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Alexandre Gnattali

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Alexandre Gnattali
Informações gerais
Nascimento 4 de fevereiro de 1918 (106 anos)
Local de nascimento Porto Alegre, Rio Grande do Sul
País Brasil

Alexandre Gnattali (Porto Alegre, 4 de fevereiro de 1918) é um maestro, pianista, arranjador e compositor de música popular brasileira.[1]

Filho do professor de música e maestro Alexandre Gnattali e irmão do compositor e maestro Radamés Gnatalli, desde cedo demonstrou interesse pela música, aprendendo piano com sua mãe Adélia Gnattali.[1]

Fez renome principalmente como arranjador e maestro, sendo um dos principais arranjadores e regentes da Rádio Nacional,[2] assinando mais de 1470 arranjos entre as décadas de 1940 e 1950, ficando em segundo lugar em números totais,[3] e ali também iniciou a organização do Arquivo Musical na década de 1940.[4] Segundo Saroldi & Moreira, seu trabalho de arranjador na Rádio Nacional serviu como modelo para muitos outros arranjadores e maestros,[5] e segundo Jessé de Sousa, ele contribuiu significativamente para o desenvolvimento do estilo do "jazz sinfônico" no Brasil.[6] Foi um dos principais arranjadores da gravadora CBS,[7] e conduziu orquestras nas gravadoras Odeon, Continental, Todamérica, Polydor e Columbia.[1] Na Columbia foi ainda um dos diretores do Departamento Musical e um dos responsáveis pelo lançamento do selo Magic Notes no Brasil em 1962.[8] Faria & Coli o chamaram de "grande maestro aclamado",[9] e para Ítalo Neuhaus é um "nome de grande importância na música nacional".[10]

Participou como arranjador ou maestro da gravação de discos de muitos cantores e compositores famosos, como Emilinha Borba, Roberto Carlos, Edu da Gaita, Lupicínio Rodrigues, Orlando Silva, o Trio Irakitan, Jerry Adriani, Dorival Caymmi, Tom Jobim e Vinícius de Moraes, Pixinguinha, Dick Farney, entre outros.[1] Compôs e conduziu a música para três discos infantis com histórias narradas por Tia Chiquinha para a Odeon, foi diretor musical de dois LPs da cantora Gilda Valença, regeu a orquestra na gravação do cordel musical Estória de João-Joana, de Carlos Drummond de Andrade e Sérgio Ricardo.[1]

Colaborou com o irmão em dezenas de trilhas sonoras para o cinema, incluindo para o clássico Rio, Zona Norte.[11][12] Compôs a trilha para o filme Redenção (1958),[13] as comédias O petróleo é nosso (1954), Carnaval em Marte (1955), O homem do Sputinik (1959), Os apavorados (1962), da produtora Atlântida,[11][14] e para quase todas as chanchadas da produtora Herbert Richers na década de 1960. Segundo o pesquisador de cinema Hernani Heffner, a produtividade de Gnattali neste campo "é impressionante", "enquanto que o Radamés se liga a todo tipo de produção, o Alexandre vai se fixar muito mais em um estúdio, muito mais na chanchada, vai virar uma assinatura".[15]

Gravou vários discos com suas orquestras, com seleções de obras de diversos autores:[1]

  • A música de Joubert de Carvalho – Alexandre Gnattali e Sua Orquestra, 1957
  • A canção do fugitivo/Ansiedade, 1957
  • Pega ladrão/Maria Fumaça, 1958
  • Samba, samba, samba – Orquestra e Coro sob a Direção de Alexandre Gnattali, 1961
  • Isto é carnaval, 1962
  • Chá-chá-chá – beguine – rumba – Orquestra sob a Direção de Alexandre Gnattali, 1962
  • Samba, samba, samba - Volume II — Orquestra e Coro sob a Direção de Alexandre Gnattali, 1964
  • Nosso samba é assim — Orquestra e Coro sob a Direção de Alexandre Gnattali, 1975

Referências

  1. a b c d e f "Alexandre Gnattali". In: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, acesso em 28/07/2023
  2. Cabral, Sérgio. Antonio Carlos Jobim: Uma biografia. Lazuli, 2016, p. 1690
  3. Farias, Raphael Fernandes Lopes & Valente, Heloísa de Araújo Duarte. "Criação musical na Era do Rádio: maestros e arranjadores, entre a tradição e a modernidade". In: Estudos em Jornalismo e Mídia, 2020; 17 (2)
  4. Saroldi, Luiz Carlos & Moreira, Sonia Virgínia. Rádio Nacional, o Brasil em sintonia. Funarte / Instituto Nacional de Música, 1984, p. 34
  5. Saroldi & Moreira, p. 90
  6. Sousa, Jessé Gomes de. O curso de arranjo da Escola de Música de Brasília: aspectos históricos, estruturais e contextuais. Mestrado. Universidade de Brasília, 2019, p. 87
  7. Medeiros, Jotabê. Roberto Carlos: Por isso essa voz tamanha. Todavia, 2021, s/pp.
  8. "International News Report". Billboard, 07/04/1962, p. 20
  9. Faris, Raphael F. Lopes & Coli, Juliana Marília. "A música nas rádios do Rio de Janeiro e de São Paulo: tensionamentos culturais e modelos de musicalidades midiatizadas". In: Revista Brasileira de História da Mídia, 2022; 11 (2)
  10. Neuhaus, Ítalo Simão. "A música popular brasileira nas orquestras da Rádio Nacional nas décadas de 1940 e 50". In: Anais do IV SIMPOM, 2016 (4)
  11. a b Onofre, Cintia Campolina de. Nas trilhas de Radamés: a contribuição musical de Radamés Gnattali para o cinema brasileiro. Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, 2011, pp. 208-209
  12. Didier, Aluísio. Radamés Gnattali. Brasiliana, 1996, p. 29
  13. Redenção. Cinemateca Brasileira
  14. Lovisi, Daniel Menezes. Radamés Gnattali e sua música para cinema. Mestrado. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, 2011, pp. 56-58
  15. Onofre, pp. 328-329