Historia Da Gaivota e Do Gato Que A Ensinou A Voar Luis Sepulveda
Historia Da Gaivota e Do Gato Que A Ensinou A Voar Luis Sepulveda
Historia Da Gaivota e Do Gato Que A Ensinou A Voar Luis Sepulveda
Esta é a história de Zorbas, um Um dia, uma formosa gaivota deixa ao cuidado dele, momentos
gato grande, preto e gordo. apanhada por uma maré negra de antes de morrer, um ovo que
petróleo acabar de pôr.
Gato Pelicano
• Bolinha de • Bicho • Gatinho • Grande pássaro • Pássaro • Pelicano
carvão • Rã (3) • Pássaro muito feio idiota imbecil
• Pequeno • Rã preta • Papo enorme • Passarão
gato preto • Rã debaixo do bico
• Pequeno venenosa • Pássaro de bico
Zorbas (?) aberto
• Papo, que estava
muito escuro e
cheirava
horrivelmente
• Pássaro (5)
Caracterização negativa do
Caracterização positiva do Gato
Pelicano
Voz do Narrador
Voz do Narrador
Grande pássaro Adjetivo (anteposto)
Nome
Bolinha Pássaro muito feio Adjetivos (grau superlativo
(grau diminutivo) abs. analítico)
Pequeno gato Papo […] muito escuro
Adjetivo (anteposto)
[…] cheirava
horrivelmente Advérbio
Voz do Garoto
Voz do Garoto
Gatinho
Nome
Pelicano imbecil
Adjectivo
(grau diminutivo)
Passarão Nome
(grau aumentativo)
Afetividade Distanciamento
Identificação com o ponto de vista do Gato Rejeição do ponto de vista do Pelicano
2.º Capítulo
Léxico e pontos de vista
Bicho / Rã
Nomes Pássaro idiota Adjetivo
Rã preta
Adjetivos
rã venenosa
Rejeição Distanciamento
Distanciamento do ponto de vista do narrador, Ponto de vista adoptado pelo narrador e pelo garoto
garoto e gato
Atividades no âmbito
da Competência da Leitura
1.º Capítulo
Destaque da ação de Kengah
Kengah, uma gaivota de penas cor de prata, gostava especialmente de observar
as bandeiras dos barcos, pois sabia que cada uma delas representava uma forma de
falar, de dar nome às mesmas coisas com palavras diferentes.
- As dificuldades que os humanos têm! Nós, gaivotas, ao menos grasnamos o
mesmo em todo o mundo – comentou uma vez Kengah para uma das suas
companheiras de voo.
- Pois é. E o mais notável é que às vezes até conseguem entender-se – grasnou a
outra.
Seria um belo encontro. Era nisso que Kengah pensava enquanto dava conta do
seu terceiro arenque.
Kengah mergulhou a cabeça para agarrar o quarto arenque e por isso não ouviu
o grasnido de alarme que estremeceu o ar:
- Perigo a estibordo! Descolagem de emergência!
Quando Kengah tirou a cabeça da água viu-se sozinha na imensidade do oceano.
1.º Capítulo
Rede Lexical relacionada com os conceitos de mar e gaivota
I Mar - Banco de arenques a bombordo! – anunciou a gaivota de vigia, e o bando do Farol da Arenques
Bombordo
do Areia Vermelha recebeu voo a notícia com grasnidos de alívio. gaivota de vigia
Norte Iam com seis horas de sem interrupção e, embora as gaivotas-piloto as tivessem bando do Farol da Areia Vermelha
grasnidos
conduzido por correntes de ares cálidos que lhes haviam tornado agradável aquele planar voo
sobre o oceano, sentiam a necessidade de recobrar forças, e para isso não havia nada melhor gaivotas-piloto
que um bom fartote de arenques. ares cálidos
planar
Voavam sobre a foz do rio Elba, no Mar do Norte. Viam lá do alto os barcos alinhados oceano
uns atrás dos outros, como pacientes e disciplinados animais aquáticos à espera de saírem arenques
foz do rio Elba
para o mar largo e ali orientarem os seus rumos para todos os portos do planeta.
Mar do Norte
barcos
Kengah, uma gaivota de penas cor de prata, gostava especialmente de observar as mar
portos
bandeiras dos barcos, pois sabia que cada uma delas representava uma forma de falar, de dar gaivota
nome às mesmas coisas com palavras diferentes. penas
- As dificuldades que os humanos têm! Nós, gaivotas, ao menos grasnamos o mesmo bandeiras dos barcos
gaivotas
em todo o mundo – comentou uma vez Kengah para uma das suas companheiras de voo. grasnamos
- Pois é. E o mais notável é que às vezes até conseguem entender-se – grasnou a outra. voo
companheiras de voo
grasnou
Mais para além da linha de costa, a paisagem tornava-se de um verde intenso. Era um
enorme prado em que se destacavam os rebanhos de ovelhas pastando ao abrigo dos diques linha da costa paisagem verde intenso prado
Rebanho diques
e das preguiçosas velas dos moinhos de vento. velas dos moinhos de vento
II Um Gato Zorbas contraíra essa dívida precisamente no dia em que abandonou o cesto que lhe
Grande, servia de morada juntamente com os seus sete irmãos.
Preto e (…)
Gordo Assim começara aquela amizade que já durava há cinco anos.
O beijo que o garoto lhe deu na cabeça desviou-o das suas recordações. Viu-o enfiar
a mochila, caminhar para a porta e, de lá, despedir-se mais uma vez.
- Vemo-nos daqui a quatro semanas. Pensarei em ti todos os dias, Zorbas. Prometo.
- Adeus, Zorbas! Adeus, gordalhufo! – despediram-se os dois irmãos mais novos do
garoto.
O gato grande, preto e gordo ouviu-os fechar a porta a sete chaves e correu para uma
janela que dava para a rua, para ver a sua família adoptiva antes de ela se afastar.
O gato grande, preto e gordo respirou com prazer. Durante quatro semanas seria
dono e senhor do apartamento. Um amigo da família iria todos os dias abrir-lhe uma lata
de comida e limpar-lhe o caixote de areia. Quatro semanas para preguiçar pelos
caldeirões, pelas camas, ou para ir até à varanda, trepar ao telhado, saltar de lá para os
ramos do velho castanheiro e descer pelo tronco até ao pátio interior, onde costumava
encontrar-se com os outros gatos do bairro. Não ia aborrecer-se. Nem por sombras.
Assim pensava Zorbas, o gato grande, preto e gordo, porque não sabia o que lhe iria
cair em cima nas próximas horas.
3.º Capítulo
Reiteração do nome “gato”
Kengah estendeu as asas para levantar voo, mas a espessa onda foi mais rápida e cobriu-a inteiramente. Quando
III Hamburgo veio ao de cima, a luz do dia havia desaparecido e, depois de sacudir a cabeça energicamente, compreendeu que a
à vista maldição dos mares lhe obscurecia a visão.
Kengah, a gaivota de penas cor de prata, mergulhou várias vezes a cabeça, até que uns clarões lhe chegaram às
pupilas cobertas de petróleo. A mancha viscosa, a peste negra, colava-lhe as asas do corpo, e por isso começou a mexer
as patas na esperança de nadar rapidamente e sair do centro da maré negra.
Com todos os músculos contraídos pelo esforço, chegou por fim ao limite da mancha de petróleo e ao fresco
contacto com a água limpa. Quando, de tanto pestanejar e mergulhar a cabeça, conseguiu limpar os olhos, olhou para o
céu e não viu mais que algumas nuvens que se interpunham entre o mar e a imensidade da abóbada celeste. As suas
companheiras do bando já voariam longe, muito longe.
[Primeiro] Kengah bateu as asas energicamente, encolheu as patas, ergueu-se uns dois
palmos e caiu de borco na água.
Antes de tentar de novo submergiu o corpo e moveu as asas debaixo da água
Mergulhou o bico mais uma vez e, com o bico, puxou pela capa de imundície que lhe cobria
a cauda.
Suportou a dor das penas arrancadas, até que finalmente verificou que a sua parte traseira
estava um pouco menos suja.
À quinta tentativa, Kengah conseguiu levantar voo.
4.º Capítulo
Importância do parágrafo
Princí No preciso momento em que rodava preguiçosamente o corpo Queda da
pio para que o sol lhe aquecesse o lombo ouviu um zumbido gaivota na
provocado por um objecto voador que não foi capaz de identificar varanda –
e que se aproximava a grande velocidade. Atento, deu um salto, princípio do
pôs-se de pé nas quatro patas e mal conseguiu atirar-se para um fim
lado para se esquivar à gaivota que caiu na varanda.
Meio - Não posso. Foi o meu voo final – grasnou a gaivota numa voz quase Enfraquecime
inaudível, e fechou os olhos. nto da gaivota.
- Vou pôr um ovo. Com as últimas forças que me restam vou pôr um
ovo. Amigo gato, vê-se que és um animal bom e de nobres
sentimentos. Por isso, vou pedir-te que me faças três promessas.
Fazes? – grasnou ela, sacudindo desajeitadamente as patas numa Tentativa
tentativa falhada de se pôr de pé. falhada de se
pôr de pé.
Fim Kengah olhou para o céu, agradeceu a todos os bons ventos que a haviam Morte da
acompanhado e, justamente ao exalar o último suspiro, um ovito branco Gaivota
com pintinhas azuis rolou junto do seu corpo impregnado de petróleo.
Planificação de uma atividade de reconto de
um excerto narrativo, com adoção do ponto
de vista de uma personagem
Expressões a utilizar
Voz e ponto de Pelicano
vista adoptados (rejeição do gato)
Situação que
Estava a dormitar.
desencadeou o
Um bicho caiu dentro do meu papo.
início da ação
Procurei saber de que bicho se tratava.
Perguntei-lhe se era uma rã. “sempre de bico fechado” (p. 19)
Concluí que se tratava de uma rã preta.
Acontecimentos Não acreditei que o bicho fosse um gato.
que tiveram lugar Recordei várias rãs verdes que já comera
de seguida e fiquei preocupado com a possibilidade “os gatos são peludos, velozes e
de aquela rã ser venenosa. cheiram a pantufa” (p.19)
Fiquei sem saber o que fazer.
“engulo-te ou cuspo-te?”(p.20)