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Leblon

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Alto Leblon)
Leblon
  Bairro do Brasil  
Leblon
Leblon
Leblon
Localização
Coordenadas
Unidade federativa Rio de Janeiro
Distrito Zona Sul[1]
Município Rio de Janeiro
História
Criado em 26 de julho de 1919
Características geográficas
Área total 215,31 ha (em 2003)[1]
População total 46 044 (em 2 010)[1] hab.
 • IDH 0,967[1](em 2000)
Outras informações
Domicílios 22 259 (em 2010)[1]
Limites Gávea, Lagoa, Ipanema e Vidigal[2]
Subprefeitura Zona Sul[1]

Leblon é um bairro nobre da Zona Sul do município do Rio de Janeiro, no Brasil. Localiza-se entre a Lagoa Rodrigo de Freitas, o oceano Atlântico, o Morro Dois Irmãos e o Canal do Jardim de Alá.[3] O bairro faz divisa com a Gávea, a Lagoa, Ipanema e o Vidigal.[2] Seus habitantes pertencem, majoritariamente, à classe alta, incluindo alguns dos nomes da elite cultural, econômica e política carioca. No entanto, há também moradores de classe média, especialmente aqueles que vivem no bairro há muitos anos, além dos moradores da comunidade da Cruzada São Sebastião. Algumas de suas vias mais tradicionais são as avenidas Delfim Moreira, Visconde de Albuquerque, Ataulfo de Paiva, Bartolomeu Mitre e Afrânio de Melo Franco e a rua Rainha Guilhermina. No bairro estão localizadas as estações de metrô Antero de Quental e Jardim de Alah.

É o bairro com o metro quadrado mais caro do Brasil. Os apartamentos de maior valor estão situados na orla.[4]

No Leblon está localizado um dos prédios administrativos da TV Globo.

O dia do Leblon é comemorado a 26 de julho, pois nessa data do ano de 1919 foi definida a configuração atual da maior parte de suas ruas.[5]

Até as últimas décadas do século XIX, era um território arenoso ocupado por algumas chácaras. O francês conhecido por Carlos Leblon, possuidor de uma empresa de pesca de baleias, tinha, ali, uma dessas chácaras desde 1845, razão pela qual a região ficou sendo conhecida como Campo do Leblon, denominação informal que acabou fixada ao bairro.[6]

Leblon no século XX

O primeiro registro escrito sobre a atual região ocupada pelo bairro é um mapa feito por exploradores franceses em 1558. No mapa, a região coincide com a aldeia tamoia de Kariané.[7] Nesse mesmo século, após a vitória dos portugueses sobre os franceses no conflito da França Antártica, o governador português Antônio Salema espalhou roupas infectadas com o vírus da varíola nas matas às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas, com o propósito de exterminar os índios tamoios que habitavam a região e poder, assim, estabelecer engenhos de cana-de-açúcar na região.[8] Em 1603, Antônio Pacheco Calheiros obteve a posse por enfiteuse (empréstimo) da região, chamada na época de "Costa Brava" ou "Praia Brava". Em 1606, a posse das terras foi passada a Afonso Fernandes.

Em 1609, foi passada a Martim de Sá, governador do Rio de Janeiro. Em 1610, foi passada para Sebastião Fagundes Varela, que passou a utilizar a região como local de pastagem para seu gado e para retirada de madeira, que moviam o Engenho de Nossa Senhora da Conceição da Lagoa. Em 1808, dom João VI desapropriou a região e a cedeu a dona Aldonsa da Silva Rosa. O português Manoel dos Santos Passos comprou-as em 1810. Ele passou-as em testamento ao sobrinho Antônio da Costa Passos. Após a morte deste, o terreno passou para os sobrinhos Francisco da Silva Melo e Francisco Nascimento de Almeida Gonzaga. Bernardino José Ribeiro comprou-as em 1844 e vendeu-as no ano seguinte ao empresário francês Carlos Leblon, que montou, na região, uma empresa de pesca de baleias. Na época, as baleias, em especial as cachalotes, eram muito importantes na economia, pois forneciam óleo usado na construção civil e na iluminação pública. Nesse período, as terras de Leblon passaram a ser conhecidas como Campo do Leblon. A partir de 1854, com a implantação da iluminação a gás pelo Barão de Mauá, o negócio de pesca de baleias entrou em decadência e Leblon vendeu seu terreno para o empresário Francisco Fialho.

Em 1878, Fialho vendeu as suas terras para vários compradores, entre os quais o português José de Seixas Magalhães (ou José de Guimarães Seixas),[9] que era simpatizante do movimento pela abolição da escravidão e que utilizou as terras para abrigar escravos fugitivos no chamado quilombo do Leblon.[10] No início do século XX, a Companhia Construtora Ipanema adquiriu os terrenos, dividiu-os em pequenos lotes com ruas oficiais e, em 26 de julho de 1919, começou a vendê-los a particulares, já com o nome de "Leblon". Em 1920, o prefeito Carlos Sampaio construiu os canais do Jardim de Alá e da Avenida Visconde de Albuquerque.[6]

Em 1969, após um incêndio, a favela da Praia do Pinto, que abrigava 15 000 moradores e se localizava no coração do bairro, se estendendo até as margens da lagoa Rodrigo de Freitas, foi destruída pelas autoridades do governo militar e do governo do estado da Guanabara e teve seus moradores transferidos para conjuntos habitacionais em Cordovil, Cidade de Deus e Cruzada São Sebastião e para abrigos da Fundação Leão XIII.[11]

A Praia do Leblon. com 1,3 km de comprimento, é continuação da Praia de Ipanema, começando no Jardim de Alá e indo até os penhascos da Av. Niemeyer. Ali existe o Mirante do Leblon (oficialmente rebatizado de Mirante Hans Stern pelo prefeito Cesar Maia), de onde se pode apreciar toda a avenida costeira (av. Delfim Moreira), as praias do Leblon e de Ipanema e a Pedra do Arpoador.

Vista aérea do bairro do Leblon

O rendimento nominal médio mensal das pessoas de 10 anos ou mais de idade (com rendimento) do Leblon é de 6 844,63 reais (segundo o censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).[12] O Leblon é um dos bairros mais cobiçados da cidade e o que mais valoriza a cada ano. Tem o metro quadrado mais caro do país, custando 18 332 reais.[13] Nas áreas próximas à praia, no entanto, esse valor pode chegar a 20 000 reais.[14]

Algumas das causas dessa valorização exorbitante dos imóveis na região foram o projeto urbanístico Rio-Cidade na Avenida Ataulfo de Paiva e as Áreas de Proteção ao Ambiente Cultural.[15] Além destes fatores, o défice habitacional e de transportes, problemas graves da cidade, contribuem fortemente nesse aspecto.

De acordo com a FipeZAP, em 2023 o Leblon era o bairro com os imóveis mais caros do Brasil, com o preço médio de R$ 22.544 /m².[16]

Transportes

As principais ruas e avenidas do bairro são:

  • Avenida Delfim Moreira - percorre a Praia do Leblon e leva à Avenida Niemeyer; ao chegar a Ipanema, cruzando o Canal do Jardim de Alá, passa a se chamar Avenida Vieira Souto.
  • Avenida Bartolomeu Mitre - perpendicular à praia, leva à Rua Mário Ribeiro e à Rua Jardim Botânico.
  • Avenida Afrânio de Mello Franco - perpendicular à praia, liga a Praia do Leblon à Lagoa Rodrigo de Freitas.
  • Avenida Visconde de Albuquerque - se inicia na interseção das avenidas Delfim Moreira e Niemeyer e vai até a Avenida Bartolomeu Mitre.
  • Avenida Ataulfo de Paiva e Avenida General San Martin - paralelas à praia, têm sentidos opostos e levam ao bairro de Ipanema.
  • Avenida Borges de Medeiros - se inicia na praia e percorre a orla do Canal do Jardim de Alá e a Lagoa Rodrigo de Freitas pelo lado oeste
  • Avenida Niemeyer - liga o Leblon a São Conrado.
Mapa do Leblon.

Composição Étnica

[17]
Etnias
Brancos 87%
Pardos 8%
Negros 3%
  • População: 46 044 habitantes (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, censo ano 2010)
  • Alto Leblon, fica no entorno da parte alta da Rua Timóteo da Costa.[18]
  • Baixo Leblon - O Baixo Leblon fica entre a Avenida Ataulfo de Paiva, a Rua Dias Ferreira e a Rua Aristides Espínola. A partir dos anos 1970, se firmou como ponto de intelectuais, artistas como Cazuza, Miguel Falabella, Elba Ramalho e Alceu Valença, entre outros. O termo “baixo” tem origem carioca, sendo uma definição informal para a concentração de bares em determinada área geográfica, formando um "itinerário etílico"; o Baixo Leblon foi o pioneiro na cidade do Rio de Janeiro a usar este termo.[18]
  • Selva de Pedra
Educação
Saúde
  • Expectativa de vida média (homens e mulheres): 78,9 anos (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, censo ano 2000)

O Leblon é conhecido por ser cosmopolita e, ao mesmo tempo, extremamente bairrista, com sua vida noturna agitada com muitos bares, restaurantes, boates e livrarias 24 horas.

Nas novelas da Rede Globo, o bairro é, constantemente, retratado pelo autor paulista Manoel Carlos, morador do local. Algumas das últimas novelas foram: Em Família, Viver a Vida, Páginas da Vida, Mulheres Apaixonadas, Laços de Família, Por Amor e História de Amor.

Na abertura da sátira de "Viver a Vida", Vim Ver Artista, do Casseta e Planeta Urgente!, foram feitas várias referências ao "Leblão" e é dita a frase "Vim Ver Artista, a novela com o IPTU mais caro da televisão brasileira", com clara referência ao alto custo de vida do bairro.

É, também, fonte de inspiração para vários músicos, estando presente em canções de Caetano Veloso (Falso Leblon, Fora de ordem, Haiti, O namorado e O quereres), Paralamas do Sucesso (Óculos), Adriana Calcanhoto (Inverno), Luciana Mello (Sexo, amor, traição), Alceu Valença (Andar, andar e Tesoura do desejo), Elba Ramalho (Aquilo Bom (Garotas do Leblon)), Ed Motta (Daqui pro Meier), Wilson Simonal (Balanço zona sul), Cazuza (Completamente blue), Barão Vermelho (Guarde esta canção e Billy Negão), Bebeto (Vem me Amar), Djavan (Mil vezes), Marina Lima (Virgem), Fagner (Lua do Leblon), Lobão [Pra sempre essa noite, Scaramuça e Depois da Duas], Luiz Gonzaga (Aquilo Bom (Garotas do Leblon)), Ritchie ( A Vida tem Dessas Coisas) , Angela Ro Ro (Mares da Espanha), dentre vários outros.

Referências

  1. a b c d e «Rio Prefeitura - Bairros cariocas - Lagoa». Consultado em 25 de janeiro de 2010. Arquivado do original em 2 de setembro de 2013 
  2. a b http://www.armazemdedados.rio.rj.gov.br/arquivos/1314_bairros%20-%202004.JPG
  3. Breve relato sobre a formação das Divisões Administrativas no Município do Rio de Janeiro - Período de 1961 a 2007 (Google Webcache)
  4. «Leblon e Ipanema se consolidam como os bairros mais caros para morar ou investir na cidade do Rio de Janeiro». Exame. Consultado em 28 de junho de 2019 
  5. «Leblon». História do Rio. Consultado em 2 de agosto de 2015. Arquivado do original em 24 de setembro de 2015 
  6. a b «Cópia arquivada». Consultado em 15 de setembro de 2011. Arquivado do original em 27 de outubro de 2012 
  7. O antigo Leblon. Disponível em http://www.antigoleblon.com.br/Historico. Acesso em 20 de fevereiro de 2017.
  8. Os bairros. Disponível em http://off-road.student.utwente.nl/johan/rio/br/bairros/lagoa.htm Arquivado em 20 de fevereiro de 2017, no Wayback Machine.. Acesso em 19 de fevereiro de 2017.
  9. O Antigo Leblon. Disponível em http://www.antigoleblon.com.br/historico.php. Acesso em 8 de março de 2016.
  10. Fundação Casa de Rui Barbosa. Disponível em http://www.casaruibarbosa.gov.br/dados/DOC/artigos/o-z/FCRB_EduardoSilva_Camelias_Leblon_abolicao_escravatura.pdf. Acesso em 8 de março de 2016.
  11. Cronologia do pensamento urbanístico. Disponível em http://www.cronologiadourbanismo.ufba.br/apresentacao.php?idVerbete=1530. Acesso em 20 de fevereiro de 2017.
  12. «Censo 2010, Rendimento Familiar - Leblon, Rio de Janeiro». Consultado em 25 de Fevereiro 2012 
  13. «Cópia arquivada». Consultado em 15 de outubro de 2012. Arquivado do original em 25 de outubro de 2012 
  14. «G1 > Economia e Negócios - NOTÍCIAS - Rio de Janeiro tem metro quadrado mais caro do país». g1.globo.com. Consultado em 31 de março de 2022 
  15. Controvérsias na questão das APACs
  16. «Leblon é o bairro que tem os imóveis mais caros do país, confira ranking». O Globo. 9 de janeiro de 2024. Consultado em 9 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 10 de janeiro de 2024 
  17. «Tabela 3175: População residente, por cor ou raça, segundo a situação do domicílio, o sexo e a idade». sidra.ibge.gov.br. 21 de junho de 2020. Consultado em 21 de junho de 2020  |nome1= sem |sobrenome1= em Authors list (ajuda)
  18. a b Júlia Amin; Augusto Decker (3 de março de 2016). «'Baixos' se espalham pela cidade e ganham características próprias. A Praça São Salvador, um dos pontos mais frequentados, é alvo de polêmicas». jornal O Globo. Consultado em 7 de julho de 2022 

Ligações externas

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