A primeira geração do modernismo brasileiro procurou romper com a tradição literária do passado através de revistas que reuniam intelectuais com afinidades estéticas. Os principais movimentos foram o Pau-Brasil, que valorizava a cultura nacional, e a Antropofagia, que propunha uma releitura crítica da história brasileira através da "devoração cultural seletiva".
2. LINHAS GERAIS
primeira geração do modernismo brasileiro
fase iconoclasta: quer romper com o passado literário-cultural;
anarquismo: “não sabemos o que queremos”;
eleição do moderno como um valor em si mesmo;
busca de originalidade a qualquer preço;
luta contra o tradicionalismo;
juízos de valor sobre a realidade brasileira;
valorização poética do cotidiano;
nacionalismo xenófobo e intransigente.
7. AS REVISTAS
primeira geração do modernismo brasileiro
quando surgem?
A Semana de Arte Moderna congregou os autores que queriam algo diferente do que a
literatura vinha produzindo. As revistas reúnem intelectuais com afinidades estético-ideológicas.
como operam?
Tal qual ocorria nas Vanguardas Europeias, os artistas se reúnem, publicam manifestos e põem
em prática seus conceitos por intermédio de obras estéticas de várias naturezas.
para que servem?
Se a Semana de Arte Moderna serviu para congregar os “modernistas”, as revistas vão reunir os
artistas por afinidade estético-ideológicas e alavancar o chamado movimento modernista.
8. OS MOVIMENTOS
primeira geração do modernismo brasileiro
como surgem?
Em torno das revistas, reúnem-se escritores e pintores que têm afinidades estéticas.
o que fazem?
Usam as revistas como veículo de divulgação das ideias [vide o que acontece com a Revista de
Antropofagia] e de obras icônicas e verbais.
quais são os mais importantes?
Teoricamente, pode-se dividir os movimentos modernistas em dois grandes grupos – os
nacionalistas ufanistas [Anta e verde-amarelo] e os nacionalistas críticos [Pau-Brasil e
Antropofagia]. Mário de Andrade [desvairismo] e Manuel Bandeira, apesar de excessivamente
importantes neste primeiro momento do modernismo, não se aliam aos quatro grandes grupos
mais representativos.
10. LINHAS GERAIS
a antropofagia, 1928
devoração cultural seletiva;
revisão crítica do passado histórico cultural;
estilo crítico e irônico;
estrutura inovadora;
primitivismo crítico;
poema-piada e poema pílula;
primitivismo crítico;
nacionalismo crítico.
11. O MANIFESTO ANTROPÓFAGO [fragmentos]
a antropofagia, 1928
Tupy or not tupy that is the question.
A alegria é a prova dos nove.
Nunca fomos catequizados. Fizemos foi o Carnaval. O índio vestido de Senador do Império.
Fingindo de Pitt. Ou figurando nas óperas de Alencar cheio de bons sentimentos portugueses.
Antes de os portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil havia descoberto a felicidade.
Filhos do sol, mãe dos viventes. Encontrados e amados ferozmente, com toda a hipocrisia da
saudade, pelos imigrados, pelos traficados e pelos touristes. No país da cobra grande.
Nunca fomos catequizados. Vivemos através de um direito sonâmbulo. Fizemos Cristo nascer na
Bahia. Ou em Belém do Pará.
Contra a realidade social, vestida e opressora, cadastrada por Freud –a a realidade sem
complexos, sem loucura, sem prostituições e sem penitenciárias do matriarcado de Pindorama.
12. MEUS SETE ANOS
Oswald de Andrade
Papai vinha de tarde
Da faina de labutar
Eu esperava na calçada
Papai era gerente
Do Banco Popular
Eu aprendia com ele
Os nomes dos negócios
Juros hipotecas
Prazo amortização
Papai era gerente
Do Banco Popular
Mas descontava cheques
No guichê do coração
aspectos formais: versos livres e brancos; pontuação relativa;
aspectos temáticos: paródia de “Meus oito anos”, de Casimiro de Abreu
[aos aspectos líricos se misturam elementos do cotidiano do capitalista]
base dupla: lírico x capitalista; prosaico [saudades[ x poético [capitalista]
13. AMOR
Oswald de Andrade
humor
aspectos formais: síntese [extrema]; versos brancos; poema pílula;
aspectos temáticos: releitura crítica do discurso romântico [o amor não precisa ser triste].
14. FAZENDA
Oswald de Andrade
O mandacaru espiou a mijada da moça.
aspectos formais: síntese [extrema]; flash cinematográfico; poema piada;
tema: apresentação sucinta e inaugural de uma paisagem do campo.
15. CRÔNICA
Oswald de Andrade
Era uma vez
O mundo
aspectos formais: síntese [extrema]; flash cinematográfico; poema piada; caráter prosaico;
tema: a maior de todas as histórias é resumidamente apresenta com um olhar infantil.
16. HISTÓRIA PÁTRIA
Oswald de Andrade
Lá vai uma barquinha carregada de
Aventureiros
Lá vai uma barquinha carregada de
Bacharéis
Lá vai uma barquinha carregada de
Cruzes de Cristo
Lá vai uma barquinha carregada de
Donatários
Lá vai uma barquinha carregada de
Espanhóis
Paga prenda
Prenda os espanhóis!
Lá vai uma barquinha carregada de
Flibusteiros
Lá vai uma barquinha carregada de
Governadores
Lá vai uma barquinha carregada de
Holandeses
17. HISTÓRIA PÁTRIA
Oswald de Andrade
Lá vem uma barquinha carregada de
índios
Outra de degredados
Outra de pau de tinta
Até que o mar inteiro
Se coalhou de transatlânticos
E as barquinhas ficaram
Jogando prenda coa raça misturada
No litoral azul de meu Brasil.
aspectos formais: versos livres e brancos; pontuação relativa; paralelismo; elementos visuais;
aspectos temáticos: revisão crítica do passado histórico-cultural; paródia do discurso histórico;
[a história pátria é contada – reinventada – de forma lúdica/crítica, como se fosse brincadeira:
Lá vai uma barquinha carregada de a, b, c, d, e, f, g, h, i.
18. NO MEIO DO CAMINHO
Carlos Drummond de Andrade
No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra.
aspectos formais: versos livres e brancos; pontuação relativa; prosaísmo; repetição;
aspectos temáticos: releitura crítica do soneto “Nel mezzo del camin”, de Olavo Bilac;
[poema piada: nega veementemente os preceitos parnasiano/conservadores].
19. BRASIL
Oswald de Andrade
O Zé Pereira chegou de caravela
E perguntou pro guarani da mata virgem
– Sois cristão?
– Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte
Teterê tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá longe a onça resmungava Uu! Ua! uu!
O negro zonzo saído da fornalha
Tomou a palavra e respondeu
– Sim pela graça de Deus
Cunhem Babá Canhém Babá Cum Cum!
E fizeram o Carnaval
aspectos formais: poema narrativo; forte musicalidade; versos livres e brancos;
aspectos temáticos: narrativa alegórica que relê criticamente a história do Brasil;
o índio: negação da colonização + apropriação de “I-Juca-Pirama”, de Gonçalves Dias;
o negro: fortemente ligado à religiosidade e ao trabalho [saído da fornalha: ironia?];
o branco: tem nome e sobrenome e está ligado aos elementos culturais europeus;
carnaval: festa da raça; momento de comunhão/inversão de valores; alegria solar; brasilidade.
20. Tarsila do Amaral: Urutu. Disponível em: http://www.tarsiladoamaral.com.br/versao_antiga/historia.htm
21. Tarsila do Amaral: A cuca. Disponível em: http://www.tarsiladoamaral.com.br/versao_antiga/historia.htm
22. Tarsila do Amaral: A negra. Disponível em: http://www.tarsiladoamaral.com.br/versao_antiga/historia.htm
23. Tarsila do Amaral: Antropofagia. Disponível em: http://www.tarsiladoamaral.com.br/versao_antiga/historia.htm
24. Tarsila do Amaral: A cuca. Disponível em: http://www.tarsiladoamaral.com.br/versao_antiga/historia.htm
25. Tarsila do Amaral: O macaco. Disponível em: http://www.tarsiladoamaral.com.br/versao_antiga/historia.htm