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(séc. XVII)
1580- 1680



                          Disciplina de Português
               Profª: Helena Maria Coutinho
A origem da palavra barroco tem suscitado muitas discussões.
Segundo alguns a palavra terá tido origem no vocábulo espanhol
barrueco, um termo usado pelos joalheiros desde o século XVI, para
designar um tipo de pérola irregular e de formação defeituosa.

Assim, o termo técnico, aplicado às diferentes artes, passou a designar
tudo o que era exagerado, irregular, extravagante, de grande imperfeição
e mau gosto.

Barroco = extravagante prática literária e artística em geral, em que as
linhas puras do classicismo aparecem sobrecarregadas de enfeites, de
ornatos.
Etimologia da palavra Barroco:
   Procede do latim verruca, palavra que se referia a uma pequena
    elevação, mancha ou alteração numa superfície lisa.
   Mais tarde passou a denominar uma determinada imperfeição das pedras
    preciosas.
   Começa-se a utilizar em França para referir-se a qualquer coisa de forma
    irregular ou desigual.
   Posteriormente especializa-se na arte, denominando uma arte
    irregular, exuberante, estranha... É uma palavra nova, aparece com este
    significado na segunda metade do século XIX (a diferença de Renascença, que já
    era utilizada pelos próprios renascentistas).
A génese do Barroco explica-se, segundo a crítica, pelas seguintes razões:
      Saturação dos valores estéticos da Renascença, o artista demanda um
       certo grau de originalidade e, face à imitatio, a crítica fala da inventio (de
       aí os excessos formais, a excessiva decoração etc. É uma reação face as
       formas planas renascentistas).
      Angustia existencial depois do período de euforia das descobertas. Este
       período de decadência afronta-se de duas formas:
         Refugio na religião, no mundo do sobrenatural, razão pela que
           renasce o teocentrismo face ao homocentrismo renascentista.
         Vivência desenfreada dos prazeres, para fugir da realidade celebram-
           se grandes festas no paço (carpe diem, colligo virgo rosae).
Barroco   contexto e caract
Factos históricos:
• Término do Ciclo das Grandes Navegações;
• Reforma Protestante, liderada por Lutero (na Alemanha) e Calvino (em França);
• Movimento Católico de Contra-Reforma (a doutrinação pelo terror)

O barroco surge assim associado:
     - a uma crise político-económica devido à perda do comércio do Oriente;
     - a uma crise de valores ocasionada pelas lutas religiosas (a Contra- Reforma
    que deu origem à Inquisição)

Na Península Ibérica o barroco está relacionado com o silêncio cultural e a repressão
praticada pela Inquisição.

O homem de seiscentos vivia num estado de tensão e desequilíbrio do qual tentou
evadir-se pelo culto exagerado da forma, sobrecarregando a poesia de figuras de
estilo.
Cronologia do Barroco em Portugal
O Barroco em Portugal é um período que se estende desde inícios do
século XVII até a primeira metade do século XVIII.


   • 1580 - Marco inicial – Unificação da Península Ibérica sob o domínio
   espanhol (perda da independência)


   • 1756 - Marco final – Fundação da Arcádia Lusitana considerado o
   início do Neoclassicismo
Contexto histórico e cultural:

O Barroco surge ligado à perda da independência (até 1640), depois do desastre de
Alcácer-Quibir (em 1578). Nasce o “Mito do Sebastianismo” segundo a qual Dom
Sebastião não teria realmente morrido; o povo português espera o seu regresso para
transformar Portugal no Quinto Império.

A corte encontrava-se fora de Lisboa – a nobreza tornou-se provinciana ao abandonar as
cidades fugindo para o campo onde tenta preservar a identidade sociocultural
portuguesa; descontentamento na sociedade portuguesa.

Ambiente cultural e social da época impregnado de pavores pela repressão ameaçadora
da censura eclesiástica (Inquisição) e civil (domínio filipino).

Desenvolvimento cultural do país condicionado pelos jesuítas, sob a ação da Contra –
Reforma.

Ignorância e fanatismo religioso refletidos no povo.
Persuasão face ao desequilíbrio religioso que o racionalismo cartesiano e a nova
cosmovisão do mundo causava no espírito dos cristãos.
Tem o intuito de despertar emoções no espectador como elementos geradores de
emoções intensas
A arquitetura tem, por exemplo, que atrair os fiéis, partilhar e, finalmente, arrebatá-
los. Daí a necessidade do luxo, que se revela mais eficaz que a austeridade. As
igrejas tornam-se o palácio dos pobres.
O barroco expressa o desequilíbrio e instabilidade do homem que se sente
tremendamente pequeno face ao gigantismo cósmico, daí a sua frustração.
A arte barroca visava o espanto, a admiração pela obscuridade ou pouca clareza do
texto, devido ao conjunto de formalismos que encobria as ideias (por vezes os
textos não possuíam ideias, mas só artifícios formais)
O barroco visa surpreender e aturdir o espírito à força de ornamentos e de rebuscar
• Dualidade - contraste entre as grandes forças reguladoras da existência humana:
         • fé x razão;
         • corpo x alma;
         • Deus x Diabo;
         • vida x morte.
• Desequilíbrio entre razão e emoção

• Fugacidade - Tudo no mundo é passageiro e instável, as pessoas, as coisas mudam, o
mundo muda. O autor barroco tem a consciência do caráter efémero da existência.

• Tendência para a ilusão (fuga à realidade objetiva, subjetividade)

• Pessimismo - Consciência da transitoriedade da vida conduz frequentemente à ideia
de morte, tida como a expressão máxima da fugacidade da vida. A incerteza da vida e o
medo da morte fazem da arte barroca uma arte pessimista, marcada por um
desencantamento com o próprio homem e com o mundo.
• Atração pelo feio - Atração por cenas trágicas, por aspetos cruéis, dolorosos e
grotescos. As imagens frequentemente são deformadas pelo exagero de detalhes. Há
nesse momento uma rutura com a harmonia, com o equilíbrio e a sobriedade clássica.
O barroco é a arte dos contrastes, do exagero.

• Tensão religiosa - Intensifica-se no Barroco, aspetos que já vinham sendo percebidos
no Humanismo e no Classicismo:
         Antropocentrismo x Teocentrismo

•      Na        Literatura       -       Predomínio      de       figuras      como
metáfora, antítese, paradoxo, hipérbole, hipérbato.
Renascimento (séc. XVI)                    Barroco (séc. XVII)
  Época de exaltação da vida         Época em que se considerava a vida
  Confiava-se    totalmente    na    como um transe doloroso que termina
  natureza humana                    na morte
  Época de otimismo generalizado     Considerava-se que o maior inimigo do
  Valorização da harmonia e do       Homem era o próprio Homem
  equilíbrio                         A sociedade deixou-se invadir por
                                     sentimentos de pessimismo e desilusão
                                     Buscaram-se os fortes contrastes:
                                     vida/morte;         realidade/aparência;
                                     luz/obscuridade, etc.
  RENASCIMENTO = crença no            BARROCO = pessimismo e desilusão;
Homem e na Natureza; otimismo,      exagero; artificialidade; desconfiança no
harmonia; simplicidade e beleza.                     homem.
Cúpula da Igreja de Sant’Andrea della Valle, em Roma
Barroco   contexto e caract
É a arte da Contra-Reforma, expressão artística que pretende atrair os fiéis e
combater o Protestantismo. A arte barroca procura comover e moralizar
intensamente o espectador.


Ao contrário da simplicidade e serenidade do estilo renascentista, o barroco
caracteriza-se pelo movimento, pelo dramatismo e pelo exagero.
    • É uma arte espetacular e faustosa que, nas igrejas, pretende atrair e
    impressionar os fiéis.
    • No Barroco há uma exaltação dos sentimentos, a religiosidade é expressa de
    forma dramática, intensa, procurando envolver emocionalmente as pessoas.
    • Surgiu associado às cortes absolutistas e à Contra-Reforma - Os temas
    mitológicos e a pintura que exaltava o direito divino dos reis (teoria defendida
    pela Igreja e pelo Estado Absolutista) eram frequentes.
    • Manifestou-se na arquitetura, na escultura, na pintura, nas artes decorativas
    e também na literatura, no teatro e na música.
O BARROCO uma arte teatral

As principais características da arte barroca são:

   Dinamismo – o artista barroco deseja criar uma sensação de movimento. Face ao
   predomínio da linha reta na arte renascentista, o barroco serve-se, sobretudo, da
   linha curva

   Decorativismo e sumptuosidade - o artista barroco é minuciosa na composição de
   pequenos detalhes, manifestando o gosto pela ornamentação

   Contraste – o artista barroco manifesta-se contrário ao equilíbrio e à uniformidade
   quinhentista. O seu ideal é acolher numa mesma composição visões distintas, e até
   antagónicas, do mesmo tema. predominam as emoções e não o racionalismo da
   arte renascentista.

   Teatralidade – o artista procura comover o espectador e para isso recorre a
   procedimentos hiper-realistas. Esta intencionalidade surge sobretudo na imaginária
   sacra.
Características do barroco na Literatura:
 continuidade da temática do séc. XVI: bucolismo, petrarquismo, amor
   platónico, etc.
 permanência das características da estrutura externa das composições
   classicistas;
 reação ao séc. XVI: reflexão moral, evasão, busca dos prazeres
   espirituais, futilidade de muitos temas,...
 preocupação em provocar o espanto, surpreender e aturdir o espírito à força dos
   ornamentos, arquitetura rebuscada;
 estilo rítmico e movimentado, cheio de cores poéticas: o vermelho dos rubis, da
   púrpura e das rosas; o verde das esmeraldas ou o azul do mar, do céu e das
   safiras; o branco dos lírios, das açucenas, do marfim, da prata e do cristal;
 alusões e subentendidos, através das metáforas ou das antíteses...;
 cultismo e conceptismo
Barroco   contexto e caract
Dentro do barroco literário costumam-se considerar duas correntes: o
conceptismo e o cultismo. Ambas são na verdade duas facetas do
estilo barroco e visam criar complicação e artifício.
O conceptismo: incide sobretudo no plano do pensamento, do tema, do conteúdo.
Os conceptistas procuram exprimir muitas ideias, e isso leva-os à acumulação de
conceitos e ao uso de palavras com duplo e triplo significado.

Aparentemente a sua expressão é mais simples que a dos cultista, mas a
compreensão das suas obras torna-se mais difícil.

    * jogo dos conceitos;
    * enigmas e malabarismos intelectuais;
    * construção mental e alegoria analógica (que correlaciona realidade e
    pensamento);
    * elegância da subtileza.
O cultismo: preocupa-se sobretudo com a expressão. Os cultistas dão mais
importância à forma externa que ao conteúdo das suas obras. Optam por um estilo
rebuscado, de sintaxe difícil. As suas características mais salientes são a latinização da
linguagem e o emprego intenso de metáforas e de imagens.

     * culto da forma e sobreposição de ornamentos;
     * complexidade formal e rebuscamento literário, com sacrifício da clareza do
     conteúdo;
     * riqueza vocabular e a alusão;
     * uso exagerado das metáfora, das hipérboles e das antíteses e paradoxos, mas
     também das perífrases, das hipálages, das sinédoques, das anáforas, dos
     trocadilhos, dos hipérbatos…
     * abuso de jogos de palavras, de imagens e de construções.
OS CANCIONEIROS DO BARROCO
 São muito raros os autores que publicaram os seus poemas; a maioria deixou a
sua obra dispersa em versões manuscritas (muitos textos perderam-se). Os
textos que chegam até nós conservaram-se graças à sua edição em dois volumes
que recolhem composições de diversos autores:


 FÉNIX RENASCIDA - publicado no século XVIII, mas também recolhe poetas de
todo o século XVII - é o mais importante dos dois cancioneiros. Editada em 5
volumes mostra a poesia mais significativa da época de Seiscentos. Mostra a
influência de Camões em alguns poemas líricos e também a nível épico. Continua a
tradição da poesia satírica.


POSTILHÃO DE APOLO – obra editada em dois volumes é
um dos repertórios da poesia gongórica. No primeiro
volume destacam-se muitos sonetos anónimos cuja
temática se relaciona com a História Romana.
No segundo volume os poemas são de índole satírica e
burlesca, mas também, tétricos e morais.
Conclusões

 O estilo barroco atravessa todas as
  formas              de               arte:
  arquitetura, escultura, pintura, literatur
  a, música.

 A poesia barroca é puramente lúdica:
  não exprime a vida, distrai da vida.
  Sobrepõe ao plano da realidade o plano
  do ideal.
Disciplina de Português
Profª: Helena Maria Coutinho

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Barroco contexto e caract

  • 1. (séc. XVII) 1580- 1680 Disciplina de Português Profª: Helena Maria Coutinho
  • 2. A origem da palavra barroco tem suscitado muitas discussões. Segundo alguns a palavra terá tido origem no vocábulo espanhol barrueco, um termo usado pelos joalheiros desde o século XVI, para designar um tipo de pérola irregular e de formação defeituosa. Assim, o termo técnico, aplicado às diferentes artes, passou a designar tudo o que era exagerado, irregular, extravagante, de grande imperfeição e mau gosto. Barroco = extravagante prática literária e artística em geral, em que as linhas puras do classicismo aparecem sobrecarregadas de enfeites, de ornatos.
  • 3. Etimologia da palavra Barroco:  Procede do latim verruca, palavra que se referia a uma pequena elevação, mancha ou alteração numa superfície lisa.  Mais tarde passou a denominar uma determinada imperfeição das pedras preciosas.  Começa-se a utilizar em França para referir-se a qualquer coisa de forma irregular ou desigual.  Posteriormente especializa-se na arte, denominando uma arte irregular, exuberante, estranha... É uma palavra nova, aparece com este significado na segunda metade do século XIX (a diferença de Renascença, que já era utilizada pelos próprios renascentistas).
  • 4. A génese do Barroco explica-se, segundo a crítica, pelas seguintes razões:  Saturação dos valores estéticos da Renascença, o artista demanda um certo grau de originalidade e, face à imitatio, a crítica fala da inventio (de aí os excessos formais, a excessiva decoração etc. É uma reação face as formas planas renascentistas).  Angustia existencial depois do período de euforia das descobertas. Este período de decadência afronta-se de duas formas: Refugio na religião, no mundo do sobrenatural, razão pela que renasce o teocentrismo face ao homocentrismo renascentista. Vivência desenfreada dos prazeres, para fugir da realidade celebram- se grandes festas no paço (carpe diem, colligo virgo rosae).
  • 6. Factos históricos: • Término do Ciclo das Grandes Navegações; • Reforma Protestante, liderada por Lutero (na Alemanha) e Calvino (em França); • Movimento Católico de Contra-Reforma (a doutrinação pelo terror) O barroco surge assim associado: - a uma crise político-económica devido à perda do comércio do Oriente; - a uma crise de valores ocasionada pelas lutas religiosas (a Contra- Reforma que deu origem à Inquisição) Na Península Ibérica o barroco está relacionado com o silêncio cultural e a repressão praticada pela Inquisição. O homem de seiscentos vivia num estado de tensão e desequilíbrio do qual tentou evadir-se pelo culto exagerado da forma, sobrecarregando a poesia de figuras de estilo.
  • 7. Cronologia do Barroco em Portugal O Barroco em Portugal é um período que se estende desde inícios do século XVII até a primeira metade do século XVIII. • 1580 - Marco inicial – Unificação da Península Ibérica sob o domínio espanhol (perda da independência) • 1756 - Marco final – Fundação da Arcádia Lusitana considerado o início do Neoclassicismo
  • 8. Contexto histórico e cultural: O Barroco surge ligado à perda da independência (até 1640), depois do desastre de Alcácer-Quibir (em 1578). Nasce o “Mito do Sebastianismo” segundo a qual Dom Sebastião não teria realmente morrido; o povo português espera o seu regresso para transformar Portugal no Quinto Império. A corte encontrava-se fora de Lisboa – a nobreza tornou-se provinciana ao abandonar as cidades fugindo para o campo onde tenta preservar a identidade sociocultural portuguesa; descontentamento na sociedade portuguesa. Ambiente cultural e social da época impregnado de pavores pela repressão ameaçadora da censura eclesiástica (Inquisição) e civil (domínio filipino). Desenvolvimento cultural do país condicionado pelos jesuítas, sob a ação da Contra – Reforma. Ignorância e fanatismo religioso refletidos no povo.
  • 9. Persuasão face ao desequilíbrio religioso que o racionalismo cartesiano e a nova cosmovisão do mundo causava no espírito dos cristãos. Tem o intuito de despertar emoções no espectador como elementos geradores de emoções intensas A arquitetura tem, por exemplo, que atrair os fiéis, partilhar e, finalmente, arrebatá- los. Daí a necessidade do luxo, que se revela mais eficaz que a austeridade. As igrejas tornam-se o palácio dos pobres. O barroco expressa o desequilíbrio e instabilidade do homem que se sente tremendamente pequeno face ao gigantismo cósmico, daí a sua frustração. A arte barroca visava o espanto, a admiração pela obscuridade ou pouca clareza do texto, devido ao conjunto de formalismos que encobria as ideias (por vezes os textos não possuíam ideias, mas só artifícios formais) O barroco visa surpreender e aturdir o espírito à força de ornamentos e de rebuscar
  • 10. • Dualidade - contraste entre as grandes forças reguladoras da existência humana: • fé x razão; • corpo x alma; • Deus x Diabo; • vida x morte. • Desequilíbrio entre razão e emoção • Fugacidade - Tudo no mundo é passageiro e instável, as pessoas, as coisas mudam, o mundo muda. O autor barroco tem a consciência do caráter efémero da existência. • Tendência para a ilusão (fuga à realidade objetiva, subjetividade) • Pessimismo - Consciência da transitoriedade da vida conduz frequentemente à ideia de morte, tida como a expressão máxima da fugacidade da vida. A incerteza da vida e o medo da morte fazem da arte barroca uma arte pessimista, marcada por um desencantamento com o próprio homem e com o mundo.
  • 11. • Atração pelo feio - Atração por cenas trágicas, por aspetos cruéis, dolorosos e grotescos. As imagens frequentemente são deformadas pelo exagero de detalhes. Há nesse momento uma rutura com a harmonia, com o equilíbrio e a sobriedade clássica. O barroco é a arte dos contrastes, do exagero. • Tensão religiosa - Intensifica-se no Barroco, aspetos que já vinham sendo percebidos no Humanismo e no Classicismo: Antropocentrismo x Teocentrismo • Na Literatura - Predomínio de figuras como metáfora, antítese, paradoxo, hipérbole, hipérbato.
  • 12. Renascimento (séc. XVI) Barroco (séc. XVII) Época de exaltação da vida Época em que se considerava a vida Confiava-se totalmente na como um transe doloroso que termina natureza humana na morte Época de otimismo generalizado Considerava-se que o maior inimigo do Valorização da harmonia e do Homem era o próprio Homem equilíbrio A sociedade deixou-se invadir por sentimentos de pessimismo e desilusão Buscaram-se os fortes contrastes: vida/morte; realidade/aparência; luz/obscuridade, etc. RENASCIMENTO = crença no BARROCO = pessimismo e desilusão; Homem e na Natureza; otimismo, exagero; artificialidade; desconfiança no harmonia; simplicidade e beleza. homem.
  • 13. Cúpula da Igreja de Sant’Andrea della Valle, em Roma
  • 15. É a arte da Contra-Reforma, expressão artística que pretende atrair os fiéis e combater o Protestantismo. A arte barroca procura comover e moralizar intensamente o espectador. Ao contrário da simplicidade e serenidade do estilo renascentista, o barroco caracteriza-se pelo movimento, pelo dramatismo e pelo exagero. • É uma arte espetacular e faustosa que, nas igrejas, pretende atrair e impressionar os fiéis. • No Barroco há uma exaltação dos sentimentos, a religiosidade é expressa de forma dramática, intensa, procurando envolver emocionalmente as pessoas. • Surgiu associado às cortes absolutistas e à Contra-Reforma - Os temas mitológicos e a pintura que exaltava o direito divino dos reis (teoria defendida pela Igreja e pelo Estado Absolutista) eram frequentes. • Manifestou-se na arquitetura, na escultura, na pintura, nas artes decorativas e também na literatura, no teatro e na música.
  • 16. O BARROCO uma arte teatral As principais características da arte barroca são: Dinamismo – o artista barroco deseja criar uma sensação de movimento. Face ao predomínio da linha reta na arte renascentista, o barroco serve-se, sobretudo, da linha curva Decorativismo e sumptuosidade - o artista barroco é minuciosa na composição de pequenos detalhes, manifestando o gosto pela ornamentação Contraste – o artista barroco manifesta-se contrário ao equilíbrio e à uniformidade quinhentista. O seu ideal é acolher numa mesma composição visões distintas, e até antagónicas, do mesmo tema. predominam as emoções e não o racionalismo da arte renascentista. Teatralidade – o artista procura comover o espectador e para isso recorre a procedimentos hiper-realistas. Esta intencionalidade surge sobretudo na imaginária sacra.
  • 17. Características do barroco na Literatura:  continuidade da temática do séc. XVI: bucolismo, petrarquismo, amor platónico, etc.  permanência das características da estrutura externa das composições classicistas;  reação ao séc. XVI: reflexão moral, evasão, busca dos prazeres espirituais, futilidade de muitos temas,...  preocupação em provocar o espanto, surpreender e aturdir o espírito à força dos ornamentos, arquitetura rebuscada;  estilo rítmico e movimentado, cheio de cores poéticas: o vermelho dos rubis, da púrpura e das rosas; o verde das esmeraldas ou o azul do mar, do céu e das safiras; o branco dos lírios, das açucenas, do marfim, da prata e do cristal;  alusões e subentendidos, através das metáforas ou das antíteses...;  cultismo e conceptismo
  • 19. Dentro do barroco literário costumam-se considerar duas correntes: o conceptismo e o cultismo. Ambas são na verdade duas facetas do estilo barroco e visam criar complicação e artifício.
  • 20. O conceptismo: incide sobretudo no plano do pensamento, do tema, do conteúdo. Os conceptistas procuram exprimir muitas ideias, e isso leva-os à acumulação de conceitos e ao uso de palavras com duplo e triplo significado. Aparentemente a sua expressão é mais simples que a dos cultista, mas a compreensão das suas obras torna-se mais difícil. * jogo dos conceitos; * enigmas e malabarismos intelectuais; * construção mental e alegoria analógica (que correlaciona realidade e pensamento); * elegância da subtileza.
  • 21. O cultismo: preocupa-se sobretudo com a expressão. Os cultistas dão mais importância à forma externa que ao conteúdo das suas obras. Optam por um estilo rebuscado, de sintaxe difícil. As suas características mais salientes são a latinização da linguagem e o emprego intenso de metáforas e de imagens. * culto da forma e sobreposição de ornamentos; * complexidade formal e rebuscamento literário, com sacrifício da clareza do conteúdo; * riqueza vocabular e a alusão; * uso exagerado das metáfora, das hipérboles e das antíteses e paradoxos, mas também das perífrases, das hipálages, das sinédoques, das anáforas, dos trocadilhos, dos hipérbatos… * abuso de jogos de palavras, de imagens e de construções.
  • 22. OS CANCIONEIROS DO BARROCO São muito raros os autores que publicaram os seus poemas; a maioria deixou a sua obra dispersa em versões manuscritas (muitos textos perderam-se). Os textos que chegam até nós conservaram-se graças à sua edição em dois volumes que recolhem composições de diversos autores: FÉNIX RENASCIDA - publicado no século XVIII, mas também recolhe poetas de todo o século XVII - é o mais importante dos dois cancioneiros. Editada em 5 volumes mostra a poesia mais significativa da época de Seiscentos. Mostra a influência de Camões em alguns poemas líricos e também a nível épico. Continua a tradição da poesia satírica. POSTILHÃO DE APOLO – obra editada em dois volumes é um dos repertórios da poesia gongórica. No primeiro volume destacam-se muitos sonetos anónimos cuja temática se relaciona com a História Romana. No segundo volume os poemas são de índole satírica e burlesca, mas também, tétricos e morais.
  • 23. Conclusões  O estilo barroco atravessa todas as formas de arte: arquitetura, escultura, pintura, literatur a, música.  A poesia barroca é puramente lúdica: não exprime a vida, distrai da vida. Sobrepõe ao plano da realidade o plano do ideal.
  • 24. Disciplina de Português Profª: Helena Maria Coutinho