Caso de Doenças Inflamatórias Intestinais
Caso de Doenças Inflamatórias Intestinais
Caso de Doenças Inflamatórias Intestinais
RCU: caracteriza-se por alterações inflamatórias crônicas que acometem a mucosa do cólon de
maneira superficial e continua iniciando tipicamente no reto.
Ela pode ser dividida em: classificação importante para prognóstico e terapia
1- Proctite- acomete apenas o reto (40 a 50%)
2- Proctossigmoidite- acomete o reto e o sigmoide (40 a 50%)
3- Colite do lado esquerdo – se estende até a flexura esquerda do cólon (30 a 40%)
4- Pancolite – estende proximamente à flexura esquerda do cólon. (20 a 25%)
DC: Caracteriza-se por uma inflamação transmural (área extensa e aprofundada da parede de
um órgão) e pode acometer qualquer segmento do tubo gastrointestinal, desde a boca até o anus,
frequentemente, de forma descontínua.
EPIDEMIOLOGIA:
Ambas as doenças são mais comuns em ambientes setentrionais e indivíduos brancos, sobretudo
em populações de ascendência europeia que vivem na América do Norte, África do Sul e
Austrália. Mas a incidência e a prevalência entre homens e mulheres são semelhantes.
A causa da DII permanece desconhecida, porém acredita-se que resulte de uma combinação de
fatores genéticos, imunológicos, infecciosos e ambientais.
Ambas as doenças podem ocorrer em qualquer idade, porém a RCU tem um pico em indivíduos
de 30 a 40 anos e outro pico em indivíduos com 60 e 70 anos, todavia a DC ocorre em
indivíduos entre 20 e 30 anos.
Aleitamento materno reduz o risco de desenvolvimento de RCU e DC. Apendicectomia reduz o
risco da RCU.
FATORES DE RISCO:
A DII resulta de uma resposta inflamatória imunomediada descontrolada em indivíduos
geneticamente predispostos que têm algum fator desencadeador ambiental (gatilho), que ao
interagir com a flora intestinal afeta o sistema digestório.
5 a 20% dos pacientes com DII têm um parente de primeiro grau com a doença.
Genes associados:
Ambos os tipos de linfócitos T parecem desempenhar um papel importante nas DII. Os
linfócitos T17 produzem citocinas pró-inflamatórias que facilitam a inflamação na DII (IL-6;
IL-17 e IL23R).
O tabagismo é um fator protetor para a RCU e piora na DC.
Padrões alimentares podem ser associados à DII
Fatores intraluminais: Pacientes com DII apresentam alterações quantitativas e qualitativas da
flora bacteriana intestinal.
APRESENTAÇÃO CLÍNICA:
RCU:
A colite ulcerativa caracteriza-se por inflamação crônica da superfície da mucosa, que envolve o
reto e se estende proximalmente ao longo do cólon de maneira contínua. A extensão e a
gravidade da inflamação do cólon determinam o prognostico e a apresentação, se é insidioso ou
agudo.
A evolução clinica típica é doença crônica intermitente, seguida de períodos de remissão.
• Na RCU – encontram-se bactérias cujos produtos metabólicos são lesivos à mucosa intestinal;
Sinais e Sintomas:
Diarreia: Há exsudação do fluido intersticial rico em proteínas, decorrente da intensa alteração
da permeabilidade do epitélio, secundária à inflamação. Há acentuado prejuízo à absorção de
água e de eletrólitos → aumento do teor líquido do conteúdo intraluminal; Há alterações de
motilidade intestinal em decorrência do processo inflamatório – ação de mediadores de
inflamação sobre a musculatura do intestino grosso ou vias neurais envolvidas;
Dor abdominal: As alterações da contratilidade do intestino grosso são, possivelmente,
responsáveis pelas manifestações dolorosas – a inflamação pode fazer as contrações da
musculatura do intestino grosso serem percebidas por meio de cólicas precedendo dejeções.
Urgência para defecar: A inflamação do reto reduz a sensibilidade nesse segmento do intestino
grosso. Dessa forma, quantidades pequenas de fezes podem desencadear o reflexo da defecação,
tornando o número de evacuações bastante elevado. Quando ocorre exacerbação dessa
sensibilidade – urgência retal e tenesmo.
Sangramento retal: A solução de continuidade da mucosa colônia dada pelas ulcerações
ocasiona a presença de sangue nas fezes – evacuações de fezes com sangue e muco, ou apenas
sangue;
Eliminação de muco pelo reto
Caso graves: diarreia, hematoquezia, dor abdominal, desidratação, febre e taquicardia, anemia.
A perda crônica de sangue pode resultar em anemia ferropriva – o que explica a fraqueza.
- Aumento de calprotectina, proteína C reativa e VHS (velocidade de
hemossedimentação)
DC:
A apresentação da doença depende da parte o TGI acometido e o tipo de inflamação.
Locais comuns:
- Ileocecal/ileocolônico (40%)
- intestino delgado 30%
- Colon isolado 25%
- Esôfago, estomago e duodeno (5%)
• Na DC – as concentrações de bactérias anaeróbicas Gram-positivas e Gramnegativas estão
aumentadas;
Sintomas:
Quando a doença acomete predominantemente o intestino delgado, as manifestações clínicas
mais comuns são diarreia e dor abdominal, seguida por perda de peso e anemia.
Dor no quadrante inferior direito do abdome: Localizada no quadrante inferior direito do
abdome e de duração mais constante, pode ser por estimulação de receptores localizados na
serosa – na DC a inflamação pode afetar todas as suas camadas.
Cólicas abdominais transitórias podem ser decorrentes de aumento da contratilidade ou
distensão visceral em alças intestinais.
Febre
Perda de peso: Anorexia e náusea podem ser decorrente da ação do SNC e de certos mediadores
de inflamação (TNF-alfa). Esses sintomas podem diminuir a ingestão de alimentos ocasionando
perda de peso, carência de vitaminas e microelementos.
Diarreia: Ocasionada pela má absorção de nutrientes, fluidos e/ou eletrólitos, bem como
exsudação do fluido intersticial por áreas inflamadas do intestino.
Palpação de massa inflamatória
Hematoquezia (comprometimento colonico)
Crianças: retardo no crescimento
Ulcerações profundas e trajetos fistulosos.
30 a 40% dos pacientes desenvolvem comprometimentos perianal com fissuras e fístulas ou
abcessos. Fibrose e estenose são outras complicações e levar a obstrução intestinal parcial ou
completa (distensão abdominal, náuseas, vômitos, dor abdominal.)
No intestino delgado a doença pode levar deficiência de vitamina D. no íleo ocorre má absorção
de vitamina B12 (consequente anemia megaloblástica e efeitos colaterais neurológicos.) e má
absorção de sais biliares.
Uma proporção considerável dos pacientes com DII apresenta manifestações extra intestinais,
das quais as mais frequentes resultam do acometimento das articulações - admite- se que
decorram da deposição de imunocomplexos em pequenos vasos, o que desencadearia reação
inflamatória localizada.
MANIFESTAÇÕES EXTRAINTESTINAIS:
CARACTERISTICAS:
DC: Na doença de Crohn, o exame endoscópico pode mostrar erosões aftoides, úlceras
profundas lineares ou estreladas, edema, eritema, exsudato e friabilidade com áreas
intermediárias de mucosa normal (lesões contínuas).
Na doença de Crohn, o exame mais sensível para diagnosticar a doença do intestino delgado é a
enterografia por TC ou RM. Na radiografia tradicional do intestino delgado, segmentos de
intestino edemaciado aparecem espessados próximo à mucosa não afetada, um padrão
característico conhecido como calçada de paralelepípedos. Estenoses acentuadas e longas no
intestino delgado podem ser identificadas e são denominadas sinal da corda.
As biopsias de mucosa na DII revelam inflamação aguda e crônica com infiltração de
plasmócitos, neutrófilos, linfócitos e eosinófilos; ulcerações focais; distorção arquitetônica das
criptas; e abscessos de cripta.
Na doença de Crohn, a inflamação é transmural e mais comumente focal. São encontrados
granulomas em 25 a 30% das amostras histológicas na doença de Crohn.
Em pacientes com início agudo de diarreia sanguinolenta, as causas infecciosas que precisam
ser excluídas por meio de exames de fezes incluem Salmonella enteritidis, espécies de Shigella,
Campylobacter jejuni, Escherichia coli O157 e Clostridioides difficile. Clostridioides difficile é
mais comum em pacientes com DII. Entre as causas infecciosas, Yersinia enterocolitica pode
simular a doença de Crohn, visto que o patógeno causa ileíte, adenite mesentérica, febre,
diarreia e dor no quadrante inferior direito do abdome. A infecção por Mycobacterium
tuberculosis, a estrongiloidíase e a amebíase devem ser descartadas em populações de alto risco,
visto que essas infecções podem imitar a DII, e o tratamento com corticosteroides pode levar a
infecção disseminada e morte.
EXAME ENDOSCÓPICO
• Endoscopia A endoscopia tem papel-chave no diagnóstico e manejo da DII. Além disso, é o
principal método diagnóstico para obtenção de material para análise histológica. Mais
recentemente, a enteroscopia com duplo balão tem se revelado um método com grande
sensibilidade para detectar aftas e úlceras no intestino delgado, além de ter a vantagem de
realizar biópsias e procedimentos terapêuticos.
• Cápsula endoscópica A cápsula endoscópica reconhece lesões que não seriam vistas em outros
exames de imagem. Ela é mais sensível que as modalidades convencionais, é fácil de ser
realizada e é bem tolerada pelos pacientes. Especialmente empregada em pesquisa de sangue
oculto e na avaliação do intestino delgado em pacientes com DC. Contraindicado em suspeita de
obstrução gastrintestinal, estenoses ou fístulas, marcapasso ou outros dispositivos eletrônicos
implantados e distúrbios da deglutição.
Exames endoscópicos com biópsias
• Retossigmoidoscopia e Colonoscopia A retossigmoidoscopia pode revelar, na fase ativa da
RCU, a ocorrência das erosões e ulcerações em mucosa retal congesta, friável e edemaciada. A
extensão para os demais segmentos do intestino grosso deve ser verificada por meio da
colonoscopia ou, em circunstâncias específicas, da realização do enema opaco. A colonoscopia
(ileocolonoscopia) permite identificar as alterações de atividade das mucosas, determinar a
extensão e o grau de atividade da doença, assim como avaliar a resposta terapêutica e a
identificação de complicações como displasia e neoplasia. Vantagem – colher biópsia do íleo
terminal.
EXAMES DE IMAGEM
• Radiografia simples do abdome A radiografia simples de abdome é útil nos casos mais graves
para verificação de dilatação colônica, o que pode permitir o diagnóstico de megacólon tóxico.
O enema opaco com duplo contraste pode revelar perda das haustrações, contornos colônicos
irregulares (imagem em papel rasgado ou borda de selo), falhas de enchimento (pseudopólipos),
aumento do espaço pré-sacral e aspecto tubular do cólon.
• Exame contrastado do intestino delgado (TIDE) O TIDE ainda é o exame de escolha para
investigar o acometimento do intestino delgado na DC, deixando outras modalidades de exames
de imagem para uma avaliação mais detalhada e/ou para evidenciar complicações da doença. O
TIDE evidencia espessamento e edema das válvulas coniventes, presença de estenoses
segmentares, significativa alteração do padrão mucoso com ou sem evidências de ulceração,
aspecto em cobblestone ou pavimentoso e presença de fístulas.
• TC A TC pode identificar espessamentos segmentares das alças, lesões extrínsecas e
complicações como trajetos fistulosos, fístulas e abscessos. Entero-TC Desvantagens: radiação
maior que o TIDE e dificuldade de diferenciar peristalse de lesões salteadas.
• Ressonância Nuclear Magnética A RNM é outro método não-invasivo utilizado para
quantificar o espessamento mural, graduar a inflamação e determinar a extensão da doença.
Entero-RM
• USG Um método útil para avaliar o espessamento da parede intestinal e a rigidez das alças,
assim como a diminuição do peristaltismo.
EXAMES LABORATORIAIS
Podem ser normais ou apenas discretamente alterados, o que acontece sobretudo nos casos leves
ou quando a doença se restringe aos segmentos mais distais do cólon. O hemograma pode
revelar anemia hipocrômica microcítica, leucocitose de grau não muito acentuado, trombocitose
e plaquetose. Há, com freqüência, elevação das provas de atividade inflamatória, em especial da
velocidade de hemossedimentação (VHS), bem como dos níveis da alfa-1-glicoproteína ácida e
da proteína C-reativa. Nos casos mais graves, podem ocorrer hipoalbuminemia, hipocloremia e
hiponatremia. Podem ser encontrados leucócitos nas fezes, especialmente nos casos mais
graves.
Além disso, é importante pedir função renal e eletrólitos, perfil hepático, perfil de ferro, ácido
fólico, vitamina B12, 25-OH vitamina D, albumina, PCR e VHS, proteínas totais, amilase e
lipase. Pedir parasitológico de fezes, pesquisa de sangue oculto. Pedir hepatograma – TGO e
TGP (se não usa chá, sem suplementação e anormalidades nos exames – suspeitar de causas
como DII). Calprotectina fecal – derivada de neutrófilos – reflete o grau de inflamação mediada
por essas células – não é patgnomônico para DII. Pesquisa para doença celíaca – pedir dosagem
de imunoglobulinas, principalmente IgA, pedir anticorpos (principalmente antitrasglutaminase
IgA, antiendomisio, antigliadina deaminada).
MARCADORES SOROLÓGICOS
Alguns marcadores sorológicos podem nos auxiliar no diagnóstico de qual variedade de doença
inflamatória intestinal encontra-se presente em determinado indivíduo.
O p-ANCA (anticorpo anticitoplasma de neutrófilo, padrão perinuclear de imunofluorescência)
está presente em cerca de 60-70% dos pacientes com RCU e em apenas 5-10% de pacientes
com DC. ➢ Relaciona-se mais frequentemente com pancolite, cirurgia precoce e evolução para
colangite esclerosante primária.
O ASCA (anti-Saccharomyces cerevisiae) são encontrados em cerca de 60-70% de indivíduos
com a DC e em 10-15% de pacientes com RCU.
Recentemente, outros dois anticorpos foram incorporados como auxiliares sorológicos na
diferenciação entre DC e RCU – estamos falando do anti-OmpC (antiporina) e antiCBir1
(antiflagelina). Ambos estão mais associados à DC, e parecem predizer um pior prognóstico
nesta condição.
As solicitações destes anticorpos têm sido empregadas na abordagem diagnóstica inicial da
doença intestinal inflamatória, sobretudo naqueles pacientes que apresentam colite
indeterminada.
Como confirmar o diagnóstico de RCU?
A retossigmoidoscopia com biópsias é o exame de escolha! Praticamente todos os pacientes
apresentam lesão inflamatória do reto (proctite) e do cólon sigmoide (proctossigmoidite).
A colonoscopia com biópsias é indicada na suspeita de doença grave (mais de seis evacuações
diárias ou sinais sistêmicos), embora seja contraindicada na suspeita de megacólon tóxico.
O histopatológico revela distorção das criptas, infiltrado inflamatório mononuclear
(linfoplasmocitário) na lâmina própria, e abscesso das criptas com acúmulo de neutrófilos no
epitélio.
Como confirmar o diagnóstico de DC?
A ileocolonoscopia com biópsias é o exame de escolha! A grande maioria dos pacientes com
doença de Crohn apresenta acometimento do íleo terminal e do cólon ascendente ou ceco.
Encontraremos um comprometimento salteado (áreas doentes alternadas com áreas sãs),
manifesto por úlceras aftosas que, quando coalescentes, dão o aspecto de "pedras de calçamento
(paralelepípedo)".
O histopatológico é semelhante ao encontrado na RCU, porém, podem ser encontrados
granulomas não caseosos, que no contexto apropriado são patognomônicos de Crohn.
TRATAMENTO:
Baseia-se, em primeiro lugar, na identificação do tipo de DII, em seguida, na categorização da
gravidade da doença e, por fim, na identificação de meta relativa ao manejo, que agora incentiva
uma abordagem de “tratamento direcionado para um alvo” e se concentra em melhora
endoscópica e cicatrização.
Os pacientes com doença leve ou moderada podem ser tratados em esquema ambulatorial. Os
que apresentam formas graves ou fulminantes – com dor abdominal, febre, taquicardia, anemia
e leucocitose – precisam de internação e manejo com equipe multiprofissional. Como a DII é
uma doença crônica recorrente, o tratamento é centrado no controle do episódio agudo com
indução de remissão, seguido de manutenção da remissão.
Em resumo, os agentes usados no tratamento da DII consistem, de maneira geral, em fármacos
imunossupressores, como corticosteroides, anti-inflamatórios tópicos, incluindo ácido 5-
aminossalicílico (mesalazina) e agentes relacionados, antibióticos e imunomoduladores
tradicionais, como análogos da tiopurina (azatioprina, 6-MP), que inibem a replicação das
células inflamatórias, induzindo morte celular ou apoptose, e metotrexato, que inibe a replicação
das células inflamatórias ao inibir a divisão ou mitose.
É fundamental conhecer a gravidade, a extensão e o comportamento da doença.
✓ Individualizar o tratamento e a escolha das melhores opções em cada grupo terapêutico.
O tratamento medicamentoso específico envolve corticosteróides, derivados aminossalicílicos,
agentes imunomoduladores e agentes biológicos.
Derivados salicílicos
Os aminossalicílicos são compostos que contêm 5-aminossalicílicos (5-ASA).
➢ Medicamentos
Capsula endoscópica é geralmente para usar para ver no delgado. Se o paciente tem suboclusão
instestinal ou oclusão intestinal é contraindicado esse exame.
enteroTC e EnteroRM
calprotectina é um marcador de inflamação não invasivo, se tem muito nas fezes é DII – usa
para diferenciar de síndrome do intestino irritável
Sindorme do intestino curto tava muito em DC por realizarem as cirurgias de retirada das partes
inflamadas.
Vigilância de CA de colon inicio de 8 anos depois do inicio da doença com colonoscopia anual
com múltiplas biopsias.