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Cataratas de Vitória

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Cataratas de Vitória
Cataratas de Vitória
Vista lateral das cataratas, no lado zambiano
Características
Altura 128 m
Posição leste–oesteª mais alta do mundo
Localização
Rio Zambeze
País Zâmbia e Zimbábue
Local Parque Nacional das Cataratas Vitória
Coordenadas 17° 55' 28" S 25° 51' 24" E
Posição das cataratas no mapa da África

As cataratas de Vitória ou quedas de Vitória (o conjunto de quedas é chamado de Mosi-o-Tunya em tonga, que em português significa a fumaça que troveja[1]) são uma das mais espetaculares quedas d'água do mundo. Situam-se no rio Zambeze, na fronteira entre a Zâmbia e o Zimbábue, e têm cerca de 1,5 km de largura e altura máxima de 128 m. Ao saltar, o Zambeze mergulha na garganta de Kariba e atravessa várias cataratas basálticas.[2]

Tanto o Parque Nacional de Mosi-oa-Tunya quanto o Parque Nacional das Cataratas Vitória, no Zimbábue, estão inscritos desde 1989 na lista de Património Cultural da Humanidade mantida pela Unesco. Esta igualmente conservada por estar dentro da Área de Conservação Transfronteiriça Cubango-Zambeze.

Um mapa datado de cerca de 1750, desenhado por Jacques-Nicolas Bellin para o abade Antoine François Prévost, marca as quedas como "cataractes" e assinala uma povoação ao norte do Zambeze como sendo na época "MORTAL" aos portugueses.[3][nota 1] Antes ainda, um mapa da África Austral feito por Nicolas de Fer, em 1715, tem a queda claramente marcada na posição correta. Ele também apresenta linhas pontilhadas que denotam rotas comerciais que o explorador escocês David Livingstone seguiria 140 anos mais tarde.

Um livro de 1956, There's a Secret Hid Away, corrobora tal tese:

«Os mais antigos exploradores que possivelmente teriam descoberto as cataratas são os portugueses. Alguns de seus mapas, feitos entre os anos de 1600 e 1700 e guardados na livraria do Vaticano, mostram uma grande catarata num rio que deve ser o Zambeze, então conhecido por eles como Cuama. (...) há alguma evidência em favor do padre Silveira, um missionário português que teria visitado as cataratas ainda no começo do século XVII[3][nota 2]

Oficialmente, no entanto, Livingstone foi o primeiro ocidental a avistá-las em 17 de novembro de 1855, dando-lhes o nome em honra à rainha Vitória — o nome local é Mosi-oa-tunya, que quer dizer "fumo que troveja", em referência ao vapor que sobe da garganta das quedas.[7][8]

No livro Seven Natural Wonders of Africa, de 2009, há a seguinte narrativa sobre o explorador:

«Livingstone deu às cataratas um novo nome, ‘Vitória’, em homenagem à rainha Vitória, que na época regia o Reino Unido. Livingstone mais tarde diria que as cataratas foram a coisa mais impressionante que chegou a ver durante seus trinta anos de exploração da África.»[9]

Em 1860, Livingstone voltou à zona das cataratas e fez um estudo detalhado. Formidável explorador, além das quedas de Vitória, atravessou duas vezes o deserto do Calaári, navegou o rio Zambeze de Angola até Moçambique, procurou as fontes do rio Nilo e foi o primeiro europeu a atravessar o Lago Tanganica.[10]

O explorador português Serpa Pinto também as visitou, mas até que aquela área ficasse mais acessível, o que ocorreu por volta de 1905 com a construção de uma linha de caminho-de-ferro, poucos ocidentais se aventuraram por lá.[11] Hoje o número de visitantes anual ultrapassa os 300 milhares.[11][12]

Em 1905 foi inaugurada a ponte ferroviária Cataratas Vitória, que passa perto das quedas de água e que liga a Zâmbia e o Zimbábue.

Notas

  1. Aventa-se a hipótese de os portugueses terem-na descoberto décadas antes, visto que já estavam fixados na África Austral desde o século XVI e muitos de seus militares e missionários já empreendiam explorações no interior do continente.[4][5]
  2. No livro está descrito como "Father Silbiera", em virtude de erro de grafia. O frei Gonçalo da Silveira esteve a serviço do Império Português na então África Oriental Portuguesa.[6]

Referências

  1. Paisagens incríveis BOL
  2. Editor Joseph Ki-Zerbo (2010). História Geral da África – Vol. I – Metodologia e pré‐história da África. [S.l.]: Unesco. 930 páginas. ISBN 9788576521235 
  3. a b Lawrence George Green (1956). There's a Secret Hid Away. [S.l.]: H. Timmins. 244 páginas. ISBN 9780869782071 
  4. Maria Emília Madeira Santos (1978). Viagens de exploração terrestre dos Portugueses em África. [S.l.]: Centro de Estudos de Cartografía Antiga. 414 páginas 
  5. Adm. da Agência (1941). O Mundo português, Volume 8, Ed. 85-96. [S.l.]: Edição de Agência Geral das Colónias e do Secretariado da Propaganda Nacional 
  6. Eric Anderson Walker (1963). The Cambridge History of the British Empire, Volume 2. [S.l.]: CUP Archive 
  7. David Livingstone & Charles Livingstone (1866). Narrative of an Expendition to the Zambesi and Its Tributaries: And of the Discovery of the Lakes Shirwa and Nyassa. 1858-1864. [S.l.]: Harper & Brothers. 638 páginas 
  8. Piotr Migon (2010). Geomorphological Landscapes of the World. [S.l.]: Springer Science & Business Media. 375 páginas. ISBN 9789048130559 
  9. Michael & Mary B. Woods (2009). Seven Natural Wonders of Africa. [S.l.]: Twenty-First Century Books. 80 páginas. ISBN 9780822590712 
  10. Maria Helena Guedes (2015). Os Escravos Sobterrados. [S.l.]: Clube de Autores. 344 páginas 
  11. a b Eduardo de Noronha (1936). Edição 25 de Colecção pelo Império: o explorador Serpa Pinto. [S.l.]: Divisão de Publicações e Biblioteca, Agência Geral das Colónias. 31 páginas 
  12. Gastão Sousa Dias (1944). Como Serpa Pinto atravessou a Africa: Desenhos documentados na obra de Serpa Pinto. [S.l.]: Livraria Sá de Costa. 227 páginas 

Ligações externas

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