Manual de Acolhimento
Manual de Acolhimento
Manual de Acolhimento
Manual de Acolhimento e
Classificação de Risco
em Obstetrícia
Brasília – DF
2015
2015 Ministério da Saúde.
Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial – Compartilhamento pela
mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte.
A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde:
<www.saude.gov.br/bvs>.
Ficha Catalográfica
ISBN 978-85-334-2217-9
Apresentação 5
1 Introdução 7
6 Ambiência e o A&CR 31
Referências 57
Apresentação
Sua elaboração se deu a partir das experiências de maternidades que vêm implementando
5
o A&CR, e contou com a colaboração desse grupo de gestores, trabalhadores e especialistas de
diversos serviços e instituições.
base nas evidências científicas existentes. Baseia e orienta uma análise sucinta e sistematizada,
que possibilita identificar situações que ameaçam a vida.
Pretende-se, com sua utilização, evitar a peregrinação de mulheres nos serviços de atenção
obstétrica evitando as demoras que resultam em desfechos desfavoráveis, viabilizar o acesso
qualificado e o atendimento com resolutividade, em tempo adequado para cada caso.
6
1 Introdução
A Rede Cegonha (RC) é uma iniciativa do Ministério da Saúde/MS lançada pelo Governo
Federal em 2011 com objetivo de proporcionar melhor atenção e qualidade de saúde para
mulheres e crianças. A RC incentiva a inovação e a excelência na atenção pré-natal, assistência
ao parto e ao pós-parto, bem como nas ações em torno do desenvolvimento da criança
durante os primeiros dois anos de vida. Vem mobilizando gestores, profissionais de saúde e
usuários dos serviços, especialmente as mulheres e crianças como beneficiários diretos. Em sua
operacionalização, tem-se investido um conjunto de recursos e estratégias de parcerias para
um trabalho interfederativo. O foco estratégico da RC está na redução da morbimortalidade
materna e infantil, especialmente em seu componente neonatal.
8
2 A Rede Cegonha e
o modelo de atenção
obstétrica e neonatal
Trata-se de uma estratégia para garantir às mulheres e às crianças uma assistência que
lhes permita vivenciar a experiência da maternidade e nascimento com segurança, respeito e
dignidade, afirmando que dar à luz não é uma doença ou um processo patológico, mas uma
função fisiológica e natural que constitui uma experiência única para a mulher, parceiro(a) e
sua família.
Por meio de ações que buscam a ampliação do acesso e melhoria da qualidade do pré-
natal, da garantia de vinculação da gestante aos serviços de referência para atendimento
integral, da implementação de boas práticas, incluindo o direito ao acompanhante de livre
escolha da mulher, e do acesso ao planejamento reprodutivo, a Rede Cegonha articula os
seguintes objetivos:
1
Profissional graduada em obstetrícia.
Manual de Acolhimento e Classificação de Risco em Obstetrícia
A Rede Cegonha tem como diretrizes para nortear a reorganização dos processos de
trabalho nos serviços obstétrico-neonatais:
11
3 Acolhimento e
Classificação de Risco
(A&CR) em Obstetrícia
Em se tratando de uma intervenção que propõe alteração dos processos de trabalho das
equipes de atenção e gestão, é essencial assegurar na implantação do A&CR nos serviços um
processo participativo, baseado no seguinte pressuposto:
a) Realizar oficina de mobilização para discussão sobre o AC&R com todo o serviço e
representantes de usuários (o contexto hospitalar, conceitos e fluxos internos e externos);
! Plano de Ação não entendido como documento burocrático ou uma mera “carta de
intenções”, mas como um instrumento de registro das metas, ações, responsáveis,
refletindo as condições concretas de viabilização das mudanças na realidade local.
A realização da CR deve ser incorporada como uma prática do cuidar do (a) enfermeiro
(a) generalista e todos os profissionais devem estar envolvidos.
Obs.: Esta é uma matriz básica de elaboração de plano de ação, que pode ser precedida
por outras (de levantamentos de problemas e desafios), e deve-se desdobrar em outras mais
especificas para acompanhamento avaliativo do processo.
Manual de Acolhimento e Classificação de Risco em Obstetrícia
se os seguintes movimentos:
•• Definir estratégias para articulação com a rede, pactuando encontros mensais entre
as maternidades, distritos sanitários e unidades básicas, para analisar os dados
produzidos pelo A&CR, problemas encontrados e a qualidade dos encaminhamentos;
Ministério da Saude
22
5 Atribuições das
equipes de A&CR*
*
As atribuições da equipe da porta de entrada foram inicialmente experimentadas em 2005, no Hospital Odilon Behrens de Belo Horizonte, um
dos pioneiros na implantação do ACCR e em Maternidades de Salvador em 2013 e a elaboração final do texto pelo GT A&CR.
Ministério da Saude
Profissionais da Recepção:
•• Dar baixa nas fichas das pacientes que não foram internadas;
•• Acomodar e/ou posicionar a usuária adequadamente para que possa ser avaliada na
classificação de risco;
25
Enfermeiro do A&CR:
•• Orientar a mulher de forma clara quanto à sua situação e quanto ao tempo de espera
do atendimento;
•• Entregar a ficha de atendimento ao técnico para que seja colocada nos consultórios;
Enfermeiros Obstetras:
•• Realizar passagem de plantão regularmente, não podendo deixá-lo sem que outro
funcionário o assuma.
Médicos Obstetras:
•• Atualizar informação sobre a rede SUS locorregional, bem como a rede de proteção
social existente para efetivação de encaminhamentos necessários;
Serviço de Vigilância:
•• Apoiar a equipe do A&CR sempre que necessário e quando for solicitado pela mesma;
29
6 Ambiência e
o A&CR
Orientações para adequação da ambiência nas Portas de Entrada dos Serviços que realizam partos:.
•• Criar sala para a Classificação de Risco próxima à equipe de acolhimento, com acesso
direto tanto para a sala de espera quanto para o interior do hospital, facilitando o
atendimento e a monitoração das usuárias;
32
7 Protocolo de A&CR
em Obstetrícia
O A&CR é um dispositivo de organização dos fluxos, com base em critérios que visam
priorizar o atendimento às pacientes que apresentam sinais e sintomas de maior gravidade e
ordenar toda a demanda. Ele se inicia no momento da chegada da mulher, com a identificação
da situação/queixa ou evento apresentado por ela.
33
Chaves de decisão dos fluxogramas:
3. Avaliação da circulação.
Ministério da Saude
•• Respiração: a paciente não consegue manter uma oxigenação adequada por apneia,
gasping ou qualquer padrão respiratório ineficaz. Podem haver sinais de esforço
respiratório como retração intercostal, batimento de asa de nariz.
Glicemia Valores
Hiperglicemia Glicemia > 300mg/dl
Hiperglicemia com cetose Glicemia > 200mg/dl com cetona urinária ou sinais de acidose
(respiração profunda)
Hipoglicemia Glicemia < 50mg/dl
Fonte: Consensos Sociedade Brasileira de Diabetes- 2012.
35
Ministério da Saude
A EVA pode ser utilizada durante todo o atendimento, registrando o resultado sempre na
evolução. Para utilizar a EVA o enfermeiro deve questionar o paciente quanto ao seu grau de
dor sendo que 0 significa ausência total de dor e 10 o nível de dor máxima suportável pela
mulher (ou 10 o nível máximo de dor imaginado pela paciente).
36
Observação:
Fluxogramas de CR:
- Não responsiva
- Choquec SIM VERMELHO
- Saturação ≤ 89% em ar ambiente
NÃO
NÃO
NÃO
38
NÃO
AZUL
Atendimento não prioritário ou
Encaminhamento ao Centro de Saúde
Manual de Acolhimento e Classificação de Risco em Obstetrícia
- Período expulsivo
- Prolapso de cordão umbilical
- Exteriorização de partes fetais
SIM VERMELHO
- Sinais de choque
NÃO
NÃO
NÃO
NÃO
AZUL
Atendimento não prioritário ou
Encaminhamento ao Centro de Saúde
NÃO
NÃO
NÃO
40
NÃO
AZUL
Atendimento não prioritário ou
Encaminhamento ao Centro de Saúde
Manual de Acolhimento e Classificação de Risco em Obstetrícia
NÃO
NÃO
- Dispneia moderada, consegue falar frases mais longas,
- Saturação de O² ≥ 95% em ar ambiente
- PAS140- 159 e/ou PAD 90- 109 mmHg, sem sintomas
-Edema unilateral de MMII ou dor em panturrilha SIM AMARELO
- Febre: TAx 38,0ºC a 39,9ºC
- Dor de garganta com placas
Dor torácica moderada
NÃO
NÃO
AZUL
Atendimento não prioritário ou
Encaminhamento ao Centro de Saúde
Ministério da Saude
5 FEBRE/SINAIS DE INFECÇÃO
- Convulsão em atividade
- Saturação ≤ 89% SIM VERMELHO
- Sinais de Choquec
NÃO
NÃO
- Febre: TAx 38,0ºC a 39,9ºC
- PAS140- 159 e/ou PAD 90- 109 mmHg, sem sintomas
- Dor abdominal moderada em puérpera ou não
- Sinais de infecção sítio cirúrgico associado a febre SIM AMARELO
Ingurgitamento mamário com sinais flogísticosd
associados a febre
Pacientes imunodeprimidas (HIV)
NÃO
NÃO
AZUL
Atendimento não prioritário ou
Encaminhamento ao Centro de Saúde
Manual de Acolhimento e Classificação de Risco em Obstetrícia
6 NÁUSEAS E VÔMITOS
NÃO
NÃO
NÃO
NÃO
AZUL
Atendimento não prioritário ou
Encaminhamento ao Centro de Saúde
Ministério da Saude
NÃO
NÃO
NÃO
NÃO
AZUL
Atendimento não prioritário ou
Encaminhamento ao Centro de Saúde
Manual de Acolhimento e Classificação de Risco em Obstetrícia
- Não responsiva
- Sinais de Choquec
- Hemorragia exanguinante SIM VERMELHO
- TP em período expulsivo
- Exteriorização de partes fetais
NÃO
- Confusão/letargia
- Sangramento intenso
- PAS>=160 e/ou PAD >=110 mmHg ou
- PA >= 140/90 mmHg com sintomas
(dor de cabeça, de estômago ou alterações visuais)
- Dor intensa 7-10/10 SIM LARANJA
- TP (contrações a cada 2 minutos)
- Hipertonia uterina
- Portadoras de doença falciforme
Hipertermia >= 40ºC
NÃO
- Sangramento moderado**
- Dor moderada 4-6/10
- Contrações com intervalos de 3 a 5minutos
- Contrações uterinas a intervalos de 3 a 5 min SIM AMARELO
- Ausência de percepção de MF em gravidez ≥ 22 semanas
- Febre: TAx 38ºC a 39,9ºC
Vítima de violência
NÃO
Sangramento leve**
Dor leve intensidade 1-3/10
SIM VERDE
NÃO
45
**Volume aproximado de perda sanguínea FC PAS
9 QUEIXAS URINÁRIAS
NÃO
NÃO
NÃO
AZUL
Atendimento não prioritário ou
Encaminhamento ao Centro de Saúde
46
Manual de Acolhimento e Classificação de Risco em Obstetrícia
NÃO
NÃO
NÃO
AZUL
Atendimento não prioritário ou
Encaminhamento ao Centro de Saúde
47
Ministério da Saude
11 RELATO DE CONVULSÃO
- Não responsiva
- Convulsão em atividade
- Padrão respiratório ineficaz
- Saturação ≤ 89% em ar ambiente
SIM VERMELHO
- Sinais de Choquea
NÃO
NÃO
NÃO
T= 37,5 a 37,9°C
- PAS ≤ 139 e/ou PAD ≤ 89 mmHg
SIM VERDE
48
Manual de Acolhimento e Classificação de Risco em Obstetrícia
12 OUTRAS QUEIXAS/SITUAÇÕES
Não responsiva
Sinais de Choquec SIM VERMELHO
NÃO
NÃO
NÃO
NÃO
AZUL 49
Atendimento não prioritário ou
Encaminhamento ao Centro de Saúde
Ministério da Saude
Descritores:
a
Estridor laríngeo: som resultante do fluxo turbulento de ar na via aérea
b
Padrão respiratório ineficaz: gasping, dispnéia, intenso esforço respiratório, retração
intercostal, frases entrecortadas, batimento de asa de nariz ou qualquer padrão associado a cianose.
c
Sinais de choque: Hipotensão (PA sistólica ≤ 80mmHg) Taquicardia (FC ≥ 140bpm) ou
Bradicardia (FC ≤ 40bpm), palidez, sudorese fria, alteração de nível de consciência.
d
Sinais flogísticos: Dor, calor, rubor e edema
e
Sinais de desidratação: hipotensão, taquicardia, turgor da pele deficiente, preenchimento
capilar lento, choque
f
Sinais de meningismo: rigidez de nuca, fotofobia, dor de cabeça
•• Por definição, são pacientes sem risco de agravo. Serão atendidas por ordem de
chegada.
•• Caso não haja esta pactuação com a atenção primária e/ou a usuária se recusar a
procurar o serviço de referência deverá ser garantido o atendimento na maternidade. 51
8 Indicadores para
o monitoramento e
avaliação do A&CR
Objetivos:
Indicadores propostos:
55
Referências
Bibliografia complementar
57
ARULKUMARAN, N.; SINGER, M. Puerperal sepsis. Best Pract Res Clin Obstet Gynaecol., [S.l.], v. 27,
n. 6, p. 893-902, Dec. 2013. Doi: 10.1016/j.bpobgyn.2013.07.004. Epub 2013 Aug 30. Review.
BEACH, R. L.; KAPLAN, P. W. Seizures in pregnancy: diagnosis and management. Int Rev
Neurobiol., [S.l.], v. 83, p. 259-271, 2008. Doi: 10.1016/S0074-7742(08)00015-9. Review.
Ministério da Saude
BELO HORIZONTE. Secretaria Municipal de Saúde. Comissão Peri Natal. Associação Mineira
de Ginecologia e Obstetrícia. Acolhimento com Classificação de Risco em Obstetrícia. Belo
Horizonte, 2009.
BRITO, V.; NIEDERMAN, M. S. Pneumonia complicating pregnancy. Clin Chest Med., [S.l.],
v. 32, n. 1, p. 121-132, Mar. 2011. Doi: 10.1016/j.ccm.2010.10.004. Epub 2010 Dec 17. Review.
CAPPELL, M. S.; FRIEDEL, D. Abdominal pain during pregnancy. Gastroenterol Clin North
Am., [S.l.], v. 32, n. 1, p. 1-58, Mar. 2003. Review.
DIGRE, K. B. Headaches during pregnancy. Clin Obstet Gynecol., [S.l.], v. 56, n. 2, p. 317-329,
Jun. 2013. Doi: 10.1097/GRF.0b013e31828f25e6. Review.
HART, L. A.; SIBAI, B. M. Seizures in pregnancy: epilepsy, eclampsia, and stroke. Semin
Perinatol., [S.l.], v. 37, n. 4, p. 207-224, Aug. 2013. Doi: 10.1053/j.semperi.2013.04.001.Review.
JENSEN, M. P.; KAROLY, P.; BRAVER, S. The measurement of clinical pain intensity: a comparison
of six methods. Pain., [S.l.], v. 27, n. 1, p. 117-126, Oct. 1986.
LAPINSKY, S. E. Obstetric infections. Crit Care Clin., [S.l.], v. 29, n. 3, p. 509-520, Jul. 2013. 59
MONTENEGRO, Carlos A.; REZENDE FILHO, Jorge de. Rezende obstetrícia fundamental. 12. ed.
[S.l.]: Guanabara Koogan, 2013.
Ministério da Saude
MURPHY, V. E.; GIBSON, P. G. Asthma in pregnancy. Clin Chest Med., [S.l.], v. 32, n. 1, p. 93-110,
Mar. 2011. Doi: 10.1016/j.ccm.2010.10.001. Epub 2010 Dec 17. Review.
SILVA FILHO, Agnaldo Lopes da; AGUIAR, Regina Amélia Lopes Pessoa de; MELO, Victor Hugo de.
Manual de ginecologia e obstetrícia – SOGIMIG. [S.l.]: Coopmed Editora Médica, 2012. 1308 p.
SONKUSARE, S. The clinical management of hyperemesis gravidarum. Arch Gynecol Obstet., [S.l.],
v. 283, n. 6, p. 1183-1192, Jun. 2011. Doi: 10.1007/s00404-011-1877-y. Epub 2011 Mar 20. Review.
STONE, K. Acute abdominal emergencies associated with pregnancy. Clin Obstet Gynecol.,
[S.l.], v. 45, n. 2, p. 553-561, Jun. 2002. Review.
60 VAZQUEZ, J. C.; ABALOS, E. Treatments for symptomatic urinary tract infections during pregnancy.
Cochrane Database Syst Rev. Jan. 2011. Doi:10.1002/14651858.CD002256.pub2. Review.
Manual de Acolhimento e Classificação de Risco em Obstetrícia
Classificação:
VERMELHO LARANJA AMARELO VERDE AZUL
8. FLUXOGRAMA:
9. PARÂMETROS DE AVALIAÇÃO:
PA= _____x_____ mmHg FC= _____ bpm FR=____ipm Temp.=____ºC
SatO2_______ Glicemia: ________mg/dl.
CONTRAÇÕES UTERINAS: ( ) Não ( ) Sim Hipertonia uterina ( ) Não ( ) Sim
DOR: ______/10 Localização______________________________________________
PERDA DE LÍQUIDO:( ) Não ( ) Sim Aspecto:( ) Claro ( )Meconial fluido ( ) Meconial espesso
SANGRAMENTO VAGINAL: ( ) ausente ( ) presente sem repercussão hemodinâmica
( ) presente com repercussão hemodinâmica
MF (+/ -):______ se ausente
Outras queixas:
_____________________________________________________________________________________
_________________________________
ENFERMEIRO RESPONSÁVEL
Carimbo e assinatura
EDITORA MS
Coordenação-Geral de Documentação e Informação/SAA/SE
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Fonte principal: Myriad Pro
Tipo de papel do miolo: Couchê 90gm
Impresso por meio do contrato 28/2012
Brasília/DF, janeiro de 2015
OS 2015/0020