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VIDAS-CRÚCIS
Uma proposta de apreciação
literária para o Ensino Médio
CORPO DE TRABALHO
Prof. Me. César Lucas Vendrame
Alunos da 3ª série “B” do Ensino Médio
da
E.E. Profª. Cinelzia Lorenci Maroni –
Piacatu-SP
Diretoria de Ensino de Birigui
JUSTIFICATIVA
O projeto nasceu da necessidade de
proporcionar diferentes estratégias de
leitura e socialização de textos literários –
nesta oportunidade “Vidas Secas” de
Graciliano Ramos –, em especial para os
alunos do Ensino Médio, visando à sua
formação cultural, bem como construção de
conhecimento literário para vestibulares e
ENEM.
OBJETIVOS
 fomentar o gosto pela leitura de textos
literários;
 discutir o diferencial da linguagem literária;
 compreender características do processo
literário, com vistas à novidade e à
verossimilhança;
 perceber as relações da obra escolhida –
Vidas Secas – com os movimentos literários
brasileiros.
DISCUSSÃO TEÓRICA
A linguagem poética, segundo D‟Onofrio
(1999):
“...é construída por uma estrutura complexa, pois
acrescenta do discurso linguístico um significado
novo, surpreendente, alusivo.” (p.11)
“... insurge-se contra o automatismo e a
esteriotipação do uso linguístico, reavivando
arcaísmos, criando neologismos, inventando novas
metáforas, ordenando de um modo diferente e
surpreendente os lexemas do sintagma.” (p.15)
DISCUSSÃO TEÓRICA
D‟Onofrio (1999) continua:
“A novidade do significante linguístico causa no
leitor um efeito de estranhamento, que o obriga a
refletir na formulação da mensagem.” (p.15)
“A obra de arte, por não ser relacionada
diretamente com um referente do mundo
exterior, não é verdadeira, mas possui a
equivalência da verdade, a verossimilhança, que
é a característica indicadora do poder ser ou poder
acontecer.” (p.20)”
DISCUSSÃO TEÓRICA
Sobre Graciliano Ramos, Bosi (2002)
comenta:
“O roteiro do autor de Vidas Secas norteou-se por
um coerente sentimento de rejeição que adviria do
contato do homem com a natureza ou com o
próximo. Escrevendo sob o signo dialético por
excelência do conflito, Graciliano não compôs um
ciclo, um todo fechado sobre um ou outro pólo da
existência (eu / mundo), mas uma série de
romances cuja descontinuidade é sintoma de um
espírito pronto à indagação, à fratura, ao
problema.” (p.402)
DISCUSSÃO TEÓRICA
Sobre os heróis da obra de Graciliano
Ramos, o teórico Bosi (2002) postula:
“O „herói‟ é sempre um problema: não aceita o
mundo, nem os outros, nem a si mesmo. Sofrendo
pelas distâncias que o separam da placenta
familiar ou grupal, introjeta um conflito numa
conduta de extrema dureza que é a sua única
máscara possível.” (p.402)
METODOLOGIA
 contextualização do livro, do estilo do autor e do
movimento literário feita pelo professor;
 leitura de capítulos isolados feitas por duplas e/ou trios;
 síntese por escrito do capítulo lido;
 levantamento de trechos que causaram
estranhamento;
 apresentação, por grupo, do capítulo estudado;
 conclusão das apresentações feita pelo professor;
 comparação dos estranhamentos diversos com a Via-
crúcis de Jesus Cristo;
 produção dos cartazes.
COMPARAÇÕES
VIA-CRÚCIS VIDAS SECAS
 1ª estação: Jesus é
condenado à morte
 2ª estação: Jesus carrega
a cruz às costas
 3ª estação: Jesus cai pela
primeira vez
 1ª estação: “Miudinhos, perdidos
no deserto
queimado, fugitivos, agarram-
se, somaram as suas desgraças
e os seus pavores.”
 2ª estação: “Você é um
bicho, Fabiano. Isto para ele era
motivo de orgulho, sim
senhor, um bicho, capaz de
vencer as dificuldades.”
 3ª estação: “Na beira do
rio, haviam comido o
papagaio, que não sabia falar.
Necessidade.”
COMPARAÇÕES
VIA-CRÚCIS VIDAS SECAS
 4ª estação: Jesus encontra
sua Mãe
 5ª estação: Simão Cirineu
ajuda a Jesus
 6ª estação: Verônica limpa
o rosto de Jesus
 4ª estação: “A família estava reunida
em torno do fogo (...) sinhá Vitória de
pernas cruzadas, as coxas servindo de
travesseiros aos filhos.”
 5ª estação: “O menino continuava a
abraçá-la. E Baleia encolhia-se, para
não magoá-lo, sofria a carícia
excessiva.”
 6ª estação: “Subiu a ladeira, chegou-
se a casa devagar, entortando as
pernas, banzeiro. Quando fosse
homem, caminharia
assim, pesado, cambaio, importante, a
s rosetas das esporas tilintando.”
COMPARAÇÕES
VIA-CRÚCIS VIDAS SECAS
 7ª estação: Jesus cai pela
segunda vez
 8ª estação: Jesus encontra
as mulheres
 9ª estação: Jesus cai pela
terceira vez
 7ª estação: “Tolice, quem é
do chão não se trepa.”
 8ª estação: “E deu de cara
com o soldado amarelo
que, um ano antes, o levara a
cadeia, onde ele aguentara
uma surra e passara a noite.”
 9ª estação: “Tirou o chapéu
de couro, curvou-se e ensino
o caminho ao soldado
amarelo.”
COMPARAÇÕES
VIA-CRÚCIS VIDAS SECAS
 10ª estação: Jesus é
despojado de suas vestes
 11ª estação: Jesus é
pregado na cruz
 12ª estação: Jesus morre
na cruz
 10ª estação: “Eles se vestiam
mal, as crianças andavam nuas
e recolhiam-se todos ao
anoitecer.”
 11ª estação: “A manhã, sem
pássaros, sem folhas e sem
vento, progredia num silêncio de
morte.”
 12ª estação: “A cachorra Baleira
estava para morrer (...) As
chagas da boca e a inchação
dos beiços dificultavam-lhe a
comida e a bebida.”
COMPARAÇÕES
VIA-CRÚCIS VIDAS SECAS
 13ª estação: Jesus morto
nos braços de sua Mãe
 14ª estação: Jesus é
sepultado
 13ª estação: “Todos o
abandonavam, a cadelinha era o
único vivente que lhe mostrava
simpatia.”
 14ª estação: “Tinha vindo ao
mundo para amansar
brabo, curar feridas com
rezas, consertar cercas de
inverno a verão. Era a sina. O
pai vivera assim, o avô também.
E para trás não existia família.”
COMPARAÇÕES
VIA-CRÚCIS VIDAS SECAS
 15ª estação: A
ressurreição de Jesus
 15ª estação: “Fabiano sentia
distanciar-se um pouco dos
lugares onde havia vivido alguns
anos, o patrão, o soldado
amarelo e a cachorra Baleia
esmoreceram no seu espírito.”
RESULTADOS
Ao término dessa proposta de apreciação
literária, os alunos:
 compreenderam que o estranhamento (novidade) é típico
da linguagem literária;
 notaram a relação entre ficção e realidade
(verossimilhança);
 aprofundaram os conhecimentos sobre o livro Vidas Secas
e seu autor, Graciliano Ramos;
 assimilaram que é preciso adotar uma postura diferente
para fazer significar a linguagem poética;
 perceberam traços do movimento modernista no livro
estudado.
REFERÊNCIAS
 BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira.
40ª ed. São Paulo: Cultrix, 2002.
 D’ONOFRIO, Salvatore. Teoria do Texto I:
prolegômenos e teoria da narrativa. 2ª ed. São Paulo:
Editora Ática, 1999.
 RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. (s.d.t.)

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Vidas crúcis

  • 1. VIDAS-CRÚCIS Uma proposta de apreciação literária para o Ensino Médio
  • 2. CORPO DE TRABALHO Prof. Me. César Lucas Vendrame Alunos da 3ª série “B” do Ensino Médio da E.E. Profª. Cinelzia Lorenci Maroni – Piacatu-SP Diretoria de Ensino de Birigui
  • 3. JUSTIFICATIVA O projeto nasceu da necessidade de proporcionar diferentes estratégias de leitura e socialização de textos literários – nesta oportunidade “Vidas Secas” de Graciliano Ramos –, em especial para os alunos do Ensino Médio, visando à sua formação cultural, bem como construção de conhecimento literário para vestibulares e ENEM.
  • 4. OBJETIVOS  fomentar o gosto pela leitura de textos literários;  discutir o diferencial da linguagem literária;  compreender características do processo literário, com vistas à novidade e à verossimilhança;  perceber as relações da obra escolhida – Vidas Secas – com os movimentos literários brasileiros.
  • 5. DISCUSSÃO TEÓRICA A linguagem poética, segundo D‟Onofrio (1999): “...é construída por uma estrutura complexa, pois acrescenta do discurso linguístico um significado novo, surpreendente, alusivo.” (p.11) “... insurge-se contra o automatismo e a esteriotipação do uso linguístico, reavivando arcaísmos, criando neologismos, inventando novas metáforas, ordenando de um modo diferente e surpreendente os lexemas do sintagma.” (p.15)
  • 6. DISCUSSÃO TEÓRICA D‟Onofrio (1999) continua: “A novidade do significante linguístico causa no leitor um efeito de estranhamento, que o obriga a refletir na formulação da mensagem.” (p.15) “A obra de arte, por não ser relacionada diretamente com um referente do mundo exterior, não é verdadeira, mas possui a equivalência da verdade, a verossimilhança, que é a característica indicadora do poder ser ou poder acontecer.” (p.20)”
  • 7. DISCUSSÃO TEÓRICA Sobre Graciliano Ramos, Bosi (2002) comenta: “O roteiro do autor de Vidas Secas norteou-se por um coerente sentimento de rejeição que adviria do contato do homem com a natureza ou com o próximo. Escrevendo sob o signo dialético por excelência do conflito, Graciliano não compôs um ciclo, um todo fechado sobre um ou outro pólo da existência (eu / mundo), mas uma série de romances cuja descontinuidade é sintoma de um espírito pronto à indagação, à fratura, ao problema.” (p.402)
  • 8. DISCUSSÃO TEÓRICA Sobre os heróis da obra de Graciliano Ramos, o teórico Bosi (2002) postula: “O „herói‟ é sempre um problema: não aceita o mundo, nem os outros, nem a si mesmo. Sofrendo pelas distâncias que o separam da placenta familiar ou grupal, introjeta um conflito numa conduta de extrema dureza que é a sua única máscara possível.” (p.402)
  • 9. METODOLOGIA  contextualização do livro, do estilo do autor e do movimento literário feita pelo professor;  leitura de capítulos isolados feitas por duplas e/ou trios;  síntese por escrito do capítulo lido;  levantamento de trechos que causaram estranhamento;  apresentação, por grupo, do capítulo estudado;  conclusão das apresentações feita pelo professor;  comparação dos estranhamentos diversos com a Via- crúcis de Jesus Cristo;  produção dos cartazes.
  • 10. COMPARAÇÕES VIA-CRÚCIS VIDAS SECAS  1ª estação: Jesus é condenado à morte  2ª estação: Jesus carrega a cruz às costas  3ª estação: Jesus cai pela primeira vez  1ª estação: “Miudinhos, perdidos no deserto queimado, fugitivos, agarram- se, somaram as suas desgraças e os seus pavores.”  2ª estação: “Você é um bicho, Fabiano. Isto para ele era motivo de orgulho, sim senhor, um bicho, capaz de vencer as dificuldades.”  3ª estação: “Na beira do rio, haviam comido o papagaio, que não sabia falar. Necessidade.”
  • 11. COMPARAÇÕES VIA-CRÚCIS VIDAS SECAS  4ª estação: Jesus encontra sua Mãe  5ª estação: Simão Cirineu ajuda a Jesus  6ª estação: Verônica limpa o rosto de Jesus  4ª estação: “A família estava reunida em torno do fogo (...) sinhá Vitória de pernas cruzadas, as coxas servindo de travesseiros aos filhos.”  5ª estação: “O menino continuava a abraçá-la. E Baleia encolhia-se, para não magoá-lo, sofria a carícia excessiva.”  6ª estação: “Subiu a ladeira, chegou- se a casa devagar, entortando as pernas, banzeiro. Quando fosse homem, caminharia assim, pesado, cambaio, importante, a s rosetas das esporas tilintando.”
  • 12. COMPARAÇÕES VIA-CRÚCIS VIDAS SECAS  7ª estação: Jesus cai pela segunda vez  8ª estação: Jesus encontra as mulheres  9ª estação: Jesus cai pela terceira vez  7ª estação: “Tolice, quem é do chão não se trepa.”  8ª estação: “E deu de cara com o soldado amarelo que, um ano antes, o levara a cadeia, onde ele aguentara uma surra e passara a noite.”  9ª estação: “Tirou o chapéu de couro, curvou-se e ensino o caminho ao soldado amarelo.”
  • 13. COMPARAÇÕES VIA-CRÚCIS VIDAS SECAS  10ª estação: Jesus é despojado de suas vestes  11ª estação: Jesus é pregado na cruz  12ª estação: Jesus morre na cruz  10ª estação: “Eles se vestiam mal, as crianças andavam nuas e recolhiam-se todos ao anoitecer.”  11ª estação: “A manhã, sem pássaros, sem folhas e sem vento, progredia num silêncio de morte.”  12ª estação: “A cachorra Baleira estava para morrer (...) As chagas da boca e a inchação dos beiços dificultavam-lhe a comida e a bebida.”
  • 14. COMPARAÇÕES VIA-CRÚCIS VIDAS SECAS  13ª estação: Jesus morto nos braços de sua Mãe  14ª estação: Jesus é sepultado  13ª estação: “Todos o abandonavam, a cadelinha era o único vivente que lhe mostrava simpatia.”  14ª estação: “Tinha vindo ao mundo para amansar brabo, curar feridas com rezas, consertar cercas de inverno a verão. Era a sina. O pai vivera assim, o avô também. E para trás não existia família.”
  • 15. COMPARAÇÕES VIA-CRÚCIS VIDAS SECAS  15ª estação: A ressurreição de Jesus  15ª estação: “Fabiano sentia distanciar-se um pouco dos lugares onde havia vivido alguns anos, o patrão, o soldado amarelo e a cachorra Baleia esmoreceram no seu espírito.”
  • 16. RESULTADOS Ao término dessa proposta de apreciação literária, os alunos:  compreenderam que o estranhamento (novidade) é típico da linguagem literária;  notaram a relação entre ficção e realidade (verossimilhança);  aprofundaram os conhecimentos sobre o livro Vidas Secas e seu autor, Graciliano Ramos;  assimilaram que é preciso adotar uma postura diferente para fazer significar a linguagem poética;  perceberam traços do movimento modernista no livro estudado.
  • 17. REFERÊNCIAS  BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 40ª ed. São Paulo: Cultrix, 2002.  D’ONOFRIO, Salvatore. Teoria do Texto I: prolegômenos e teoria da narrativa. 2ª ed. São Paulo: Editora Ática, 1999.  RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. (s.d.t.)