Este documento discute o uso das tecnologias da informação e comunicação (TICs) no ensino de história para alunos do 5o e 6o ano do ensino fundamental em Santa Maria, Brasil. Através de entrevistas com professores, o estudo encontrou que a maioria ainda não usa computadores e internet em sala de aula. No entanto, as escolas têm laboratórios de informática e acesso à internet. Há necessidade de capacitar professores para usar melhor essas ferramentas no ensino.
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1. Universidade Federal de Santa Maria - UFSM
Educação à Distância da UFSM - EAD
Projeto Universidade Aberta do Brasil - UAB
Especialização em Tecnologias da Informação e da Comunicação
Aplicadas à Educação
POLO: São João do Polêsine
DISCIPLINA: Elaboração de Artigo Científico
PROFESSOR ORIENTADOR: Volnei Matté
26/11/2010
TICs e sala de aula: uma investigação sobre o uso das tecnologias no ensino de
História no contexto da quinta série/ sexto ano do Ensino Fundamental em Santa
Maria.
TICs and the classroom: an investigation about the use of technologies in History
teaching for fifth and sixth grade of Elementary School at Santa Maria
PEIXOTO MARQUES, Marcelo
Licenciado em História, UNIFRA (Centro Universitário Franciscano)
RESUMO
Este artigo discute a relação entre Educação e Tecnologias, verificando e elucidando a utilização
das mesmas no currículo da quinta série/sexto ano do ensino fundamental em algumas escolas
do município de Santa Maria. Por meio de entrevistas semi-estruturadas com professores de
História da quinta série/ sexto ano do Ensino Fundamental e pesquisa bibliográfica, constituída
principalmente de artigos científicos e trabalhos sobre o tema abordado, o referido artigo buscou
verificar o posicionamento de professores de História em relação à possibilidade de situações
educativas com os recursos das Tecnologias da Informação e da Comunicação. Verifica-se, em
Santa Maria, que existe uma expressiva quantidade de professores que ainda não utilizam o
computador, a internet e outras facilidades tecnológicas para gerir o processo de ensino-
aprendizagem
Palavras-chave: Tecnologias, professores, ensino de História.
ABSTRACT:
This paper discusses the relation between Technology and Education, verifying and elucidating the
use of it in the sixth grade curriculum of basic education at some schools in Santa Maria. Through
semi-structured interviews with sixth grade History teachers and bibliographic research, constituted
2. 2
basically by scientific articles and works about the issue, this paper attempted to verify the position
of the those teachers regarding the possibility of using Informational and Communication
Technology resources in educational situations.
It shows that, in Santa Maria, there are a great number of teachers who still don’t use the
computer, the internet and other technologies to manage the teaching-learning process.
Key-words: Technologies, teachers, History teaching.
1 INTRODUÇÃO
O uso adequado das Tecnologias da Informação e da Comunicação - TICs no
ambiente escolar é objeto de análise e de discussão entre professores, pais, alunos e
outros segmentos da sociedade.
José Manuel Moran (2003), no artigo eletrônico “Gestão inovadora da escola com
tecnologias”, apresenta o seguinte conceito para TICs:
Tecnologias são os meios, os apoios, as ferramentas que utilizamos para que os
alunos aprendam. A forma como os organizamos em grupos, em salas, em outros
espaços isso também é tecnologia. O giz que escreve na louça é tecnologia de
comunicação e uma boa organização da escrita facilita e muito a aprendizagem. A
forma de olhar, de gesticular, de falar com os outros isso também é tecnologia. O
livro, a revista e o jornal são tecnologias fundamentais para a gestão e para a
aprendizagem e ainda não sabemos utilizá-las adequadamente. O gravador, o
retroprojetor, a televisão, o vídeo também são tecnologias importantes e também
muito mal utilizadas, em geral. (MORAN, 2003)
No contexto dessa discussão, oportuniza-se a possibilidade de realizar um estudo
no universo do ensino de História. Para efetivar este estudo, optou-se em selecionar as
quintas séries/ sextos anos do ensino fundamental de algumas escolas do município de
Santa Maria.
No passado, as escolas foram timidamente invadidas pelas Tecnologias da
Informação e da Comunicação – TICs, por meio de televisores e vídeos, recursos que
nem sempre foram utilizados com objetivos educacionais bem definidos, mas que ainda
podem ser muito explorados. Seguindo o pensamento de Moran (2005):
A televisão, o cinema e o vídeo – os meios de comunicação audiovisuais –
desempenham, indiretamente, um papel educacional relevante. Passam-nos
continuamente informações, interpretadas; mostram-nos modelos de
comportamento, ensinam-nos linguagens coloquiais e multimídia e privilegiam
alguns valores em detrimento de outros (MORAN, 2005, p.97).
3. 3
Hoje, muitas escolas públicas e privadas, em Santa Maria, dispõem de laboratórios
de informática e já fazem parte da chamada era digital. Segundo informações
provenientes da oitava Coordenadoria Regional de Educação (8ª CRE) e da Secretaria
Municipal de Educação (SMED), 71% das escolas municipais contam com laboratórios de
informática na rede municipal, e nas estaduais o índice chega a 90%. Quase que a
totalidade das escolas municipais, estaduais e privadas estão conectadas à internet com
banda larga.
Pedro Demo (2010), em artigo eletrônico, ressalta que “computador e internet em
geral funcionam como motivadores decisivos, ao contrário de ambientes formais
considerados chatos”, sendo que o fator determinante para essas ferramentas
oportunizarem possibilidades de ensino está intimamente ligado ao conhecimento e ao
domínio das tecnologias por parte dos professores.
A capacitação dos professores para o uso adequado desses espaços é um
problema que ainda precisa ser resolvido.
De acordo Vieira (2004):
Para a implantação dos computadores nas escolas, ainda há um sério problema
não equacionado, do ponto de vista metodológico: a capacitação dos professores.
Talvez, falte a conscientização de que as TICS nada mais são que instrumentos
auxiliares do processo de ensino-aprendizagem, ainda que poderosos. Por mais
interessante ou atraente que seja para o aluno, não será o computador ou
qualquer outro instrumento tecnológico que necessariamente garantirá a sua
aprendizagem. Pois ela depende bem mais da adequada mediação que o
professor faz entre seus alunos e os conhecimentos que ele julgue necessário
abordar em aula (VIEIRA, 2004, p.22).
Dentro dessa ótica, as palavras de Almeida (2005) são esclarecedoras:
Inserir-se na sociedade da informação não quer dizer apenas ter acesso à
tecnologia da informação e comunicação (TIC), mas principalmente saber utilizar
essa tecnologia para a busca e a seleção de informações que permitam a cada
pessoa resolver problemas do cotidiano, compreender o mundo e atuar na
transformação de seu contexto (ALMEIDA, 2005, p.71).
A relação entre a escola e tecnologias ainda é confusa e conflituosa. Com este
estudo, pretendeu-se fazer uma investigação sobre a utilização das TICs no cenário
santamariense, especificamente no ensino de História, apresentando um diagnóstico que
permita a discussão sobre o uso das tecnologias no cenário educacional pelos
professores de História.
4. 4
Para o desenvolvimento deste estudo, optou-se por uma abordagem quantitativa,
com a aplicação de questionários e de entrevistas a vinte e oito professores de História de
quinta série/sexto ano, os quais divididos entre as redes municipal, estadual e privada.
A escolha de aplicação com professores de quinta série/sexto ano do ensino
fundamental justifica-se, pois, como acontece com outras disciplinas, esta é a etapa
escolar que oportuniza o primeiro contato com o estudo da História, sendo que os alunos
que a cursam apresentam faixa etária entre dez e onze anos de idade. Além disso, esses
alunos vivem sob uma atmosfera de mudanças constantes, passando por todas as
transições de uma nova matriz curricular, por novos professores e pelas mudanças de
idade, mentalidade e maturidade. Já não querem se perceber enquanto criança, mas
também não possuem habilidades para organizar a nova rotina escolar, uma vez que
muitas dificuldades de aprendizagem surgem nesse período. Essa fase também marca a
presença acentuada de muita energia e de motivação para a competência
(aprendizagem).
O que se identificou, mediante os questionários aplicados, é uma expressiva
quantidade de professores que ainda não utilizam o computador, a internet e outras
facilidades tecnológicas para gerir o processo de ensino-aprendizagem. Na totalidade, já
ouviram falar sobre TICs, mas desconhecem as habilidades que podem desenvolver a fim
de empregá-las corretamente em sala de aula. Evidencia-se a vontade e necessidade de
agregar à sua formação potencialidades para o uso adequado dessas ferramentas.
Este estudo se encontra organizado em duas partes principais, primeiramente
discute-se o uso das TICs no ensino de História e as possibilidades e implicações de sua
prática no currículo da quinta série/sexto ano do ensino fundamental.
A seguir, apresentam-se os comentários referentes aos questionários aplicados.
Por meio de análises e comparações, foram levantadas considerações sobre a relação
dos professores de História com as TICs, procurando esclarecer e apresentar
contribuições adequadas.
2 O Ensino de História: Quinta Série/Sexto Ano e Tecnologias
A História pode ser considerada uma ciência que possibilita pensar, problematizar
situações e refletir, e é um desafio que começa a se construir no ensino fundamental, a
partir da quinta série/sexto ano. Diante do constante avanço de múltiplas tecnologias e
mudanças na sociedade, abre-se espaço para a construção do conhecimento com novas
5. 5
ferramentas que, se usadas adequadamente, podem colaborar para o ensino de História
e de outras disciplinas.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais:
As novas gerações de alunos habituaram-se à presença de novas tecnologias de
comunicação, especialmente o rádio e a televisão, que se expandiam como
importantes canais de informação e de formação cultural. Entrava pelas portas das
escolas uma nova realidade que não poderia ser mais ignorada. O currículo real
forçava mudanças no currículo formal (1998, p. 27).
A prática do ensino de História remete os alunos, muitas vezes, a recuos
imaginários absurdamente remotos no tempo, ao passo que as tecnologias apresentam-
lhes um presente contínuo. Portanto, repensar as aulas e as estratégias de ensino é uma
tarefa urgente. Para França e Simon (2008), sobre as possibilidades de utilização das
TICs no ensino de História, tem-se a seguinte posição: “em relação às dificuldades
apresentadas às mudanças encontradas na sociedade e a manutenção da posição
conservadora da escola em pleno século XXI, ainda tem-se a esperança da possibilidade
de inovação na prática docente e o rompimento com a concepção tradicional de ensino”.
Para as autoras, no caso específico da disciplina de História, o computador pode ser o
ápice dessa inovação:
Existem muitas possibilidades de integração e envolvimento com essa ferramenta,
como acesso a uma riqueza de recursos que são os sons e imagens,
possibilitando maiores explorações e integrações de idéias por parte dos alunos
nas questões conceituais. E ainda mudança nos papéis dos professores e
métodos de ensino, bem como a facilitação na busca de dados de natureza
histórica, direcionando-se nas propostas da concepção da “História Nova”.
Por isso, torna-se necessário pensar no ensino de história em integração com a
tecnologia, sendo um dos caminhos possíveis para conciliar o desenvolvimento
social, visando à formação histórica do aluno, pois essas máquinas não podem ser
vistas na concepção tecnicista, onde se resume a técnica pela técnica (FRANÇA;
SIMON, 2008).
Abandonar a mesmice de textos, respostas, questionários, é um desafio aos
professores de História, o qual já foi vencido por muitos que buscaram não se limitar
apenas a contar a História de grandes guerras, vencedores, datas e fatos importantes em
organização cronológica, sem articulação com as histórias das pessoas, do bairro, da
cidade, enfim, do mundo.
As novas ideias e o uso de recursos tecnológicos que fazem parte do cotidiano
contemporâneo dos alunos são ingredientes que oportunizam abordagens interativas para
o ensino de História, tornando a disciplina atrativa, criativa e empolgante. Dentro dessa
6. 6
perspectiva, as palavras de Moran (2004), no artigo eletrônico “Propostas de mudança
nos cursos presenciais com a educação on-line”, são claras:
Uma das reclamações generalizadas de escolas e universidades é de que os
alunos não aguentam mais nossa forma de dar aula. Os alunos reclamam do tédio
e de ficar ouvindo um professor ficar falando na frente por horas, da rigidez dos
horários, da distância entre os conteúdos das aulas e a vida (MORAN, 2004).
Além de estarem atentos às mudanças pelas quais passa a sociedade, os
professores também necessitam ter mais oportunidades para conhecer e dominar o uso
dos novos recursos tecnológicos, pois dessa forma terão mais facilidade para cumprir
com o objetivo da disciplina, que é formar alunos conscientes, críticos e capazes de
compreender o mundo e de se situarem dentro do mesmo em termos econômicos,
culturais e sociais.
Na maioria das escolas, é na quinta série/sexto ano do ensino fundamental que as
disciplinas passam a ser ministradas por diferentes professores. Entre muitas mudanças
que marcam esse período, os alunos conhecem vários professores, e um deles é o de
História. Essa fase traz muitos questionamentos para pais, alunos e professores.
As palavras de Laíssa Eschiletti PratiI e Marisa Faermann EizirikKII (2006)
descrevem bem o conflito que marca esse momento:
Já na quarta série se percebe uma preocupação com o que vai acontecer na série
seguinte. Colocações como: "Será que a quinta série é mais difícil?", feita por uma
aluna ou "Eu me preocupo bastante com o que vai acontecer. Minha filha está na
quarta e já fico pensando como vai ser o próximo ano", feita por uma mãe
demonstram uma apreensão com relação ao ingresso na nova organização
escolar. Os professores de quinta série também se mostram preocupados com os
alunos dessa série, como indicado na frase: "Eu sou professora de área e não
tenho a mínima visão de currículo. E é difícil a gente enxergar a faixa etária deles
e não sei se atendo as expectativas deles".
Os alunos de quarta série, quando conversam sobre a quinta, indicam sentimentos
ambivalentes frente aos desafios que irão enfrentar. Frases desde "Eu estou louca
que chegue a quinta série!" até "Vai ser muito ruim. Vai ter coisas novas e eu não
vou saber." são ouvidas na quarta série. Viu-se a composição de um contínuo de
expectativas relacionadas diretamente ao que é apresentado pelos discursos de
professores, pais e outros alunos - que já tiveram contato com pessoas que
convivem na quinta série. Falas de alunos referiam que ter vários professores e
várias matérias iria exigir mais responsabilidade deles. Essa expectativa era
confirmada, principalmente, pela falas dos professores da quarta série: "Pessoal,
vou dar uma revisada bem rápida. Vocês têm que começar a se preparar para a
quinta série! Na quinta não vai ser essa moleza! Vocês sabem muito bem disso!".
Também se ouviam frases como "Lá [na quinta série] não tem essa de ficar
passando a mão por cima [do aluno] como no currículo" (PRATIL; EZIRIKLL,
2006)
7. 7
Segundo Jean Piaget (1978), o papel do professor é compreender e respeitar o
nível de desenvolvimento de cada criança, em esforço permanente, para não ir além de
suas capacidades, nem deixá-la agir sozinha, mas oferecendo instrumentos para que ela
possa construir o conhecimento.
Para Moran (2007), “é fundamental procurar estabelecer, desde o início, uma
relação empática com os alunos, procurando conhecê-los, fazendo um mapeamento dos
seus interesses, formação e perspectivas futuras”.
Quando apresentado com objetivos pedagógicos em consonância com o programa
da disciplina, o uso das tecnologias da informação e da comunicação, nessa fase de
tantas mudanças, irá contribuir significativamente no processo de ensino-aprendizagem
de História, podendo até determinar sua relação com a disciplina durante toda sua
formação.
Para tanto, espera-se que os professores de História tenham habilidade de usar as
tecnologias de maneira criativa, a fim de tornar o ensino da disciplina interativo e
prazeroso.
Sobre essa questão, França e Simon (2008) observam que:
O computador deve ser utilizado de maneira muito criativa, através de pesquisas
em sites via internet, como visitas em museus, consulta a arquivos históricos,
propiciando momentos jamais alcançados anteriormente e transformando a
disciplina de história dinâmica e atrativa. Assim, o aluno tem condições de entrar
em contato com outras pessoas, trocar experiências, construir conceitos
coletivamente, a partir do contato com diversos sujeitos, onde o virtual invade as
emoções e domina as curiosidades (FRANÇA; SIMON, 2008).
Pode-se afirmar que, lentamente, as escolas estão sentindo a necessidade de se
adaptar ao novo contexto educacional, que vem sendo configurado nos últimos anos.
Quando os computadores chegaram às escolas, carregavam consigo todos os anseios de
uma era de inovação e, timidamente, os resultados dessa necessidade começam a
aparecer.
Exemplos de ações bem sucedidas podem facilmente serem encontrados na
internet, mas o que ainda existe em maior número é a necessidade de divulgação e de
ingresso dessas competências e habilidades nas instituições do sistema de ensino básico.
8. 8
3 O Professor de História e o Uso das Tecnologias: Cenário Santamariense
Se no passado existia nas escolas a carência por laboratórios de informática, hoje,
em Santa Maria, o cenário mostra outra face. De acordo com os dados fornecidos pela 8ª
Coordenadoria Regional de Educação, a quase totalidade das escolas estaduais e
municipais de Santa Maria possui laboratórios com acesso à internet, sendo que a grande
maioria dos professores de História não a estão utilizando.
Nesse sentido, França e Simon (2008) apontam uma explicação para isso:
O problema consiste que muitas escolas implantaram o Laboratório de Informática
pela iniciativa do governo e o computador passou a fazer parte do ambiente
escolar sem que houvesse uma metodologia definida e objetiva da prática
pedagógica a partir do uso dessa ferramenta. O que se vê é a larga utilização nas
secretarias das escolas, bibliotecas, ou seja, para fins burocráticos.
Enquanto que os laboratórios instalados estão fechados, com grades de
segurança e até já se encontram máquinas sucateadas. A falta de interesse e de
iniciativa, tanto pela escola quanto pelo governo, para uma devida preparação aos
docentes, a ponto de se depararem com máquinas novas sem uso e ao mesmo
tempo ficando obsoletas, uma vez que ninguém tem acesso a elas (FRANÇA;
SIMON, 2008).
O cenário descrito pelos autores não difere em sua totalidade do contexto santa-
mariense. Moran (2007), a respeito da preparação dos professores para a utilização do
computador e da internet, observa que: “o primeiro passo é procurar de todas as formas
tornar viável o acesso freqüente e personalizado de professores e alunos as novas
tecnologias, notadamente à Internet”. Feito isso, o autor apresenta e esclarece os passos
seguintes:
O segundo passo é ajudar na familiarização com o computador, com seus
aplicativos e com a internet. Aprender a utilizá-lo no nível básico como ferramenta.
No nível mais avançado: dominar as ferramentas da WEB, do e-mail. Aprender a
pesquisar nos search, a participar de listas de discussão, a construir páginas.
O nível seguinte é auxiliar os professores na utilização pedagógica da internet e
dos programas multimídia. Ensiná-los a fazer pesquisa. Começar pela pesquisa
aberta, em que há liberdade de escolha do lugar (tema pesquisado livremente), e
pesquisa dirigida, focada para um endereço específico ou um site determinado.
Pesquisa nos sites de busca, nos bancos de dados, nas bibliotecas virtuais, nos
centros de referência. Pesquisa dos temas gerais para os mais específicos,
pesquisa grupal e pessoal (MORAN, 2007, p.51).
Nota-se, em Santa Maria, uma transição entre o segundo e o último nível mostrado
pelo autor. Na busca da excelência nesses níveis, Santa Maria conta com o Núcleo de
Tecnologia Educacional (NTE) da 8ª CRE, que oportuniza capacitação para professores
ministrarem aulas com auxílio da internet. Todavia, de acordo com informações dos
9. 9
professores multiplicadores, a busca por esse serviço ainda é muito pequena. Já a
Secretaria Municipal de Educação (SMED) conta com o mesmo núcleo, mas não tem
profissionais habilitados para oferecer capacitação para os professores.
A capacitação dos professores é fundamental para o êxito desse processo, como
afirma Siluk (1999): “é imprescindível que o profissional docente esteja capacitado a
conduzir-se na aldeia global, e para tal, deverá desenvolver uma prática pedagógica
diferenciada, crítica, criativa e reflexiva”. Segundo a autora:
Para se trabalhar a internet na educação, professores e alunos, deverão estar
preparados para tirar o melhor das informações nas consultas efetuadas, já que
não é mais só o professor que tem o poder de escolha e o acesso à informação a
ser trabalhada. Devido a isso e ao grande número de informações disponíveis na
rede, é importante saber como articular essas novas informações para construir
novos aprendizados (SILUK, 1999, p. 67).
Em consulta ao site da Secretaria da Educação do Rio Grande do Sul, não se
encontra nenhuma informação ou oferta de capacitação para os professores, existe
apenas um ícone que direciona para a interface TIC, onde o internauta fica sabendo que a
Tecnologia da Informação e Comunicação é parte integrante do Departamento de
Logística e Suprimentos, sendo responsável pelo gerenciamento dos recursos de
tecnologia para a gestão em toda a Secretaria de Educação. Nessa interface, verifica-se
apenas o número de laboratórios e de máquinas disponíveis em cada coordenadoria
regional de educação pelo estado.
3.1 Questionário: Aplicação e Diagnóstico
A aplicação dos questionários teve o objetivo de traçar um diagnóstico sobre o uso
das TICs no ensino de História na quinta série/sexto ano do ensino fundamental em Santa
Maria, com o propósito de identificar se os professores de História estão possibilitando
oportunidades de ensino com ajuda das tecnologias.
Adotou-se a seguinte estrutura para a formação do questionário:
Um cabeçalho para identificar o objetivo, o título da pesquisa propriamente e o
aviso de que as informações prestadas são sigilosas e que, portanto, não serão
divulgadas de nenhuma forma.
Após, foram apresentadas oito questões fechadas de escolha múltipla, a fim de
facilitar o tratamento e a interpretação dos dados resultantes.
10. 10
Os questionários foram enviados em duas etapas. Na primeira, foram enviados
quarenta e cinco questionários impressos: dez para a rede particular, vinte para a
estadual e quinze para a rede municipal. Entres esses, dezesseis foram respondidos.
Fez-se necessário uma segunda etapa, com envio de alguns desses mesmos
questionários via e-mail, do qual houve o retorno de doze. Analisou-se, neste estudo, os
dados obtidos em vinte e oito questionários, aplicados a professores de História de quinta
série/sexto ano do ensino fundamental: três da rede privada de ensino, quinze da rede
estadual e dez da rede municipal de ensino da cidade de Santa Maria.
Entre os resultados apresentados, um muito relevante para este estudo mostra que
um expressivo percentual dos professores de História entrevistados já ouviram falar sobre
as TICs, mas não estão conseguindo se apropriar de habilidades para o uso das mesmas
no programa de sua disciplina.
A questão número 1 buscou saber se os professores de História de quinta
série/sexto ano do Ensino Fundamental, em Santa Maria, sabem o que é ou já ouviram
falar das TICs. 20 professores sabem o que é, 8 já ouviram falar e nenhum dos
entrevistados respondeu que desconhecia.
Sabe o que é ou ja ouviu falar de TICs (Tecnologias da Informação e da
Comunicação)
20
Sim, sei o que é
15
Já ouvi falar, mas não sei bem o
10 que é
Não, nunca ouvi falar
5
0
1
Figura 1 - representação gráfica das respostas dos professores de História a respeito do conhecimento das
TICs (Tecnologias da Informação e da Comunicação)
A representação gráfica da questão número 2 mostra que, quando questionados a
respeito se as TICs podem ajudar de alguma maneira na vida pessoal e/ou profissional , a
maioria, ou seja, 24 professores afirmam que sim, 2 não souberam responder e 2
disseram que não.
11. 11
Acha que as TICs poderão ajudar de alguma maneira sua vida pessoal e/ou
profissional?
25
20
Sim
15 Não
10 Não sei responder
5
0
1
Figura 2 - representação gráfica das respostas dos professores de História sobre contribuição das TICs na
sua vida pessoal e/ou profissional.
A questão número 3 procurou saber se os professores de História entrevistados
gostam de trabalhar com computadores, sendo que 26 responderam que sim, e 2
apontaram resposta negativa.
Você gosta de trabalhar com computadores?
30
25
20 Sim
Não
15
Não sei responder
10
5
0
1
Figura 3 - representação gráfica das respostas dos professores de História a respeito do gosto de trabalhar
com computadores.
A questão número 4, que indagou aos professores a respeito da utilização dos
Laboratórios de Informática em suas escolas, ressalta um dado muito relevante para o
12. 12
nosso estudo. Dos 28 entrevistados, 26 afirmam que poucas vezes utilizam esse espaço
como um recurso que pode auxiliar o programa curricular da disciplina de História, 1
nunca utilizou e apenas 1 utiliza esse espaço várias vezes. Ressalta-se que, em todas as
escolas onde os professores entrevistados atuam, existem Laboratórios de Informática
conectados à internet, como mostra a figura 5.
Você utiliza com seus alunos o Laboratório de Informática de sua
escola?
30
25
Nunca
20
Poucas Vezes
15
Várias
10
5
0
1
Figura 4 - representação gráfica das respostas dos professores de História a respeito da utilização do
Laboratório de Informática de sua escola.
O Laboratório de Informática de sua escola tem acesso à Internet?
30
25
20 Sim
Não
15
10
5
0
1
Figura 5 - representação gráfica das respostas dos professores de História a respeito do acesso à Internet
no Laboratório de Informática de suas escolas.
A questão número 6 perguntou se os professores estão sendo capazes de se
apropriar do uso das tecnologias para oportunizar melhores situações de aprendizagem. 1
professor respondeu que sim, 14 que razoavelmente, e 13 responderam que não sabem
13. 13
adequar o programa da disciplina a esse recurso. As justificativas para esse
questionamento puderam ser compreendidas a partir da análise dos resultados da
questão 7.
Você, na sua escola, com seus alunos está sendo capaz de se apropriar do uso
das tecnologias para oportunizar melhores situações de aprendizagens?
14
12
10 Sim
Razoavelmente
8
Não
Não sei adequar
6
Poucas vezes
4
2
0
1
Figura 6 - representação gráfica das respostas dos professores de História a respeito da apropriação do uso
das tecnologias para oportunizar melhores situações de aprendizagens.
A questão número 7 abordou o uso adequado das TICs no currículo do ensino de
História. A representação gráfica da figura 7 mostra que 20 professores simultaneamente
indicaram como prioridade a necessidade de uma sólida formação dos professores para a
exploração adequada das TICs na sala de aula, 6 apontaram simultaneamente a
necessidade de uma profunda transformação das práticas pedagógicas, e 2 acharam
importante haver uma melhoria das condições organizacionais das escolas, no que diz
respeito à computadores novos.
14. 14
O uso a de qua do da s TICs no currículo de História pre cisa sute nta r-se e m :
Enum e re a orde m de im potâ ncia
20
M elhoria nas condições
(computadores novos)
15
Profunda m udança práticas
pedagógicas
10
Sólida formação dos professores
5 Não sei responder
0
1
Figura 7: representação gráfica das respostas dos professores de História a respeito do uso adequado das
TICs no currículo do ensino de História.
A última questão, de número 8, questionou os professores a respeito de qual
recurso é mais utilizado no processo de ensino-aprendizagem. Na ordem de utilização
desses, observou-se em primeiro lugar, apontado por 15 professores, o uso do DVD como
recurso mais utilizado, 8 professores apontaram a televisão, e apenas 5 o uso de
computadores com internet. Os demais recursos apresentados nos questionários não
atingiram o primeiro lugar simultaneamente.
Recusos mais utilizados no processo de ensino/aprendizagem
16
14
12
10 DVD
Televisão
8
Computadores com internet
6
4
2
0
1
Figura 8 - representação gráfica das respostas dos professores de História a respeito dos recursos mais
utilizados no processo de ensino/aprendizagem.
15. 15
5 Considerações Finais
Procurou-se, no presente estudo, mostrar o posicionamento de professores de
História de quinta série/sexto ano do Ensino fundamental, em Santa Maria, sobre a
utilização das TICs no processo de ensino/aprendizagem. Para tanto, fez-se necessária a
aplicação de um questionário com esses professores. O processo de envio e retorno dos
mesmos foi várias vezes motivado e lembrado por e-mails e telefonemas, ação que
resultou no retorno de 28 questionários.
Em Santa Maria, percebeu-se uma realidade que não difere da apontada por vários
pensadores da área educacional, quando discutem a utilização consciente das
potencialidades das TICs. Durante esse estudo, verificou-se que um significativo número
de professores de quinta série/sexto ano do Ensino Fundamental, em Santa Maria, não
está conseguindo utilizar os recursos das TICs como ferramentas educacionais para
proporcionar melhores situações de ensino/aprendizagem, pois não sabem ou não
possuem domínio de todas as possibilidades de interação e interatividade que esses
recursos podem agregar ao ensino de História. Evidenciou-se também que esses
professores reconhecem a importância de tais instrumentos como ferramentas
motivadoras e decisivas na aprendizagem escolar, destacando a necessidade de uma
modificação nos programas dos cursos de licenciatura, no que diz respeito à exploração
das TICs como ferramentas pedagógicas. O desejo de se integrarem ao uso das
tecnologias da informação disponíveis aponta para uma evolução positiva no caminho
para o uso mais acertado das mesmas no processo de aprendizagem.
Uma questão importante que também foi identificada se refere às ações que vêm
sendo desenvolvidas pela 8ª Coordenadoria Regional de Educação, no sentido de
minimizar as ausências de competências e habilidades dos professores em relação ao
uso e domínio dessas tecnologias. Essa constatação permitiu verificar que, nesse
processo, ainda existe uma confusão entre oferecer capacitação aos professores e
gerenciar recursos para as tecnologias.
Pelo questionário aplicado e pelo diagnóstico que se configurou, pode-se perceber
que há uma lenta evolução no processo de utilização das TICs pelos professores de
História, o que pode ser considerado, até certo ponto, normal.
Contudo, já foi possível observar que alguns professores, bem como os
responsáveis pelo direcionamento das práticas pedagógicas, estão buscando se adaptar
17. 17
VIEIRA, S. L. Estudos em educação e tecnologias da informação e da comunicação
(TICs). EDUC@ção, v. 1, n. 2, p. 21-23, jan./dez. 2004.
Marcelo Peixoto Marques - celohistoria@gmail.com
Volnei Matté - volneim@terra.com.br
ANEXO I
Reprodução do questionário aplicado aos professores de quinta série/sexto ano do Ensino
Fundamental de Santa Maria.
Olá, Prezado (a) Professor (a)
Este questionário visa a obter informações básicas sobre seus conhecimentos,
habilidades e uso das tecnologias em sala de aula. As informações aqui fornecidas serão
utilizadas no artigo de conclusão do Curso de Especialização em Tecnologias da
Informação e da Comunicação Aplicadas à Educação: “TICs e sala de aula: uma
investigação sobre o uso das tecnologias no ensino de História no contexto da
quinta série/ sexto ano do Ensino Fundamental em Santa Maria”.
As informações aqui contidas são sigilosas, não divulgaremos nenhum tipo de
informações pessoais.
Nome:__________________________________________________________
Escola:_________________________________________________________
Disciplina:_______________________________
E-mail:__________________________________
1 - Sabe o que é ou já ouviu falar de TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação)?
( ) Sim, sei o que é
( ) Já ouvi falar, mas não sei bem o que é
( ) Não, nunca ouvi falar
2 - Acha que as TICs poderão ajudar de alguma forma na sua vida pessoal e/ou
profissional?
( )Sim
( ) Não
( ) Não sei responder
3 - Você gosta de trabalhar com computadores?
( ) sim
( ) não
( ) não sei responder
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4 - Você utiliza com seus alunos o laboratório de informática de sua escola?
( ) nunca
( ) poucas vezes
( ) várias vezes
5 – O laboratório de Informática de sua escola tem acesso à internet?
( ) Sim
( ) Não
6 - Você, na sua escola, com seus alunos, está sendo capaz de se apropriar do uso das
tecnologias, para oportunizar melhores oportunidades de ensino?
( )Sim
( )razoavelmente
( )não
( )não sei adequar o programa da minha disciplina a esse recurso
( ) Poucas vezes eu tive oportunidade para trabalhar com computadores
7 - O uso adequado das TIC no currículo do ensino de história precisa se sustentar em:
Enumere a ordem de importância de 1 a 4
( )uma melhoria das condições organizacionais das escolas no que diz respeito à
computadores novos.
( ) uma mudança profunda das práticas pedagógicas.
( ) uma sólida formação dos professores na exploração das TIC na de sala de aula.
( ) não sei responder
8 – Enumere, dentre os recursos abaixo, quais você mais utiliza no processo de ensino-
aprendizagem : Enumere a ordem de mais frequente utilização de 1 a 9
( ) DVD
( ) Televisão
( ) Música
( ) Fita VHS
( ) Computadores com internet
( ) calculadora
( ) celulares e câmeras
( ) Telescópios e Microscópios
( ) Objetos de Aprendizagem, Jogos Educativos e Softwares Educativos
( ) Outro Qual? _______________