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Assembleia de Deus

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Assembleias de Deus
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Classificação Protestante
Orientação Pentecostal Clássica
Política Episcopal, presbiteriano e congregacional
Líder Rev. Dominic Yeo (Presidente)[1]
Área geográfica 190 países
Origem Hot Springs, Arkansas, Estados Unidos 1914 (110 anos)[2][3]
Congregações 367.398
Membros 53 700 000
Organização missionária WAGF Missions Commission
Organização de ajuda World Assemblies of God Relief and Development Agency
Site oficial worldagfellowship.org

Assembleias de Deus (sigla: AD; em inglês: Assemblies of God), chamadas oficialmente Fraternidade Mundial das Assembleias de Deus, são uma comunhão cristã evangélica pentecostal internacional de igrejas.

As Assembleias originaram-se do ressurgimento pentecostal do início do século XX. Esse avivamento levou à fundação das Assembleias de Deus no Brasil em 1911 e das Assembleias de Deus nos Estados Unidos em 1914.[2]

Através da obra missionária estrangeira e estabelecendo relações com outras igrejas pentecostais, as Assembleias de Deus se expandiram para um movimento mundial. Mas só em 1988, no entanto, que a comunidade mundial se formou. Como uma comunhão pentecostal, as Assembleias de Deus acreditam no distintivo pentecostal do batismo no Espírito Santo, com a evidência de falar em línguas.

O movimento pentecostal de hoje traça seus vestígios da sua comunidade a uma reunião de oração no Colégio Bíblico Betel em Topeka, Kansas em 1 de janeiro de 1901.[4][5] Ali, muitos chegaram à conclusão de que falar em línguas era o sinal bíblico do Batismo no Espírito Santo. Charles Parham foi o fundador desta escola, que mais tarde iria para Houston, Texas. Apesar da segregação racial em Houston, William J. Seymour, um pregador negro, foi autorizado a assistir a aulas bíblicas de Parham. Seymour viajou para Los Angeles, onde sua pregação provocou o Avivamento da Rua Azusa em 1906.[6] Apesar do trabalho de vários grupos wesleyanos avivalistas, como Parham e D. L. Moody, o início do movimento pentecostal difundido nos Estados Unidos, é geralmente considerado como tendo começado com Seymour no avivamento da rua Azusa.[7]

Em 1907, Charles Harrison Mason, co-fundador da Igreja de Deus em Cristo, foi para Los Angeles para investigar o Reavivamento da Rua Azusa.[8] Durante sua visita, afirmou ter recebido o batismo do Espírito Santo e ter tido uma experiência de glossolalia. Ao retornar a Jackson, Mississippi, seu relato de sua experiência encontrou alguma oposição. Os líderes não concordaram que “falar em línguas” fosse um teste obrigatório do batismo com o Espírito Santo. Em 1907, na convocação da Igreja em Jackson, ocorreu uma divisão entre Jones e outros líderes sobre esta questão. Mason foi expulso por aceitar as crenças pentecostais e convocou uma reunião em Memphis no final do ano que deu início à reorganização da Igreja.

A partir de 1911, muitos ministros brancos afiliados à Igreja de Deus em Cristo expressaram insatisfação com a liderança afro-americana.[9] Em 1913, 353 ministros brancos formaram uma nova igreja, que deu credenciais próprias, embora ainda usando o mesmo nome (Igreja de Deus em Cristo). O grupo de ministros brancos liderado pelo Pastor E.N. Bell reuniu-se em uma Convenção, em Hot Springs, Arkansas, em 1914 e fundou as Assembléias de Deus.[10][11][12]

Incorporada durante a segregação racial em vigor no Sul americano, a Igreja proibiu a ordenação de ministros afro-americanos de 1939 a 1962.[13] Os afro-americanos que buscavam ordenação foram encaminhados para o Igreja de Deus em Cristo.

Com o tempo, denominações autônomas foram formadas em vários países ao redor do mundo, seja de movimentos pentecostais locais ou de missões do Conselho Geral das Assembléias de Deus nos Estados Unidos.[14]

Não foi até 1988, no entanto, que a comunidade mundial se formou. Como uma comunhão pentecostal, as Assembleias de Deus acreditam no distintivo pentecostal do batismo no Espírito Santo, com a evidência de falar em línguas.[15]

Estatísticas

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Segundo um censo da associação, em 2022 ele teria 144 associações nacionais de membros em 190 países, 367.398 igrejas e 53.700.000 membros.[16]

Templo Salem de Cotonou, afiliado as Assembleias de Deus, em Cotonu, no Benim, em 2018.

A associação tem uma confissão de fé pentecostal.[17] Os assembleianos acreditam no pré-milenarismo (que é uma divergência dentro da escatologia cristã), aguardando uma segunda vinda de Jesus Cristo em duas fases distintas: a primeira, invisível ao mundo, para arrebatar a Igreja fiel da terra, antes da Grande Tribulação (Mateus 24:29-31); e a segunda, visível e corporal com a Igreja glorificada, para reinar sobre o mundo por mil anos, sendo portanto dispensacionalista.[18]

Ainda, nesse corolário de fé, assembleianos quando analisavam a humanidade e as suas relações sociais, sempre relacionavam os fatos com a esfera espiritual, não fazendo uma clara separação do transcendente e do material,[18] neste sentido, esperam comparecer perante o Tribunal de Cristo, juízo em que haveria boa-fé, cooperação, isonomia, para receber a recompensa dos seus feitos em favor da causa do Cristianismo, nas decisões imparciais que seria providas neste tribunal, ficariam para os fiéis resguardadas a dignidade da pessoa humana e, conforme a proporcionalidade, recompensando-os, ou não, pelo que fizeram em sua vida, já o tormento seria destinada de modo razoável aos ímpios em outro tribunal: o juízo do trono branco.[19]

É notável a ênfase escatológica ao comunismo, isto porque na doutrina dominante das Assembleias de Deus existem ideias associadas à guerra, à luta espiritual com relações diretas a um plano que Deus teria pré-estabelecido para a história, nesse discurso o comunismo era ligado as forças do demônio e precisaria recuar diante da força do bem representadas pelos fiéis liderados por Cristo, representado metaforicamente como um general.[18]

A celebração, sistemática e continuada, da Santa Ceia é um sacramento da maioria das igrejas que compõe o chamado grupo das pentecostais, definindo a Ceia do Senhor como uma ordenança e a pratica principalmente como um ato cognitivo de lembrança.[15]

Geralmente, com a evidência inicial do falar em outras línguas, a chamada glossolalia. Estudo mostram que as Assembleias de Deus possuem inerentemente uma cosmovisão sacramental em sua crença mais distinta da glossolalia, que fornece um ponto de partida para todas as outras discussões sacramentais na teologia pentecostal.[15] Contudo, em 1916, o pastor americano F. F. Bosworth, um membro fundador da organização, criticou a Declaração das Verdades Fundamentais das Assembleias de Deus por sua postura excessiva sobre a glossolalia como um "sinal inicial" obrigatório de batismo do Espírito Santo e deixou-o em 1918.[20]

Conceitos sociais, éticos e teológicos

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Serviço em Dream City Church, afiliada com as Assembleias de Deus, em Phoenix, nos Estados Unidos, em 2007.

Em vários momentos, o Conselho Geral das Assembleias de Deus publicou conceitos sobre vários fenômenos sociais e éticos na sociedade. Na visão das Assembleias de Deus o crente tem o direito de servir no exército e portar armas, o que diverge de outras denominações cristãs que consideram que um cristão não poderia matar nem mesmo se fosse solicitado por ordens estatais.[21]

Os assembleianos, em geral, são contra o aborto voluntário, defendendo a intervenção estatal perante o livre-arbítrio dos indivíduos.[22]

A exemplo do aborto, a homossexualidade é vista como uma forma de impedir que crianças nasçam e os assembleianos a veem como forma de promiscuidade.[23]

A eutanásia é considerada uma forma de suicídio pelas igrejas assembleias, que assim como desencorajam os fiéis a assim proceder, politicamente, se esforçam para impedir que qualquer pessoa proceda desta forma.[24]

Ver artigo principal: Assembleia de Deus
Ver artigo principal: Assembleias de Deus no Brasil
Serviço na Assembleia de Deus de Imperatriz, Maranhão, Brasil

A Assembleia de Deus chegou ao Brasil por intermédio dos missionários suecos Gunnar Vingren e Daniel Berg, que aportaram em Belém, capital do Estado do Pará, em 19 de novembro de 1910, vindos dos Estados Unidos. A princípio, frequentaram a Igreja Batista, denominação a que ambos pertenciam na Suécia. Eles traziam a doutrina do batismo no Espírito Santo, com a glossolalia — o falar em línguas espirituais — como a evidência inicial da manifestação para os adeptos do movimento.[25]

A nova doutrina trouxe muita divergência. Enquanto um grupo aderiu, outro rejeitou. Assim, em duas assembleias distintas, conforme relatam as atas das sessões, os adeptos do pentecostalismo foram desligados e, em 18 de junho de 1911, juntamente com os missionários estrangeiros, fundaram uma nova igreja e adotaram o nome de Missão de Fé Apostólica, que já era empregado pelo movimento de Los Angeles, mas sem qualquer vínculo administrativo com William Joseph Seymour.[26]

Estados Unidos

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Nos Estados Unidos surgiram várias congregações pentecostais independentes, desde o avivamento da rua Azusa, em 1906. Buscando unidade, comunhão entre si, trabalho missionário e organização legal, o Rev. E. N. Bell com a ajuda de outros líderes convocaram uma Convenção em Hot Springs, Arkansas, entre 2 e 7 de abril de 1914, surgindo ali pela primeira vez o nome Assembleia de Deus. Como resultado, houve a adesão de quase 500 ministros e a criação do General Council of the Assemblies of God (Concílio Geral das Assembleias de Deus), mais tarde sediado em Springfield, Missouri, lugar sede do terceiro Concílio, onde foi feita a Declaração das Verdades Fundamentais,[27][28] compartilhada até hoje com a maioria das Assembleias de Deus no mundo.

Referências

  1. https://worldagfellowship.org/Fellowship/Executive-Council Accessed October 24, 2023.
  2. a b General Council of the Assemblies of God (USA) – Our History (2006) AG.org Arquivado em 2010-02-17 no Wayback Machine
  3. Embora a Assembleia de Deus no Brasil tenha surgido em 1911, só oficializou-se com este nome em 1918.
  4. Randall Herbert Balmer, Encyclopedia of Evangelicalism: Revised and expanded edition, Baylor University Press, USA, 2004, p. 37
  5. "Assemblies of God". The Oxford Dictionary of the Christian Church. Ed F. L. Cross and E. A. Livingstone. Oxford University Press Inc. Oxford Reference Online. Oxford University Press. Acessado em 22 de junho de 2011.
  6. Randall Herbert Balmer, Encyclopedia of Evangelicalism: Revised and expanded edition, Baylor University Press, USA, 2004, p. 47
  7. Blumhofer. As Assembleias de Deus: Um Capítulo na História do Pentecostalismo Americano, Volume 1—To 1941. pp.97-112
  8. Samuel S. Hill, Charles H. Lippy, Charles Reagan Wilson, Encyclopedia of Religion in the South, Mercer University Press, USA, 2005, p. 203
  9. Vinson Synan, The Holiness–Pentecostal Tradition: Charismatic Movements in the Twentieth Century, (Grand Rapids, Michigan: William B. Eerdmans Publishing Company, 1997), p. 153–155, ISBN 978-0-8028-4103-2.
  10. Cecil M. Robeck, Jr, Amos Yong, The Cambridge Companion to Pentecostalism, Cambridge University Press, UK, 2014, p. 78
  11. John Stephen Bowden, Encyclopedia of Christianity, Oxford University Press, Royaume-Uni, 2005, p. 88
  12. Edith Waldvogel Blumhofer, Restoring the Faith: The Assemblies of God, Pentecostalism, and American Culture, University of Illinois Press, USA, 1993, p. 142
  13. Macchia, Frank D. (1995), «From Azusa to Memphis: Evaluating the Racial Reconciliation Dialogue Among Pentecostals», Pneuma: The Journal of the Society for Pentecostal Studies, 17 (2): 208, doi:10.1163/157007495x00192 
  14. William W. Menzies, Robert P. Menzies, Spirit and Power: Foundations of Pentecostal Experience, Zondervan Academic, USA, 2011, p. 28
  15. a b c «Além da ordenança: Pentecostais e uma compreensão sacramental da Ceia do Senhor». 10 de setembro de 2017. Consultado em 20 de setembro de 2021 
  16. Assemblies of God World Missions, Vital statistics 2022, agwm.org, USA, 2022
  17. Roger E. Olson, The Westminster Handbook to Evangelical Theology, Westminster John Knox Press, États-Unis, 2004, p. 35
  18. a b c Lindolfo Anderson Martinelli. «Escatologia e Anticomunismo nas Assembléias de Deus do Brasil na primeira metade do século XX» (PDF) 
  19. «Lição 6:O Tribunal de Cristo e os Galardões». Arquivado do original em 24 de Abril de 2016 
  20. Daniel Castelo, Pentecostalism as a Christian Mystical Tradition, Wm. B. Eerdmans Publishing, USA, 2017, p. 132
  21. Commission on Doctrinal Purity and the Executive Presbytery. «War and Conscientious Objectors» (em inglês). Assemblies of God, USA. Consultado em 27 de abril de 2013. Cópia arquivada em 30 de abril de 2013 
  22. «Sanctity of Human Life: Abortion and Reproductive Issues» (PDF) (em inglês). Assemblies of God, USA. 9 de agosto de 2010. Consultado em 27 de abril de 2013. Cópia arquivada (PDF) em 30 de abril de 2013 
  23. Assemblies of God, USA (6 de agosto de 2001). «Homosexuality» (PDF) (em inglês). Consultado em 27 de abril de 2013. Cópia arquivada (PDF) em 30 de abril de 2013 
  24. «Sanctity of Human Life: Suicide, Physician - Assisted Suicide, and Euthanasia» (PDF) (em inglês). Assemblies of God, USA. 9 de agosto de 2010. Consultado em 27 de abril de 2013. Cópia arquivada (PDF) em 30 de abril de 2013 
  25. Medcraft, John P. (1987). «The Roots and Fruits of Brazilian Pentecostalism» (PDF). Vox Evangelica. 17: 68 
  26. Corten, André; Echalar, Mariana N. R. (1996). Os pobres e o Espírito Santo: o pentecostalismo no Brasil. Título Original: Le pentecôtisme au Brésil: émotion du pauvre et romantisme théologique. Petrópolis, RJ: Vozes. p. 66. 285 páginas. ISBN 85-326-1713-1 
  27. A Declaração de Verdades Fundamentais da Assembleia de Deus[ligação inativa] (em inglês)
  28. 16 Verdades Fundamentais – Texto Condensado (em inglês)
  • Clarke, Peter B. «Assemblies of God». In: Clarke, Peter B. Encyclopedia of New Religious Movements. Londres: Routlege. pp. 48–49. ISBN 9780415267076. Consultado em 6 de dezembro de 2015 

Ligações externas

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