Este documento discute os processos cognitivos, emocionais e conativos da mente humana. Ele caracteriza a mente como um sistema integrado destes processos e explica as especificidades da percepção, emoção, intenção e outros tópicos. O documento também analisa como estes processos funcionam na vida diária e na construção da identidade humana.
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Processos Mentais 1 - A Percepção
1. A Mente e a Integração das Dimensões Cognitiva, Emocional e ConativaO Saber,
20. Inscrição mental das histórias de vida: IdentidadeUm psicólogo do desenvolvimento mostra a uma criança de 5 anos uma caixa de bolachas e pergunta-lhe o que pensa ela ali encontrar.A resposta espontânea da criança é “bolachas”. Depois, a criança olha para dentro da caixa, e vê que estão lá lápis e não bolachas.O experimentador pergunta, então, à criança: “O que é que outro menino vai pensar que está dentro da caixa, se não olhar lá para dentro?”A criança, divertida com esta pergunta, responde: “bolachas”.AS FALSAS CRENÇAS
21. O psicólogo utiliza depois o mesmo procedimento com uma criança de 3 anos.A resposta à primeira pergunta é, obviamente, “bolachas”.Mas a resposta à segunda é mais inesperada: “lápis”.Mas o mais surpreendente é que a criança de 3 anos defende que também ela pensava desde o início que a caixa continha lápis.AS FALSAS CRENÇAS
24. A experiência de vida, etc.Assim,Todos nós reagimos a certas situações como as crianças de 5 anos.
25. Todos nós reagimos a outras situações como as crianças de 3 anos.Tentar compreender como funciona a nossa mente pode também levar-nos a comportamentos idênticos aos das crianças de 5 anos ou aos das crianças 3 anos.A questão para elas dizia respeito à utilidade e ao conteúdo (associados uma ao outro).A questão para nós diz respeito ao conteúdo e funcionamento da mente (associados um ao outro)
28. Modelo: intermediário entre os fenómenos estudados pela ciência (a realidade) e a interpretação que lhes é dada (teoria).Ciências CognitivasAs ciências da cognição – ou ciências cognitivas – surgiram há cerca de 40 anos.Inicialmente, na Psicologia, os modelos foram construídos sobre a analogia com programas informáticos
32. Actualmente, as ciências da cognição abrangem numerosos campos de investigação e campos de análise.
33. As ciências cognitivas estão intimamente ligadas ao desenvolvimento da PsicologiaAuto-Organização: processo pelo qual um organismo se transforma progressivamente devido a causas ou mecanismos que lhe são próprios. Sinónimo de AUTOPOIESE.
35. Há autores que incluem o estudo da percepção num capítulo sobre “Reconhecimento de Objectos” (Eysenck, 2006, por exemplo)Porque será?Psicologia, 201012
36. Psicologia, 201013Observe a fotografia.Do ponto de vista da imagem (duas dimensões), a ilusão de a ver a três dimensões tem origem nos dados descendentes.
37. Os dados ascendentes corrigiriam a ilusão, mantendo a informação de que a imagem só tem duas dimensões.
38. Do ponto de vista da realidade representada, a percepção é determinada pelos dados descendentes. Uma imagem pode ser percepcionadaComo imagem e
40. Psicologia, 201014Observe a fotografia.Uma ilusão é uma percepção errada ou distorcida.Os livros que vemos mais pequenos na parte superior da fotografia:
43. Na fotografia, no entanto, todos os livros estão à mesma distância do observador (duas dimensões).
44. Com base na experiência anterior, com objectos mais pequenos e distantes de nós, atribuímos indícios ilusórios de profundidade à representação fotográfica bidimensional.Psicologia, 201015A maior parte das percepções envolve um inter-relacionamento complexo entre factores ascendentes e factores descendentes.A maior parte das pessoas lê “Thecat” na imagem (McClelland e Rumelhart, 1981).Mas, em bom rigor, nela não existe nem a letra H nem a letra A. Em todo o caso, seria forçoso que fossem diferentes e não são. A percepção da “letra” do meio é determinada aparentemente pela proximidade das letras vizinhas (ascendente), e
45. Por aquilo que conhecemos das palavras em inglês (processamento conceptual, descendente)Psicologia, 201016Consciência e Percepção.A consciência a que se referem os estudos experimentais é a consciência verbal.Questão Científica:Os significados e interpretações são aplicados automaticamente aos dados dos sentidos?ou implicam que tenhamos consciência verbal deles?(a consciência verbal é parte necessária da percepção?)Se é verdade que acrescentamos significados e interpretações aos dados dos sentidos, será que esses acrescentos resultam de uma deliberação consciente?
46. Psicologia, 201017Problema: A Ilusão Cor-DistânciaÈ sabido nas artes visuais que as cores quentes dão a impressão de que se movem em direcção ao observador, ao passo que as cores frias parecem afastar-se do observador.Enunciado do problema:Consciência e Percepção.?Porque é que as cores quentes parecem aproximar-se e as cores frias parecem distanciar-se?
47. Psicologia, 201018Problemas da PercepçãoO que é que está implicado no facto de vermos, por ex., uma maçã?Num primeiro nível, o problema seria o de sabermos como é que captamos o significado perceptivo da estimulação visual: interpretá-lo como:
51. Foi a causa da expulsão do paraíso, etc.O ponto fundamental não é, todavia, saber por que é que vemos um tipo particular de objecto, masSaber porque é que vemos um objecto, seja ele qual for.
52. Psicologia, 201019Problemas da PercepçãoOnde Está o Objecto? – Percepção da ProfundidadeA questão é simples:Se a imagem que se forma na retina só tem duas dimensões, como é que o nosso mundo perceptivo contém três?Disparidade binocularIndícios monoculares de profundidade (interposição)Perspectiva linear e de tamanho relativoLuz e sombraBInterposiçãoAT. RelativoOlho esquerdoOlho direito ABABDisparidade BinocularLuz e Sombra
53. Psicologia, 201020Problemas da PercepçãoO Que está aquilo a fazer? – Percepção do MovimentoUma coisa é ver um cão corpulento e pouco amistoso.Outra coisa é vê-lo a arreganhar os dentes e a precipitar-se na nossa direcção.1. Movimento RetinianoAs células detectores de movimento no córtex visualparecem reagir ao movimento da imagem na retina.
54. Psicologia, 201021Problemas da PercepçãoO que está aquilo a fazer? – Percepção do Movimento2. Movimento AparenteO movimento retiniano não explica tudo (explica mesmo muito pouco)Suponhamos que acendemos uma lâmpada num ponto do campo visual.A seguir apagamo-la, e depois de um intervalo de tempo entre 30 a 200 ms, acendemos uma outra lâmpada num sítio diferente.Vê-se a luz passar de um ponto para outro, apesar de não haver estimulação retiniana de movimento.Ao resultado da experiência, chama-se Movimento Aparente.Este fenómeno apoia o facto de nos apercebermos do movimento, mesmo quando não se verifica movimento da imagem na retina.
55. Psicologia, 201022Problemas da PercepçãoO que está aquilo a fazer? – Percepção do Movimento3. Movimentos OcularesMovimento objectivoMundo objectivo imóvelBAAOs nossos olhos estão em contínuo movimento.O movimento dos nossos olhos cria uma série contínua de mudanças na imagem retiniana.Sendo assim,Como é que conseguimos ver o mundo imóvel?Olho imóvelMovimento OcularababDeslocação retinianaDeslocação retinianaFig. 1Fig. 2
56. Psicologia, 201023Problemas da PercepçãoO que está aquilo a fazer? – Percepção do Movimento3. Movimentos OcularesMovimento objectivoMundo objectivo imóvelBAAComo é que conseguimos ver o mundo imóvel?1ª Hipótese:A percepção do movimento depende das posições relativas dos objectos da nossa visão:Quando, ao olhar para uma mesa, movemos os olhos, a imagem retiniana da mesa desloca-se, mas o mesmo acontece com os objectos que vemos em cima dela, ao lado dela, etc.: a percepção do movimento é anulada.Olho imóvelMovimento OcularababDeslocação retinianaDeslocação retinianaFig. 1Fig. 2
57. Psicologia, 201024Problemas da PercepçãoO que está aquilo a fazer? – Percepção do Movimento3. Movimentos OcularesMovimento objectivoMundo objectivo imóvelBAAComo é que conseguimos ver o mundo imóvel?2ª Hipótese:O Sistema nervoso compensa efectivamente as deslocações na retina produzidas pelos movimentos oculares:Quando o cérebro dá sinais aos músculos oculares para se movimentarem, calcula o desvio retiniano que esse movimento vai produzir, neutralizando a seguir esse valor.Olho imóvelMovimento OcularababDeslocação retinianaDeslocação retinianaFig. 1Fig. 2
58. Psicologia, 201025Problemas da PercepçãoO que está aquilo a fazer? – Percepção do Movimento3. Movimentos OcularesComo é que conseguimos ver o mundo imóvel?Esta hipótese foi comprovada por corajosos investigadores:Injectaram uma substância paralisante dos músculos oculares neles próprios.Passaram a ver o mundo aos saltos (enquanto durou o efeito da droga).2ª Hipótese:O Sistema nervoso compensa efectivamente as deslocações na retina produzidas pelos movimentos oculares:Quando o cérebro dá sinais aos músculos oculares para se movimentarem, calcula o desvio retiniano que esse movimento vai produzir, neutralizando a seguir esse valor.
59. Psicologia, 201026Problemas da PercepçãoO que é aquilo? – Percepção da FormaPrimeira hipóteseUma hipótese muito simples seria a de que guardamos na memória uma espécie de lista de itens para cada um dos objectos que somos capazes de reconhecer.O objecto tem quatro patas
61. Etc.Psicologia, 201027A forma não é a soma das suas partesProblemas da PercepçãoO que é aquilo? – Percepção da FormaPrimeira hipóteseA enorme variabilidade de estímulos levanta problemas na aceitação desta hipótese.Mas outros fenómenos, como a equivalência de forma, contrariam claramente essa primeira hipótese formulada nos primeiros tempos da Psicologia empirista.Equivalência de forma: as formas percepcionadas permanecem as mesmas, independentemente das partes que a compõem
62. Psicologia, 201028Problemas da PercepçãoO que é aquilo? – Percepção da FormaPerspectiva do Processamento da InformaçãoA aparente eficácia da metáfora dos computadores, aplicada ao estudo do processamento da informação resulta sobretudo:Do facto de essa metáfora tanto servir para descrever o funcionamento da mente, como para aperfeiçoar o sistema de processamento de computadores.A concepção da mente como um computador é uma metáfora científica dominante no nosso tempo.Substituiu metáforas de gerações anteriores como: A das estátuas hidráulicas de Descartes para descrever modelos da acção animal
63. A do sistema nervoso como quadro de distribuição de uma central telefónica, etc.A metáfora Processamento da Informação revelou-se fundamental para a Psicologia, na medida em que a levou a tentar explicar a transformação de uns símbolos noutros símbolos
64. Psicologia, 201029Problemas da PercepçãoO que é aquilo? – Percepção da FormaPerspectiva do Processamento da InformaçãoNa aplicação ao estudo dos processos cognitivos humanos, os diagramas pretendem fazer o gráfico do fluxo de informação, tal como ela é processada pela mente humana (o modelo do computador raramente serve para esse efeito).As tentativas de compreensão das operações mentais, como a de reconhecer uma forma, recordar um nome, etc., são muitas vezes expressas em termos de fluxogramas.No mundo dos computadores, esses fluxogramas mostram as operações de um programa de computador.
65. Psicologia, 201030Problemas da PercepçãoO que é aquilo? – Percepção da FormaPerspectiva do Processamento da InformaçãoVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVOVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVVOs Elementos da FormaOs traços visuais primitivos podem ser percebidos de modo imediato e sem esforço: saltam à vista.A quantidade de letras V que acompanham a letra O tem muito pouca influência no tempo de procura visual.Procura visual a partir de traços primitivosQuando o exemplar é a letra O entre letras V, os sujeitos encontram-na rapidamente.
66. Psicologia, 201031Problemas da PercepçãoO que é aquilo? – Percepção da FormaPerspectiva do Processamento da Informação – Segregação PerceptivaSegregação Visual1. O ouvinte analisa o padrão sonoro e agrupa uns sons com os outros:Também se chama Análise Perceptiva, por desempenhar a mesma função que a análise gramatical desempenha no discursoO estudante disse o professor é parvo.2. A análise continua, agrupando as palavras em sons maiores: as frases:Quando ouvimos alguém falar, o que nos chega aos ouvidos pode ser do seguinte teor:O estudante, disse o professor, é parvo.Ou:OestudantedisseoprofessoréparvoO estudante disse: o professor é parvo.
67. Psicologia, 201032Problemas da PercepçãoO que é aquilo? – Percepção da FormaPerspectiva do Processamento da Informação – Segregação PerceptivaQuando não compreendemos uma língua, não conseguimos fazer uma correcta análise perceptiva. Parece-nos que tudo é dito muito depressa, sem pausas.Antes de fazer, pelo menos uma análise básica, o ouvinte não pode esperar obter uma compreensão daquilo que ouviu.O que se passa com as palavras na fala, verifica-se também com os objectos do mundo visual.A segregação perceptiva é o primeiro passo para a organização do mundo perceptivoSegregação VisualTambém se chama Análise Perceptiva, por desempenhar a mesma função que a análise gramatical desempenha no discurso
68. Psicologia, 201033Problemas da PercepçãoO que é aquilo? – Percepção da FormaPerspectiva do Processamento da Informação – Segregação PerceptivaSegregação da Figura e do FundoA discriminação Figura-Fundoresulta de um contributo do sujeito; não é uma propriedade do próprio estímuloAs figuras reversíveis mostram bem como o estímulo é neutro relativamente à análise.
69. Psicologia, 201034Problemas da PercepçãoO que é aquilo? – Percepção da FormaAPerspectiva do Processamento da Informação – Organização PerceptivaBAgrupamento PerceptivoO agrupamento de partes de uma figura resultam de factores como:Proximidade (fig. 1)
72. Bom prolongamento (fig. 2)Fig. 1Fig. 2As linhas em A e em B são cópias umas das outras. No entanto, em B, o seu cruzamento é percepcionado de forma muito diferente: Bom Prolongamento.Agrupamento por proximidade: vemos a quatro linhas como dois pares
73. Psicologia, 201035Problemas da PercepçãoPercepção – Interpretação da RealidadeConstância PerceptivaConstância do TamanhoEstimamos perceptivamente o tamanho das coisas independentemente da distância a que se encontre. No entanto, o mesmo objecto a diferentes distâncias, forma imagens na retina de tamanhos diferentes.
74. Psicologia, 201036Problemas da PercepçãoPercepção – Interpretação da RealidadeConstância PerceptivaConstância da FormaUm mesmo objecto forma diferentes imagens retinianas, em função de múltiplos factores.No entanto, percepcionamos os objectos sempre com a mesma forma, ainda que o ponto de vista com que o olhamos altere a forma da imagem na retina.
75. Psicologia, 201037Problemas da PercepçãoPercepção – Interpretação da RealidadeConstância PerceptivaConstância da CorQuando conhecemos um objecto pela cor, mantemos essa cor ao nível da percepção, mesmo que as condições de luminosidade alterem as informações físicas que chegam à retina.