O documento discute os desafios da educação a distância em romper com o paradigma da transmissão de conhecimento e se tornar mais interativa. Críticas apontam que a tecnologia por si só não muda a pedagogia e que é preciso inovar os métodos para envolver os alunos na construção ativa do saber.
Educação a Distância - por Laura Palis e Juliana Figueiredo
1. Educação a Distância
“Um ambiente virtual é um espaço fecundo de significação onde seres
humanos e objetos técnicos interagem, potencializando, assim, a
construção de conhecimentos - logo, a aprendizagem”
(SANTOS. Edméa Oliveira, 2003).
2. A Educação a Distância é um modelo
educacional cada vez mais difundido
que está revolucionando o acesso à
educação. Com o avanço das
tecnologias, a EAD vem evoluindo e
já é apontada como um modelo de
educação de qualidade, em que
universidades de referência também
elaboram cursos nesta modalidade –
como é o exemplo do consórcio
CEDERJ que atende a cerca de cerca
de 60 mil pessoas por ano, oferecendo
cursos de graduação em parceria com
as universidades UERJ, UFRJ,
UNIRIO, UFRRJ, UENF e UFF*.
(*fonte: <http://pt.wikipedia.org/wiki/CEDERJ>)
3. Apesar de utilizar plataformas com tecnologia
de ponta, contando com diversos recursos de
comunicação, percebe-se que o paradigma da
pedagogia da transmissão ainda não foi
rompido.
Ter tecnologia quer dizer ter
uma educação mais interativa,
mais moderna?
4. No fórum “Superando a Pedagogia da Transmissão”,
percebemos que quase todos participantes fizeram parte
(como estudantes ou professores) do modelo educacional da
transmissão de conhecimentos. Apresentam-se hoje como
críticos desta modalidade e sinalizam a urgência de uma
mudança. Apontam a atualização do professor diante das
novas formas de educação como uma meta a ser alcançada
para uma melhor e mais rica relação com os alunos,
utilizando novas formas de interagir com os conteúdos.
Busca-se despertar o interesse dos estudantes, assim como a
construção de saberes significativos a eles.
5. Percebe-se ainda que a tecnologia sozinha não pode acabar
com a visão da educação bancária – esta só mudará quando a
mentalidade do educador e da escola mudarem. Existe ainda
uma falta de conhecimento, consciência ou, até mesmo, de
coragem em lançar-se ao uso das tecnologias a favor de uma
educação para a liberdade, envolvendo interação, criatividade,
interesse e dinamicidade.
Num sistema tradicional transmissivo, o professor fala, o aluno
copia e as tecnologias vem sendo subutilizadas... “A educação
precisa ser uma via de mão dupla” é o que dizemos em nossas
discussões, mas com as tecnologias, ela pode ter infinitas vias!
Com muitas mãos e mentes interagindo, criando, discutindo e
construindo conhecimento.
6. Exigir que cerca de trinta crianças façam a mesma coisa, ao
mesmo tempo, sem poder levantar, sem falar, sem trocar, sem
usar o celular, sem nada, só ouvindo e escrevendo - isso é a
violência da pedagogia da transmissão que fortalece a relação
opressor/oprimido ainda existente na escola e na sociedade.
Esta relação é insistentemente reproduzida.
É preciso coragem do educador para finalmente extinguir essa
relação.
Coragem, porque se acaba repetindo o modelo vivenciado pelo
educador quando aluno - o educador educa como foi educado e é
preciso coragem para educar diferente, para quebrar o ciclo do
absurdo e dar início ao ciclo de uma real educação para a
liberdade -
as tecnologias só farão parte positiva deste processo, quando o
educador tiver essa consciência viva, antes de meramente utilizar
as TICs como velhas ferramentas opressoras.
7. Há uma visão crítica à EAD em moldes tradicionais, nos quais os métodos
de transmissão ainda são utilizados. As críticas foram em maioria
direcionadas às avaliações, com perguntas objetivas e sem mostrar
interesse no que o estudante tem a dizer sobre o tema que abordam.
Outra questão emergente foi a falta de interação e formas dinâmicas de
pesquisa e de utilização de recursos de comunicação variados. Se existem
chats e espaços wikis de construção de saberes, por que as faculdades e
cursos a distância insistem em fóruns onde não se facilita, nem incentiva a
interação todos-todos?
8. Segundo algumas estudantes EAD que
participaram das discussões...
Carla Bernardes Lima Werneck – “Creio que podemos dizer que
a comunicação de massa e até mesmo a EAD tradicional são
unidirecionais, porque visam à massa e não permitem interações.
(...) O que estamos fazendo neste fórum é uma comunicação em
tempo real, (...). Daí, com essa mudança na interação, podemos
aperfeiçoar nosso senso crítico e nos tornarmos questionadores,
mais conscientes e atuantes em nossa sociedade.”
Gideone De Lima Pimentel Pimentel – “Como a EAD é uma
modalidade em ascensão, acredito que o termo Tutor deva, com
o passar do tempo, tomar um significado efetivo de um docente
online ou um mediador da aquisição do conhecimento,
interagindo efetivamente com o estudante.”
9. Claudia Cristina Schwabenland Teixeira – “Acredito que essa
característica afeta a escola sim, mas não supera a pedagogia da
transmissão ainda. Um bom exemplo são algumas escolas que possuem
tecnologias digitais de ponta, porém ainda utilizam a pedagogia da
transmissão.”
Geyseane dos Santos Melgaço - “Creio que o ser humano nasce
potencialmente inclinado a aprender, necessitando apenas de estímulos
internos e externos para que isso ocorra. Neste ponto, a educação tem deixado
a desejar, com aulas que não possuem vínculos com a realidade; excesso de
autoritarismo por parte dos professores; metodologias baseadas em simples
transmissões, etc.”
10. Percebemos que, em verdade, a tecnologia em si não muda paradigmas
educacionais se não for bem utilizada.
Não se pode falar apenas de um educador “aberto” a este novo tempo ou que
dialogue com as tecnologias, mas de um professor que dialogue, pelo menos, com
Paulo Freire, Vygotsky, John Dewey, Anísio Teixeira..., antes de saber utilizar as
TICs. Esta postura não pressupõe tecnologias, mas ela é potencializada por elas.
A internet, um data show, uma filmadora, nas mãos de um professor autoritário e
tradicional não enriquece a aprendizagem todos-todos, mas uma velha-velha
relação entre docentes e discentes.
11. O paradigma da transmissão está nos educadores e nas escolas que
devem procurar nas mais diversas ferramentas, envolver o estudante
para que ele seja parte ativa de sua própria educação.
O educador deve estar cada vez mais consciente de que não há
respostas prontas, nem verdades estagnadas, mas sim construções
coletivas e reflexões críticas a serem feitas.
Que educadores estejam abertos a mostrar caminhos, mediar
investigações e dar asas à criatividade, pois desejam que os estudantes
encontrem suas próprias verdades, suas próprias reflexões, suas
próprias habilidades. Assim, a EAD deve procurar estabelecer
relações com seus alunos de construção e reflexão. Com tantas
ferramentas tecnológicas, um mundo abre-se para que a interatividade
aconteça e os alunos se sintam empoderados para co-criar esse espaço
educacional.
12. Como é o mundo em que queremos viver?
A pedagogia que escolhemos,
de perto ou a distância,
deve dialogar com esse mundo que queremos...
14. Fundação Centro de Ciências e Educação à Distância do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação Superior à Distância do Estado do Rio de Janeiro
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Curso de Licenciatura em Pedagogia
Avaliação à distância 1 – 2014/2
Disciplina: EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Estudantes:
Laura Pacífico Palis – Polo Maracanã
Juliana Figueiredo Gomes de Oliveira – Polo Maracanã