteca.fespsp.org.br:8080/pergamumw
eb/vinculos/000008/000008f5.pdf>. Acesso em: 11 out. 2021.

Resposta comentada
a) Ambos os textos relacionam a operação de leitura com a
prática da leitura para fins de indexação. Por exemplo, é ne-
cessário que o bibliotecário conheça as estruturas e os tipos
de textos, uma vez que os autores partem de princípios da
Linguística para criar efeitos em sua escrita.
b) Legibilidade: qualidade do texto, conhecimento prévio do
leitor e tipos de estratégias de leitura que o texto exige.
Qualidade do texto: manutenção do tema, correção grama-
tical, adequação lexical, estruturação textual.
Tipos de estratégias de leitura: cognitivas e metacognitivas.
− Cognitivas: compreendem comportamentos automáticos
e inconscientes.
− Metacognitivas: supõem comportamentos desautomatiza-
dos, na medida em que o leitor tem consciência de como
está lendo.

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 47


2.6 INDEXAÇÃO
Na indexação, são realizados os procedimentos referentes à análise
conceitual, à condensação e à representação dos argumentos principais
dos documentos, indicando-se os conceitos contidos neles, mediante a
nomeação de assuntos selecionados da linguagem natural (indexação li-
vre – sem controle terminológico) ou da artificial (indexação controlada).
O mesmo processo ocorre no ato de classificar, de acordo com os es-
quemas de classificação bibliográfica, quando a descrição dos assuntos
é representada por símbolos, ou seja, por notações. Nos esquemas de
classificação, a notação “[…] é a representação simbólica de suas classes,
divisões e subdivisões”. (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 261). Ela pode
ser pura (formada só por letras ou só por números) ou mista (constituída
de letras e números). Portanto, os termos ou as notações representam os
assuntos-núcleo ou assuntos-chave do documento. Contudo, cabe des-
tacar, conforme adverte Farrow (1995, p. 243), que o classificador analisa
o documento de forma mais global que o indexador.
A indexação é a técnica de representar, de forma resumida, o conteú-
do (conceitos/assuntos) de um documento para sua recuperação e uso,
recorrendo à utilização da linguagem livre ou de instrumentos de inde-
xação (linguagens documentárias). Portanto, a técnica de indexar se
estabelece com os “[…] fundamentos teóricos da indexação, a partir de
perspectivas cognitivas ou linguísticas […], para completar a teoria com a
prática […] ou para propor regras para a indexação dos documentos […]”
(GIL LEIVA, 2012, p. 65).

Atenção
As expressões linguagens de indexação e linguagens docu-
mentárias estão sendo usadas como sinônimos.

Wellisch (1995, p. 16) define indexação como “[…] uma operação ne-
cessária para representar os resultados da análise de um documento por
meio de uma linguagem de indexação controlada ou natural”.
Tradicionalmente, é possível indexar os documentos por palavras ou
por conceitos. No primeiro caso, as palavras são extraídas deles de for-
ma automatizada e pode-se agregar-lhes um vocabulário controlado. No
segundo, que é o enfoque desta disciplina, as ideias-chave (conceitos)
do autor do documento são analisadas pelo indexador e representadas
(traduzidas) por termos de uma linguagem de indexação (linguagem do-
cumentária verbal).

48 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


Figura 2 – Produção de sentido

Documentos em
linguagem verbal
e não verbal

Gerador do documento (autor) → uso da linguagem natural

Interpretantes do documento
• Leitor, visitante, espectador → uso da linguagem natural

• Indexador MEDIADOR ENTRE DOCUMENTOS


E DEMANDAS DOS USUÁRIOS

Tradução para a linguagem controlada do SRI


(uso da linguagem artificial)

Fonte: Produção da própria autora (2012).

A indexação pode ser nomeada como intelectual ou automática. A


intelectual é feita com esforços humanos ou híbridos, que conjugam
o trabalho de humanos e máquinas. Por sua vez, a automática ou
semiautomática tem como foco principal a extração automática de
palavras ou expressões dos textos, mediante o uso de softwares, e é usada
para representar o conteúdo do documento. Nessa segunda modalidade,
também existe a possibilidade de as palavras extraídas automaticamente
serem submetidas a refinamentos, ajustes e complementações do
profissional de indexação.
A indexação e a elaboração de resumos documentários são atividades
relacionadas, pois ambas implicam a condensação do conteúdo (temático)
dos documentos, com vistas à preparação de representações deles, para
sua recuperação e o acesso coletivo.

Atenção
Conforme mencionamos na Unidade I, você deve se lembrar
sempre do papel estratégico das bibliotecas e demais unidades de
informação, pois os documentos são registros do conhecimento e
constituem os acervos desses espaços, necessitando ser organizados e
disponibilizados para que as informações sejam socializadas.

No resumo documentário, é efetuada a condensação e a representação


dos argumentos principais dos documentos, mas, ao contrário da
indexação, nele, a descrição é produzida de forma narrativa, ou
seja, é realizada a sumarização narrativa dos conteúdos (temáticos) dos
documentos, com base nos critérios estabelecidos no SRI (por exemplo,
os resumos documentários estruturados).
Diversas são as definições de indexação, podendo contemplar, parcial
ou totalmente, as ações de analisar, representar e descrever para recuperar.

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 49


Quadro 9 – Algumas definições de indexação

Ato de analisar o conteúdo informacional dos regis-


Borko; Bernier
tros do conhecimento e expressá-lo na linguagem do
(1978, p. 8)
sistema de indexação.

Representação, pelos elementos de uma linguagem


documentária ou natural, das noções resultantes da
NF Z 47-102 1978
análise do conteúdo de um documento, para facilitar
sua localização.

Ato de descrever o conteúdo de documentos ou de-


mandas documentárias, para possibilitar a elaboração García Gutiérrez
de estratégias de recuperação mediante conceitos ou (1984, p. 105)
assuntos.

Ação de descrever ou identificar um documento em


ISO 5963-1985
relação ao conteúdo.

Ato de identificar informação numa entidade de co- Cleveland, D.B.;


nhecimento (textual ou não) e organizá-la, para que Cleveland, A.D.
esteja disponível num sistema de recuperação. (2001, p. 97)

Função que consiste em determinar o assunto temá-


tico dos documentos e expressá-lo em índices (por
exemplo, descritores, cabeçalhos de assunto, núme- Mai (2005, p. 599)
ros de chamada, códigos de classificação ou índice),
para tornar possível a recuperação temática.

Fonte: Gil Leiva (2012, p. 68).

Existem, na literatura, três correntes que dizem respeito a como as


indexações são orientadas, nos sistemas de recuperação da informação,
para a prática indexadora. Consideramos que as abordagens devem
ser determinadas em uma política de indexação, a partir das seguintes
decisões:
a) abordagem orientada ao documento (quando o assunto do
documento pode ser determinado independentemente do contexto
de uso). Essa abordagem enfoca o documento e sua descrição
intrínseca; ela recomenda ao indexador limitar-se ao texto e aos
desígnios do autor, baseando-se na análise do documento em si.
Segundo Mai (2005), ela é problemática, porque impede o uso
de fatores dependentes do contexto no processo de indexação
(SOERGEL, 1985; LANCASTER, 1991);
b) abordagem orientada ao usuário (considera os conceitos que
representam as necessidades informacionais do usuário, os quais
são convertidos em termos controlados de uma linguagem de
indexação, tendo-se sempre em mente o conhecimento existente
sobre os usuários e suas possíveis necessidades de informação
(ALBRECHTSEN, 1993; FIDEL, 1994).
O indexador se pergunta: “Como eu poderia fazer este documento
ser visível para os usuários em potencial? Que termos deverão ser usados
para transmitir a informação contida neste documento para aqueles
interessados em obtê-lo?”.

50 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


A norma ISO 5963 (1985)/NBR 12676 (1992) aponta que os indexa-
dores podem selecionar os conceitos que identificam como úteis para um
coletivo de usuários;

Explicativo
A sigla ISO refere-se à International Organization for
Standardization, enquanto a sigla ABNT refere-se à Associação
Brasileira de Normas Técnicas.

c) abordagem centrada no domínio do conhecimento (isto é,


campo temático/análise do domínio), nos usuários, indexadores
e documentos. Essa modalidade é proposta por Mai (2005) e se
fundamenta no conhecimento profundo da instituição (história,
metas, objetivos, pessoas e relações profissionais, fluxo da infor-
mação etc).
Mai (2005) subdivide a indexação em quatro processos: análise do
domínio, necessidades dos usuários, papéis desempenhados e adotados
pelos indexadores, e, por último, a análise do documento, tendo-se sempre
em conta os elementos anteriores. O autor usa distintas abordagens para
indexar, diferentemente do previsto no modelo centrado no documento.
Essa proposta vai emitir uma série de perguntas sobre o próprio domínio
do conhecimento, os usuários e os indexadores, ao se prepararem para
analisar um documento e, posteriormente, indexá-lo. Elas não precisam
ser respondidas para cada documento que é indexado, somente quando
for necessário, exceto aquelas referentes à análise do documento. Os
usuários serão analisados pelo indexador dentro do domínio, para que
seja possível entender, de forma mais completa, os usos potenciais dos
documentos, ou seja, sua utilidade e relevância para essas pessoas. Por
sua vez, o indexador não identificará somente os conceitos/assuntos dos
documentos, mas também procurará entender como eles serão usados.

Explicativo
As abordagens de indexação podem também ser consultadas
em Mai (2005) e Gil Leiva (2008, 2012).

Três são as condições inerentes ao processo da indexação e necessitam


ser levadas em conta em seu planejamento, ou seja, são fatores interve-
nientes no processo, que afetarão a qualidade de seu resultado. São elas:
o volume documentário relacionado ao conjunto de documentos
do acervo, os demandantes (conjunto de usuários) e a ambiência ins-

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 51


titucional (conjunto unidade-organizacional). É fundamental que ocorra
a articulação dos conjuntos e do volume documentário, tendo em vista a
permissão do acesso coletivo aos documentos/informações.

Explicativo
• Volume documentário: refere-se ao tamanho do acervo
(ou do estoque de informação).
• Conjuntos de documentos: para organizá-los, leva-se em
conta o perfil dos tipos de documentos quanto a suas
formas e à estrutura do texto/conteúdo, por exemplo,
artigo científico, romance, poesia etc.
• Conjuntos de usuários: consideram-se as características
ou os perfis dos usuários.
• Conjunto unidade-organizacional: constitui-se na am-
biência institucional, que são as características institucio-
nais quanto aos recursos humanos, financeiros, tecnoló-
gicos, entre outros.

É pertinente mencionarmos a “conjunção de vários elementos” que


impactam nos resultados da indexação e, em consequência, em sua qua-
lidade, conforme descreve Gil Leiva (2012, p. 82). São eles:
a) a formação, os conhecimentos do assunto, o grau de profissionalis-
mo e a motivação do indexador;
b) as características do objeto indexado;
c) as condições em que a indexação é realizada.

Atenção
Esse assunto é abordado na seção 2.8, “Qualidade de indexa-
ção: breves comentários a partir da NBR 12676 e princípios de in-
dexação do Unisist”.

No processo da representação temática da informação, existem duas


grandes etapas: a análise conceitual do documento (identificação do
sentido do texto em proposições de ideias-chave) e sua tradução (re-
presentação ou síntese, transposição das ideias-chave), numa linguagem
aceita pelo SRI. Entretanto, a fase de análise conceitual tem sido discutida
na área da representação temática de forma mais tímida e, muitas vezes,
deixando a cargo da recuperação automática a aplicação de mecanismos
de busca que procuram realizar a representação do documento.

52 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


Para Cordeiro (2000), a leitura do indexador, ou melhor, a análise in-
dexadora (ou leitura documentária) produz um metassentido, que é o
resultado da articulação entre universo de documentos, universo de
usuários (demandas dos leitores) e ambiente da unidade-organiza-
cional (fatores e contexto relacionados ao planejamento do SRI em que
se trabalha, além da política institucional).
A área da representação temática da informação vem, tradicionalmen-
te, trabalhando com um paradigma segundo o qual todo texto tem uma
proposição principal que o organiza, podendo esta ser apreensível e codi-
ficada. A teoria do aboutness (tematicidade) reforça esse ponto de vista.
Hjorland (1997) remete à unidade virtual do texto, que resultaria da
articulação das possíveis versões epistemológicas de um item.
O metassentido é construído pela interpretação do indexador, con-
siderando a integração dos “elementos articuladores” (universo de in-
formações, usuários, ambiência do sistema, política de indexação) e seu
conhecimento específico. Isso significa que a tarefa desse profissional é
autônoma e particular, ou seja, seu ponto de vista é independente (em
relação, também, aos demais analistas de textos). Por outro lado, tal-
vez esteja aí uma das causas que expliquem as necessárias diferenças de
abordagens indexadoras para a indexação de um mesmo documento.
Hjorland (1997, p. 41) estabelece que o “[…] assunto de um documento
é o seu potencial informativo”. Assim, determina que “o princípio da
análise de assunto como interpretação do potencial do documento é mo-
dificado por fatores pragmáticos”.
Segundo Cordeiro (2000), quatro princípios norteiam a leitura do in-
dexador, tendo em vista a representação do documento em um SRI: são
os princípios da margem de segurança, do acesso coletivo, da coincidên-
cia e da polirrepresentação, os quais são explicados mais adiante.

Quadro 10 – Etapas da indexação

AUTORES ETAPAS
ANÁLISE REPRESENTAÇÃO
Tradução dos conceitos nos termos da lingua-
Unisist (1981) Determinação do assunto.
gem de indexação.
Exame do documento e estabelecimento do as-
NBR 12676 Tradução desses conceitos nos termos de uma
sunto de seu conteúdo; identificação dos con-
(ABNT, 1992) linguagem de indexação.
ceitos presentes no assunto.
Chaumier Tradução desses conceitos em linguagem natu-
Reconhecimento e extração de conceitos.
(1988) ral.
Tradução dos conceitos selecionados da forma
Conhecimento do conteúdo do documento; es-
em que aparecem impressos no documento
Van Slype colha dos conceitos a serem representados, ba-
para os descritores do thesaurus, aplicando a
(1991) seando-se na aplicação da regra da seletividade
regra da especificidade e incorporação dos ele-
e exaustividade.
mentos sintáticos.
Lancaster
Análise conceitual. Tradução.
(2004)
Expressão dessa análise por meio de códigos,
palavras ou frases representativos do assunto;
Robredo tradução das descrições dos assuntos para a lin-
Análise conceitual do conteúdo do documento.
(2005) guagem de indexação e organização das descri-
ções de acordo com a sintaxe da linguagem de
indexação.
Fonte: Gil Leiva; Fujita (Org.), 2009.

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 53


A dupla função no uso dos procedimentos de indexação (observe as
ilustrações que seguem) deve ser considerada, pois

[…] as técnicas de indexação podem ser usadas, de


um lado, para organizar os conceitos em instrumen-
tos de recuperação da informação, e também por
analogia, para analisar e organizar as perguntas em
conceitos representados como descritores ou combi-
nações de descritores, símbolos de classificação etc.
(UNISIST, 1981, p. 85).

Nos sistemas informatizados, a demanda dos usuários precisa ser


acompanhada:

[…] para isso é necessário que haja uma interface na


qual os usuários possam descrever suas necessidades
e questões, e através da qual possam também exami-
nar os documentos atinentes recuperados e/ou suas
representações (SOUZA, 2006, p. 163).

Então, para Cesarino (1985, p. 162),

[…] a análise conceitual do documento e da questão


do usuário vai resultar em termos que representam a
chave para a recuperação da informação. Esse con-
junto de termos preferenciais constitui a linguagem
do sistema.

Porém, Pret e Cordeiro (2015, p. 8) advertem que

[…] estas padronizações são acordos, regras instáveis,


cuja eficácia está vinculada aos usos informativos que
cada comunidade discursiva tem em seu microuniverso.

Figura 3 – Processo e objetivo da indexação para a recuperação da informação


Documentos

Determinação Organização
Representação
de conceitos da informação
indexada
Impressão e outros dispositivos
de saída (opcional)

Instrumentos de indexação
(tesauros, classificação etc.) Instrumentos de recuperação
(índices, arquivos, catálogos)

Determinação Saída de
Pedidos

Representação informações
de conceitos
indexadas

Processo Objetivos Respostas


de indexação da indexação dos pedidos

Fonte: Unisist (1981, p. 94).

54 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


Explicativo
Veja, a seguir, algumas formas de apresentação das atividades
que são desempenhadas em um SRI.
Cesarino (1985, p. 161) apresenta a estrutura de um SRI consti-
tuída por cinco subsistemas:

a) seleção e aquisição de documentos;


b) indexação, incluindo o processo de análise con-
ceitual dos documentos e a tradução do resultado
dessa análise para o vocabulário do sistema;
c) organização e manutenção dos arquivos;
d) estratégia de busca, que também envolve o pro-
cesso de análise conceitual das questões propostas
pelo usuário e sua tradução para a linguagem do
sistema;
e) interação usuário x sistema de recuperação da in-
formação.

Para Dias e Naves (2013, p. 5), os subsistemas de um SRI são


assim constituídos:

1 Subsistemas de entrada
– Desenvolvimento da coleção
– Tratamento da informação
– Armazenagem

2 Subsistemas de saída
– Análise/negociação de questões
– Estratégia de busca
– Busca
– Disseminação

Souza (2006, p. 163), tendo em conta a perspectiva dos SRI e


mecanismos de busca na web, propõe a seguinte sistematização
das atividades:

• representação das informações contidas nos docu-


mentos, usualmente através dos processos de inde-
xação e descrição dos documentos;
• armazenamento e gestão física e/ou lógica desses
documentos e de suas representações;
• recuperação das informações representadas e dos
próprios documentos armazenados, de forma a sa-
tisfazer as necessidades de informação dos usuários.
Para isso, é necessário que haja uma interface na
qual os usuários possam descrever suas necessida-
des e questões, e através da qual possam também
examinar os documentos atinentes recuperados e/
ou suas representações.

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 55


Conforme abordamos, as etapas (ou estágios) da indexação e seus
desdobramentos são sistematizados pelos autores de formas diferentes.
Então, propomos, a seguir, uma possível sistematização comentada das
duas etapas (análise conceitual e tradução) e suas subetapas.

2.6.1 INDEXAÇÃO: ETAPAS E SUBETAPAS


Na análise conceitual (em que são observados o conteúdo e a for-
ma), indicamos quatro subetapas: (a) leitura técnica do documento, (b)
interpretação, (c) seleção das ideias-chave e (d) declaração de assunto.
Vamos vê-las a seguir.
a) leitura técnica do documento
As partes ou os elementos (sumário, introdução etc.) que serão
analisados no documento estão relacionados a seu tipo (por exem-
plo: um artigo de jornal é diferente de um artigo de periódico cien-
tífico a ser indexado) e a seu gênero textual (veja as considerações
presentes na seção 3.7, “Resumos documentários”). Nas diretrizes
do Unisist (1981, p. 86), é posto que “[…] a compreensão total
desses documentos depende de uma leitura extensiva do texto. Por
razões econômicas, no entanto, isto geralmente é impraticável e
nem sempre necessário”. O texto segue:

Não se recomenda a indexação exclusiva e diretamen-


te derivada do título e um resumo, se houver, não
deve ser considerado como um substituto satisfatório
da leitura e exame do texto. Os títulos podem ser en-
ganadores; tanto o título quanto o resumo podem ser
inadequados e, em muitos casos, nenhum dos dois
será uma fonte segura do tipo de informação requeri-
da por um indexador (UNISIST, 1981, p. 87).

A seguir, apresentamos uma comparação, feita por Fujita, entre


duas orientações para leitura técnica de um documento: a que está
presente na norma ISO 5963, bastante sucinta, e a do Manual de
indexação para a base de dados Lilacs (BIREME,1988).

Quadro 11 – Leitura técnica do documento


continua

Leitura técnica da Norma ISO e do Manual de Indexação da Bireme


Norma ISO Manual de Indexação Bireme
– Título e subtítulo Ler cuidadosamente e entender o título.
Ler a introdução até o ponto em que o autor
menciona o propósito do documento e sua cor-
– Resumo, se houver relação com o título. Não tente indexar a intro-
dução, pois, em geral, ela é uma apresentação de
fatos conhecidos sobre o estudo
Prestar atenção aos títulos de capítulos, se-
ções, parágrafos, palavras de destaque no texto
– Sumário (maiúsculas, grifo, itálico), tabelas, gráficos, ilus-
trações, métodos de laboratório, relatos de casos
etc.

56 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


conclusão

Selecionar para indexação somente os assuntos


discutidos no documento e, portanto, de valor
– Introdução
para sua recuperação, e não aqueles que são
apenas mencionados.
Ler as conclusões do autor para determinar se
atingiu os objetivos propostos. Valorizar as con-
– Ilustrações, diagramas,
clusões baseadas no texto, mas não indexar im-
tabelas e seus títulos
plicações ou sugestões para futuras aplicações.
explicativos
Não indexar declarações conclusivas que não te-
nham sido discutidas no texto.
– Palavra ou grupo de
Revisar as referências bibliográficas proporciona-
palavras em destaque
das pelo autor como guia para confirmação de
(sublinhadas, impressas
algum item.
em tipos diferentes etc.)

Revisar o resumo, se existir, para verificar termos


que possam ter sido esquecidos na indexação.
– Referências Revisar os descritores fornecidos pelos autores ou
bibliográficas palavras-chave dadas pelos editores para verificar
se os conceitos apresentados foram discutidos,
realmente, no texto e incluídos na indexação.
Fonte: ISO 5963-1985; Bireme (1988 apud FUJITA, 1999, p. 105).

b) interpretação
Consiste em compreender e identificar os conceitos (ideias-chave)
que formam os assuntos dominantes nos documentos.
A atuação do indexador talvez possa ser vista com a mesma
distinção feita por Orlandi (1996) – no contexto da análise do
discurso, quanto ao sujeito interpretante –, entre leitor-comum e
leitor-analista:

[…] o gesto de interpretação do analista […] se dá


no apoio de um dispositivo teórico e […] o gesto de
interpretação do sujeito comum […] se dá em dispo-
sitivo ideológico com seu efeito de evidência (ORLAN-
DI, 1996, p. 84, grifo nosso).

Pinto Molina (2011, p. 350) adverte que a interpretação é o


momento mais subjetivo da análise de assunto, uma vez que dela
participam diversos fatores extratextuais, como o conhecimento
básico do indexador, o contexto e os objetivos da indexação. O
êxito do ato interpretativo depende da “[…] simetria ou assimetria
entre os processos de produção e de interpretação que envolvem
dois indivíduos com diferentes competências (comunicar e
interpretar)”. Somam-se a isso as competências semiolinguísticas
(componentes linguístico, situacional e discursivo).

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 57


A interpretação pode ser completada com o apoio de um dos
dispositivos de princípios pragmáticos aceitos pela comunidade de
indexadores. Deve-se ressaltar, ainda, que o indexador, em todos os
momentos, a fará influenciado por sua história de vida. Portanto,
a interpretação do assunto de um documento pelo indexador está
sujeita aos seguintes aspectos: (a) cognitivo individual; (b) domínio
cultural; (c) comunidade de indexadores e (d) incertezas.
c) seleção das ideias-chave
Depois de compreender o documento, o indexador deve adotar
uma abordagem lógica, selecionando os conceitos que melhor ex-
pressarão seu assunto.
Uma técnica fundamental a ser usada e explicitada na política de
indexação é a escolha dos conceitos, obedecendo “a um esquema
de categorias reconhecidas como importantes no campo coberto
pelo documento, ex.: o fenômeno, o processo, as propriedades, as
operações, o material, o equipamento etc.” (UNISIST, 1981, p. 87).
Essas categorias poderão ser organizadas como metadados refe-
rentes ao conteúdo do documento. Hearst (1999 apud LANCAS-
TER, 2004, p. 346) diferencia os metadados entre “externos” (au-
tor, lugar, data da publicação etc.) e “de conteúdo”.
d) formulação das declarações de assunto ou preparação para o
preenchimento das categorias
Trata-se da elaboração do(s) enunciado(s) declarativo(s) ou proposi-
ção(ões) que sintetizará(ão) as ideias selecionadas para representar
o conteúdo do documento.
Por sua vez, na tradução (representação ou síntese), apontamos a
subetapa transposição das declarações de assunto.
Essa subetapa apresenta duas formas de transposição: das declarações
de assunto para a linguagem natural e das categorias de análise para a
linguagem do sistema verbal (tesauro, lista de cabeçalhos de assunto,
vocabulários controlados) ou notacional (notações de um esquema de
classificação).
Nas diretrizes do Unisist (1981, p. 91), quanto aos conceitos não en-
contrados na linguagem de indexação ou em um sistema de classificação
bibliográfica, recomenda-se:

Na prática, o indexador encontrará frequentemente


conceitos que não estão representados nos tesauros
ou sistemas de classificação. Dependendo do sistema,
esses conceitos poderão ser admitidos imediatamente
ou o indexador deverá usar descritores mais genéri-
cos. E os novos conceitos ficam como candidatos [ter-
mos candidatos] para uma nova edição.

58 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


Para finalizar esta seção, cabe mencionar a sugestão que Guinchat
e Menou (1994, p. 179) apontam no que diz respeito à determinação
dos assuntos dos documentos. Os autores entendem que as seguintes
perguntas poderão auxiliar na indexação: o quê; de que forma; como;
quando e onde.

– O que aborda ou do que trata o documento? Leva


a determinar os assuntos tratados pelo documento.
– De que forma? Impulsiona a precisar a maneira,
o aspecto como os assuntos são apresentados no
documento.
– Como? Leva a precisar as diversas circunstâncias
que cercam a ação, as causas e as consequências.
– Quando? Data ou período em que se desenvolve a
ação, comumente diferente da data do documento.
– Onde? Lugar onde se desenvolve a ação, quando diz
respeito a uma localidade geográfica determinada.

2.7 PRINCÍPIOS
NORTEADORES
PARA A LEITURA
DOCUMENTÁRIA
Quando o indexador analisa um documento de forma individual, po-
de-se acreditar que o parâmetro a ser considerado é a interseção entre
universo de documentos e universo de usuários, e, de forma menos in-
tensa, a ambiência organizacional. Mesmo que, no serviço de informa-
ção, só exista o universo de documentos – agrupados sem uso –, o inde-
xador irá usar um parâmetro hipotético de possíveis perguntas/interesses
de usuários para ele.

Atenção
Reveja as três correntes que dizem respeito a como as inde-
xações são orientadas, nos sistemas de informação, para a práti-
ca indexadora: abordagem orientada ao documento; abordagem
orientada ao usuário; abordagem centrada no domínio do conhe-
cimento.

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 59


A seguir, serão descritos os princípios que poderão nortear a leitura
documentária, tendo em vista a representação do documento em um SRI
ou serviço de informação (adaptado de CORDEIRO, 2000):
a) princípio da margem de segurança
Na representação documentária, tenta-se trabalhar com elementos
que permitam executar a indexação e a recuperação com certa
margem de segurança (convicção de acerto), para garantir o acesso
ao documento, ou seja, à informação. Isso significa que o indexador
procura resgatar, dos documentos, informações temáticas (assuntos
centrais), que possam representá-los no nível temático no SRI, sem
equívocos de interpretação. Para certificar a margem de segurança
de sua decisão quanto à extração do assunto/conceito central e, se
for o caso, dos assuntos secundários (não menos importantes), o
indexador deverá confirmar a indexação atribuída ao documento
em outros serviços de informação, mediante uso de índices e
catálogos;
b) princípio do acesso coletivo
De forma diferente do analista de textos, o indexador promove o
acesso coletivo à informação, fazendo com que a indexação perca
em profundidade, mas ganhe em abrangência.
A análise da área de representação documentária evidencia que os
procedimentos e instrumentos para o tratamento da informação
buscam a univocidade (homogeneização) da informação a ser re-
cuperada, por meio da observação de algumas variáveis. Em outras
palavras, tenta-se atender a grupos, e não a elementos individuais,
tais como: perfil de usuário que reflita um grupo de usuários, perfil
de documento que reflita um grupo de documentos.
Portanto, quando detectamos o perfil de usuários, tentamos
levantar as características informacionais próprias de cada um,
mas que, ao mesmo tempo, possam ser comparadas entre si, de
modo a gerar o perfil do usuário do/no sistema, ou seja, aquele
que o sistema é capaz de atender, dentro de determinado campo
do conhecimento e considerando determinados pontos de acesso
ao documento. Entre estes, será feita a indexação (representação
temática).
Na prática, o profissional da informação, de forma diferente do
analista de texto de outros campos de estudo (teóricos da inter-
pretação textual), além de pensar na interação entre universo de
documentos, usuários e ambiência do SRI, lê somente partes do
documento individual e tenta dar uma visão do todo da obra, pro-
curando, de alguma forma, sua categorização para uma represen-
tação.
c) princípio da coincidência
O indexador questiona um grupo de documentos por meio de per-
guntas que sejam coincidentes (ou seja, a mesma para todos os do-
cumentos de um grupo) e passíveis de recuperação. A essa sobre-
posição de perguntas, denominamos de princípio da coincidência.
Outro procedimento metodológico são as sobreposições de itens
de informação nos documentos, isto é, quando um mesmo item de
informação aparece em mais de um documento.

60 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


Na realidade, o indexador tenta intermediar e combinar o conteúdo
do universo de documentos com o conteúdo das perguntas dos
leitores, ou seja, o universo de usuários. Esse conjunto atual de
documentos – conforme o ponto de vista organizacional – e esse
outro, ideal, de usuários são definidos antes do ato de indexação.
Eles correspondem a uma política de indexação, a uma matriz de
gestão da informação. Talvez estejamos procurando o conjunto
de documentos que somam a intenção dos textos e o conjunto
de usuários que somam a intenção dos leitores, por meio de suas
perguntas.
É interessante recordar que um instrumento fundamental na efe-
tivação da política de indexação são as linguagens documentárias,
que vão auxiliar o indexador na construção do metassentido. Tra-
ta-se de uma linguagem artificial e construída para o SRI, que tem
como objetivo sistematizar, indexar, armazenar e recuperar os do-
cumentos. Ela é construída com regras prescritivas, estabelecidas
antes de seu uso.
Nesse momento, deve-se relembrar, também, que a linguagem
documentária é construída tendo como base, para o levantamento
dos termos a serem incluídos, as garantias literária e de uso.
A primeira se refere à literatura-núcleo de determinada área do
conhecimento e a segunda, ao perfil dos usuários do sistema. Essa
sistemática demonstra que a decisão sobre os termos a serem
incluídos visa a atender os grupos de documentos e de usuários,
o que reforça o princípio da coincidência e da univocidade na
representação da informação documentária.
O indexador, ao fazer a análise conceitual e, consequentemente, a
síntese do documento, irá traduzi-lo, tendo como principais variá-
veis-limitadoras e direcionadoras a LD e o perfil dos usuários.
Hjorland (1997, p. 43) alerta que é importante estabelecer a
diferença entre a interpretação do potencial de um documento
e seu subsequente processo de tradução, “[…] onde é feita a
tentativa para expressar o assunto do documento, pelo uso de uma
linguagem concreta de recuperação da informação”.
Ainda, o autor afirma que “[…] um documento não tem só um
assunto-verdade. Ele tem várias potencialidades epistemológicas,
às quais são dadas prioridades baseadas em pontos de vista disci-
plinares” (HJORLAND, 1997, p. 42).
Os autores da área de indexação aceitam a ideia de que ocorre uma
polissemia no processo de análise-tradução do documento, para
fins de sua representação documentária. Acredita-se que a minimi-
zação dessa polissemia e o direcionamento do olhar desejado pelo
sistema são diretrizes que devem ser estabelecidas na política de
indexação, na qual os critérios de análise da informação para esse
fim sejam explicitados.
Não tem sido uma prática comum dos SRI explicitar sua política de
indexação, o que também pode ser constatado na literatura e no
acesso aos serviços de informação. Assim, observa-se que, nesses
sistemas, cabe às linguagens documentárias – com ou sem perfil de
usuários – agir como mecanismo redutor da informação e ameni-
zador da polissemia, na análise-tradução do documento, o que nos
parece de resultado pouco satisfatório.

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 61


d) princípio da polirrepresentação
Na indexação e na recuperação da informação, deve-se considerar
que:
– a recuperação faz parte de um processo comunicacional
interativo, estando, portanto, inserida e sujeita a um contexto
situacional;
– as necessidades dos usuários em relação aos documentos são
mutáveis, fazendo com que um documento deva ser múltiplo-
-indexado (por exemplo, usando-se o recurso das categorias
previamente determinadas), para permitir a busca por diferentes
pontos de acesso. Hjorland (1997, p. 47) afirma que “[…] é
muito limitada uma abordagem para projetar um sistema de
informação baseado somente em um tipo de representação
de assunto, refletindo somente um tipo de interesse de
conhecimento”.
Portanto, devem ser ponderados princípios convergentes para a
ampliação do espectro do tratamento da informação, tais como a
“polirrepresentação” (INGWERSEN, 1996 apud HJORLAND, 1997, p.
47) e a “busca interdisciplinar” (BARTOLO; SMITH, 1993, p. 344; KLEIN,
1990 apud HJORLAND, 1997, p. 48).
Segundo Hjorland (1997, p. 42):

[…] não há regras padronizadas para analisar as ca-


racterísticas essenciais dos documentos. Às vezes a
metodologia da pesquisa de um documento é uma
característica essencial; outras vezes, é um aspecto
menos importante.

Tradicionalmente, na indexação e na recuperação, recorre-se aos


parâmetros estabelecidos nos estudos de uso da informação, de modo
a detectar a necessidade dela pelos usuários. De outra parte, Ingwersen
(1996, p. 15), baseado em uma abordagem cognitiva, “[…] examina
a formação mental da necessidade de informação […]” e pesquisa a
interação entre a recuperação da informação e os atos de processamento
dela. Esse autor acredita nas múltiplas necessidades de informação,
alegando que são geradas a partir de diversos fatores (intrínsecos e
extrínsecos). Além disso, é fundamental que, nesse processo, também seja
considerada a interatividade entre espaço cognitivo do usuário e espaço
de informação do SRI, resultando em uma situação variável, ou seja, em
um contexto situacional de necessidade de informação do usuário.
Diante da variabilidade das necessidades, tem-se, analogicamente,
múltiplas representações (pontos de acesso) de um documento. “Em
geral, o modo de manipulação deveria depender da intencionalidade
do usuário do momento, tal como percebido pelo sistema”, segundo
Ingwersen (1996, p. 34).
Dessa forma, para o autor, a perspectiva de estudo da polirrepresenta-
ção deve considerar o decurso situacional que afeta o uso da informação:

O conceito de polirrepresentação procura representar


a necessidade de informação corrente do usuário,
estados de problema e conhecimento, domínio da
tarefa de trabalho ou interesse na forma de estrutura
contextual da causalidade. Ao mesmo tempo, implica

62 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


que nós deveremos aplicar diferentes métodos de
representação e uma variedade de técnicas de RI
[recuperação da informação], de diferente origem
cognitiva e funcional, para objetos de informação,
no espaço de informação. Os objetivos são melhorar
o acesso intelectual para fontes de informação e,
simultaneamente, fornecer ao SRI uma plataforma
contextual enriquecida, que possa sustentar/apoiar
a busca de informação do usuário (INGWERSEN,
1996, p. 4).

Kuhlthau (1991, p. 361), pesquisando o que intitula “processo de


busca da informação” (information search process – ISP), faz uma revisão
de autores e linhas teóricas que trabalham com esse tema. A autora
desenvolve um modelo teórico de ISP, em que descreve seis estágios desse
processo e agrega-os à afetividade, à cognitividade e às ações comuns
para cada estágio.
Esses estudos reforçam a ideia de que a necessidade de uso da
informação pelos usuários atende a critérios bastante diversos e complexos.
Para que aconteça a busca e o consequente uso da informação, é preciso
que ocorra a intermediação e a interação com o SRI. Entretanto, é
fundamental considerar que tais buscas e usos são mutáveis e, muitas
vezes, “[…] o sistema não reconhece os diferentes estados de problemas
[…]” (KUHLTHAU, 1991, p. 370) impostos pelo usuário. Desse modo,
esses sistemas devem refletir a incerteza, não se restringindo a respostas
e perguntas-padrão.
A defesa da amplitude e da relevância situacional (contextual da
causalidade) do uso da informação tem feito com que os documentos
sejam analisados sob diferentes pontos de vista, isto é, considerando-
-se a necessidade da polirrepresentação. A finalidade disso é permitir
o desenvolvimento de metodologias de indexação e recuperação
que considerem sua interdisciplinaridade, bem como de buscas
interdisciplinares. Segundo Kuhlthau, “Uma busca de informação é um
processo de construção que envolve toda a experiência da pessoa, seus
sentimentos, bem como pensamentos e ações […]” (1991, p. 362, grifo
nosso). A autora continua:

Sistemas e intermediários são dirigidos para respostas


a perguntas bem definidas, e não àquelas indefinidas,
que refletem incerteza. Estes sistemas necessitam ser
construídos de modo mais eficiente, acomodando um
extenso conjunto de tarefas, em resposta à articulação
do problema do usuário em todos os estágios do
Processo de Busca da Informação [Information Search
Process – ISP], como, por exemplo, ao oferecer
buscas preliminares, exploratórias, abrangentes
ou resumidas, conforme o estágio de problema do
usuário (KUHLTHAU, 1991, p. 370).

Cabe acrescentar que, entre outros pesquisadores, Bartolo e Smith


(1993, p. 344) testam o modelo de ISP de Kuhlthau e agregam-lhe um
procedimento de busca interdisciplinar.

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 63


2.8 QUALIDADE DE
INDEXAÇÃO: BREVES
COMENTÁRIOS A
PARTIR DA NBR
12676 E PRINCÍPIOS
DE INDEXAÇÃO DO
UNISIST
A qualidade da indexação é resultante de uma política criteriosamente
estabelecida e aplicada no sistema de recuperação da informação. Por-
tanto, nela, deverão constar os fatores que afetam e “[…] caracterizam
tanto o processo quanto o resultado da indexação” (GIL LEIVA, 2008, p.
78). Os seguintes fatores deverão ser explicitados: especificidade e exaus-
tividade da indexação; consistência; qualificações do indexador; qualida-
des dos instrumentos de indexação. Vejamos cada um deles detalhada-
mente:
a) especificidade dos termos atribuídos a um documento, nível
de exaustividade atingido na indexação e limites da exaus-
tividade
Os conceitos de um documento devem ser considerados pelo in-
dexador na mesma proporção atribuída por seu autor. Esse fato se
reflete na exatidão da linguagem de indexação: os assuntos devem
ser representados por entradas diretas e específicas.
O princípio da entrada específica foi assim nomeado por Cutter.
“Regra 16I – Entrar uma obra sob seu cabeçalho de assunto, e não
sob o cabeçalho de uma classe que inclua aquele assunto”. Por
exemplo, em um documento sobre gatos, a indexação será reali-
zada no assunto específico, isto é, em Gatos, e não em Mamíferos
(TORRES, 1992).

Charles Ammi Cutter, em seu Rules for a printed


dictionary catalogue, de 1876, falou da especificidade
na atribuição de assuntos. Ele aconselha que os
documentos sejam indexados por cabeçalhos de
assunto específicos, evitando um cabeçalho mais
geral. Diz, por exemplo, que um livro intitulado “A
arte da pintura” seja indexado por “Pintura”; que
outro chamado “O ferro” seja pelo assunto “Ferro”,
mas não “Metais” ou “Metalurgia”, e um livro de
cacto, “Cacto” e não “Botânica” (CUTTER, 1876, p.
15 apud GIL LEIVA; FUJITA, 2012, p. 80).

64 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


Por sua vez, a exaustividade se refere ao número de conceitos re-
presentados pelos termos atribuídos a um documento pelo indexa-
dor. O excesso de exaustividade pode pulverizar os assuntos-núcleo
do documento.
b) consistência na indexação
Autores como Lancaster (2004), Gil Leiva (2012, 2008), entre ou-
tros, ponderam que a consistência (também nomeada como coe-
rência) é outro fator que deve ser levado em conta na qualidade
da indexação.
Para Zunde e Dexter (1969, p. 259 apud GIL LEIVA, 2012, p. 81),
consistência é “[…] o grau de concordância na representação da
informação essencial de um documento, por meio de um conjunto
de termos de indexação selecionados por cada um dos indexadores
de um grupo”. Gil Leiva (2012, p. 81) acrescenta que:

[…] a consistência na indexação pode ser estudada


como uma referência a um ou vários indexadores.
Quando um profissional indexa o mesmo documento
em momentos diferentes, falamos de intraconsistên-
cia ou consistência intraindexador.

Portanto, a consistência é decorrente da “[…] coerência (ou con-


cordância) entre termos de indexação, atribuídos a uma unidade
documentária específica por diversos indexadores; concordância na
indexação” (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 103).
Gil Leiva (2012, p. 83) também esclarece que, desde os anos 1960,
existe farta literatura sobre o assunto. O autor classifica essa biblio-
grafia em dois grupos: “[…] literatura teórica, que investiga os mo-
tivos que causam os diferentes resultados na indexação e, por outro
lado, uma literatura mais experimental, que procura quantificar a
similaridade entre várias indexações”.

Quadro 12 – Resultado da literatura sobre consistência na indexação

Primeiro grupo
Fatores qualitativos – visam à observância dos seguintes aspectos:
− fatores envolvidos no processo;
− habilidades e metodologias de leitura dos indexadores;
− relação entre a seleção de conceitos e a recuperação;
− as causas que levam os indexadores a escolher ou rejeitar termos de acor-
do com suas propriedades;
− aspectos psicológicos que mediam durante a indexação.
Segundo grupo
Fatores quantitativos – visam à aferição de percentuais entre indexações
realizadas.
− Os índices de consistência são obtidos por meio da comparação entre os
resultados em percentuais, que variam de 1 a 100%, mediante aplicação
de fórmulas diversas de semelhança entre indexações. Essa comparação se
apoia em distintos aspectos, como a experiência (indexadores principian-
tes ou experientes) e os tipos de documentos (livros, patentes, artigos de
jornal, fotografias etc.).
Fonte: adaptado de Gil Leiva (2008, p. 75; 2012, p. 83).

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 65


c) qualificações do indexador (imparcialidade, conhecimento etc.)
A imparcialidade por parte do indexador é um fator necessário
para se obter consistência na indexação. Julgamentos subjetivos na
identificação de conceitos e a consequente escolha de termos de
indexação afetam, inevitavelmente, o desempenho do sistema. A
consistência é mais dificilmente obtida quando a equipe de inde-
xadores é grande, ou quando a indexação é feita por equipes que
trabalham em locais diferentes, como ocorre em sistemas descen-
tralizados. Nestes casos, recomenda-se uma etapa de verificação,
cujos resultados devem ser repassados aos indexadores.
d) qualidade dos instrumentos de indexação
O indexador deve ter o conhecimento adequado sobre o assunto
coberto pelos documentos que está indexando. Deve compreender
os termos encontrados neles, bem como as regras e procedimentos
da linguagem de indexação (linguagem documentária) específica
que está utilizando.
Além disso, a qualidade da indexação depende da hospitalidade da
linguagem utilizada. Ela deve admitir, livremente, novos termos ou mu-
danças na terminologia, bem como atender a novas necessidades dos
usuários. Uma política de atualização frequente é considerada essencial.
Os quatro fatores mencionados, que afetam a qualidade da indexação,
também foram abordados por Lancaster (2004, p. 89), que acrescentou,
ainda, os fatores ambientais. Veja no quadro a seguir.

Quadro 13 – Fatores que podem afetar a qualidade da indexação

Fatores ligados ao indexador: Fatores ligados ao documento:


conhecimento do assunto; conteúdo temático;
experiência; complexidade;
concentração; língua e linguagem;
capacidade de leitura e compreensão. extensão;
apresentação e sumarização.
Fatores ligados ao vocabulário: Fatores ligados ao “processo”:
especificidade/sintaxe; tipo de indexação;
ambiguidade ou imprecisão; regras e instruções;
qualidade do vocabulário de entradas; produtividade exigida;
qualidade da estrutura; exaustividade da indexação.
disponibilidade de instrumentos
auxiliares afins.
Fatores ambientais:
calefação/refrigeração;
iluminação;
ruído.
Fonte: Lancaster (2004, p. 89).

No início dos anos 2000, quando Lancaster apontou esses fatores, ele
alertou sobre a necessidade do desenvolvimento de um maior número
de pesquisas que identificassem, com maior segurança, qual deles teria
maior probabilidade de influenciar na qualidade da indexação. No entan-
to, salientamos que esses fatores são variáveis quando comparados às
realidades sociais, econômicas e tecnológicas em que se configuram os
serviços de informação, bem como a formação profissional.

66 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


Assim, os fatores que podem influenciar a qualidade da indexação
devem ser analisados em uma perspectiva maior, considerando o contex-
to em que se insere o serviço de informação e os parâmetros que serão
aferidos para a verificação da consistência da indexação. Conforme ad-
verte Gil Leiva (2012, p. 83), “[…] fazer comparações entre indexações
é um assunto complicado”. Complementa, na mesma página: “Quando
a intenção é comparar a indexação de uma instituição com outra, é ne-
cessário controlar o número máximo de elementos que, num maior ou
menor grau, afetam o resultado”.

Quadro 14 – Elementos a serem considerados na comparação de indexações

Formação e experiência em indexação: indexador experien-


te x novato
Conhecimento do assunto
INDEXADOR
Domínio das ferramentas de indexação (linguagem de in-
dexação)
Profissionalismo
Políticas de indexação da instituição
Objetivo da indexação: temas principais x especificidade
CONTEXTO
Tipos e necessidades dos usuários
Carga de trabalho e tempo dedicado
Complexidade do objeto indexado: livro infantil x patentes
Características e propriedades do objeto indexado: texto x
OBJETO
material gráfico ou audiovisual
Tamanho: indexação de textos curtos x textos longos
A comparação é executada com palavras-chave tiradas di-
MOMENTO retamente do texto, uma vez convertidas em descritores,
depois de passarem pelo vocabulário controlado.
São muitas as fórmulas matemáticas utilizadas para conse-
FÓRMULA
guir os índices de consistência.
Fonte: Gil Leiva (2008, p. 75; 2012, p. 83).

Nesse contexto, também surge a questão da subjetividade, que é ine-


rente ao processo de indexação. Ampliando esse ponto, convém recupe-
rar a citação a Portella, sobre a divisão absoluta, feita no Ocidente, entre
o objetivo e o subjetivo (2009, p. 15). Conforme continua o autor, pelo
fato de que nos “[…] empenhamos em estabelecer um conhecimento
objetivo dos seres e das coisas”, entendeu-se “[…] que a subjetividade
era um foco de perturbação”. No entanto, nossa realidade é mais ampla
e complexa, não é apenas da ordem do objetivo. Diante disso, é apazi-
guador levarmos para a prática profissional essa dimensão de convívio
entre esses dois modos de traduzir o mundo:

Também é verdade que a subjetividade não está


presente apenas na indexação, pois, como observou
Cleverdon (1984), se duas pessoas ou grupos
constroem um tesauro, pode ser que concordem
com um pouco mais do que a metade dos termos
incluídos; se dois profissionais questionam uma
base de dados com a mesma questão, não chega

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 67


a cinquenta por cento a informação comum que é
recuperada; e, finalmente, se dois pesquisadores são
questionados pela relevância de documentos para
uma dada questão, o acordo entre os dois não passa
de sessenta por cento (GIL LEIVA, 2012, p. 84).

Por fim, de forma sucinta, a NBR 12676 (ASSOCIAÇÃO…, 1992, p. 4)


sinaliza que a qualidade da indexação poderá ser testada, tendo em vista,
entre outros fatores:
a) a análise dos resultados da recuperação, por exemplo, por meio
Revocação do cálculo da relação entre a revocação e a precisão, ou entre os
Pode ser definida como a documentos relevantes recuperados e o número de documentos
“capacidade dos sistemas de pertinentes recuperados;
recuperação de localizar o maior b) o contato com os usuários. Nesse caso, eles podem determinar, por
número possível de informações exemplo, se certos termos ou descritores são passíveis de produzir
relativas aos assuntos solicitados
falsas combinações e, consequentemente, gerar recuperações irre-
pelos usuários” (CUNHA;
CAVALCANTI, 2008, p. 325). levantes.

Precisão
É entendida como a capacidade
do sistema de recuperação
da informação de recuperar
apenas informações relevantes
(específicas) às demandas dos
2.9 CONCLUSÃO
usuários.

A percepção da informação humana está sujeita aos sentidos: visão,


audição, tato, olfato e paladar. Para o funcionamento do cérebro, é pri-
mordial compreender a relação entre percepção e classificação de objetos
e ideias. A leitura documentária tem características peculiares, se compa-
rada com a leitura de fruição. A indexação é uma técnica que consiste
em fazer a extração de conceitos dos documentos, os quais resultarão na
representação de seus assuntos, mediante uso de linguagem controlada
ou livre, a fim de que esses assuntos sejam disponibilizados como pontos
de acesso para a busca documentária e a consulta coletiva.

RESUMO
O estudo da indexação de assuntos é abordado como atividade central
da representação temática da informação, sendo diretamente relaciona-
do com as práticas exercidas nas unidades de informação. Essa técnica
possui duas etapas fundamentais: análise conceitual e tradução. Por sua
vez, elas são desenvolvidas em subetapas: leitura técnica do documento,
interpretação, seleção das ideias-chave, formulação da declaração de as-
sunto e sua transposição para a linguagem do sistema. A leitura realizada
pelo indexador é nomeada como leitura documentária e possui singulari-
dades. A qualidade da indexação é afetada em seu processo e resultado,
e quatro aspectos contribuem para isso: especificidade e exaustividade
da indexação; consistência, qualificações do indexador e qualidade dos
instrumentos de indexação.

68 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


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Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 71


UNIDADE 3
CONDENSAÇÃO
PARA A REPRESENTAÇÃO
DOS DOCUMENTOS: TERMOS,
RESUMOS DOCUMENTÁRIOS,
NOTAÇÕES E ÍNDICES

3.1 OBJETIVO GERAL


Apresentar as noções de conceito, assunto, termo e contexto; explicar o que são resumos documen-
tários, índices e notações, bem como apontar ideias de política de indexação.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS


Esperamos que, ao final desta Unidade, você seja capaz de:
a) definir conceito, assunto, termo e contexto;
b) distinguir formas de documentos e entender a ordem de citação dos assuntos;
c) elaborar resumos documentários, índices e notações;
d) apresentar princípios da política de indexação.

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 73


3.3 INTRODUÇÃO
Nesta última Unidade de nossa disciplina, vamos abordar temas fun-
damentais para o entendimento da prática de indexação. Para pôr em
ação a análise conceitual e a representação do conteúdo de um docu-
mento, precisamos, primeiro, identificar os conceitos presentes no regis-
tro documental e sua ordem de importância quanto ao desenvolvimento
e abordagem dos enunciados pelo autor e aos interesses dos usuários do
serviço de informação.
A definição de conceitos é muito importante em nosso dia a dia, ten-
do em vista que eles são fundamentais “[…] à vida dos indivíduos, pois
simplificam sua percepção do ambiente e permitem a identificação dos
objetos que se encontram nesse ambiente e o acrescimento de novos
elementos aos esquemas individuais de cada um” (DIAS; NAVES, 2013, p.
55). Pois bem, a definição de um conceito é resultante de uma operação
mental, que é realizada pelo indivíduo, por meio de palavras, sinais, sím-
bolos e imagens sobre um item de referência. Dias e Naves (2013, p. 56)
esclarecem que “[…] definir um conceito é uma operação verbal e lógica
bem clara, na qual se usa uma série de ideias logicamente subordinadas
para chegar a uma conclusão geral”.
Nesse processo da análise conceitual e representação (ou tradução)
desses conceitos, nos termos de uma linguagem de indexação (documen-
tária), impõem-se outras expressões, que necessitam ser entendidas por
você, pois estão presentes nos documentos e instrumentos de indexação
(linguagens documentárias). São elas: assunto, termo e contexto.
Alguns autores, entre eles, Kobashi (1996), usam a expressão
“informações documentárias” para a “[…] representação condensada
do conteúdo de documentos, cuja finalidade é facilitar a circulação da
informação nas várias esferas da atividade humana”. Essas condensações
são os resumos documentários e os termos de indexação incluídos nos
diversos índices.

A elaboração de informações documentárias de


natureza textual supõe a transformação de um objeto
(documento) em outros objetos que possam representá-
lo. Trata-se de uma modalidade específica de análise
de textos em que estes últimos são desestruturados,
sintetizados e transformados em novos textos (resumos
documentários e termos de indexação), com base na
distinção entre informação essencial e acessória. É uma
tarefa complexa, na medida em que as representações
assim obtidas, para que cumpram a sua função –
a de substitutos do texto [de partida] para fins de
transferência de informação –, devem exibir uma
característica essencial: a equivalência de sentido com
o texto de partida (KOBASHI, 1996, p. 64-65).

Portanto, nesta Unidade, abordaremos os termos de indexação


e os resumos documentários, bem como os diversos tipos de índices.
Contudo, devemos ter em mente que as notações de um sistema de
classificação bibliográfica também são consideradas condensações
e são representações simbólicas dos assuntos dos documentos. Elas
são apresentadas, nos sistemas de classificação, por meio de símbolos
numéricos e alfabéticos.

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 75


Por fim, estudaremos noções de política de indexação, que são diretri-
zes imprescindíveis na orientação dos critérios que deverão ser aplicados
na atividade de indexação, nos serviços de informação. Esse assunto é
conteúdo específico da disciplina “Políticas de Organização e Representa-
ção da Informação”, mas será apresentado em nossa disciplina, de forma
sucinta, dada sua importância para a tomada de decisão das operações
envolvidas na indexação.

Atenção
Relembrando a função das linguagens documentárias, Tálamo
et al. (1994, p. 18) salientam que elas são

[…] instrumentos intermediários, através dos quais


se traduz, de forma sintética [condensada], as in-
formações contidas nos textos [ou demais registros],
ou as perguntas dos usuários, para a linguagem do
sistema documentário.

3.4 CONCEITO, ASSUNTO,


TERMO E CONTEXTO

3.4.1 Conceito
A formulação de um conceito é resultante de uma operação mental,
“[…] através da qual se apreendem os caráteres essenciais daquilo que se
conhece. É a representação mental do que se sabe, uma ideia, uma coisa,
um julgamento etc” (PIEDADE, 1983, p. 35).
Os conceitos são expressos em palavras, sinais, símbolos e imagens.
Diante dessa afirmação, é importante, já de início, estabelecer a diferen-
ça entre conceitos e palavras. Por exemplo, um falante da língua inglesa
usará a palavra horse, enquanto um da língua francesa dirá cheval para
exatamente o mesmo conceito: cavalo. Ou seja, o conceito é a ideia (a
representação mental) que temos de um referente.
É possível, também, haver um conceito para o qual não haja palavra
que o expresse, ou cuja palavra não conheçamos.
Segundo Langridge (1977), muitos conceitos, embora não todos, são
classes-conceitos. Isso quer dizer que eles são a nossa ideia sobre deter-
minado grupo de objetos.

76 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


Oliveira explica que:

[…] para formar o conceito, faz-se uso de vários pro-


cessos mentais, como análise, síntese, abstração e ge-
neralização.
Análise: operação mental que consiste em separar em
partes, decompor, fragmentar um todo (objeto ou fe-
nômeno) em seus elementos constituintes […]
Síntese: operação mental que, ao contrário da aná-
lise, consiste em recompor um todo […] a partir de
seus elementos constituintes, a fim de compreendê-lo
em sua totalidade.
Abstração: operação mental que consiste em isolar ou
separar, para considerá-lo à parte, um elemento ou par-
te de um todo que não é separável na realidade, a fim
de distinguir o particular (acidental) do geral (essencial).
Generalização: operação mental que consiste em es-
tender a toda uma classe de objetos ou fenômenos os
elementos essenciais, gerais, universais, constatados
num certo número de objetos ou fenômenos da mes-
ma classe (OLIVEIRA, 1997 apud DIAS; NAVES, 2013,
p. 56-57).

Entretanto, a formação de conceitos pode ser influenciada por alguns


motivos: a percepção, a emoção e a linguagem.

– Percepção: esta é que inicia o trabalho mental, é a


matéria-prima para o pensamento.
– Emoção e atitude: toda emoção inclui pelo menos
três aspectos interrelacionados: sentimentos, altera-
ções orgânicas e impulsos para a ação. O termo atitu-
de designa tipos de predisposição para a ação, como
opiniões, preconceitos e níveis de abstração.
– Linguagem: é um sistema de símbolos verbais, pa-
lavras, elaborado e utilizado por uma comunidade
humana para exprimir e comunicar sentimentos e
pensamentos.

Ainda, conforme Dias e Naves (2013, p. 57), “[…] os itens que en-
tram na elaboração final completa do conceito são representados pelas
relações entre o objeto de referência, o próprio conceito e sua expressão
linguística”. Os autores fazem referência a Ogden e Richards para dizer
que, a essas relações, se incluem:

a) a referência de um item (da realidade);


b) as afirmativas sobre o item de referência, produ-
zindo os elementos ou características da unidade do
conceito e a necessária verificabilidade (ou controlabi-
lidade) por outras afirmativas;
c) a designação por um termo, representando a sínte-
se dos elementos do conhecimento.
Triângulo do conceito = Triângulo semântico (OGDEN;
RICHARDS, 1923 apud DIAS; NAVES, 2013, p. 57).

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 77


Por fim, cabe mencionar os estudos de Dahlberg (1978), no âmbito
da teoria do conceito, ou teoria analítica do conceito. Nos anos 1970, a
autora

[…] ocupou-se da questão do conceito, em relação


à Ciência da Informação, por compreender a sua
importância no desenvolvimento de sistemas conceituais
para a representação do conhecimento e informação”
(DAHLBERG, 1978 apud MACULAN; LIMA, 2017, p. 72).

Ela idealizou um triângulo conceitual, a fim de explicar “a natureza e a


estrutura dos conceitos”, conforme mostramos na Figura 1.

Figura 4 – Triângulo do conceito de Dahlberg (1978)


A referente

predicação denotação

características B C termo

designação
Fonte: Gomes (2014).

Conforme descrevem Maculan e Lima (2017, p. 72):

[…] o conceito é composto por uma tríade, sendo que


há o referente, que é o objeto a ser conceitualiza-
do, as características desse objeto, que são todos os
enunciados verdadeiros (ou predicações) a respeito do
referente, e, finalmente, a forma verbal (termo) que
representa o conceito e é o elemento comunicativo
de seu conteúdo.

Curiosidade
Segundo Ranganathan (1998, p. 81 apud LA BARRE, 2010, p.
270), conceito é “[…] uma formação depositada na memória como
um resultado da associação com perceptos já depositados na me-
mória”.

3.4.2 Assunto
O assunto deve ser analisado considerando-se o conteúdo do docu-
mento, que dependerá da representação dos conceitos, a partir de ter-
mos ou notações, abordada no tópico anterior. Nos sistemas de classifi-
cações bibliográficas, teremos as notações e as descrições dos assuntos
correspondentes; já nas linguagens documentárias verbais (por exemplo,

78 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


listas de cabeçalhos de assunto, tesauros e vocabulários controlados), en-
contraremos os termos autorizados para o uso no sistema de recuperação
da informação (RIOS; CORDEIRO, 2010).
Considerando a ideia de assunto na teoria da classificação, podemos
entender que a declaração de assunto de um documento poderá ser
a manifestação de, pelo menos, uma das seguintes facetas apontadas
pelo CRG: coisa/produto (ou parte da coisa/parte do produto), ação (pro-
cesso/operação/atividade), material, agente/instrumento, propriedades,
lugar, tempo e forma. (CRG).
A partir de Rios e Cordeiro (2010), podemos dizer que o assunto
de um documento poderá ser uma disciplina, ramo ou tópico do
conhecimento, função, atividade, espaço geográfico, época,
período ou tempo cronológico, pessoa ou instituição etc., e, de
maneira secundária, ele poderá ser completado com a indicação de uma
forma intelectual, de apresentação e física.
No caso das declarações de assunto cujos conceitos são representados
por assuntos compostos (dois ou mais termos-conceitos) e pelo uso de uma
lista de cabeçalhos de assunto, a ordem de combinação (ou de citação)
das facetas que mencionamos deverá ser previamente estabelecida pela
unidade de informação, visando à manutenção de sua consistência. Ela
poderá ser determinada de acordo com sua importância para a UI, ou
conforme as regras prescritas na linguagem de indexação usada. Essas
regras necessitam ser estabelecidas, pois a ordem de citação forma a
sintaxe da indexação ou do índice. Ao contrário dos catálogos ou índices
impressos, nos sistemas informatizados, essa ordem é desconstruída, no
momento da busca livre, a partir do segundo termo indexado, mas é
relevante que a chave de citação seja realizada no momento da indexação,
para fins de procedimentos lógicos.
É possível fazer uma analogia entre os planos de trabalho que
Ranganathan prevê no ato de classificar um documento e as duas grandes
etapas da indexação: análise conceitual e tradução (ou representação). Veja:
a) o plano ideacional – em que se originam as ideias, sendo,
portanto, o plano da análise dos conceitos, independentemente
dos termos que o denotam ou da codificação/notação que poderão
representá-los em um Código de Classificação. Corresponde à
etapa de análise conceitual;
b) o plano verbal – que deve ser entendido como o das palavras, dos
grupos de palavras, frases, sentenças e parágrafos, na linguagem
natural. Também corresponde à análise conceitual;
c) por sua vez, o plano notacional – com notações que representam
as descrições dos assuntos presentes nos Sistemas de Classificações
Bibliográficas. Corresponde à etapa de tradução ou representa-
ção. Ele pode ser denominado, também, de plano da nomeação
verbal, por trabalhar com termos que representam os assuntos.
Devemos ter em mente que, para a nomeação dos conceitos contidos
na declaração de assunto, será usada uma linguagem documentária
verbal (LDV).

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 79


Quadro 15 – Conceito, assunto, palavra, termo

Conceito: ideia ou representação mental do referente (coisa, ideia, atividade).


• A extração de conceitos tem, como produto/resultado, um assunto, que
representa o conteúdo informacional (temático) de um documento (DIAS; NA-
VES, 2013).
Assunto: reunião de conceitos.
Palavra: designação
• O significado é decorrente do contexto (frase, período) em que a palavra
está inserida.
• Uma palavra isolada pode ter vários significados.
Termo: conceito/ideia + designação
• Designação da ideia ou da representação mental do referente (coisa, ideia,
atividade).
Fonte: Produção da própria autora.

Piedade (1983, p. 35) classifica os assuntos em:


a) básicos: são disciplinas e subdisciplinas em que se encaixam os fe-
nômenos;
b) simples: são temas que pertencem a um único foco de uma única
faceta, de uma só disciplina. Exemplo: Literatura inglesa;
c) compostos: são assuntos que encerram duas ou mais facetas de
uma mesma classe básica. Exemplo: Poesia da literatura francesa
(faceta Língua e faceta Gênero literário da disciplina Literatura);
d) complexos: são temas que incluem conceitos de duas ou mais fa-
cetas de classes básicas diversas. Exemplo: Influência da Bíblia no
romance inglês (facetas tiradas das disciplinas Religião e Literatura);
e) compósitos: não são exatamente assuntos, mas documentos que
tratam de vários deles.

3.4.3 Termo
Os assuntos dos documentos são nomeados por termos. Trata-se da
designação de um conceito em um domínio do conhecimento (lembran-
do que também podemos chamar os conceitos de unidades de conheci-
mento). De forma diversa da palavra, o termo tem seu significado estabe-
lecido mesmo fora do contexto, isto é, isoladamente. Contudo, deve ser
analisado com cuidado, devido a sua natureza linguística.

Explicativo
Conforme Dahlberg (1978), um conceito, expresso em enuncia-
dos, é resultante da identificação de três elementos (formando o
triângulo do conceito), que são: o referente, a(s) característica(s) e
o termo. Portanto, um enunciado, mediante uma definição, deverá
dar conta do reconhecimento do conceito alusivo, considerando os
elementos mencionados.

80 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


Na década de 1980, a autora citada (1978, p. 106) já mencio-
nava a importância da definição, que podemos considerar cada dia
mais acentuada:

Por conseguinte, parece hoje mais do que em qual-


quer outra época necessário fazer todos os esforços
a fim de obter definições corretas dos conceitos,
tanto mais que o contínuo desenvolvimento do co-
nhecimento e da linguagem conduz-nos à utilização
de sempre novos termos e conceitos cujo domínio
nem sempre é fácil manter. A importância das defi-
nições evidencia-se também quando se tem em vis-
ta a comunicação internacional do conhecimento. É
pelo domínio perfeito das estruturas dos conceitos
que será possível obter também perfeita equivalên-
cia verbal. (DAHLBERG, 1978, p. 106).

O termo é formado por uma ou mais palavras e, em geral, é um subs-


tantivo, um adjetivo substantivado ou um verbo substantivado. Eles são
designados, nas listas de cabeçalhos de assunto, como cabeçalhos de
assunto e, nos tesauros, como descritores, isto é, desde que essas lin-
guagens documentárias verbais tenham sido construídas com base em
conceitos.
Deve-se evitar, na determinação dos termos, o uso de adjetivos, advér-
bios e verbos. A norma ISO 25.964 (partes 1 e 2) fornece instruções sobre
o assunto, no âmbito dos tesauros e na interoperabilidade com outros
vocabulários.

Explicativo
Cabe mencionar a explicação de Maculan e Lima (2017, p. 72-
73) quanto aos elementos que compõem um conceito, a partir da
Teoria Analítica do Conceito de Dahlberg:

[…] o conceito é composto por uma tríade, sendo


que há o referente, que é o objeto a ser conceitua-
lizado, as características desse objeto, que são to-
dos os enunciados verdadeiros (ou predicações) a
respeito do referente, e, finalmente, a forma verbal
(termo) que representa o conceito e é o elemento
comunicativo de seu conteúdo.

Ressalta-se, conforme a norma ISO 704 (INTERNATIONAL…,


2000, p. 7-11), que termos, appellation (denominação) ou símbo-
los são formas de representação de um conceito.

Abordaremos, aqui, de forma breve, as linguagens documentárias ver-


bais, devido a sua importância para as etapas da indexação, em especial
para a tradução. Contudo, recordamos que esse conteúdo é referente à

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 81


disciplina “Instrumentos de Representação Temática da Informação II”.
As linguagens documentárias verbais (ou instrumentos de indexação)
possuem regras prescritivas quanto à formação e ao uso dos termos, e
são elaboradas de acordo com os fundamentos da literatura pertinente,
além das normas internacionais e brasileiras. Por exemplo, no âmbito dos
tesauros, entre outras, tem-se a norma ISO 25.964, parte 1/2011 e parte
2/2013 (Information and documentation – Thesauri and interoperability
with other vocabularies).
Diante disso, as linguagens documentárias verbais são construídas a
partir desse conhecimento e conforme abordado na disciplina menciona-
da. Portanto, aqui incluiremos as recomendações comuns para o controle
de vocabulário, independentemente do tipo de LDV. Ao se construir de-
terminada LDV, a literatura própria deverá ser objeto de consulta.
Para a formação de termos que serão autorizados para o uso em uma
LDV e, em consequência, constituirão sua rede conceitual, alguns fe-
nômenos da língua podem ocorrer. De acordo com Gomes (2014), isso
acontece

[…] mesmo sabendo-se que a análise do conceito se


dá a partir do referente – daquilo a que o termo se
refere –, e não da palavra, é a expressão verbal que se
apresenta como elemento de manipulação, ou seja,
tal análise é feita via termo.

Entre outros fenômenos, destacam-se os seguintes:


a) sinonímia
Ocorre quando os termos têm equivalência de significado. Nesse
caso, somente um deles deverá ser autorizado para uso. O termo
não autorizado deverá ser normalizado, conforme metodologia e
instrução de uso da LDV.
Exemplo: Ferrovias e Estradas de ferro.
b) quase-sinonímia
Ocorre em termos cujos significados têm a mesma intenção (GOMES,
2014). A norma ISO 704/2000 define intenção como “o conjunto
de características que formam um conceito” (INTERNATIONAL…,
2000).
Para Grasseschi (1989, p. 112), a expressão quase-sinônimos se
aplica para “[…] termos com equivalência [de significado] apenas
aproximada”.
Para esse caso, observam-se, na literatura, duas recomendações
divergentes: o uso de somente um dos termos ou o emprego de
ambos. Seja qual for a decisão, o critério deverá ser normalizado
conforme metodologia e instrução de uso da LDV. Ressalta-se que
o procedimento mais indicado é o uso de somente um dos termos.
Exemplo: Cadeia, Estabelecimento penitenciário e Presídio.
c) homonímia
É resultante do emprego de uma mesma forma linguística, o ter-
mo, para significados diferentes. Os termos homônimos podem ser
homógrafos (quando têm a mesma forma gráfica) ou homófonos
(quando se igualam apenas na forma fônica).

82 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


Para resolver esse problema, acrescenta-se, para cada termo, um
qualificador/contextualizador entre parênteses, a fim de fixar seus
respectivos significados. Outra possibilidade é especificar melhor o
assunto, por meio de termos adjetivados ou preposicionados.
Exemplo: Vale (acidente geográfico) e Vale (documento escrito para
garantir algo).

3.4.4 Contexto
É importante verificar o contexto em que um documento é produzido
– e para o qual ele existe – quando se realiza sua análise conceitual para
a determinação de seu assunto, na concepção de Dias e Naves (2013).
Esses autores escrevem que elementos como autoria e data de publicação
são descrições contextuais típicas, contudo, também mencionam que in-
formações sobre o ambiente de recuperação onde o documento consta
fazem parte das descrições contextuais.
Conforme Pinto Molina (1995 apud DIAS; NAVES, 2013, p. 64):

[…] aspectos situacionais ou contextuais correspon-


dem à perspectiva pragmática que é estabelecida
como a dimensão prevalecente na pesquisa do texto,
de forma que uma teoria textual implica uma teoria
do contexto.

A autora também cita os contextos de produção e de reprodução, e


diz que o núcleo textual é constituído por contextos científicos, linguísti-
cos e documentários.

3.5 FORMA DE
DOCUMENTOS
Na análise do conteúdo dos documentos, ou seja, análise temática,
lidamos com conceitos de naturezas diversas, que são extraídos dos
documentos, identificados como representativos de seus conteúdos, e,
consequentemente, como pontos de acesso para sua recuperação em
uma unidade de informação. Portanto, na análise conceitual, precisamos
identificar os assuntos dos documentos, ou seja, sobre o que eles tratam,
tendo em vista sua nomeação verbal ou notacional pelo indexador ou
classificador. “A forma nos diz o que um documento é, distinto de sobre
o que é” (LANGRIDGE, 1977, p. 45).
Existem outros aspectos cuja identificação, na análise dos documen-
tos, é importante, mas que dizem respeito a seus elementos físicos, fa-
zendo com que, muitas vezes, sua indexação seja realizada como elemen-
tos secundários. Os três tipos de formas mais comuns são as físicas, as de
apresentação e as intelectuais.
As formas físicas referem-se à natureza física do documento. Assim,
dizem-nos se ele é uma fotografia, um livro, um folheto, um disco etc.

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 83


Não exercem influência em seu assunto. Por exemplo, se um documento
é sobre <concurso de iatismo>, seu conteúdo temático não se altera por
ser um filme, um relatório ou uma fotografia.
Entretanto, é importante notar que uma mesma nomeação pode re-
presentar um conceito de forma física ou de assunto. Por exemplo, em
<comercialização de discos>, o conceito disco refere-se ao assunto do
documento, e não a sua forma.
Todos os documentos possuem forma física, mas nem sempre é ne-
cessário estabelecê-la na declaração de assunto. Sua importância é admi-
nistrativa, pois determinado suporte físico poderá requerer um armaze-
namento específico.
Esclarece Langridge (1977, p. 46) que é evidente que existem “livros
sobre livros, sobre discos e sobre filmes. Algumas vezes um item tem o
mesmo assunto e forma. A Anatomia da bibliomania (The anatomy of
bibliomania), por Holbrook Jackson, é um livro e é sobre livros”.
As formas de apresentação referem-se à organização do conteúdo do
documento dentro da forma física. Diferentes tipos de conceitos de for-
ma de apresentação podem ser reconhecidos. Langridge (1977, p. 47)
cita três grupos distintos delas. O primeiro relaciona-se aos símbolos utili-
zados para transmitir informação. Podem ser:
a) pictóricos, tais como desenhos, mapas e planos;
b) matemáticos, abarcando fórmulas e estatísticas;
c) línguas, por exemplo, inglês, francês e alemão.
O segundo grupo de formas de apresentação “descreve o método de
seleção, arranjo ou apresentação”. O autor os agrupa de modo geral, de
acordo com o que indicam:
a) ordem – alfabética, cronológica, sistemática etc.;
b) formas de “exposição” (apresentação) – conferências, ensaios, re-
latórios etc;
c) reduções – resumos, resenhas, citações etc.;
d) coleções – enciclopédias, seleções etc.;
e) “chaves” – índices, catálogos etc.;
f) regras – códigos, modelos, especificações, receitas etc.
Dependendo do arranjo, disposição ou seleção, identificamos outros
tipos de formas, como catálogos, inventários, códigos, resoluções, leis
etc. Por exemplo, <resolução sobre o cancelamento de disciplinas>, <re-
gistro de cancelamento de disciplina> e <requerimento de cancelamento
de disciplina> possuem formas de apresentação distintas, mas são sobre
o mesmo assunto.
Como já mencionamos, é importante, também, notar que uma mes-
ma nomeação pode representar um conceito de forma de apresentação
ou de assunto. Em <técnicas para elaboração de resumos>, o conceito
<resumos> refere-se ao assunto do documento, e não a sua forma de
apresentação.
Langridge (1977, p. 47) exemplifica: “[…] podemos obviamente escre-
ver sobre ordem alfabética assim como escrever em ordem alfabética”.

84 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


Já o terceiro conjunto de formas de apresentação diz respeito ao gru-
po de interessados, ao ponto de vista dos escritores e à forma intelectual
de abordagem do conteúdo:
a) grupo de interessados: no título de uma publicação, pode ser su-
gerido o público-alvo, quer dizer, é indicada a intenção da publi-
cação a determinado grupo de leitores, por exemplo: Matemática
para economistas ou Psicologia para leigos. A primeira publicação
é sobre Matemática e a segunda, sobre Psicologia. As qualificações
engenheiros e leigos não afetam os assuntos dos documentos;
b) ponto de vista dos escritores (geradores dos documentos):
Langridge (1977, p. 49) elucida que esse aspecto se aproxima do
anterior, a intenção, “mas […] geralmente se refere ao autor de
um documento e não ao seu leitor”. Exemplifica, dizendo que a
situação mais simples de ponto de vista é pró e contra, em que
um autor pode ser “a favor ou contra a emancipação da mulher”,
entre outros posicionamentos;
c) as formas intelectuais de abordagem do conteúdo dos documen-
tos podem estar nomeadas por algumas disciplinas, como Histó-
ria, Biografia, Geografia, Estatística, Filosofia etc. Por exemplo, em
<biografia de Paulo Freire>, Paulo Freire é o assunto e o fenômeno
estudado, <biografia>, é a forma intelectual de abordagem.

3.6 ORDEM DE CITAÇÃO


OU COMBINAÇÃO DOS
ASSUNTOS
Quando lidamos com assuntos compostos, surge o problema da or-
dem de citação, isto é, a ordem em que os termos (ou notações) devem
ser citados e como deve ser realizada a representação do assunto com-
posto. Por exemplo, para um documento cujo assunto seja <construção
de pontes>, temos duas possíveis ordens de citação:

CONSTRUÇÃO – PONTES ou PONTES – CONSTRUÇÃO


No primeiro exemplo, a ordem escolhida foi OPERAÇÃO – TIPO DE
OBRA e, no segundo, TIPO DE OBRA – OPERAÇÃO.
A importância da ordem de citação pode ser ilustrada considerando-se
suas implicações na formação dos cabeçalhos de assunto. Se optarmos
pela ordem <operação-tipo de obra>, teremos, como ponto de acesso
ao conteúdo (assuntos) dos documentos, as operações técnicas, e serão
incluídas, também, as demais operações (construção, demolição, funda-
ção) de um tipo de obra, como pontes, estradas, prédios residências etc.
Já se optarmos pela ordem <tipo de obra-operação>, teremos a situação
inversa.

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 85


Portanto, a chave de citação do cabeçalho de assunto determinará a
posição dos termos. A faceta citada em primeiro lugar agrupará os termos
(conceitos) dela resultantes. Os termos/cabeçalhos de assunto (conceitos)
pertencentes às facetas não privilegiadas em primeiro lugar estarão em
segundo plano para recuperação, e dispersos quanto a seu acesso. Por
isso, são chamados de “conceitos relacionados dispersos”. Entretanto,
com o uso do computador, podemos planejar a busca livre dos termos,
da segunda posição em diante.
Cabe mencionar que a ordem de citação é fundamental na determi-
nação das notações nos sistemas de classificação bibliográfica, a fim de
que se tenha

regras estritas para combinar os símbolos que


representam as partes componentes de assuntos
compostos [mais de um conceito]; são, portanto,
essenciais se quisermos evitar o caos no uso
de um sistema de classificação facetado [ou
semienumerativo]” (LANGRIDGE, 1977, p. 64).

Esse preceito pode ser nomeado, conforme Langridge (1977, p. 64),


além de regra para ordem de citação, também “Ordem de Combinação,
Ordem de Faceta ou, por Ranganathan, Sequência de Faceta”.
Piedade (1983, p. 31) esclarece que “[…] a ordem de aplicação das
várias características utilizadas na classificação” denomina-se, além de
ordem de citação, fórmula de faceta, ordem preferida, ordem de combi-
nação, ordem significativa ou ordem de construção.

3.6.1 Atividade
Aplique a ordem de citação do CRG, mostrada a seguir, nas de-
clarações de assunto: coisa/produto (ou parte da coisa/parte do pro-
duto), ação (processo/operação/atividade), material, agente/instru-
mento, propriedades, lugar, tempo e forma (UNISIST, 1981, p. 87).
Declarações de assunto:
a) terremotos no Japão. Edifícios;
b) medição da resistência elétrica de chuveiros;
c) planejamento urbano da cidade de Curitiba no século XX;
d) manual para alimentação de crianças;
e) comércio eletrônico no Brasil.

Resposta comentada
a) edifícios – terremotos – Japão;
b) chuveiros – resistência elétrica – medição;
c) planejamento urbano – Curitiba (PR) – século XX;
d) crianças – alimentação – manual;
e) comércio eletrônico – Brasil.

86 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


3.7 RESUMOS
DOCUMENTÁRIOS
Conforme já mencionado, a indexação e a elaboração de resumos
documentários são atividades associadas, pois ambas condensam (suma-
rizam) o conteúdo dos documentos, a fim de permitir o acesso a eles nas
unidades ou serviços de informação. Contudo, no resumo, a condensa-
ção é realizada pelo bibliotecário, mediante texto narrativo.
Como nos lembra Lancaster (2004, p. 6, 100), “[…] a indexação de as-
suntos e a redação de resumos são atividades intimamente relacionadas,
pois ambas implicam a preparação de uma representação de conteúdo
temático dos documentos”.
Quanto aos resultados dessas práticas, esclarece que “[…] o resumidor
redige uma descrição narrativa ou síntese do documento e o indexador
descreve seu conteúdo ao empregar um ou vários termos de indexação,
comumente”.
A redação do resumo documentário é realizada em linguagem natural,
bem como sua busca. Nesse tipo de resumo, emprega-se a linguagem do
autor do texto, embora seja um “[…] texto criado pelo resumidor e não
uma transcrição direta do texto do autor”.
Um serviço de informação deve estabelecer critérios (diretrizes básicas)
de redação e conteúdo para a elaboração de resumos documentários,
atentando para os diversos métodos para avaliação de resumos aponta-
dos na literatura. Esses critérios deverão levar em consideração o perfil do
documento e o gênero/tipologia textual que será sumarizado. Serviços de
informação secundários também deverão estabelecê-los, a fim de orien-
tar a preparação de resumos, pelos autores, para a submissão de textos
em publicações e serviços secundários.

Quadro 16 – Tipologias textuais

Autor Tipologias propostas

Descritivo, narrativo, expositivo, argumentativo e


Werlich (1975)
instrutivo.

Normativo, de contato, de indicação de grupo,


Grosse (1976) poético, de automanifestação, exortativo, de
transferência de informação, de transição.

Argumentativo, científico, narrativo, jornalístico e


Van Dijk (1972; 1977) outros possíveis, como conferência, sermão, ates-
tado, petição, discurso público, entre outros.

Narrativo, descritivo, argumentativo, explicativo e


Adam (1992)
dialógico.
Fonte: Gil Leiva (2012, p. 38).

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 87


Explicativo
Para complementar o entendimento do Quadro 16, vale a pena
ler o comentário de Kobashi, relativo às tentativas de classificação
das tipologias textuais:

O texto, em sentido amplo, designa uma unidade de


comunicação organizada sintagmaticamente, dotada
de coesão e coerência. Há diversas tentativas de clas-
sificar os textos dentro de tipologias: pela estrutura
interna (descritivo, narrativo, dissertativo) ou pela fi-
nalidade a que se propõem (texto técnico, científico,
didático, jornalístico, jurídico, político etc.).
Os primeiros estudos sistemáticos sobre os “gêne-
ros” textuais e as “partes do discurso”, são atri-
buídos a Aristóteles. Suas ideias, apresentadas no
âmbito da Retórica, fundamentam, ainda hoje, as
modernas teorias sobre a persuasão (CITELLI, 1989;
OKASABE, 1979 apud KOBASHI, 1997, p. 202).

O principal objetivo de um resumo, conforme Lancaster (2004, p. 6), é


“indicar de que trata o documento ou sintetizar o seu conteúdo”, a fim
de facilitar a seleção do usuário por um documento desejado. Continua
o autor:

Ou seja, [os resumos] ajudam o leitor a decidir se de-


terminado item apresenta a possibilidade de satisfa-
zer seu interesse. Desse modo, poupam o tempo ao
leitor, evitando, por exemplo, que obtenha artigos
que não teriam interesse para ele (2004, p. 103).

A busca de um documento pelo resumo pode ser realizada em lingua-


gem livre, pois o controle de vocabulário fica por conta dos termos de
indexação. Além disso, inclui outras finalidades, como:
a) elucidar o conteúdo de documentos em idiomas que o leitor des-
conheça;
b) alertar ou notificar, de forma corrente, o leitor, ou seja, o compar-
tilhamento de resumos é um meio eficaz para manter as pessoas
informadas a respeito da bibliografia recentemente publicada em
um assunto de seu interesse;
c) auxiliar o indexador, quando os resumos que estiverem junto dos
artigos ou relatórios forem úteis na identificação do conteúdo te-
mático dominante do documento;
d) facilitar, nos sistemas de recuperação informatizados, a identifica-
ção de itens pertinentes e proporcionar acesso a itens armazena-
dos.

88 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


Alguns fatores influenciam no tamanho de um resumo, isto é, em sua
extensão; Lancaster (2004, p. 100) destaca alguns:
a) extensão do item que está sendo resumido;
b) complexidade do conteúdo temático;
c) diversidade de tal conteúdo;
d) importância do item para a instituição que elabora o resumo;
e) “acessibilidade” do conteúdo temático (física ou intelectual – por
exemplo, no caso de textos em idiomas pouco conhecidos).
A norma da ABNT NBR 6028/2003 (ASSOCIAÇÃO…, 2003) apresenta
requisitos para a redação e a apresentação de resumos, tendo em vista
publicações de natureza bibliográfica e a comunicação científica de tra-
balhos acadêmicos. Nela, os resumos são classificados em críticos, indica-
tivos e informativos:

• resumo crítico: resumo redigido por especialistas


com análise crítica de um documento. Também cha-
mado de resenha. Quando analisa apenas uma de-
terminada edição entre várias, denomina-se recensão.
• resumo indicativo: indica apenas os pontos princi-
pais do documento, não apresentando dados qualita-
tivos, quantitativos etc. De modo geral, não dispensa
a consulta ao original.
• resumo informativo: informa ao leitor finalidades,
metodologia, resultados e conclusões do documen-
to, de tal forma que este possa, inclusive, dispensar a
consulta ao original.

Lancaster (2004, p. 100-112) faz uma detalhada lista de tipos de


resumos, condizente com o que encontrou na literatura. Menciona
oito: indicativo, informativo, crítico (elaborado por especialistas no as-
sunto), estruturado, em diagrama de blocos, modulares, minirresumos
(termo impreciso) e telegráficos (expressão também ambígua). Dentre
eles, destacam-se os resumos estruturados, que surgiram nos perió-
dicos de Medicina e têm sido tendência nos periódicos científicos em
geral.
Sobre esse tipo de resumo, Lancaster (2004) discorda da maneira como
seu formato está sendo entendido por alguns autores. Para ele, o resumo
estruturado deveria ter um gabarito, com categorias a serem preenchidas
pelo resumidor, às quais “valores” poderiam ser acrescidos. Por exemplo:
para textos sobre irrigação, as seguintes categorias poderiam ser comple-
tadas pelo resumidor, a partir de informações extraídas do texto: tipo de
irrigação, tipo de solo, produtos, condições climáticas, lugar e resultados.
Ressaltamos que tal tipo de resumo aproxima-se mais a uma indexação,
pois nele não há o texto narrativo.
Contudo, o que tem sido demandado nas instruções para os auto-
res, nos periódicos científicos, é que se adote um formato determinado,
como o que segue.

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 89


Quadro 17 – Exemplo de resumo estruturado

The relationship between classification research and information retrieval


research, 1952 to 1970
Shawne D. Miksa
University of North Texas, Denton, Texas, USA
Abstract
Purpose – The purpose of this paper is to present the initial relationship between
the Classification Research Group (CRG) and the Center for Documentation
and Communication Research (CDCR) and how this relationship changed
between 1952 and 1970. The theory of normative behavior and its concepts
of worldviews, social norms, social types, and information behavior are used
to characterize the relationship between the small worlds of the two groups
with the intent of understanding the gap between early classification research
and information retrieval (IR) research.
Design/methodology/approach – This is a mixed method analysis of
two groups as evidenced in published artifacts by and about their work. A
thorough review of historical literature about the groups as well as their own
published works was employed and an author co-citation analysis was used
to characterize the conceptual similarities and differences of the two groups
of researchers.
Findings – The CRG focused on fundamental principles to aid classification
and retrieval of information. The CDCR were more inclined to develop practical
methods of retrieval without benefit of good theoretical foundations. The CRG
began it work under the contention that the general classification schemes
at the time were inadequate for the developing IR mechanisms. The CDCR
rejected the classification schemes of the times and focused on developing
punch card mechanisms and processes that were generously funded by both
government and corporate funding.
Originality/value – This paper provides a unique historical analysis of two
groups of influential researchers in the field of library and information science.
Keywords – Information retrieval, History, Classification, Citation analysis,
Center for Documentation and Communication Research, Classification
Research Group
Paper type – Research paper
Fonte: Journal of Documentation (2017).

Kobashi (1997, p. 202) apresenta uma proposta metodológica para a


elaboração de resumos documentários, de modo a auxiliar na “[…] com-
preensão e operacionalização dos processos relacionados à condensação
de informações textuais”. A autora aponta que a elaboração de resumos
é uma operação que consiste em selecionar as informações essenciais dos
textos, tendo em vista a produção de um novo texto condensado, para
um interlocutor determinado. Portanto, “[…] é um ato cognitivo com fi-
nalidades comunicativas que supõe: a) compreender e selecionar conteú-
dos informacionais de natureza textual; b) escolher formas de expressão
específicas para representá-los” (1997, p. 201). A autora acredita “[…]
que seu fundamento repousa na distinção entre informação essencial e
informação acessória do texto de partida” (1997, p. 201).
A título de ilustração, podemos indicar que a metodologia menciona-
da, proposta por Kobashi, consiste na tentativa de categorizar os textos
científicos em três tipos (1, 2 e 3) e identificar seus elementos constituin-
tes básicos. Por exemplo, no texto dissertativo ou argumentativo (tipo 2),

90 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


os elementos são: a tese, os argumentos e a conclusão, além do tema.
O passo seguinte é a seleção das informações (contidas nos elementos)
consideradas pertinentes para o tipo de produto que se quer elaborar
(resumo informativo ou resumo indicativo).

Quadro 18 – Texto tipo 2 (dissertativo) e resumos decorrentes

Texto tipo 2 Resumo informativo Resumo indicativo

Tema
Tese
Argumentos
Conclusão

Fonte: Kobashi (1997, p. 206).

A seguir, sistematizamos algumas recomendações básicas para a


redação do resumo:
a) a primeira frase deverá ser significativa, explicando o tema principal
do documento;
b) sempre que possível, iniciar a frase com um substantivo. Por
exemplo: “Pesquisa sobre…”; “Descrição…”; “Comparação…”;
“Relato…”;
c) considerando o item anterior (b), indicar também, quando possível,
a informação sobre a categoria de tratamento do documento.
Exemplos: “Entrevista sobre…”; “Estudo de caso…”; “Análise de
situação…”;
d) o raciocínio lógico do texto deverá ser seguido no resumo;
e) preferir o uso da terceira pessoa do singular e do verbo no presente.
Exemplo: Pesquisa-se…;
f) usar a linguagem impessoal, evitando: “devemos”, “apresenta-
mos” etc.;
g) abolir palavras desnecessárias, tais como nos exemplos “O autor…”;
“O trabalho…”; “O artigo…”; “Este artigo examina…”;
h) evitar o uso de parágrafos;
i) usar siglas e abreviaturas somente quando forem do domínio do
conhecimento dos usuários. Caso contrário, usar, na primeira vez,
por extenso e, entre parênteses, a abreviatura ou sigla;
j) não repetir informações já descritas na referência bibliográfica.
Por fim, cabe mencionar a evolução dos estudos sobre os resumos
documentários ao longo dos últimos anos. Na avaliação de Izquierdo
Alonso, Moreno Fernández e Sánchez Domínguez (2012), esses estudos
progrediram de forma acentuada nas últimas três décadas. A segunda
metade do século passado testemunhou a grande acumulação de refle-
xões, relativamente sistematizadas, evidenciando a importância do resu-
mo documentário como um rico objeto de estudo, baseado em sólidos
pressupostos teórico-práticos. Assim, os autores identificam três dimen-
sões de estudos sobre ele: cognoscitivo-representacional, linguística e

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 91


sociocomunicativa. Ainda, apontam, como temas mais relevantes iden-
tificados na literatura que pesquisaram sobre resumos documentários,
os seguintes: fundamentos epistemológicos (conceito, natureza, funções
e tipologia); aspectos metodológicos (fases da elaboração, técnicas, pa-
drões, normas e recursos); qualidade e avaliação do resumo documentá-
rio; knowledge discovery/descoberta de conhecimento (resumo automá-
tico, o resumo em ambientes digitais: metadados, técnicas de análise do
discurso e mark-up, análises de gêneros discursivo-textuais e modelização
de estruturas resumidoras).

3.7.1 Atividade
Consulte o texto indicado a seguir, disponível na internet, e cite
dez critérios que poderão integrar as diretrizes básicas de um servi-
ço de resumos. Observe que existem recomendações relacionadas
à redação e ao conteúdo desse tipo de texto.
LANCASTER, Frederick Wilfrid. A redação do resumo. In: ______.
Indexação e resumos: teoria e prática. 2. ed. rev. e aum. Brasília,
DF: Briquet de Lemos, 2004. p. 113-134.
Leia também o apêndice 1: Síntese de princípios de redação de
resumos (p. 392-393).

Resposta comentada
1. Evitar redundância;
2. omitir informações que o leitor, provavelmente, já conheça
ou que não lhe interessem diretamente;
3. quanto menor, melhor será o resumo, desde que o sentido
permaneça claro e não sacrifique sua exatidão;
4. suprimir palavras desnecessárias, como “o autor” ou “o ar-
tigo”;
5. abreviaturas e siglas convencionais são usadas apenas quan-
do for provável que os leitores as conheçam;
6. evitar jargões. Palavras e expressões técnicas devem ser cor-
rentes na ciência em causa;
7. seguir o formato convencional, de inserir o texto do resumo
após as referências bibliográficas, embora seja uma tendên-
cia o uso de resumos estruturados;
8. exigem-se frases curtas, bem redigidas e completas, para fá-
cil acesso à informação;
9. o resumo pode usar palavras diferentes das do artigo em
questão (paráfrase) ou adotar, seletiva e cuidadosamente,
as mesmas;
10. observar, atentamente, aspectos como ortografia, pontua-
ção e uso de maiúsculas.

92 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


3.8 ÍNDICES
Na literatura, encontramos diversas definições para índices, mas, tra-
dicionalmente, eles podem ser entendidos como uma relação ordenada
(alfabética, alfanumérica, cronológica, numérica, entre outras) que indica
a existência e a localização de determinado item em um documento ou
em uma coleção.
Entre as diversas definições constantes no Dicionário de Bibliotecono-
mia e Arquivologia (CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 197), constam:

– mecanismo, tipo de fonte de informação e instru-


mento auxiliar empregado na busca, localização e
recuperação de documentos, informações e dados
numéricos;
– roteiro ordenado dos itens existentes em um do-
cumento, fichário ou arquivo, e destinado a localizar
esses itens.

Na NBR 6034 (ASSOCIAÇÃO…, 2004, p. 1), um índice é definido como


uma “relação de palavras ou frases, ordenadas segundo determinado cri-
tério, que localiza e remete para informações contidas num texto”.
A função do índice é servir de instrumento ou mecanismo para
armazenar e recuperar itens de informação (pontos de acesso) contidos
em um documento ou em um acervo (ou mais) de documentos.
Trata-se de um componente fundamental para um esquema de
classificação (sistema de classificação bibliográfica). Cabe mencionar que
este é constituído de três partes: as tabelas, as regras para uso e o índice
alfabético. O índice relativo (veja exemplo na alínea g do Quadro 19, a
seguir) é alfabético, apresentando, “[…] sob cada entrada, os diversos
aspectos que se relacionam com o tópico em questão. A Classificação
Decimal de Dewey foi o primeiro sistema que usou o índice relativo”
(CUNHA; CAVALCANTI, 2008, p. 200).
Uma das operações básicas para encontrar o assunto desejado no
esquema de classificação é consultar seu índice, em que o tópico buscado
será localizado e a notação, relacionada. Em seguida, consultar a notação
referente ao assunto localizado no índice, na classe correspondente,
dentro das tabelas, com maior propriedade. Langridge (1977, p. 82)
adverte, quanto ao índice de um esquema geral de classificação: “Esse
é um índice das classes nas tabelas, não um índice de todos os assuntos
que podem ser especificados pelo esquema […]”.
Sayers ([1955?] apud Piedade, 1983, p. 50), no que tange aos índices
de esquemas de classificação, divide-os em específico e relativo. O
primeiro somente “[…] poderá funcionar com sistemas de classificação
que ofereçam uma única localização para cada assunto”, o que o torna
muito limitado, uma vez que oferece apenas uma entrada. O segundo, já
abordado aqui, “[…] é aquele que indica, para cada fenômeno, todos os
pontos do sistema em que aparecem os seus vários aspectos”.
Existem vários tipos de índices e uma das formas de classificá-los pode
ser quanto à/ao:
a) combinação dos cabeçalhos: pré-coordenados e pós-coordenados;

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 93


Nos índices pré-coordenados, a combinação entre cabeçalhos e
subcabeçalhos é estabelecida no momento da indexação. Isso se
aplica ao uso de listas de cabeçalhos de assunto. Por exemplo:

Ferrovias federais – Administração – Brasil


(coisa–processo–lugar)
Já nos índices pós-coordenados, a combinação dos termos é rea-
lizada no momento da busca pelo usuário, assim, eles devem ser
atribuídos pelo indexador de forma isolada. Isso se aplica ao uso de
tesauros. Por exemplo:
Ferrovias federais.
Administração.
Brasil.
b) localização e número de obras que descrevem ou representam: ín-
dice interno ou índice externo;
c) tipo de entrada ou arranjo das informações no índice: alfabético,
analítico, corrente, acumulado ou cumulativo, de citações, relativo,
sinalético, entre outros.
A NBR 6034 (ASSOCIAÇÃO…, 2004) estabelece a seguinte classifica-
ção dos índices:
a) quanto à ordenação: alfabética, sistemática, cronológica, numérica
alfanumérica;
b) quanto ao enfoque: especial (autores, assuntos, títulos, pessoas e/
ou entidades, nomes geográficos, citações, anunciantes e matérias
publicadas); geral (quando combinamos duas ou mais das categorias
indicadas na alínea a. Por exemplo: índice de autores e assuntos).
As entradas dos assuntos nos índices de publicações são realizadas
com base na linguagem natural usada pelo autor do documento, entre-
tanto, devem ser observadas as regras usadas na prática de indexação
(por exemplo: evitar, na determinação dos assuntos, adjetivos, advérbios
e verbos, variação de singular e plural) e as instruções expostas a seguir.

Quadro 19 – Regras gerais para elaboração e apresentação de índices

a) O índice deve abranger as informações extraídas do documento, inclusive


material expressivo contido nas notas explicativas, apêndice(s) e anexo(s),
entre outros.
b) O índice pode complementar informações não expressas no documento,
tais como nomes completos, datas de identificação, nomes de compostos
químicos etc., ver a letra j.
c) O índice deve ser organizado de acordo com um padrão lógico e facil-
mente identificável pelos usuários. Quando a forma adotada na elabora-
ção do índice ocasionar duplicidade de interpretações, deve-se acrescen-
tar, no início do índice, uma nota explicativa do padrão adotado e das
exceções eventuais.
d) O título do índice deve definir sua função e/ou conteúdo. Exemplos: índi-
ce de assunto, índice cronológico, índice onomástico etc.
e) Em índice alfabético, recomenda-se imprimir, no canto superior externo de
cada página, as letras iniciais ou a primeira e última entradas da página.

94 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


f) No índice geral, as entradas de cada categoria devem ser diferenciadas
graficamente e ordenadas conforme a ABNT NBR 6033.
g) Recomenda-se a apresentação das entradas em linhas separadas, com
recuo progressivo da esquerda para a direita para subcabeçalhos.
Exemplo: Monografia
definição, 3.7
em meio eletrônico, 7.2
CD-ROM, 7.2.1
h) Quando as subdivisões de um cabeçalho se estendem de uma página (ou
coluna) para a seguinte, o cabeçalho e, se necessário, um subcabeçalho
deve(m) ser repetido(s) e acrescido(s) da palavra “continuação” entre
parênteses ou em itálico, por extenso ou de forma abreviada.
i) Os termos adotados devem ser específicos, concisos e uniformes em
todo o índice, baseando-se, sempre que possível, no próprio texto,
normalizando-se, inclusive, as variações de singular e plural, nos termos
utilizados em índices de assunto.
− Deve-se evitar o uso de artigos, adjetivos, conjunções etc. no início
dos cabeçalhos.
− O cabeçalho pode ser, quando necessário, qualificado por uma
expressão modificadora que lhe explicite o significado.
Exemplos: Pedro II, Imperador do Brasil
Pedro II (Estação de metrô)
Família Azul (Porcelana chinesa)
− Quando as referências de um cabeçalho são muito numerosas, é
conveniente especificá-lo por subcabeçalhos com seus indicativos
próprios. O(s) subcabeçalho(s) deve(m) ser conciso(s), evitando repetir
ideias ou termos do cabeçalho.
Exemplo: Alimentos – Indústria, e não indústria alimentícia.
j) A remissiva “ver” deve ser elaborada para:
− termo sinônimo para termo escolhido. Exemplo: Aviação ver Aero-
náutica;
− termo popular para termo científico ou técnico. Exemplo: Sarna ver
Escabiose;
− termo antiquado para termo de uso atual. Exemplo: Disco voador ver
Objeto Voador Não Identificado;
− sigla para nome completo da entidade. Exemplo: ONU ver Organiza-
ção das Nações Unidas.
Em cabeçalhos compostos, as entradas devem ser elaboradas pelas
palavras significativas, fazendo-se remissivas ou novas entradas para
as palavras passíveis de serem procuradas.
Exemplo: Elaboração de índice ver Índice, elaboração de
NOTA: Recomenda-se que o cabeçalho para nome próprio seja
elaborado conforme o Código de Catalogação Anglo-Americano
vigente, fazendo-se remissiva das formas alternativas (remissivas “ver
também”) ou adotadas (remissivas “ver”).
Exemplo: Cruz, Eddy Dias da ver Rebelo, Marques
k) A remissiva “ver também” deve ser elaborada para cabeçalhos que se
relacionem com o cabeçalho proposto.

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 95


Exemplo: Férias ver também Licença
NOTA: O recurso tipográfico (negrito, sublinhado, itálico ou outro) deve
ser utilizado para destacar as expressões “ver” e “ver também”.
l) O indicativo dos itens do índice deve ser apresentado por:
− números extremos, ligados por hífen, quando o texto abranger
páginas ou seções consecutivas.
Exemplo: Aleitamento, 3-8
− números separados por vírgula, quando o texto abranger páginas ou
seções não consecutivas.
Exemplo: Aleitamento, 3, 8
− número do volume ou parte correspondente, seguido de página(s) ou
seção(ões) consecutivas ou não em documento composto de mais de
um volume ou parte.
Exemplos: Idade Média, v. 2, 36; v. 3, 81
Clorofila, pt. 1, 17
Encriptação, 3.1.3
Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2004).

A seguir, veja alguns requisitos de um bom índice interno ou externo


(GOMES; GUSMÃO, 1983):
a) exatidão na transcrição dos dados e das entradas. Uma falha a ser
evitada é a dupla entrada para uma mesma situação. Um cabeçalho
não deve possuir sentido figurado ou apenas indicar um aspecto
particular do assunto;
b) completeza das informações fornecidas. Esclarecer se o índice pre-
tende ser seletivo ou exaustivo;
c) clareza de intenção e de arranjo: um índice compreensivo é melhor
do que vários específicos. Contudo, se a opção for pela realização
de diversos índices, esclarecer tal fato ao leitor;
d) consistência na manutenção do estilo da apresentação;
e) entendimento e coerência do layout: os tipos de entradas e subdivi-
sões devem ser apresentados de forma a facilitar seu uso.

3.8.1 Atividade
Consulte o índice de um livro e o índice de um esquema de
classificação bibliográfica. Observe os tipos de entrada, bem como
os elementos que os integram, localização e função.

Resposta comentada
No índice de um livro, observe:
a) quanto à ordenação: se é alfabética, sistemática, cronológi-
ca, numérica ou alfanumérica;

96 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


b) quanto ao enfoque: se é especial (de autores, assuntos,
títulos, pessoas e/ou entidades, nomes geográficos, citações,
anunciantes e matérias publicadas); ou geral (quando
combinamos duas ou mais das categorias indicadas na alínea
a. Por exemplo: índice de autores e assuntos).
Já no índice de um esquema de classificação, observe o assunto
desejado e sua notação.

3.8.2 Atividade
Consulte, em uma mesma obra, o sumário e o índice, e observe
as informações que você consegue localizar no livro por meio deles.
Comente.

Resposta comentada
Sumário: indica as partes (capítulos, entre outras) em que se
divide uma publicação no todo e a localização delas (páginas). As
partes deverão ser apresentadas na mesma ordem que sucedem
na obra.
Índice: indica informações contidas em um texto por meio de
palavras (algumas vezes, frases), ordenadas conforme determinado
critério, e a localização delas (páginas).

3.9 NOTAÇÕES
Vamos, agora, dar prosseguimento ao que introduzimos no item sobre
indexação, falando sobre a notação. Trata-se do conjunto de símbolos
destinados a representar a descrição de assunto de um esquema de
classificação (linguagem documentária notacional), mostrando o arranjo
e “algumas relações dentro de e entre assuntos”, nas classes, divisões e
subdivisões, e indicando a ordem desejada (LANGRIDGE, 1977, p. 73).
Essas notações vão possibilitar que os documentos, em uma unidade de
informação, sejam agrupados por assunto, permitindo sua localização
nos catálogos, estantes e tabelas de classificação.

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 97


É muito importante não confundir notação com
classificação. As classificações são feitas com
conceitos. As notações são acrescentadas depois e
devem sempre ser tratadas como subsidiárias. Elas
não podem aperfeiçoar um esquema, embora possam
dificultar ou impedir o seu uso efetivo (LANGRIDGE,
1977, p. 73).

As notações de um sistema de classificação podem ser puras ou mistas.


A notação pura é composta de um único tipo de caractere (por exemplo,
só números ou só letras), como a Classificação Decimal de Dewey (que
só aplica algarismos arábicos, o ponto não tem função, pois só serve
para ajudar a leitura). Já a mista possui mais de um tipo de caractere (por
exemplo, letras e números), como a Classificação Decimal Universal (que
utiliza algarismos decimais, sinais gráficos, letras e palavras).
Segundo Piedade (1983, p. 38), as funções ou finalidades da notação
são as seguintes:

a) traduzir em símbolos o assunto dos documentos;


b) localizar, através do índice, a posição de um concei-
to nas tabelas de classificação;
c) indicar, no catálogo, onde se encontra determinado
documento;
d) permitir a ordenação lógica dos documentos, se-
gundo os assuntos de que tratam;
e) possibilitar a síntese (combinação de símbolos de
várias tabelas para a construção da notação);
f) mostrar a hierarquia ou a estrutura do sistema de
classificação.

Como função fundamental da notação, Langridge (1977, p. 73) cita


a preservação da ordem desejada. Ela deve ser indicada de forma clara,
precisa e facilmente identificável.
Piedade (1983, p. 40-48) reconhece, como algumas das principais
qualidades de uma notação, as seguintes:

a) indicar a ordem dos assuntos de modo claro e auto-


mático, a fim de permitir a localização da informação
procurada;
b) permitir revelar integralmente o assunto do docu-
mento (especificidade);
c) ser hospitaleira, isto é, permitir o número de subdi-
visões necessário a cada assunto;
d) ser flexível ou expansiva, ou seja, permitir a inclusão
de novos assuntos nas posições mais convenientes;
e) ser mnemônica na maneira de representar os vá-
rios assuntos relacionados, ser fácil de lembrar, falar
e escrever;
f) ser breve e simples;
g) revelar a estrutura da classificação, a sua hierar-
quia, isto é, mostrar as classes relacionadas e as clas-
ses subordinadas (expressividade).

98 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


3.10 POLÍTICA DE
INDEXAÇÃO: NOÇÕES
Política de indexação é o conjunto de diretrizes que orientam a operação
de indexação. Elas informarão sobre os critérios administrativos e técnicos
que deverão fundamentar a tomada de decisão para a otimização das
funções, a racionalização dos processos e a consistência das operações
envolvidas na indexação.
A política de indexação da unidade de informação será definida
considerando-se o conjunto de documentos que serão seu objeto de
processamento, e não documentos isolados. O mesmo ocorrerá em
relação ao usuário: a menção será ao conjunto (o perfil dos usuários de
uma biblioteca refere-se sempre a grupos de usuários).

A política de indexação pode ser determinada, em


um sistema de armazenagem e recuperação da
informação, pela seleção de tipos de documentos
a serem indexados, procedimentos de análise e
representação de assuntos, aspectos qualitativos
da indexação, como precisão, especificidade,
exaustividade e revocação, instrumentos de controle
de vocabulário, tais como linguagens documentárias
ou opção por trabalhar com linguagem natural,
além da avaliação da indexação pela consistência e
pela recuperação. Todos esses aspectos, entretanto,
ganham significado quando aplicados ao contexto
de um sistema de armazenagem e recuperação da
informação que possui finalidades e objetivos, e
abriga condições em seu ambiente quanto à natureza
da informação produzida e solicitada, bem como
características da comunidade de usuários (GIL LEIVA;
FUJITA, 2012, p. 22).

Alguns fatores intervenientes nessa política estão relacionados ao pla-


nejamento, à indexação e à recuperação da informação/dos documentos
do SRI.
a) Fatores relacionados ao planejamento da unidade de infor-
mação: recursos financeiros; recursos humanos; recursos materiais;
usuários; atividades; instrumentos; produtos.
b) Fatores relacionados à indexação dos documentos na unida-
de de informação: exaustividade e especificidade.
A exaustividade consiste no número de conceitos representados
por termos de indexação atribuídos, em média, aos documentos, ou no
número de pontos de acesso criados em catálogos/bases de dados para a
recuperação dos documentos. Deve-se observar:
– quantas vezes cada documento (conjunto de documentos) do
acervo será representado no índice temático;
– quantos termos serão atribuídos a cada documento do acervo.

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 99


Exemplo de exaustividade:
A política de indexação de um SRI poderia estabelecer que a maioria
de seu acervo seria indexada com 3 a 6 termos.
– Relatórios técnicos da própria empresa 4-6 termos
– Relatórios técnicos de outras empresas 3-4 termos
– Patentes 4-6 termos
– Artigos de periódicos 3-4 termos
Fonte: Adaptado de Lancaster (2004).

A especificidade é a exatidão com que os termos (cabeçalhos de


assunto ou descritores) de uma linguagem artificial (linguagem documen-
tária) representam o conteúdo (e/ou forma) de um documento.
Exemplo de especificidade:
– Pedidos dos usuários:
– 1 Frutas cítricas
– 2 Colheitas de arroz
– 3 Colheita mecanizada de arroz
– 4 Frutas
– Entradas realizadas pela indexação:
– 4 FRUTAS CÍTRICAS (entrada mais específica)
– 1 FRUTAS (entrada genérica)
– 3 COLHEITA MECANIZADA (entrada sob um aspecto do
assunto)
– 2 ARROZ – COLHEITA (entrada adequada)
Fonte: Produção da própria autora (2019).

c) Fatores relacionados à recuperação dos documentos na uni-


dade de informação: revocação e precisão.
Revocação é a capacidade do SRI de localizar/recuperar o maior
número possível de documentos ou informações relativas às solici-
tações de buscas dos usuários. Ela pode ser medida, verificando-se
O conceito de relevância envolve o percentual de respostas relevantes.
um julgamento do valor da
informação recuperada, por meio A revocação está relacionada à exaustividade.
de respostas que realmente Precisão, por sua vez, é a capacidade do SRI de localizar/recuperar
correspondam à questão proposta. apenas documentos ou informações relevantes/pertinentes às so-
licitações/questões de buscas dos usuários. Ela está relacionada à
especificidade.
Considerações: A alta revocação tem, como consequência, a pro-
babilidade de recuperação de documentos indesejados, logo, in-
troduz a imprecisão. Já a baixa revocação torna mais provável a
recuperação de documentos desejados, logo, introduz a precisão.
Em outras palavras, quanto maior for a precisão, menor será a revo-
cação, e vice-versa. Como dissemos, os coeficientes de revocação e
de precisão estão relacionados com a exaustividade e a especifici-
dade, respectivamente.

100 Processos e Produtos de Representação Temática da Informação


Portanto, tenha em mente que: maior exaustividade aumenta a
revocação e diminui a precisão; por sua vez, maior especificidade
aumenta a precisão e diminui a revocação.
Carneiro (1985, p. 231) lista sete aspectos que devem ser
considerados na elaboração de uma política de indexação. Gil Leiva
(2012, p. 109) também os cita e adverte que não devemos esquecer
que “eles fazem parte de um contexto histórico situado na década
de 1980, em que a realidade das bibliotecas, principalmente no
que diz respeito às tecnologias disponíveis, era bem diferente
dos nossos dias atuais”. Assim, o autor menciona os textos de
Guimarães (2000) e Cubillo (2000) para atualização de alguns itens
(entre outros, tempo de resposta do sistema e a abordagem do
tratamento documentário como uma dimensão estratégica).

1 Cobertura de assuntos: assuntos cobertos pelo


sistema (centrais e periféricos);
2 Seleção e aquisição dos documentos-fonte:
extensão da cobertura do sistema em áreas de assunto
de seu interesse e a qualidade dos documentos,
nessas áreas de assunto, incluídos no sistema;
3 Processo de indexação:
– Nível de exaustividade: medida de extensão em que
todos os assuntos discutidos em um certo documento
são reconhecidos durante a indexação e traduzidos
na linguagem do sistema;
– Nível de especificidade: nível de abrangência
em que o sistema permite especificar os conceitos
identificados no documento;
– Escolha da linguagem: a linguagem documentária
afeta o desempenho de um sistema de recuperação de
informação tanto na estratégia de busca (estabelece a
precisão com que o técnico de busca pode descrever
os interesses do usuário), quanto na indexação
(estabelece a precisão com que o indexador pode
descrever o assunto do documento). Portanto, a partir
de estudos do sistema, deve-se optar entre linguagem
livre ou linguagem controlada e linguagem pré-
coordenada ou pós-coordenada;
– Capacidade de revocação e precisão do sistema:
exaustividade, revocação e precisão estão relaciona-
das. Quanto mais exaustivamente um sistema indexa
seus documentos, maior será a revocação (número de
documentos recuperados) na busca e, de forma inver-
samente proporcional, a precisão será menor;
4 Estratégia de busca: deve-se decidir entre a busca
delegada ou não;
5 Tempo de resposta do sistema;
6 Forma de saída: é o formato em que os resulta-
dos da busca são apresentados. Tem grande influên-
cia sobre a tolerância do usuário quanto à precisão
dos resultados. Deve-se verificar qual a preferência do
usuário quanto à apresentação dos resultados;
7 Avaliação do sistema: determinará até que ponto
o sistema satisfaz as necessidades dos usuários (CAR-
NEIRO, 1985, p. 231).

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia na Modalidade a Distância 101


3.11 CONCLUSÃO
Conceito, assunto, termo e contexto são aspectos interdependentes
nas etapas de indexação. Os resumos documentários, índices e notações
são condensações do conteúdo dos documentos com funções diferentes.
O planejamento de uma política de indexação é fundamental para a prá-
tica eficiente da indexação.

RESUMO
Nesta Unidade, enfocaram-se os temas conceito, assunto, termo e
contexto para a determinação do assunto dos registros, bem como a forma
dos documentos e a ordem de citação dos assuntos. Foram abordadas
as recomendações para a elaboração e a apresentação de resumos
documentários e índices, além dos tipos e características das notações.
Também foram tratados aspectos introdutórios quanto à política de
indexação.

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