Chinazi
Chinazi é um termo pejorativo utilizado como símbolo de protesto por alguns setores do movimento democrático chinês e de Taiwan para referir-se às autoridades do governo chinês, ao Partido Comunista da China e inclusive ao regime político da República Popular da China, como forma de crítica pelas violações dos direitos humanos na China continental.[1][2]
Descrição geral
[editar | editar código-fonte]Utilizado com frequência pelos dissidentes na China Continental, especialmente do Movimento Democrático Chinês, os independentistas taiwaneses e os opositores à aplicação da Lei de Segurança Nacional de Hong Kong e aos campos de internamento de Xinjiang, que são considerados políticas de violação às liberdades e direitos da população chinesa.[3][4]
História
[editar | editar código-fonte]Segundo um documento de 2010 do acadêmico australiano James Leibold, o termo Chinazi tem origem na anglosfera, existindo no mínimo desde 2005, e foi utilizado originalmente pelos usuários de um foro de discussão dedicado à cultura asiática, numa seção onde criticavam o nacionalismo chinês característico do PCCh.[5]
Em 2012, com a ascensão ao poder do Secretário-Geral do Comitê Central do Partido Comunista da China, Xi Jinping, à presidência chinesa, as comparações entre a Alemanha nazista e a República Popular da China surgiram em redes sociais asiáticas a partir do perfil do secretário do PCCh.[6][7] A Academia de Ciências Sociais do Vietnã declarou que "em 2014, dentro das comunidades de produtos e em linha, duas novas palavras se tornaram amplamente utilizadas: chinazi e chinazismo, que se referem à prática do novo estilo nazista da China".[8]
Ativismo
[editar | editar código-fonte]Em 2018, o escritor exilado de origem chinesa Yu Jie publicou seu livro China nazista, que descreve o surgimento de uma similaridade cada vez mais tangível das políticas do PPCh aplicadas desde os anos 2010 na China com as aplicadas pelo nazismo na Alemanha dos anos 1930.[9] O termo chinazi deixou de ser apenas um jargão de fóruns de conspiração — que falavam sobre o colapso da ordem mundial pós-Segunda Guerra Mundial pelo surgimento da China como superpotência — para tornar-se um símbolo de protesto dos ativistas pró-democráticos contra a repressão dos direitos humanos por parte do Governo Chinês. Nesse mesmo ano, autoridades de toda a China tomaram, à força, igrejas e cruzes, o que obrigou seguidores do cristianismo a abandonar sua fé. Alguns sacerdotes criticaram o ocorrido como uma reprodução da tragédia da perseguição aos católicos por parte dos nazistas em 1934.[10]
Em 2019, durante os protestos em Hong Kong em 2019–2020 contra a Lei de Segurança Nacional, manifestantes descreveram ao Partido Comunista da China como os nazistas chineses; esse acontecimento também recebeu mais atenção internacional.[11] Outros manifestantes honcongueses afirmaram que a Revolução Cultural nos anos 1960 e a repressão aos Protestos da Praça Tiananmen em 1989 estavam associados à doutrina de Adolf Hitler.[12]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Fascismo de esquerda
- Cooperação sino-germânica (1911–1941)
- Genocídio uigur
- Extração de órgãos de praticantes de Falung Gong na China
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ «《思想坦克》沒有煙硝的戰爭更加致命…中國納粹陰影下的台灣». taronews.tw (em chinês). 10 de outubro de 2019. Consultado em 7 de janeiro de 2022
- ↑ «納粹中國» Nàcuì zhōngguó. www.worldcat.org (em inglês). Consultado em 7 de janeiro de 2022
- ↑ «华盛顿集会 反"赤纳粹" 声援香港» Huáshèngdùn jíhuì fǎn “chì nàcuì” shēngyuán xiānggǎng. Radio Free Asia (em chinês). 29 de setembro de 2019. Consultado em 15 de julho de 2021
- ↑ «美智库:中国宗教迫害堪比纳粹德国» Měi zhìkù: Zhōngguó zōngjiào pòhài kān bǐ nàcuì déguó. Voanews (em chinês). 6 de fevereiro de 2019. Consultado em 7 de janeiro de 2022
- ↑ Leibold, James (janeiro de 2010). «The Beijing Olympics and China's Conflicted». University of Chicago Press. The China Journal (63): 1–24. Consultado em 7 de janeiro de 2022
- ↑ AMES, Roger T.; HALL, David L. (1999). The Democracy of the Dead: Dewey, Confucius, and the Hope for Democracy in China. Chicago: Open Court. ISBN 9780812699388
- ↑ «Australian lawmaker likens China threat to Nazi Germany». Deutsche Welle (em chinês). 8 de agosto de 2019. Consultado em 7 de janeiro de 2022
- ↑ Quý, Hồ Sĩ (12 de julho de 2014). «Xung đột Biển Đông qua nhìn nhận của một số học giả và chính khách Mỹ và phương Tây» [O Conflito do Mar do Leste sob a perspectiva de Alguns Estudantes e Políticos Americanos e Ocidentais]. Vietnam Academy of Social Sciences. Consultado em 7 de janeiro de 2022
- ↑ «納粹中國» Nàcuì zhōngguó. www.hkcnews.com (em chinês). 21 de agosto de 2019. Consultado em 7 de janeiro de 2022
- ↑ «造"神"与文革回潮:警惕中国宗教迫害重演纳粹悲剧——访洪予健、傅希秋牧师(RFA张敏)» Zào “shén” yǔ wéngé huícháo: Jǐngtì zhōngguó zōngjiào pòhài chóngyǎn nàcuì bēijù——fǎng hóngyǔjiàn, fùxīqiū mùshī (RFA zhāng mǐn) [Fazendo "deuses" e o ressurgimento da revolução cultural: cuidado com a recorrência das tragédias nazistas na perseguição religiosa na China - entrevista com o pastor Hong Yujian e Fu Xiqiu (RFA Zhang Min)]. Radio Free Asia (em chinês). 18 de setembro de 2018. Consultado em 7 de janeiro de 2022
- ↑ «Hong Kong protesters make plea to US lawmakers for support». Financial Times (em inglês). 8 de setembro de 2019. Consultado em 7 de janeiro de 2022
- ↑ «Hong Kong protesters draw parallels between Chinese rule, Nazism». The Globe and Mail (em inglês). 29 de setembro de 2019. Consultado em 7 de janeiro de 2022