Acuntsu
Este artigo ou secção contém uma lista de referências no fim do texto, mas as suas fontes não são claras porque não são citadas no corpo do artigo, o que compromete a confiabilidade das informações. (Maio de 2021) |
Akuntsu | |||
---|---|---|---|
População total | |||
3 (2019)[1] | |||
Regiões com população significativa | |||
| |||
Línguas | |||
português, akuntsú | |||
Religiões | |||
Xamanismo |
Akuntsu (também conhecido como Akunt’su ou Akunsu) é um povo indígena brasileiro. Falam uma língua da família Tupari, do tronco Tupi.[1]
Localizado no sudeste de Rondônia, às margens do igarapé Omerê. No ano de 2005 sua população estimada era de seis sobreviventes.[1]
Representam uma das menores e mais ameaçadas sociedades indígenas no Brasil. Antigas tribos vizinhas os denominavam de "Wakontsu", e temiam seus guerreiros. Sua cultura Material encontra-se atualmente seriamente comprometida, porém ainda confeccionam os formidáveis maricos de fibra de tucum, objeto de uso doméstico que lembra uma bolsa de carga, usada à testa. Este objeto de uso doméstico simboliza uma característica importante da origem desta sociedade, os localizando dentro do complexo do maríco.[1] O antropólogo Adelino de Lucena Mendes realizou pesquisa de campo entre os akuntsu no ano de 2002. Produziu junto ao ISA um verbete informativo sobre esta tribo.
Etimologia
[editar | editar código-fonte]Akuntsu tem origem na palavra "wakontsón", da lingua Kanoê, e que significa "outro índio". Foi a denominação dada pelos Kanoê para o grupo vizinho ao qual não tinham contato.[1]
Costumes
[editar | editar código-fonte]Vestimentas
[editar | editar código-fonte]Costumam vestir pequenas tangas com franjas, e usam adornos corporais como abraçadeiras e tornozeleiras que são feitos em algodão, usando plumas de aves e dentes de mamíferos como decoração; também usam colares feitos com conchas diversas ou plásticos, que cortam em formato circular ou trapézio; e adorno no nariz.[1]
Rituais
[editar | editar código-fonte]Praticam os rituais xamânicos, com a presença de um pajé e aspiração de rapé. Em transe, entram em contato com espíritos de animais e entes ancestrais, acompanhados de cânticos e dança.[1]
Economia
[editar | editar código-fonte]Vivem da caça (com arcos e flexas) de porcos do mato, antas e pacas; coleta de frutas; e de pequena agricultura que fica próxima as malocas onde moram. A pescaria no igarapé é escassa, provendo peixes pequenos.[1]
História
[editar | editar código-fonte]A primeira vez que os Akuntsu foram citados, foi no livro de Frans Caspar, no período em que visitava o grupo vizinho Tupari. Até então, viviam isolados, mas com a chegada de fazendeiros e madereiros na região, constantemente tentavam expulsar os Akuntsu das suas terras, ocorrendo conflitos. Nos anos de 1980, houve um intenso conflito entre os Akuntsu e ruralistas da Fazenda Yvypytã, onde ocorreu um massacre, quase dizimando por completo o povo Akuntsu. Os poucos indivíduos que sobreviveram, tiveram que procurar outra área para construir uma nova aldeia. O primeiro contato oficial foi em 1985, pelo sertanista Marcelo dos Santos através da frente de atração da Funai. Durante anos anteriores, fazendeiros negavam a existência de grupos indígenas na região por interesses particulares. Quando Santos chegou até o local onde se encontravam os Akuntsu, só restavam 7 pessoas do grupoː 2 homens adultos, 2 mulheres adultas, 1 mulher idosa, 1 adolescente e 1 criança. Sendo Kunibu o líder do grupo.[1][2]
Com a comprovação de grupos indígenas na área (os Akuntsu, os Kanoê e o índio do buraco), Santos pediu a interdição de 63.900 hectares, através da Portaria nº 2.030/E/1986, de 11 de abril de 1986, para preservar o território indígena, sendo denominada Área Indígena Omerê. Em 12 de dezembro de 1986, Romero Jucá, que acabara de assumir a presidência da Funai, revogou a interdição das terras indígenas, e novas ameaças ocorreram entre ruralistas e os Kunibu.[2]
Entre os anos de 2000 e 2016, morreu uma das filhas de Kunibu, devido a uma queda de uma árvore sobre a maloca em que se encontrava; morreu Ururú, a mulher idosa, com doença respiratória; e Kunibu, devido a um câncer.[1][2][3]
As Terras Indígenas dessas etnias na Amazônia Legal são constantemente invadidas ilegalmente por missionários e[4] pela ação de madeireiros.[5][4] Devido isto, em 2014 a Funai criou o Sistema de Proteção e Promoção de Direitos com doze Frentes de Proteção Etnoambiental,[5][6] para fazer a vigilância ostensiva e em tempo integral das áreas.[7][6] São sete as etnias indígenas recém-contactados no Brasil pela Funai, que estão sobre proteção deste sistema: korubo, zo'é, kunt'su, tupi-kawahiv, kanoe, uruwahá e, awa-guajá.[5]
A Funai através da Coordenação Geral de Índios Isolados e Recém Contatados (CGIIRC) verificou que algumas etnias indígenas recém-contactados estavam em situação de fragilidade, assim ofereceu assistência diferenciada a estes: zo’é no Pará; aos kanoê e aos akuntsu em Rondônia, e; aos korubo do Javari no Amazonas.[8]
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j «Akuntsu». Povos Indígenas no Brasil. Consultado em 9 de agosto de 2023
- ↑ a b c «A morte de Konibu e o crime de genocídio de Romero Jucá». Carta Capital. 2 de junho de 2016. Consultado em 9 de agosto de 2023
- ↑ «Morre Ururú, a mais velha da tribo Akuntsu na Amazônia». Jornal de Brasília. 19 de outubro de 2009. Consultado em 9 de agosto de 2023
- ↑ a b Ricardo, Fany; Fávero Gongora, Majoí, eds. (2019). Cercos e resistências: povos indígenas isolados na Amazônia brasileira (PDF). C3L00002 1a edição ed. São Paulo: Instituto Socioambiental. ISBN 978-85-8226-073-9. OCLC 1124955605. Resumo divulgativo
- ↑ a b c «Terra Indígena Hi-Merimã». Instituto Terras Indigenas do Brasil. Consultado em 14 de novembro de 2024
- ↑ a b «MPF investiga entrada ilegal de missionários em terras indígenas do Amazonas | Terras Indígenas no Brasil». terrasindigenas.org.br. Consultado em 30 de outubro de 2024
- ↑ «Missionário dos EUA é interrogado pela Funai após entrar ilegalmente em terra de índios isolados | Terras Indígenas no Brasil». terrasindigenas.org.br. Consultado em 30 de outubro de 2024
- ↑ «Quem são? - Povos Indígenas no Brasil». socioambiental.org. Consultado em 19 de novembro de 2024
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- RICARDO, Carlos Alberto. "Os índios" e a sociodiversidade nativa contemporânea no Brasil. IN: SILVA, Aracy Lopes da. GRUPIONI, Luís Donisete Benzi. A temática indígena na escola. Brasília: MEC/MARI/UNESCO, 1995. p. 37-44.
- INSTITUTO Socioambiental. Adelino de Lucena Mendes da Rocha. Enciclopédia dos Povos Indígenas no Brasil. Disponível em: <http://pib.socioambiental.org/pt/povo/akuntsu>. Acessado em: <18 de março de 2006>.