O Dilúvio (história polonesa)
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O Dilúvio | |||
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A ocupação da República pela Suécia, Moscóvia, Brandemburgo e os cossacos de Chmielnicki. | |||
Data | 1655-1660 | ||
Local | Polônia, Lituânia, Dinamarca | ||
Desfecho | Vitória pírrica polaco-lituana | ||
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O Dilúvio (polonês: Potop) é um nome utilizado na história da Polônia para se referir a uma série de guerras no século XVII que deixou a Polônia em ruínas. Em um sentido mais restrito, Dilúvio se refere somente à invasão sueca e a ocupação do país; em um sentido mais amplo, ele se aplica a toda uma série de infortúnios iniciados com a Revolta de Chmielnicki em 1648 e terminados ou em 1656, 1660 ou mesmo em 1667. Antes do Dilúvio a Polônia era uma força na Europa Central. Durante as guerras, porém, a Polônia perdeu cerca de um terço de sua população (um número relativamente mais alto que durante a Segunda Guerra Mundial) e sua posição de grande potência.
Os conflitos iniciaram-se em 1648 por causa do senhor feudal ruteno e líder cossaco ucraniano Bohdan Khmelnytsky. Khmelnytsky, espalhou o boato que os poloneses os tinham vendido como escravos e entregues "nas mãos dos amaldiçoados judeus". Este foi o pretexto para uma campanha onde os cossacos mataram um grande número de judeus durante os anos de 1648–1649. O número preciso de mortes nunca foi conhecido, mas a diminuição da população judia naquele período é estimada entre 50 000 e 200 000, número que também inclui mortes por doença e prisão pelos tártaros. Embora os cossacos acabassem por ser derrotados em 1651 na Batalha de Beresteczko, a sua rebelião serviu de pretexto para os russos invadirem e ocuparem a metade oriental da República das Duas Nações em 1655. Por sua vez, os suecos invadiram e ocuparam o restante território no mesmo ano.
Os príncipes Janusz Radziwiłł e Bogusław Radziwiłł iniciaram negociações com o rei sueco Carlos X Gustavo da Suécia na intenção de terminar com a República e desfazer a união polaco-lituana. Eles assinaram um tratado segundo o qual os Radziwiłłs teriam direito a dois Ducados encravados nas terras do Grão-Ducado da Lituânia, sob a vassalagem sueca.
Muitos nobres poloneses (szlachta), como o Chanceler da Coroa Hieronim Radziejowski e o Grande Tesoureiro da Coroa Bogusław Leszczyński, achando que João II Casimiro Vasa era um Rei fraco, ou um Rei-Jesuíta, ou por outras razões, encorajaram Carlos Gustavo a reivindicar a Coroa polonesa.
João Casimiro Vasa tinha poucos aliados entre a szlachta (nobreza) polonesa, porque abertamente simpatizava com a Áustria e demonstrava ignorar e desprezar a cultura polonesa (Sarmatismo). Em 1643 juntou-se aos Jesuítas e recebeu o título de Cardeal. De modo que Carlos Gustavo (seu primo) tornou-se o herdeiro do Trono polaco-lituano.
Todavia, em dezembro de 1646 João Casimiro regressou à Polônia e, em outubro de 1647, renunciou a sua posição de cardeal para se candidatar ao trono polonês.
Mas o comandante das forças militares de Poznan, Krzysztof Opaliński, entregou a Grande Polônia a Carlos Gustavo e rapidamente, as outras voivodias também se renderam. Quase todo o país acabou por ficar do lado de Carlos Gustavo. Contudo, vários locais ainda resistiram. A mais notável e simbólica foi a resistência do Mosteiro de Jasna Góra, em Częstochowa. Comandada pelo Grão-Prior Augustyn Kordecki, a guarnição do mais famoso santuário-fortaleza da Polônia derrotou os inimigos. Logo, a Confederação Tyszowce apoiou João Casimiro Vasa, refugiado na Silésia. O Grão-Hetman da Polônia, Stefan Czarniecki, e o Grão-Hetman da Lituânia, Jan Paweł Sapieha, iniciaram o contra-ataque com a finalidade de derrotar os aliados de Carlos Gustavo. Por fim, João II Casimiro foi solenemente coroado na Catedral de Lwów em 1656.
Os suecos foram expulsos em 1657 e os russos foram finalmente derrotados em 1662. A luta na Ucrânia terminou com o Tratado de Andrusovo (13 de janeiro de 1667), com a ajuda da intervenção dos turcos devido a sua reivindicação na Crimeia. Forças da Prússia e Transilvânia foram também derrotadas, mas a Prússia ganhou um reconhecimento formal de independência e deixou de ser um vassalo polonês.
O Dilúvio também terminou com a era de tolerância religiosa polonesa, uma vez que a maioria dos invasores era não-católicos, com a expulsão dos "confrades poloneses" como um sinal claro disto. Durante O Dilúvio, muitos milhares de judeus poloneses também se sentiram vítimas de pogroms iniciados pela rebelião cossaca.
Com o Tratado de Hadiach em 16 de setembro de 1658, a Coroa polonesa decidiu elevar os cossacos e os rutenos à condição de igualdade àquela dos poloneses e lituanos na União polaco-lituana e de fato transformando a República das Duas Nações em uma Comunidade polaco-lituana-rutena (polonês: Rzeczpospolita Trojga Narodów, "República das Três Nações") ou República polaco-lituana-rutena. Apoiados pelos líderes cossacos este tratado poderia mudar a História do Leste Europeu.
O Dilúvio é contado em um romance ficcional de Henryk Sienkiewicz sob o mesmo título.
Cinema
[editar | editar código-fonte]O Dilúvio (título original em polonês: Potop) foi também transformado em um clássico filme histórico de 1974, criado pelo diretor de cinema Jerzy Hoffman e estrelado por Daniel Olbrychski como Andrzej Kmicic, um patriota que bravamente lutou contra a invasão sueca. O filme foi indicado como o Melhor Filme Estrangeiro ao Oscar em 1974.