Cristina Morales
Cristina García Morales, mais conhecida como Cristina Morales (Granada, 1985), é uma escritora espanhola, considerada pela crítica como uma das jovens escritoras mais talentosas da literatura.[1][2] Entre as suas obras mais conhecidas está Leitura fácil, cujas protagonistas são quatro mulheres com deficiência cognitiva que vivem em Barcelona, e que em 2018 obteve o Prémio Herralde de Novela e em 2019 o Prémio Nacional de Narrativa.[3][4][5]
Carreira
[editar | editar código-fonte]É licenciada em Direito e Ciências Políticas pela Universidade de Granada, trabalha como intérprete jurídica e reside em Barcelona.[6] Em 2002 e 2006 ganhou o Certamen Andaluz de Escritores Noveles na modalidade de conto e romance curto, respetivamente, e no ano seguinte conseguiu uma bolsa como residente na Fundação Antonio Gala para Jovens Criadores de Córdoba. Tem trabalhado como dramaturga para o Sala de Teatro da Universidade de Granada e para o Eutopía, Festival de Jovens Criadores (Córdoba, 2008).[7]
2008 - La merienda de las niñas
[editar | editar código-fonte]Em 2008 publicou o livro de contos La merienda de las niñas e cinco anos depois publicou o seu primeiro romance: Los combatientes, com o qual ganhou o Prémio Injuve de Novela.[8] Em 2015 foi finalista do prémio Francesc Candel com o microconto El hombre de los buzones .[9]
2015 - Malas palavras - ReivindicarTeresa de Cepeda
[editar | editar código-fonte]Também em 2015 publicou Malas palavras, um projeto encomendado pela editora Lumen por ocasião do quinto centenário de Santa Teresa de Jesús, assumindo a voz da própria santa.[10] Morales recria um suposto diário escrito por Teresa de Jesús, em 1562, enquanto a autora do Siglo de Oro redige o 'Livro da Vida'. Nele, Cristina Morales defende a figura de Teresa de Jesús sob uma perspetiva humana: "Ela foi a primeira mulher que ousou acusar os homens de cortarem as asas às mulheres. Deveria ser reivindicada pelas anarcofeministas mais radicais. Teresa de Jesus deixa-me perplexa. Qualquer político ou membro do Governo deveria ter vergonha ao convocar a sua figura, e poucos dirão que ela foi uma feminista.". Sequestrada pela Igreja, encurralada pelo progressismo. "Foi uma líder da Contrarreforma, mas foi colocada num nicho e neutralizada. Não a estudámos humanamente. O contrário do que se fez, por exemplo, com um seu contemporâneo, san Juan de la Cruz", explica Cristina Morales ao falar do seu trabalho de recuperação dessa escritora.[11] Uma história que, segundo ela, continua a ser injusta para com as mulheres:[12]
Woolf y Munro y Santa Teresa de Jesús luchaban por la habitación propia, sí, pero esa lucha sigue vigente. A ellas les discutían que para qué quería una mujer nada propio e íntimo. A nosotras nos discuten que cómo no vamos a trabajar diez horas al día por 800 euros al mes. Sólo una escritora que sea pudiente, o que se halle sometida a las tiranías del mundo laboral, o que okupe, puede permitirse disfrutar de una habitación propia.— Cristina García Morales. Ellos publican mucho, ellas innovan más
2017 - Terroristas modernos
[editar | editar código-fonte]Em 2017, com o apoio da III Bolsa Han Nefkens do Mestrado em Criação Literária da UPF Barcelona,[12] publica Terroristas modernos, romance que narra a chamada "conspiração do triângulo" em 1816, um complô fracassado contra Fernando VII de Espanha e que permite traçar paralelismos com a política atual: terrorismo, violência de Estado, manipulação da imprensa, etc.[13][14] A democracia moderna - explica Morales - é um acto de terrorismo contra os que são governados e o território que ocupam. É o mecanismo de controlo mais afinado de todos. A máquina violenta que é o Estado dentro de suas fronteiras e fora é a mais afinada de que temos memória. Desde os finais do XVIII até aos dias que correm foi sendo aperfeirçoada.[15]
2018 - Leitura fácil
[editar | editar código-fonte]Em 2018 publica o romance Lectura fácil cujo título faz referência ao conceito de leitura fácil utilizado para descrever adaptações destinadas a facilitar a leitura e compreensão para pessoas com dificuldades cognitivas, migrantes, ou com baixa escolaridade, etc.[1]
O romance narra a vida de quatro mulheres com deficiência intelectual que convivem numa habitação social em Barcelona. Nele, as protagonistas Marga, Nati, Patricia e Àngels, com laços familiares e origens em comum, e diferentes graus de deficiência cognitiva enfrentam várias formas de controlo social, ao mesmo tempo que partilham uma habitação social numa Barcelona mestiça e opressiva, marcada por desemprego, despejos, mentiras, okupas, a Plataforma de Afectados pela Hipoteca e os ateneus libertários. A autora reivindica os indivíduos administrativamente denominados como pessoas com deficiência cognitiva ou diversidade funcional.[4]
O romance venceu o Prémio Herralde de Novela de 2018 e o Prémio Nacional de Narrativa em 2019.[4]
Outros Projetos
[editar | editar código-fonte]Cristina Morales faz parte do grupo feminista de dança contemporânea Iniciativa Sexual Feminina, desde 2017.[16]
Em 2020, Morales aparece como produtora do disco La Resaca de los Muertos do grupo punk AT-ASKO.[17]
Obras
[editar | editar código-fonte]Romances
[editar | editar código-fonte]- Los combatientes (2013)[18]
- Malas palabras (2015), publicada en 2020 como Introducción a Teresa de Jesús
- Terroristas modernos (2017)
- Lectura fácil (2018)[19]
Contos
[editar | editar código-fonte]- La merienda de las niñas (2008), Cuadernos del Vigía.
Prémios
[editar | editar código-fonte]- 2002 Certamen Andaluz de Escritores Noveles en relato
- 2006 Certamen Andaluz de Escritores Noveles en novela corta
- 2007 Beca en la Fundación Antonio Gala para Jóvenes Creadores (Córdova)
- 2013 Premio Injuve de Novela con Los combatientes
- 2018 Prémio Herralde de novela con Lectura fácil..[20]
- 2019 Premio Nacional de Narrativa
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ a b «Cristina Morales «Nosotras no gestionamos fortunas, gestionamos la miseria»» (em espanhol). El Topo. 21 de novembro de 2020. Consultado em 16 de dezembro de 2020
- ↑ «Cristina Morales: «Me interesa la moral del juego, contraria a la del aburrimiento»» (em espanhol). Consultado em 14 de agosto de 2016
- ↑ 'Lectura fácil': las revolucionarias discapacitadas de Cristina Morales, El periódico, 9 de enero de 2019
- ↑ a b c Cristina Morales gana el Herralde con una novela sobre la discapacidad, eldiario.es, 5 de noviembre de 2018
- ↑ «Cristina Morales, Premio Nacional de Narrativa 2019 por 'Lectura fácil'». eldiario.es (em espanhol). Consultado em 22 de outubro de 2019
- ↑ «Malas palabras, de Cristina Morales | eñe. Revista para leer». revistaparaleer.com. Consultado em 14 de agosto de 2016. Arquivado do original em 24 de junio de 2016 Verifique data em:
|arquivodata=
(ajuda) - ↑ «Presentación del libro "Los combatientes" de Cristina García Morales». Junta de Andalucía. Consultado em 14 de agosto de 2016
- ↑ Juan Luís Tapia (12 de maio de 2013). «Los combatientes». ideal.es (em espanhol). Consultado em 14 de agosto de 2016
- ↑ «Lliurats els Premis Francesc Candel 2015 - El Digital D Barcelona | Ajuntament de Barcelona». eldigital.barcelona.cat. Consultado em 14 de agosto de 2016
- ↑ Córdoba, Diario. «Cristina Morales: 'Santa Teresa, de mojigata, no tenía nada'». Consultado em 14 de agosto de 2016
- ↑ «Ya quisiera yo el coño de santa Teresa. Noticias de Cultura». Consultado em 14 de agosto de 2016
- ↑ Josep Massot (14 de agosto de 2016). «Ellos publican mucho, ellas innovan más». La Vanguardia. Consultado em 14 de agosto de 2016
- ↑ «Cristina Morales publica la novela Terroristas modernos, fruto de la III Beca Han Nefkens del Máster en Creación Literaria». www.barcelonaschoolofmanagement.upf.edu (em espanhol). Consultado em 12 de agosto de 2017
- ↑ Pardo, Carlos (29 de maio de 2017). «La revolución postergada». EL PAÍS (em espanhol). Consultado em 12 de agosto de 2017
- ↑ «Cristina Morales: "El DNI es un artefacto terrorista"». El Español (em espanhol). Consultado em 12 de agosto de 2017
- ↑ «Iniciativa Sexual Femenina – Colectivo de danza con deseo de aproximarse a la danza contemporánea desde una perspectiva feminista, libertaria y antiacademicista.» (em espanhol). Consultado em 30 de agosto de 2021
- ↑ «Cristina Morales». Guanda (em italiano). Consultado em 30 de agosto de 2021
- ↑ Los combatientes - Megustaleer. [S.l.: s.n.] ISBN 9788415451228. Consultado em 14 de agosto de 2016
- ↑ 'Lectura fácil': las revolucionarias discapacitadas de Cristina Morales, El periódico, 9 de enero de 2019
- ↑ «Cristina Morales: "Yo no sabía que tenía una identidad hasta que vine a Barcelona"». ELMUNDO (em espanhol). Consultado em 11 de novembro de 2018
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Cristina Morales gana el Herralde con una novela sobre la discapacidad, eldiario.es, 5 de noviembre de 2018
- 'Lectura fácil': las revolucionarias discapacitadas de Cristina Morales, El periódico, 9 de enero de 2019
- Ellos publican mucho, ellas innovan más La Vanguardia. 14 de agosto de 2016
- Cristina Morales se subleva con 'Trapologia', InfoLibre, 7 de agosto de 2019
- Mapa de escritoras de Andalucía, Asociación El Legado de las mujeres