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IV Conhecimento
  e Racionalidade
  Científica e Tecnológica




      1. Descrição e Interpretação
         da Actividade Cognoscitiva
1.2 Teorias Explicativas do Conhecimento
     David Hume




 Sumário
 David Hume.
  A sensação como origem
  do conhecimento
Qual a origem
e qual a validade
do conhecimento?


 David Hume responde a esta pergunta
 em Investigação sobre o Entendimento
 Humano, Secção XII, Parte I.

                                        HUME
                                        1711-1776
Refutação
de Descartes

David Hume recusa a dúvida metódica cartesiana por:
 a considerar muito radical e inultrapassável
 pôr em causa os sentidos
Reconhece que os sentidos podem
enganar e que, por isso, a sua informação
deve ser apoiada com a razão.
Reconhece que o cepticismo moderado
é necessário à filosofia.
Sensação e razão

Hume argumenta que:

  a confiança nos sentidos é uma
  espécie de instinto natural,            quando somos forçados pelo
  que nos leva a admitir a                raciocínio a afastar-nos dos instintos
  existência                              da natureza, ficamos numa situação
  de um mundo exterior à nossa            embaraçosa
  mente (caso das casas e das árvores)

                                         as representações existentes na mente
   as nossas representações              são fornecidas pelas sensações obtidas
   mentais têm origem nas                através da experiência, não podendo
   sensações                             ser produzidas pela mente ou sugeridas
                                         por outro espírito (Deus, por exemplo)
Recusa
do racionalismo

Hume argumenta que:


    justificar a veracidade dos sentidos a partir
    de Deus conduziria a uma conclusão contrária
                                                    a fonte das ideias
    ao que se queria demonstrar
                                                    reside nos
                                                    sentidos
     se adoptarmos a opinião racionalista,
     apartamo-nos das nossas inclinações
     naturais e não conseguimos satisfazer
     a nossa própria exigência racional
O empirismo

É habitual incluir a filosofia de David Hume
no chamado empirismo.
O empirismo afirma que todo o conhecimento
tem origem na experiência, nas impressões
acerca dos objectos do mundo externo,
fornecidas pelos sentidos. Há impressões
simples e impressões complexas.
As ideias têm origem em impressões sensoriais
(são cópias enfraquecidas das impressões sensoriais)
e também podem ser simples ou complexas.
Qualquer ideia tem origem numa impressão e deve
poder relacionar-se com a impressão correspondente.
Limites
do conhecimento

As nossas ideias e opiniões acerca da realidade provêm
dos sentidos, sendo associações de ideias simples.
Exemplos:

  A ideia de Deus: haverá alguma
  impressão / sensação
                                            A ideia de cavalo alado: esta ideia
  correspondente? Se não há, então a
                                            resulta da combinação da ideia
  ideia de Deus é uma criação da razão
                                            de cavalo com a ideia de animais com
  a partir de ideias como «inteligência»,
                                            asas. Há impressões correspondentes
  «sabedoria», «bondade», etc.
                                            às ideias de cavalo e de animal com
                                            asas, mas não há nenhuma impressão
                                            correspondente à ideia de cavalo alado
Limites
do conhecimento


  todas as nossas ideias provêm dos sentidos
  não há impressões acerca de leis universais ou de relações
   necessárias entre dois fenómenos (relações de causalidade)

não podemos considerar o conhecimento
como absolutamente verdadeiro.
Por esta razão, Hume assume uma
perspectiva de cepticismo moderado,
rejeitando a atitude dogmática (própria
do realismo ingénuo do senso comum).
exercício              1


Afirmações                                                                V/F

 David Hume aceita a dúvida metódica cartesiana por a considerar
 necessária à filosofia.                                                  ?
                                                                          F


 David Hume recusa o cepticismo moderado.
                                                                          ?
                                                                          F

 A principal crítica de Hume à dúvida metódica consiste em ela pôr
 em causa os sentidos.                                                    ?
                                                                          V

 Para Hume, a confiança nos sentidos é uma espécie de instinto natural.
                                                                          ?
                                                                          V
exercício            2



Afirmações                                                        V/F

Para Hume, as representações existentes na mente são fornecidas
por Deus.                                                         ?
                                                                  F

Dada a definição de empirismo, Hume é um autor racionalista.
                                                                  ?
                                                                  F

Para Hume, a fonte das ideias reside nos sentidos.                ?
                                                                  V

Segundo Hume, a ideia de Deus provém da experiência sensorial.
                                                                  ?
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GLOSSÁRIO


Dúvida metódica

Utilização, feita por Descartes, da dúvida como
estratégia metodológica até encontrar uma certeza
indubitável. Consiste em considerar, provisoriamente,
todos os conhecimentos passíveis de dúvida, até
encontrar um que seja absolutamente seguro e
irrefutável. Para Descartes, essa primeira
e indubitável certeza é o Penso, logo existo.
GLOSSÁRIO


 Relações de causalidade

 Em geral, a relação de geração entre
 um fenómeno antecedente e um fenómeno
 consequente. Diz-se que dois fenómenos
 têm entre si uma relação de causalidade
 (ou de causa-efeito) quando se considera que
 um deles (causa) é gerador do outro (efeito).
GLOSSÁRIO

   Cepticismo moderado

   Teoria que admite a possibilidade de
   conhecer, mas não de forma absoluta.
   Defendido, por exemplo, por David Hume,
   para o qual o nosso conhecimento do mundo
   exterior é limitado, pois só é possível
   conhecer aquilo de que temos impressões ou
   o que delas pode ser inferido.
GLOSSÁRIO

   Atitude dogmática

   Designa, no pensamento filosófico antigo,
   um princípio que serve de explicação para
   a ocorrência de algo ou para alguém se
   orientar na acção. Actualmente, designa
   uma atitude rígida e não aberta à discussão
   − recusa sistemática da abertura à
   mudança, à transformação ou ao debate de
   tudo o que seja novo e diferente.
GLOSSÁRIO

   Realismo ingénuo

   Designa a tendência para considerar que o
   aparelho perceptivo humano é capaz de
   captar a realidade tal como ela é
   efectivamente.
   O realismo ingénuo tem muita dificuldade
   em aceitar as explicações científicas que
   põem em causa o chamado «conhecimento»
   do senso comum, baseado numa leitura não
   crítica dos resultados da experiência sensível.
GLOSSÁRIO


   Senso comum
   Conhecimento vulgar, espontânea
   e assistematicamente construído a partir
   da transmissão social, das informações
   sensoriais e da experiência acumulada,
   com base no qual agimos e resolvemos
   os problemas do nosso quotidiano.
GLOSSÁRIO

   Cepticismo moderado

   Teoria que admite a possibilidade de
   conhecer, mas não de forma absoluta.
   Defendido, por exemplo, por David Hume,
   para o qual o nosso conhecimento do mundo
   exterior é limitado, pois só é possível
   conhecer aquilo de que temos impressões ou
   o que delas pode ser inferido.
GLOSSÁRIO

   Racionalismo

   Teoria acerca da origem e validade
   do conhecimento, que considera a razão
   humana uma faculdade criadora, origem
   e justificação do conhecimento.

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  • 2. 1.2 Teorias Explicativas do Conhecimento David Hume Sumário David Hume. A sensação como origem do conhecimento
  • 3. Qual a origem e qual a validade do conhecimento? David Hume responde a esta pergunta em Investigação sobre o Entendimento Humano, Secção XII, Parte I. HUME 1711-1776
  • 4. Refutação de Descartes David Hume recusa a dúvida metódica cartesiana por:  a considerar muito radical e inultrapassável  pôr em causa os sentidos Reconhece que os sentidos podem enganar e que, por isso, a sua informação deve ser apoiada com a razão. Reconhece que o cepticismo moderado é necessário à filosofia.
  • 5. Sensação e razão Hume argumenta que: a confiança nos sentidos é uma espécie de instinto natural, quando somos forçados pelo que nos leva a admitir a raciocínio a afastar-nos dos instintos existência da natureza, ficamos numa situação de um mundo exterior à nossa embaraçosa mente (caso das casas e das árvores) as representações existentes na mente as nossas representações são fornecidas pelas sensações obtidas mentais têm origem nas através da experiência, não podendo sensações ser produzidas pela mente ou sugeridas por outro espírito (Deus, por exemplo)
  • 6. Recusa do racionalismo Hume argumenta que: justificar a veracidade dos sentidos a partir de Deus conduziria a uma conclusão contrária a fonte das ideias ao que se queria demonstrar reside nos sentidos se adoptarmos a opinião racionalista, apartamo-nos das nossas inclinações naturais e não conseguimos satisfazer a nossa própria exigência racional
  • 7. O empirismo É habitual incluir a filosofia de David Hume no chamado empirismo. O empirismo afirma que todo o conhecimento tem origem na experiência, nas impressões acerca dos objectos do mundo externo, fornecidas pelos sentidos. Há impressões simples e impressões complexas. As ideias têm origem em impressões sensoriais (são cópias enfraquecidas das impressões sensoriais) e também podem ser simples ou complexas. Qualquer ideia tem origem numa impressão e deve poder relacionar-se com a impressão correspondente.
  • 8. Limites do conhecimento As nossas ideias e opiniões acerca da realidade provêm dos sentidos, sendo associações de ideias simples. Exemplos: A ideia de Deus: haverá alguma impressão / sensação A ideia de cavalo alado: esta ideia correspondente? Se não há, então a resulta da combinação da ideia ideia de Deus é uma criação da razão de cavalo com a ideia de animais com a partir de ideias como «inteligência», asas. Há impressões correspondentes «sabedoria», «bondade», etc. às ideias de cavalo e de animal com asas, mas não há nenhuma impressão correspondente à ideia de cavalo alado
  • 9. Limites do conhecimento  todas as nossas ideias provêm dos sentidos  não há impressões acerca de leis universais ou de relações necessárias entre dois fenómenos (relações de causalidade) não podemos considerar o conhecimento como absolutamente verdadeiro. Por esta razão, Hume assume uma perspectiva de cepticismo moderado, rejeitando a atitude dogmática (própria do realismo ingénuo do senso comum).
  • 10. exercício 1 Afirmações V/F David Hume aceita a dúvida metódica cartesiana por a considerar necessária à filosofia. ? F David Hume recusa o cepticismo moderado. ? F A principal crítica de Hume à dúvida metódica consiste em ela pôr em causa os sentidos. ? V Para Hume, a confiança nos sentidos é uma espécie de instinto natural. ? V
  • 11. exercício 2 Afirmações V/F Para Hume, as representações existentes na mente são fornecidas por Deus. ? F Dada a definição de empirismo, Hume é um autor racionalista. ? F Para Hume, a fonte das ideias reside nos sentidos. ? V Segundo Hume, a ideia de Deus provém da experiência sensorial. ? F
  • 12. GLOSSÁRIO Dúvida metódica Utilização, feita por Descartes, da dúvida como estratégia metodológica até encontrar uma certeza indubitável. Consiste em considerar, provisoriamente, todos os conhecimentos passíveis de dúvida, até encontrar um que seja absolutamente seguro e irrefutável. Para Descartes, essa primeira e indubitável certeza é o Penso, logo existo.
  • 13. GLOSSÁRIO Relações de causalidade Em geral, a relação de geração entre um fenómeno antecedente e um fenómeno consequente. Diz-se que dois fenómenos têm entre si uma relação de causalidade (ou de causa-efeito) quando se considera que um deles (causa) é gerador do outro (efeito).
  • 14. GLOSSÁRIO Cepticismo moderado Teoria que admite a possibilidade de conhecer, mas não de forma absoluta. Defendido, por exemplo, por David Hume, para o qual o nosso conhecimento do mundo exterior é limitado, pois só é possível conhecer aquilo de que temos impressões ou o que delas pode ser inferido.
  • 15. GLOSSÁRIO Atitude dogmática Designa, no pensamento filosófico antigo, um princípio que serve de explicação para a ocorrência de algo ou para alguém se orientar na acção. Actualmente, designa uma atitude rígida e não aberta à discussão − recusa sistemática da abertura à mudança, à transformação ou ao debate de tudo o que seja novo e diferente.
  • 16. GLOSSÁRIO Realismo ingénuo Designa a tendência para considerar que o aparelho perceptivo humano é capaz de captar a realidade tal como ela é efectivamente. O realismo ingénuo tem muita dificuldade em aceitar as explicações científicas que põem em causa o chamado «conhecimento» do senso comum, baseado numa leitura não crítica dos resultados da experiência sensível.
  • 17. GLOSSÁRIO Senso comum Conhecimento vulgar, espontânea e assistematicamente construído a partir da transmissão social, das informações sensoriais e da experiência acumulada, com base no qual agimos e resolvemos os problemas do nosso quotidiano.
  • 18. GLOSSÁRIO Cepticismo moderado Teoria que admite a possibilidade de conhecer, mas não de forma absoluta. Defendido, por exemplo, por David Hume, para o qual o nosso conhecimento do mundo exterior é limitado, pois só é possível conhecer aquilo de que temos impressões ou o que delas pode ser inferido.
  • 19. GLOSSÁRIO Racionalismo Teoria acerca da origem e validade do conhecimento, que considera a razão humana uma faculdade criadora, origem e justificação do conhecimento.