O documento discute como as novas tecnologias estão mudando a sociedade e as pessoas, mas a escola continua a mesma. Argumenta que a escola precisa aproveitar os recursos tecnológicos para tornar o ensino mais dinâmico e relevante para os alunos, preparando-os para viver na sociedade moderna.
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1. ENSINO DE HOJE Relação entre didática e recursos auxiliares do ensino especificamente, as novas tecnologias. A educação escolar não sofrerá as alterações estruturais e significativas, de que tanto precisa. Para algumas pessoas o principio de que a escola continuará seriada, disciplinar, com turmas razoavelmente grandes: professores e alunos interagindo em um mesmo ambiente físico, parece ser inalterável. Como se fosse inerente ao homem, à sociedade. O modelo de escola de aluno, de professor, de ensino, é relativamente recente, se consideramos a história da humanidade: e extremamente antigo e conservador, se considerarmos as transformações ocorridas nos conhecimentos e na sociedade.
2. As pessoas mudaram... As alterações ocorridas a partir dos avanços da tecnologia invadem o nosso cotidiano. As facilidades de comunicação e informação advindas com os avanços tecnológicos se traduzem em mudanças irreversíveis nos comportamentos pessoais e sociais. A televisão, o rádio, o telefone, o vídeo cassete, são máquinas conhecidas, de acesso fácil e usadas por pessoas de todas as idades: adultos, jovens e crianças. O fax, o computador pessoal, são equipamentos eletrônicos mais sofisticados e com múltiplas possibilidades de uso como veiculo de comunicação, de informação, de lazer, de aprendizagem.
3. ... mas a escola, continua a mesma?!... Os recursos disponíveis para que ocorra algum tipo de comunicação entre professor e alunos, são apenas livros e cadernos, a lousa (quadro negro) e o giz. O professor apresenta oralmente o assunto, escreve na lousa alguns apontamentos, os alunos com a atenção flutuante copiam o que esta escrito, fazem leituras de textos. Ao menor movimentos dos alunos ou tentativas de “conversas paralelas” o professor pede silêncio. No meio de todas as opções tecnológicas de aprendizagem, não tem sentido este modelo de ensino. Como conseguir algum tipo de caminho ou trilha para aproveitarmos na prática didática de sala de aula as múltiplas ofertas existentes na sociedade tecnológica que nos circunda no cotidiano, fora da escola?
4. E o professor, mudou?!... O papel do professor, e da escola, nesta nova sociedade, mudou. Ainda que a escola e o próprio professor não tenha percebido. O professor era a principal fonte de onde emanava todo o conhecimento que as novas gerações precisavam adquirir para viver bem socialmente. A escola era designado o papel de manutenção, transmissão e reprodução dos valores e conhecimentos adquiridos e respeitados pelo grupo social. O conhecimento centralizado na pessoa do professor era considerado como um “capital” profissional. Este capital de saberes era um investimento que, na função docente, deveria ser transmitido, ser “socializado” às gerações mais novas e, consequentemente, mais ignorantes. A fruição do saber do mestre aos seus discípulos se dava em um processo de comunicação unidirecional, ou seja, o professor fala e os alunos escutam.
5. Os professores são formados em aulas assim, transmissão oral de conhecimentos oriundos da pessoa do professor, copiados e reproduzidos pelos alunos. Tudo textual, sem imagens, sem outros apelos, sem outros recursos. Como alterar a realidade para uma visão positiva de recursos no ensino se: os alunos – futuros professores – raramente aprendem a utilizá – los: os próprios professores consideram o uso de recursos audiovisuais como “apelativos”, o que interessa é o texto: existe um desconhecimento generalizado sobre a melhor forma de utilização de recursos audiovisuais em salas de aula de todos os níveis.
6. As tecnologias O aparecimento das redes de comunicação tais como: a televisão interativa, via cabo, possibilitam transformações profundas na materialidades do escrito. A ampliação de uso dos multimeios, como CD – ROM e os discos óticos, transformam não apenas as formas de comunicação através da leitura e escrita dos textos mas a produção, reprodução e armazenamento das informações. A tendência, ao que parece, será a diminuição gradativa do suporte impresso para o uso generalizado de textos eletrônicos guardados não mais em bibliotecas, mas em bases eletrônicas de dados e disponíveis, a qualquer momento, em grandes redes comunicacionais.
7. Estamos em uma fase transitória entre a concretude do texto impresso e a imaterialidade do texto eletrônico. Para que não ocorram perdas, devemos pensar no futuro – Quando o uso dos textos eletrônicos se generalizarem - e na preservação da forma impressa original com que os livros têm sido produzidos até este momento. A proposta de Babin é de que a escola seja o lugar onde se preserve a memória do passado e se posicione criticamente diante da atualidade, apresentada pelos jornais, revistas e documentos audiovisuais.
8. Fora da escola, professores e alunos estão “em outra”. Vamos perceber que embora a escola não tenha mudado, culturalmente essas pessoas que ai estão mudaram. Para esses alunos, por exemplo o professor não é mais a única, e nem a principal, fonte do saber. Eles aprendem em muitas e variadas situações. Já chegam à escola sabendo muitas coisas, ouvidas no rádio, vistas na televisão, em apelos de outdoors e informes de mercados e shopping centers. Estes alunos estão acostumados a aprender através dos sons, das cores: através das imagens congeladas das fotografias ou em movimento, nos filmes e programas televisivos. Aprendem através de processos em que existem interações totais entre o plano racional e o afetivo.
9. Sua forma de raciocinar não é mais tão linear – introdução, desenvolvimento e conclusão – mas envolve aspectos globais em que se encontram o lado afetivo, o cognitivo, o intuitivo. Aprende fazendo uso de ambos os hemisférios cerebrais, o que significa que elabora processos mentais em que estão em ação tanto o lado lógico e analítico (hemisfério esquerdo) quanto os aspectos emocionais, intuitivos e criativos (hemisfério direito). Existe um interesse pleno, uma curiosidade inesgotável em descobrir, desvendar, aprender, por exemplo, as inúmeras possibilidades que os atuais recursos oferecidos pelos computadores, sons, imagens e de tecnologias virtuais.
10. Presa à estrutura burocrática conservadora a escola se fecha diante dos avanços da sociedade e se regulamenta por regras próprias que definam currículos, programas, conteúdos defasados e que raramente são questionados. Alunos e professores mudam seus comportamentos ao chegar à escola. Obedecem às regras e vivem um outro tipo de vida, cada vez mais estéril e defasado de suas outras vivências.
11. O uso da tecnologia dentro da sala de aula... Cria – se um regime cíclico de prática didática. Os alunos, inclusive nos cursos de formação de professores, estão habituados basicamente a um regime disciplinar de estudos através de textos. Formam – se professores e sentem – se inseguros para inovar. Inseguros para manipular os recursos quando a escola os tem; inseguros para saber se terão tempo disponível para “dar a matéria”, se “gastarem o tempo” com o vídeo, o filme, o slide... Todas as teorias pedagógicas ensinam sobre a importância de se realizar o ensino a partir da experiência do aluno. O ponto de partida de qualquer aprendizagem é o conhecimento anteriormente adquirido pelo estudante.
12. A partir de imagens televisivas, de vivências concretamente presentes na interioridade dos sujeitos que habitam a escola é que se pode começar a pensar em procedimentos didáticos que aproveitem essa riqueza de conhecimentos, imagens, sons e emoções para tornar mais vivo e dinâmico o cotidiano das nossas salas de aula.
13. .. e o aproveitamento das tecnologias da vida cotidiana... A televisão é o meio tecnológico mais importante e característico da nova sociedade da comunicação. É também o mais difundido e, em todas as camadas sociais, o hábito de se assistir televisão está impregnado na cultura e nos costumes das pessoas de todas as idades. Em um mesmo momento televisivo pode se estar trabalhando com o simbólico (a taça de campeão), o lúdico ( o jogo0, o artístico (a performance), o musical ( o som que não esta presente na realidade dos jogadores em campo). A aprendizagem global não distingue ficção e realidade, ela se abre plena não a partir da objetividade do fato, mas da afetividade, da emocionalidade dos que estão interagindo com o programa, com a informação, e na relação emocional/racional.
14. A informação televisiva é apreendida livremente. Não há direções a seguir, não há passos comuns. Cada um interage de uma forma diferente. Retira para si um conhecimento e um comportamento pessoal, em uma velocidade própria. A escola precisa aproveitar essa riqueza de recursos, externos, não para reproduzi – los em sala de aula, mas para polarizar estas informações, orientar as discussões, preencher as lacunas do que não foi apreendido, ensinar os alunos a estabelecerem distancias criticas com o que é veiculado pelos meios de comunicação.
15. Em direção a uma didática comunicativa... Aprender a viver no mundo da comunicação é aprender a falar, a ouvir, a compreender e a respeitar as diferenças. É interagir emocional – racionalmente em um movimento constante de empatia com o conhecimento e distância critica do mesmo. A mensagem está no efeito do meio sobre a pessoa. E é esta mensagem o que a escola precisa recuperar nos alunos para, a partir dela, realizar, completar, ampliar a aprendizagem. O professor, atuando como “líder de opinião”, recupera a mensagem na forma como foi compreendida pelos seus mais diferentes alunos e orienta o caminho, coloca em discussão os temas, encaminha processa junto.
16. É inegável que seria importantíssimo se todas as escolar e todos os professores – pudessem dispor dos recursos educacionais cada vez mais sofisticados que os avanços tecnológicos vem colocando a disposição da sociedade. Mas mesmo assim, o papel didático do professor para ser consistente precisaria ainda ser o de promover o dialogo entre os alunos e os conhecimentos, independente do local e do tipo de recurso utilizado na sua aquisição. Os cursos de formação de professores não os prepara para atuarem sintonizados com os pressupostos tradicionais da educação e com as inovações permanentes da sociedade tecnológica.
17. É preciso que as estruturas educacionais proporcionem aos seus professores condições de se atualizarem, não apenas em seus conteúdos, mas didaticamente. Nestes cursos não se vai aprender apenas a manipulação e utilização de tecnologias educacionais em sala de aula mas, e principalmente, ao aproveitamento didático dos efeitos das tecnológicas em seus alunos.