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Cândido de Figueiredo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Cândido de Figueiredo
Cândido de Figueiredo
Cândido de Figueiredo, em gravura de 1886.
Nome completo António Pereira Cândido de Figueiredo
Nascimento 19 de setembro de 1846
Lobão da Beira, Portugal
Morte 26 de setembro de 1925 (79 anos)
Lisboa, Portugal
Nacionalidade Portugal português
Cônjuge Mariana Angélica de Andrade (†1882)

D.Antónia da Piedade Serrano

Ocupação filólogo, lexicógrafo, gramático e escritor
Magnum opus Novo Dicionário de Língua Portuguesa
Assinatura

António Pereira Cândido de Figueiredo (Lobão da Beira, 19 de Setembro de 1846Lisboa, 26 de Setembro de 1925) foi um filólogo, gramático, lexicógrafo e escritor português.

Autor do Novo Dicionário da Língua Portuguesa, originalmente publicado em 1899 e depois alvo de múltiplas reedições até a 25.ª, em 1996.[1] É esta a obra pela qual é mais conhecido, ainda que tenha publicado também inúmeros estudos de linguística. Publicou também escritos de ficção e crítica, entre os quais Lisboa no ano 3000, obra de crítica social e institucional, saída a público em 1892, e recentemente reeditada. Também traduziu numerosas obras de filologia e linguística. Foi um dos fundadores da Sociedade de Geografia de Lisboa e sócio correspondente da Academia Brasileira de Letras. Casou em segundas núpcias com D. Antónia da Piedade Serrano

Frequentou o Seminário de Viseu, estabelecimento onde concluiu o curso de Teologia, a 19 de Junho de 1867, sendo em seguida ordenado presbítero. Matriculou-se depois no curso de direito da respectiva faculdade da Universidade de Coimbra, tendo ali sido estudante entre 1869 e 1874. Durante seus tempos de estudante participou na denominada Questão Coimbrã.

Abandonou a vida eclesiástica, para a qual fora aparentemente destinado pela família, obtendo do papa Leão XIII a dispensa do múnus eclesiástico. Casou então com Mariana Angélica de Andrade, enveredando pela advocacia.

A partir de 1876 fixou-se em Lisboa, abrindo um escritório de advocacia, onde trabalhava em parceria com Júlio de Vilhena. Apesar de ter como principal actividade a advocacia, exerceu algumas comissões oficiais por incumbência do Ministério do Reino na área da instrução pública, entre as quais o cargo de inspector das escolas do Distrito de Coimbra. Ingressou depois na carreira dos registos e notariado, sendo nomeado conservador do Registo Predial da comarca de Pinhel. Foi depois transferido para Fronteira e em seguida para Alcácer do Sal. Nesta última vila exerceu o cargo de presidente da respectiva Câmara Municipal.

Em 1881 foi nomeado secretário-geral da Bula da Cruzada e no ano seguinte professor provisório do Liceu Central de Lisboa. Algum tempo depois foi nomeado funcionário do Ministério da Justiça, carreira que seguiria durante o resto da sua vida profissional. Nesta carreira atingiu o lugar de subdirector-geral, no qual se aposentou depois de mais de 40 anos de serviço.

Exerceu por várias vezes as funções de director-geral interino do Ministério da Justiça. Em 1893, quando José Dias Ferreira presidia ao governo, foi nomeado governador civil do Distrito de Vila Real. Foi ainda secretário particular de Bernardino Machado, no período em que este foi Ministro das Obras Públicas.

Para além das suas actividades profissionais, foi poeta e jornalista de grande mérito, tendo colaborado em periódicos como O Panorama[2] (1837–1868), Aljubarrota, Lusitano, Progresso, Bem Público, Voz Feminina, Revista dos Monumentos Sepulcrais, Almanaque de Lembranças, Notícias (que depois seria o Diário Popular), Grinalda, Crisálida, País, Hinos e Flores, Repositório Literário, Tribuno Popular, Independência, Recreio Literário, Folha, Panorama Fotográfico, Viriato, Gazeta Setubalense, Democracia (publicado em Elvas), entre outros. Fundou e dirigiu o periódico A Capital e foi redactor do diário Globo. Entre outras publicações, também colaborou na Revista de Portugal e Brasil e no Ocidente, e ainda se encontra colaboração da sua autoria nas revistas República das Letras [3] (1875), Ribaltas e Gambiarras [4] (1881), A Arte Musical [5] (1898–1915), O Branco e Negro [6] (1899), Serões [7] (1901–1911), na revista Atlântida[8] (1915–1920) e ainda no jornal humorístico A Paródia[9] (1900–1907), sob o pseudónimo O Caturra.

Entrou depois para a redacção do Diário de Notícias, onde se manteve por muitos anos e no qual publicou valiosas crónicas literárias, que assinava com o pseudónimo de Cedef.

No campo cultural e científico, destacou-se como lexicólogo e filólogo, tendo feito parte da comissão que foi encarregada em 1911 de fixar as bases da ortografia da língua portuguesa. Desta comissão faziam parte alguns dos maiores filólogos da época, nomeadamente Carolina Michaëlis de Vasconcelos, Aniceto dos Reis Gonçalves Viana, José Leite de Vasconcelos, Francisco Adolfo Coelho, assim como Manuel Borges Grainha, António José Gonçalves Guimarães, Júlio Moreira, José Joaquim Nunes e António Garcia Ribeiro de Vasconcelos.

Em 1871 foi feito sócio do Instituto de Coimbra e no ano de 1874 foi eleito sócio correspondente da Academia Real das Ciências de Lisboa, instituição da qual seria eleito sócio efectivo em 1915. Também no ano de 1874 foi eleito, por unanimidade, professor correspondente da Academia de Jurisprudência e Legislação de Madrid. Era também sócio da Academia Brasileira de Letras.

Em 1878, por proposta dos orientalistas Julius Oppert e Guiard, foi eleito membro titular da Sociedade Asiática de Paris. Foi também membro do Congresso dos Orientalistas de Londres. Em 1902 foi eleito membro da Real Academia Espanhola.

Em 1887 foi eleito vogal do Conselho Superior de Instrução Pública em representação do professorado de ensino livre. Foi nomeado em 1890, pelo Ministério do Reino, membro da comissão encarregada de rever a nomenclatura geográfica portuguesa.

Foi galardoado com a Medalha de Honra do Congresso Jurídico do Rio de Janeiro e com as palmas de ouro num concurso poético da Académie de Toulouse.

Em 1876 foi, com Luciano Cordeiro, um dos sócios fundadores da Sociedade de Geografia de Lisboa. Quando faleceu era presidente da Academia das Ciências de Lisboa. Foi ainda vice-cônsul do México em Lisboa.

Por distintos serviços públicos, em 1908 foi agraciado com a Carta de Conselho. Foi também agraciado com o grau de cavaleiro e a cruz branca da Ordem da Coroa de Itália (Ordine della Corona d'Italia), do Reino da Itália.

Referências

  1. «Cronologia da língua portuguesa». DicionarioeGramatica.com. Consultado em 1 de abril de 2016 
  2. Rita Correia (23 de Novembro de 2012). «Ficha histórica: O Panorama, jornal literário e instrutivo da sociedade propagadora dos conhecimentos úteis.» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 13 de Maio de 2014 
  3. Helena Roldão (22 de janeiro de 2015). «Ficha histórica:A republica das letras : periodico mensal de litteratura (1875)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 7 de março de 2015 
  4. Pedro Mesquita (26 de março de 2013). «Ficha histórica: Ribaltas e gambiarras (1881)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 19 de junho de 2015 
  5. Rita Correia (6 de novembro de 2017). «Ficha histórica:A Arte Musical (1898-1915)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 5 de dezembro de 2017 
  6. Rita Correia (8 de Junho de 2009). «Ficha histórica: O Branco e Negro (1899)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 23 de Janeiro de 2015 
  7. Rita Correia (24 de Abril de 2012). «Ficha histórica: Serões, Revista Mensal Ilustrada (1901-1911).» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 23 de Setembro de 2014 
  8. Atlântida : mensário artístico literário e social para Portugal e Brazil (1915-1920) cópia digital, Hemeroteca Digital
  9. Álvaro Costa de Matos (11 de julho de 2013). «Ficha histórica:A paródia.» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 19 de Maio de 2014 
  • Heráclito Graça, Fatos da linguagem, Colecção Estudos da Língua Portuguesa (direcção de Evanildo Bechara), Academia Brasileira das Letras,

Obras publicadas

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  • Morte de Yaginadatta, Coimbra, 1873.(eBook)
  • Lições Práticas de Linguagem Portugueza. Cartas de Caturra Jr. à redação do Portuguez, Lisboa, Imprensa Minerva, 1891.
  • A penalidade na India segundo o Código de Manu, Lisboa, Imprensa Nacional, 1892(eBook)
  • Lisboa no ano 3000, Lisboa, 1892; n. ed.: Lisboa, Frenesi, 2003.
  • Novo Dicionário da Língua Portuguesa, Lisboa, 1899.
  • O que se não deve dizer. Bosquejos e notas de filologia portuguesa ou consultório popular de enfermidades da linguagem, Livraria Clássica Editora, Lisboa, 1903.
  • Novo Dicionário da Língua Portuguesa, Lisboa, 1913.(eBook)
  • Gramática sintética da língua portuguesa, Livraria Clássica Editora, Lisboa, 1916.
  • O problema da colocação de pronomes (suplemento às gramáticas portuguesas), Livraria Clássica Editora, Lisboa, 1917.

Obras digitalizadas

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Ligações externas

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Precedido por
John Fiske
(fundador)
Sócio correspondente da ABL - cadeira 8
19011925
Sucedido por
José Maria Rodrigues Gondim