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DEFINIÇÃO DE PANCREATITE

A pancreatite é uma condição inflamatória do pâncreas, geralmente não causada por agentes
infecciosos, mas provocada por fatores como cálculos biliares e consumo exacerbado de
álcool.

Interações entre a genética e o ambiente podem provocar ou afetar a patogênese e o curso da


doença

Anteriormente, acreditava-se que as pancreatites aguda, recorrente e crônica representavam


entidades separadas. Contudo, hoje utiliza-se mais o conceito de que elas se relacionam em
um continuum da doença, pois cerca de 30 % dos pacientes com pancreatite aguda
desenvolverão uma doença de forma crônica, com sobreposição de pancreatite recorrente nos
anos desse período de progressão.

AGUDA

 Incidência de 13 a 45/100 mil


 Classificação de Atlanta revisada (2 de 3 critérios):
 Dor abdominal em barra ou cinturão
 Elevação da lipase sérica 3x acima do LSN
 Exame radiológico de imagem mostrando sinais de pancreatite
 Sem predominância por sexo, porém causa alcoólica mais comum em homens e biliar
mais comum em mulheres
 Pico de incidência: 25 a 34 anos em mulheres e 10 anos após em homens
 Risco aumenta com a idade em todas as etiologias
 Mortalidade varia conforme a apresentação
 Cerca de 20 a 30% vão desenvolver pancreatite aguda recorrente e, destes, 10%
evoluirão com pancreatite crônica

-Colocar tabela com os fatores de risco

*ETIOLOGIAS*

 CÁLCULOS BILIARES

30% a 50% dos casos

Tanto cálculos na vesícula como no tratao biliar predispõem à pancreatite

8% dos pacientes com litíase desenvolvem pancreatite aguda

Commente a pancreatite é a primeira manifestação da litíase biliar, independentemente de


sua localização original

A maioria se recupera completamente após um episódios de pancreatite edematosa leve,


porém 15 a 30% desenvolvem pancreatite necrotizante severa, necessitanto de cuidados
intensivos e tratamento multidisciplinar.

O cálculo provoca pancreatite aguda quando se torna impactado na papila duodenal e obstrui
o fluxo para fora do ducto pancreático,levando a aumento da pressão pancreática
(normalmente transitória), lesão das células acinares e desencadeado a doença.
 ÁLCOOL

Junto com os cálculos biliares são fator comum

Consumo exacerbado de álcool pode desencadear episódios de pancreatite aguda e aumentar


a suscetibilidade à pancreatite crônica - 50 a 80g ou 4 a 7 drinques/dia danificam a glândula.

Apesar da associação epidemiológica ser bem estabelecida, apenas uma minoria de etilistas
desenvolve pancreatite -> O consumo em si é raramente a única causa precipitante, mas o
álcool sensibiliza o pâncreas a cofatores como dieta com alto teor lipídico, agentes infecciosos,
fumaça de cigarro

 HIPERTRIGLICERIDEMIA

Corresponde a 10% dos casos

Maioria dos pacientes com hipertrigliceridemia é assintomática

Níveis plasmáticos elevados de TG e quilomícrons aumentam a viscosidade sanguínea e levam


a isquemia local tecidual -> mudança do metabolismo aeróbio para anaeróbio -> formação de
lactato -> Acidose e toxicidade

Risco aumentado para pancreatite quando somado a outros fatores (álcool, tabaco, drogas)

Pacientes com deficiência de LPL

Gestantes -> elevação de colesterol e TG por causas hormonais

Diagnóstico requer níveis de TG sérico > 1000 mg/dl (risco de 20% para desenvolver pelo
menos 1 ataque de pancreatite aguda)

 PROCEDIMENTOS ENDOSCÓPICOS

Patologias no trata biliar ou pacnreático são frequentemente indicações para


colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE).

Uma complicação da CPRE é a indução de pancreatite aguda - raro

 TRAUMA

Injúria traumática ao pâncreas em casos de trauma abdominal é rara (6%) dos casos devido à
sua localização retroperitoneal.

 CAUSAS RARAS

Induzida por medicações (0,1 a 0,2%) – ECA, estatinas, ACO ou reposição hormonal, diuréticos,
terapia antirretroviral, ácido valproico e AR-GLP1.

RECORRENTE

Caracterizada por relapso de episódios de pancreatite aguda e sinais morfológicos de uma


glândula normal em intervalos assintomáticos

Diagnóstico retrospectivo após o 2º episódio (mais comum entre 30 e 40 anos, com


predominância masculina)

CRÔNICA
Incidência de 4 a 14/100 mil por ano

Definida como degeneração inflamatória contínua do tecido pancreático endócrino e exócrino


com modificações morfológicas irreversíveis.

Alterações morfológicas típicas incluem inflamação, depósitos de cálcio, pseudocistos e


modificações ductais.

O quadro pode ser agonizado, com o paciente apresentando ataques de dor em caso de
insuficiências exócrinas (esteatorreína, perda de peso) e/ou endócrina (diabetes tipo IIIc).

Predominância de homens, 50 a 60 anos

Existe uma forma hereditária por mutação em que a doença se inicia na infância e progride
com recorrências clínicas variáveis até atingir a forma crônica na 2ª ou 3ª década de vida

Na forma crônica idiopática, existem dois picos (3ª década e 6ª década).

 ÁLCOOL

A causa mais comum de pancreatite crônica – 65%

O risco aumenta conforme a dose consumida, com mulheres tendo maior risco com menores
doses em relação aos homens

Acredita-se que o estresse oxidativo induzido por metabólicos do álcool causa dando direto à
glândula e também impedindo a regulação da fibrose

O abuso a longo-prazo leva á ação enzimática do citocromo P450 nas células acinares,
elevando o acetato no pâncreas e inibindo mecanismos de defesa celulares

Assim como na forma aguda, acredita-se que o álcool sensibiliza o pâncreas à ação de outros
fatores externos e ambientais que estimulam o início da doença (tabagismo, infecção, dieta
com alto teor lipídico).

GENÉTICA

 HEREDITÁRIA

Doença autossômica dominante rara

Episódios recorrentes de pancreatite aguda começam na infância (média = 10 anos) ->


Evolução para forma crônica em adultos jovens

Risco elevado para câncer pancreático benigno a partir da 5ª década de vida

Mutação ligada ao aumento da função do gene catiônico do tripsinogênio (PRSS1)

Manifestações clínicas primarias – dor abdominal e má-digestão (disfunção exócrina) e


diabetes mellitus (dano às células das ilhotas)

 CAUSAS RARAS

Anormalidades congênitas como pâncreas divisum ou pâncreas annulare + fatores de risco


(tabagismo, etilismo, genética)

Patogênese biliar é extremamente rara – provavelmente por não ter sido feita uma
colecistectomia quando necessário
Outros casos raros: infecções por mycoplasma pneumonia, campylobater, coxsckie B.

Inflamação autoimune (5%) – raramente causa calcificação -> características comuns são
alterações no ducto pancreático principal, cicatrização do tecido e presença de elevados níveis
de células inflamatórias

Doenças associadas à pancreatite autoimune: Artrite Reumatóide, Sarcoidose, Síndrome de


Sjögren, Colangite Esclerosante Primária, Colangite Biliar Primária, Fibrose Retroperitonial

 RISCO DE CÂNCER

A pancreatite crônica e câncer de pâncreas são igualmente comuns nos países ocidentais –
incidência de 10/100 mil

Risco de câncer pancreático aumentando com a idade em ambos os sexos (90% dos casos
ocorrem após os 55 anos)

Contudo, a pancreatite crônica raramente se desenvolve para um quadro de câncer e menos


de 1% dos pacientes com essa neoplasia têm histórico de pancreatite crônica

A pancreatite crônica é considerada uma lesão pré-cancerígena -> Inflamação persistente pode
causar danos repetidos ao DNA e acumulação progressiva de mutações e defeitos genéticos ->
mudanças histológicas -> aumento da atipia citológica e alteração de artquitetura, levando à
displasia de baixo a alto grau

Mutações desencadeiam transformação neoplásica e progressão tumoral

RFERÊNCIAS:

DANI, R.; PASSOS, M. C. F. Gastroenterologia essencial. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara


Kooban, 2014.

QUILICI, F. A. A gastroenterologia no século XXI: manual do residente da Federação Brasileira


de Gastroenterologia. 1. ed. Barueri: Manole, 2019.

WEISS, F. U.; LAEMMERHIRT, F.; LERCH, M. M. Etiology and risk factors of acute and chronic
pancreatitis. Visceral Medicine, v. 35, n. 2, p. 73-81, 2019. Disponível em:
<https://karger.com/vis/article/35/2/73/320348/Etiology-and-Risk-Factors-of-Acute-and-
Chronic>. Acesso em: 17 de set. de 2024.

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