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FORTALEZA
2013
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CURSO DE LETRAS- CENTRO DE HUMANIDADES
DEPARTAMENTO DE LETRAS VERNÁCULAS
DISCIPLINA: SOCIOLINGUÍSTICA – HB0014
Profa. Dra. Márluce Coan
Discentes: Aleksandra Holanda da Nóbrega Sampaio, Bárbara Amaral de Andrade Furtado e
Priscilla Brandão Freire
CAMÕES TAMBÉM FALAVA
“INGRÊS”!
BAGNO, Marcos (2007). “Camões também falava ‘ingrês’!”.
In: Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação
linguística. São Paulo: Parábola Editorial, pp. 207- 224
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
Introdução
“Podem ser chamados de sociolinguístas todos aqueles que entendem por
língua um veiculo de comunicação, de informação e de expressão entre os
indivíduos da espécie humana.” .
TARALLO, Fernando (1994)
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
Introdução
• As atitudes da professora em sala de aula, no tratamento dado aos
fenômenos de variação linguística, podem exercer uma grande influência no
comportamento de seus alunos. A variação linguística está intimamente
ligada a aspectos de natureza social, cultural, política – humana, enfim.
“Podem ser chamados de sociolinguístas todos aqueles que entendem por
língua um veiculo de comunicação, de informação e de expressão entre os
indivíduos da espécie humana.” .
TARALLO, Fernando (1994)
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
Introdução
• As atitudes da professora em sala de aula, no tratamento dado aos
fenômenos de variação linguística, podem exercer uma grande influência no
comportamento de seus alunos. A variação linguística está intimamente
ligada a aspectos de natureza social, cultural, política – humana, enfim.
• Por isso, devemos prestar toda a atenção possível ao que está acontecendo
no espaço pedagógico em termos de descriminação, desrespeito,
humilhação e exclusão por meio da linguagem.
“Podem ser chamados de sociolinguístas todos aqueles que entendem por
língua um veiculo de comunicação, de informação e de expressão entre os
indivíduos da espécie humana.” .
TARALLO, Fernando (1994)
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
Introdução
• As atitudes da professora em sala de aula, no tratamento dado aos
fenômenos de variação linguística, podem exercer uma grande influência no
comportamento de seus alunos. A variação linguística está intimamente
ligada a aspectos de natureza social, cultural, política – humana, enfim.
• Por isso, devemos prestar toda a atenção possível ao que está acontecendo
no espaço pedagógico em termos de descriminação, desrespeito,
humilhação e exclusão por meio da linguagem.
É inadmissível, nos dias de hoje, que o modo de falar de uma pessoa
continue sendo usado como justificativa para atitudes preconceituosas e
humilhantes.
“Podem ser chamados de sociolinguístas todos aqueles que entendem por
língua um veiculo de comunicação, de informação e de expressão entre os
indivíduos da espécie humana.” .
TARALLO, Fernando (1994)
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
Introdução
“Podem ser chamados de sociolinguístas todos aqueles que entendem por
língua um veiculo de comunicação, de informação e de expressão entre os
indivíduos da espécie humana.” .
TARALLO, Fernando (1994)
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
Introdução
• Sem sombra de dúvida, uma das principais tarefas da reeducação
sociolinguística é elevar a auto-estima linguística das pessoas, mostrar a
elas que nada na língua é por acaso e que todas as maneiras de falar são
lógicas, corretas e bonitas.
“Podem ser chamados de sociolinguístas todos aqueles que entendem por
língua um veiculo de comunicação, de informação e de expressão entre os
indivíduos da espécie humana.” .
TARALLO, Fernando (1994)
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
Introdução
• Sem sombra de dúvida, uma das principais tarefas da reeducação
sociolinguística é elevar a auto-estima linguística das pessoas, mostrar a
elas que nada na língua é por acaso e que todas as maneiras de falar são
lógicas, corretas e bonitas.
• Para desempenhar essa tarefa, cada um de nós, educadores, tem que se
munir de um instrumental adequado, onde o principal componente é, sem
dúvidas, a sensibilidade.
“Podem ser chamados de sociolinguístas todos aqueles que entendem por
língua um veiculo de comunicação, de informação e de expressão entre os
indivíduos da espécie humana.” .
TARALLO, Fernando (1994)
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
Introdução
• Sem sombra de dúvida, uma das principais tarefas da reeducação
sociolinguística é elevar a auto-estima linguística das pessoas, mostrar a
elas que nada na língua é por acaso e que todas as maneiras de falar são
lógicas, corretas e bonitas.
• Para desempenhar essa tarefa, cada um de nós, educadores, tem que se
munir de um instrumental adequado, onde o principal componente é, sem
dúvidas, a sensibilidade.
“Podem ser chamados de sociolinguístas todos aqueles que entendem por
língua um veiculo de comunicação, de informação e de expressão entre os
indivíduos da espécie humana.” .
TARALLO, Fernando (1994)
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
Introdução
“Podem ser chamados de sociolinguístas todos aqueles que entendem por
língua um veiculo de comunicação, de informação e de expressão entre os
indivíduos da espécie humana.” .
TARALLO, Fernando (1994)
Livro: “Português: linguagens”
Autores: William Roberto Cereja e Thereza Cochar
Magalhães
Camões também falava "ingrês"!
Camões também falava "ingrês"!
Uma Fala Autêntica
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
Uma Fala Autêntica
Projeto VALPB (Variação Linguística da Paraíba)
Mulher, faixa etária entre 15 e 25 anos, sem nenhum grau de escolaridade,
empregada doméstica, nascida e residente na cidade de João Pessoa.
Entrevista realizada em outubro de 2005.
TRECHO1 [Indagada sobre seu relacionamento com os vizinhos, a entrevistada responde:]
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
Reações Previsíveis
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
Em vez de rir, vamos estudar?
Afinal, não é para isso que estamos na escola?
Em vez de rir, vamos estudar?
Afinal, não é para isso que estamos na escola?
Tem muito mais coisa em comum entre a fala da nossa paraibana analfabeta
e a fala de qualquer cidadã/o altamente escolarizada/o do que a maioria das
pessoas imagina.
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
Em vez de rir, vamos estudar?
Afinal, não é para isso que estamos na escola?
Tem muito mais coisa em comum entre a fala da nossa paraibana analfabeta
e a fala de qualquer cidadã/o altamente escolarizada/o do que a maioria das
pessoas imagina.
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
Em vez de rir, vamos estudar?
Afinal, não é para isso que estamos na escola?
• Traços descontínuos: são determinadas características linguísticas que se
restringem à língua falada por pessoas que estão na base da pirâmide das
classes sociais – formas de falar que não avançam até o topo da pirâmide, e por
isso recebem a maior carga de rejeição e preconceito por parte dos falantes que
não utilizam essas regras.
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
Em vez de rir, vamos estudar?
Afinal, não é para isso que estamos na escola?
• Traços descontínuos: são determinadas características linguísticas que se
restringem à língua falada por pessoas que estão na base da pirâmide das
classes sociais – formas de falar que não avançam até o topo da pirâmide, e por
isso recebem a maior carga de rejeição e preconceito por parte dos falantes que
não utilizam essas regras.
• Traços graduais: representam formas de uso da língua que estão presentes
na fala de todos os brasileiros, desde os mais pobres e analfabetos até os mais
ricos e altamente escolarizados. A diferença é a frequência com que essas
regras são utilizadas.
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
Em vez de rir, vamos estudar?
Afinal, não é para isso que estamos na escola?
• Traços descontínuos: são determinadas características linguísticas que se
restringem à língua falada por pessoas que estão na base da pirâmide das
classes sociais – formas de falar que não avançam até o topo da pirâmide, e por
isso recebem a maior carga de rejeição e preconceito por parte dos falantes que
não utilizam essas regras.
• Traços graduais: representam formas de uso da língua que estão presentes
na fala de todos os brasileiros, desde os mais pobres e analfabetos até os mais
ricos e altamente escolarizados. A diferença é a frequência com que essas
regras são utilizadas.
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
Para começar a limpar o terreno: OS TRAÇOS GRADUAIS
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
Para começar a limpar o terreno: OS TRAÇOS GRADUAIS
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
Para começar a limpar o terreno: OS TRAÇOS GRADUAIS
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
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CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
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CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
Para começar a limpar o terreno: OS TRAÇOS GRADUAIS
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
Para começar a limpar o terreno: OS TRAÇOS GRADUAIS
Tem: ter como verbo impessoal no sentido de existência, no lugar do
HAVER, recomendado pela tradição normativa.
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
Para começar a limpar o terreno: OS TRAÇOS GRADUAIS
Tem: ter como verbo impessoal no sentido de existência, no lugar do
HAVER, recomendado pela tradição normativa.
A gente: pronome sujeito da primeira pessoa do plural, muito utilizado
principalmente entre os jovens.
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
Para começar a limpar o terreno: OS TRAÇOS GRADUAIS
Tem: ter como verbo impessoal no sentido de existência, no lugar do
HAVER, recomendado pela tradição normativa.
A gente: pronome sujeito da primeira pessoa do plural, muito utilizado
principalmente entre os jovens.
Passá: O apagamento do /r/ em final de palavra, principalmente em infinitivos
verbais, é um traço comum a todo vernáculo brasileiro.
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
Para começar a limpar o terreno: OS TRAÇOS GRADUAIS
Tem: ter como verbo impessoal no sentido de existência, no lugar do
HAVER, recomendado pela tradição normativa.
A gente: pronome sujeito da primeira pessoa do plural, muito utilizado
principalmente entre os jovens.
Passá: O apagamento do /r/ em final de palavra, principalmente em infinitivos
verbais, é um traço comum a todo vernáculo brasileiro.
Dinhêro: Os ditongos escritos EI e Ai se transformam nas vogais simples /e/ e
/a/quando são seguidos de uma consoante palatal (as que escrevemos X e J) ou
da vibrante simples /r/. É mais um caso de assimilação. Todo e qualquer
“brasilêro” fala assim.
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
OS TRAÇOS DESCONTÍNUOS
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
OS TRAÇOS DESCONTÍNUOS
 Sofrem maior carga de preconceito e descriminação por parte dos
falantes urbanos mais letrados. Essas formas de uso da língua é
que são, em geral, consideradas as mais “feias”, as mais “erradas”,
aquelas que deveriam a todo custo ser “extirpadas”...
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
OS TRAÇOS DESCONTÍNUOS
 Sofrem maior carga de preconceito e descriminação por parte dos
falantes urbanos mais letrados. Essas formas de uso da língua é
que são, em geral, consideradas as mais “feias”, as mais “erradas”,
aquelas que deveriam a todo custo ser “extirpadas”...
 Por isso, no nosso trabalho de reeducação sociolinguística,
devemos dar especial atenção a esses fenômenos variáveis.
Principalmente, quando elas ocorrerem na fala ou na escrita dos
nossos alunos, temos de saber reconhecê-los, analisá-los com bom
instrumental teórico e tomar decisões mais adequadas a respeito
do que fazer com eles em sala de aula.
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
OS TRAÇOS DESCONTÍNUOS
 Sofrem maior carga de preconceito e descriminação por parte dos
falantes urbanos mais letrados. Essas formas de uso da língua é
que são, em geral, consideradas as mais “feias”, as mais “erradas”,
aquelas que deveriam a todo custo ser “extirpadas”...
 Por isso, no nosso trabalho de reeducação sociolinguística,
devemos dar especial atenção a esses fenômenos variáveis.
Principalmente, quando elas ocorrerem na fala ou na escrita dos
nossos alunos, temos de saber reconhecê-los, analisá-los com bom
instrumental teórico e tomar decisões mais adequadas a respeito
do que fazer com eles em sala de aula.
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
OS TRAÇOS DESCONTÍNUOS
 (1) rotacismo – “Prástico” (PLÁSTICO)
 (2) deslateralização de - “gái” (GALHO)
 (3) concordância não-normativa – “essas boneca bonita que as
menina qué”
[ʎ]
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
LATIM PORTUGUÊS
blandu- brando
clavu- cravo
duplu- dobro
flaccu- fraco
fluxu- frouxo
obligare obrigar
olacere- prazer
plicare pregar
plumbu- prumo
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
OS TRAÇOS DESCONTÍNUOS
Deslateralização da consoante [ʎ]
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
OS TRAÇOS DESCONTÍNUOS
Deslateralização da consoante [ʎ]
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
OS TRAÇOS DESCONTÍNUOS
Deslateralização da consoante [ʎ]
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
OS TRAÇOS DESCONTÍNUOS
Deslateralização da consoante [ʎ]
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
OS TRAÇOS DESCONTÍNUOS
Concordância
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
OS TRAÇOS DESCONTÍNUOS
Concordância
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
OS TRAÇOS DESCONTÍNUOS
Concordância
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
OS TRAÇOS DESCONTÍNUOS
Concordância
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
Conclusão
REEDUCAÇÃO SOCIOLINGUÍSTICA
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
Conclusão
REEDUCAÇÃO SOCIOLINGUÍSTICA
CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
Conclusão
REEDUCAÇÃO SOCIOLINGUÍSTICA
DA LINGUA AO
DISCURSO
Obras usada nos slides da apresentação
“Next Bus to Torremelinos”. Lynn Hosegood.
“Design for Living Room Furnishings”. Giacomo Balla . Ano: 1918.
“Caravelas”. Márcio Camargo. Óleo sobre tela. 16x22cm. Ano: 2001.
S/T. Leonilson. Ano: 1989.
“Woman Leaning Ahead”. Pablo Picasso. Ano: 1904.
“Self-Portrait with Arm Twisting Above Head”. Egon Schiele. Ano: 1910.
S/T. Yolanda Dorda.
“Street People”. Alessandro Andreuccetti.
“Under the Pines”. Henri-Edmond Cross, c.1906-c.1907
Thomas Eakins - 1882 - Mending the Net

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Camões também falava "ingrês"!

  • 1. FORTALEZA 2013 UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CURSO DE LETRAS- CENTRO DE HUMANIDADES DEPARTAMENTO DE LETRAS VERNÁCULAS DISCIPLINA: SOCIOLINGUÍSTICA – HB0014 Profa. Dra. Márluce Coan Discentes: Aleksandra Holanda da Nóbrega Sampaio, Bárbara Amaral de Andrade Furtado e Priscilla Brandão Freire CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
  • 2. BAGNO, Marcos (2007). “Camões também falava ‘ingrês’!”. In: Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. São Paulo: Parábola Editorial, pp. 207- 224
  • 3. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”! Introdução “Podem ser chamados de sociolinguístas todos aqueles que entendem por língua um veiculo de comunicação, de informação e de expressão entre os indivíduos da espécie humana.” . TARALLO, Fernando (1994)
  • 4. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”! Introdução • As atitudes da professora em sala de aula, no tratamento dado aos fenômenos de variação linguística, podem exercer uma grande influência no comportamento de seus alunos. A variação linguística está intimamente ligada a aspectos de natureza social, cultural, política – humana, enfim. “Podem ser chamados de sociolinguístas todos aqueles que entendem por língua um veiculo de comunicação, de informação e de expressão entre os indivíduos da espécie humana.” . TARALLO, Fernando (1994)
  • 5. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”! Introdução • As atitudes da professora em sala de aula, no tratamento dado aos fenômenos de variação linguística, podem exercer uma grande influência no comportamento de seus alunos. A variação linguística está intimamente ligada a aspectos de natureza social, cultural, política – humana, enfim. • Por isso, devemos prestar toda a atenção possível ao que está acontecendo no espaço pedagógico em termos de descriminação, desrespeito, humilhação e exclusão por meio da linguagem. “Podem ser chamados de sociolinguístas todos aqueles que entendem por língua um veiculo de comunicação, de informação e de expressão entre os indivíduos da espécie humana.” . TARALLO, Fernando (1994)
  • 6. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”! Introdução • As atitudes da professora em sala de aula, no tratamento dado aos fenômenos de variação linguística, podem exercer uma grande influência no comportamento de seus alunos. A variação linguística está intimamente ligada a aspectos de natureza social, cultural, política – humana, enfim. • Por isso, devemos prestar toda a atenção possível ao que está acontecendo no espaço pedagógico em termos de descriminação, desrespeito, humilhação e exclusão por meio da linguagem. É inadmissível, nos dias de hoje, que o modo de falar de uma pessoa continue sendo usado como justificativa para atitudes preconceituosas e humilhantes. “Podem ser chamados de sociolinguístas todos aqueles que entendem por língua um veiculo de comunicação, de informação e de expressão entre os indivíduos da espécie humana.” . TARALLO, Fernando (1994)
  • 7. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”! Introdução “Podem ser chamados de sociolinguístas todos aqueles que entendem por língua um veiculo de comunicação, de informação e de expressão entre os indivíduos da espécie humana.” . TARALLO, Fernando (1994)
  • 8. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”! Introdução • Sem sombra de dúvida, uma das principais tarefas da reeducação sociolinguística é elevar a auto-estima linguística das pessoas, mostrar a elas que nada na língua é por acaso e que todas as maneiras de falar são lógicas, corretas e bonitas. “Podem ser chamados de sociolinguístas todos aqueles que entendem por língua um veiculo de comunicação, de informação e de expressão entre os indivíduos da espécie humana.” . TARALLO, Fernando (1994)
  • 9. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”! Introdução • Sem sombra de dúvida, uma das principais tarefas da reeducação sociolinguística é elevar a auto-estima linguística das pessoas, mostrar a elas que nada na língua é por acaso e que todas as maneiras de falar são lógicas, corretas e bonitas. • Para desempenhar essa tarefa, cada um de nós, educadores, tem que se munir de um instrumental adequado, onde o principal componente é, sem dúvidas, a sensibilidade. “Podem ser chamados de sociolinguístas todos aqueles que entendem por língua um veiculo de comunicação, de informação e de expressão entre os indivíduos da espécie humana.” . TARALLO, Fernando (1994)
  • 10. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”! Introdução • Sem sombra de dúvida, uma das principais tarefas da reeducação sociolinguística é elevar a auto-estima linguística das pessoas, mostrar a elas que nada na língua é por acaso e que todas as maneiras de falar são lógicas, corretas e bonitas. • Para desempenhar essa tarefa, cada um de nós, educadores, tem que se munir de um instrumental adequado, onde o principal componente é, sem dúvidas, a sensibilidade. “Podem ser chamados de sociolinguístas todos aqueles que entendem por língua um veiculo de comunicação, de informação e de expressão entre os indivíduos da espécie humana.” . TARALLO, Fernando (1994)
  • 11. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”! Introdução “Podem ser chamados de sociolinguístas todos aqueles que entendem por língua um veiculo de comunicação, de informação e de expressão entre os indivíduos da espécie humana.” . TARALLO, Fernando (1994)
  • 12. Livro: “Português: linguagens” Autores: William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães
  • 15. Uma Fala Autêntica CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
  • 16. Uma Fala Autêntica Projeto VALPB (Variação Linguística da Paraíba) Mulher, faixa etária entre 15 e 25 anos, sem nenhum grau de escolaridade, empregada doméstica, nascida e residente na cidade de João Pessoa. Entrevista realizada em outubro de 2005. TRECHO1 [Indagada sobre seu relacionamento com os vizinhos, a entrevistada responde:] CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
  • 17. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
  • 18. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
  • 19. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
  • 20. Reações Previsíveis CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
  • 21. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”! Em vez de rir, vamos estudar? Afinal, não é para isso que estamos na escola?
  • 22. Em vez de rir, vamos estudar? Afinal, não é para isso que estamos na escola? Tem muito mais coisa em comum entre a fala da nossa paraibana analfabeta e a fala de qualquer cidadã/o altamente escolarizada/o do que a maioria das pessoas imagina. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
  • 23. Em vez de rir, vamos estudar? Afinal, não é para isso que estamos na escola? Tem muito mais coisa em comum entre a fala da nossa paraibana analfabeta e a fala de qualquer cidadã/o altamente escolarizada/o do que a maioria das pessoas imagina. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
  • 24. Em vez de rir, vamos estudar? Afinal, não é para isso que estamos na escola? • Traços descontínuos: são determinadas características linguísticas que se restringem à língua falada por pessoas que estão na base da pirâmide das classes sociais – formas de falar que não avançam até o topo da pirâmide, e por isso recebem a maior carga de rejeição e preconceito por parte dos falantes que não utilizam essas regras. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
  • 25. Em vez de rir, vamos estudar? Afinal, não é para isso que estamos na escola? • Traços descontínuos: são determinadas características linguísticas que se restringem à língua falada por pessoas que estão na base da pirâmide das classes sociais – formas de falar que não avançam até o topo da pirâmide, e por isso recebem a maior carga de rejeição e preconceito por parte dos falantes que não utilizam essas regras. • Traços graduais: representam formas de uso da língua que estão presentes na fala de todos os brasileiros, desde os mais pobres e analfabetos até os mais ricos e altamente escolarizados. A diferença é a frequência com que essas regras são utilizadas. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
  • 26. Em vez de rir, vamos estudar? Afinal, não é para isso que estamos na escola? • Traços descontínuos: são determinadas características linguísticas que se restringem à língua falada por pessoas que estão na base da pirâmide das classes sociais – formas de falar que não avançam até o topo da pirâmide, e por isso recebem a maior carga de rejeição e preconceito por parte dos falantes que não utilizam essas regras. • Traços graduais: representam formas de uso da língua que estão presentes na fala de todos os brasileiros, desde os mais pobres e analfabetos até os mais ricos e altamente escolarizados. A diferença é a frequência com que essas regras são utilizadas. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
  • 27. Para começar a limpar o terreno: OS TRAÇOS GRADUAIS CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
  • 28. Para começar a limpar o terreno: OS TRAÇOS GRADUAIS CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
  • 29. Para começar a limpar o terreno: OS TRAÇOS GRADUAIS CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
  • 30. Para começar a limpar o terreno: OS TRAÇOS GRADUAIS CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
  • 31. Para começar a limpar o terreno: OS TRAÇOS GRADUAIS CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
  • 32. Para começar a limpar o terreno: OS TRAÇOS GRADUAIS CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
  • 33. Para começar a limpar o terreno: OS TRAÇOS GRADUAIS CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
  • 34. Para começar a limpar o terreno: OS TRAÇOS GRADUAIS CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
  • 35. Para começar a limpar o terreno: OS TRAÇOS GRADUAIS CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
  • 36. Para começar a limpar o terreno: OS TRAÇOS GRADUAIS CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
  • 37. Para começar a limpar o terreno: OS TRAÇOS GRADUAIS CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
  • 38. Para começar a limpar o terreno: OS TRAÇOS GRADUAIS Tem: ter como verbo impessoal no sentido de existência, no lugar do HAVER, recomendado pela tradição normativa. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
  • 39. Para começar a limpar o terreno: OS TRAÇOS GRADUAIS Tem: ter como verbo impessoal no sentido de existência, no lugar do HAVER, recomendado pela tradição normativa. A gente: pronome sujeito da primeira pessoa do plural, muito utilizado principalmente entre os jovens. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
  • 40. Para começar a limpar o terreno: OS TRAÇOS GRADUAIS Tem: ter como verbo impessoal no sentido de existência, no lugar do HAVER, recomendado pela tradição normativa. A gente: pronome sujeito da primeira pessoa do plural, muito utilizado principalmente entre os jovens. Passá: O apagamento do /r/ em final de palavra, principalmente em infinitivos verbais, é um traço comum a todo vernáculo brasileiro. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
  • 41. Para começar a limpar o terreno: OS TRAÇOS GRADUAIS Tem: ter como verbo impessoal no sentido de existência, no lugar do HAVER, recomendado pela tradição normativa. A gente: pronome sujeito da primeira pessoa do plural, muito utilizado principalmente entre os jovens. Passá: O apagamento do /r/ em final de palavra, principalmente em infinitivos verbais, é um traço comum a todo vernáculo brasileiro. Dinhêro: Os ditongos escritos EI e Ai se transformam nas vogais simples /e/ e /a/quando são seguidos de uma consoante palatal (as que escrevemos X e J) ou da vibrante simples /r/. É mais um caso de assimilação. Todo e qualquer “brasilêro” fala assim. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
  • 42. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”! OS TRAÇOS DESCONTÍNUOS
  • 43. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”! OS TRAÇOS DESCONTÍNUOS  Sofrem maior carga de preconceito e descriminação por parte dos falantes urbanos mais letrados. Essas formas de uso da língua é que são, em geral, consideradas as mais “feias”, as mais “erradas”, aquelas que deveriam a todo custo ser “extirpadas”...
  • 44. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”! OS TRAÇOS DESCONTÍNUOS  Sofrem maior carga de preconceito e descriminação por parte dos falantes urbanos mais letrados. Essas formas de uso da língua é que são, em geral, consideradas as mais “feias”, as mais “erradas”, aquelas que deveriam a todo custo ser “extirpadas”...  Por isso, no nosso trabalho de reeducação sociolinguística, devemos dar especial atenção a esses fenômenos variáveis. Principalmente, quando elas ocorrerem na fala ou na escrita dos nossos alunos, temos de saber reconhecê-los, analisá-los com bom instrumental teórico e tomar decisões mais adequadas a respeito do que fazer com eles em sala de aula.
  • 45. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”! OS TRAÇOS DESCONTÍNUOS  Sofrem maior carga de preconceito e descriminação por parte dos falantes urbanos mais letrados. Essas formas de uso da língua é que são, em geral, consideradas as mais “feias”, as mais “erradas”, aquelas que deveriam a todo custo ser “extirpadas”...  Por isso, no nosso trabalho de reeducação sociolinguística, devemos dar especial atenção a esses fenômenos variáveis. Principalmente, quando elas ocorrerem na fala ou na escrita dos nossos alunos, temos de saber reconhecê-los, analisá-los com bom instrumental teórico e tomar decisões mais adequadas a respeito do que fazer com eles em sala de aula.
  • 46. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”! OS TRAÇOS DESCONTÍNUOS  (1) rotacismo – “Prástico” (PLÁSTICO)  (2) deslateralização de - “gái” (GALHO)  (3) concordância não-normativa – “essas boneca bonita que as menina qué” [ʎ]
  • 47. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
  • 48. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”! LATIM PORTUGUÊS blandu- brando clavu- cravo duplu- dobro flaccu- fraco fluxu- frouxo obligare obrigar olacere- prazer plicare pregar plumbu- prumo
  • 49. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
  • 50. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
  • 51. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”!
  • 52. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”! OS TRAÇOS DESCONTÍNUOS Deslateralização da consoante [ʎ]
  • 53. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”! OS TRAÇOS DESCONTÍNUOS Deslateralização da consoante [ʎ]
  • 54. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”! OS TRAÇOS DESCONTÍNUOS Deslateralização da consoante [ʎ]
  • 55. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”! OS TRAÇOS DESCONTÍNUOS Deslateralização da consoante [ʎ]
  • 56. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”! OS TRAÇOS DESCONTÍNUOS Concordância
  • 57. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”! OS TRAÇOS DESCONTÍNUOS Concordância
  • 58. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”! OS TRAÇOS DESCONTÍNUOS Concordância
  • 59. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”! OS TRAÇOS DESCONTÍNUOS Concordância
  • 60. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”! Conclusão REEDUCAÇÃO SOCIOLINGUÍSTICA
  • 61. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”! Conclusão REEDUCAÇÃO SOCIOLINGUÍSTICA
  • 62. CAMÕES TAMBÉM FALAVA “INGRÊS”! Conclusão REEDUCAÇÃO SOCIOLINGUÍSTICA
  • 63. DA LINGUA AO DISCURSO Obras usada nos slides da apresentação “Next Bus to Torremelinos”. Lynn Hosegood. “Design for Living Room Furnishings”. Giacomo Balla . Ano: 1918. “Caravelas”. Márcio Camargo. Óleo sobre tela. 16x22cm. Ano: 2001. S/T. Leonilson. Ano: 1989. “Woman Leaning Ahead”. Pablo Picasso. Ano: 1904. “Self-Portrait with Arm Twisting Above Head”. Egon Schiele. Ano: 1910. S/T. Yolanda Dorda. “Street People”. Alessandro Andreuccetti. “Under the Pines”. Henri-Edmond Cross, c.1906-c.1907 Thomas Eakins - 1882 - Mending the Net