Curopalata
Curopalata (em grego: κουροπαλάτης; romaniz.: Kouropalatēs; em latim: curopalates; em latim: cura palatii; "[O único] encarregado do palácio")[1] era um título cortesão bizantino, um dos mais altos da época do imperador Justiniano (r. 527–565) até o período Comneno no século XII.[2] A variante feminina, ostentada pela esposa dos curopalatas, era curopalatissa (em grego: κουροπαλάτισσα; romaniz.: kouropalátissa).
História e função
[editar | editar código-fonte]O título é atestado no século V no mesmo nível dum homem espectável (vir spectabilis) e superior a um castrense do palácio (castrensis palatii), tendo como função a manutenção do palácio imperial (como o mordomo da Europa Ocidental).[3] Quando o imperador Justiniano I fez seu sobrinho e herdeiro Justino II um curopalata em 552, no entanto, o ofício ganhou um novo significado,[4] e tornou-se uma das dignidades mais exaltadas, ficando próximo de césar e nobilíssimo e, como eles, era inicialmente reservado para os membros da família imperial. Ao contrário deles, contudo, não foi concedido a importantes governantes estrangeiros, principalmente do Cáucaso. Assim, desde a década de 580 à de 1060, 16 príncipes e reis georgianos adquiriram títulos honoríficos, bem como, depois de 635, várias dinastias armênias.[2][5]
De acordo com o Cletorológio de Filoteu, escrito em 899, a insígnia do título era uma túnica, manto e cinto vermelhos. Sua premiação pelo imperador bizantino significou a elevação do destinatário para o ofício.[6] Por volta dos séculos XI-XII, a dignidade havia perdido seu significado anterior:[7] foi concedida como um título honorífico a generais fora da família imperial, e suas funções foram aos poucos sendo suplantadas pelo protovestiário, cuja função original era limitada à custódia do guarda-roupa imperial.[8] O título sobreviveu até o período paleólogo, mas era usado raramente.[1]
Curopalatas proeminentes
[editar | editar código-fonte]- Justino II, sob seu tio o imperador Justiniano I.[9]
- Baduário, sob seu sogro o imperador Justino II (r. 565–578)[10]
- Pedro, o irmão do imperador Maurício (r. 582–602)[9]
- Domencíolo, sobrinho do imperador Focas (r. 602–610)[9]
- Teodoro, irmão do imperador Heráclio (r. 610–641)[9]
- Basterotes II Bagratúnio, marzobã e então príncipe da Armênia[11]
- Amazaspes IV Mamicônio, príncipe da Armênia[12]
- Simbácio VI Bagratúnio, príncipe da Armênia[13]
- Artavasdo, sob o imperador Leão III, o Isauro (r. 717–741)[9]
- Miguel I, genro do imperador Nicéforo I, o Logóteta (r. 802–811)[9]
- Bardas, tio e efetivo regente do imperador Miguel III, o Ébrio (r. 842–867)[9]
- Leão Focas, general e irmão do imperador Nicéforo II Focas (r. 963–969)[9]
- João Comneno, general e irmão de Isaac I (r. 1057–1059) e pai de Aleixo I Comneno (r. 1081–1118);[14]
- Nicetas Castamonita, general do imperador Aleixo I Comneno (r. 1081–1118) nos últimos anos do século XI e começo do XII[15]
Referências
- ↑ a b Kajdan 1991, p. 1157.
- ↑ a b Toumanoff 1963, p. 202; 388.
- ↑ Bury 1911, p. 33.
- ↑ «Justin II (565-578 A.D.).» (em inglês). Consultado em 21 de novembro de 2012
- ↑ Rapp 2003, p. 374.
- ↑ Bury 1911, p. 22.
- ↑ Holmes 2005, p. 87.
- ↑ Kajdan 1991, p. 1749.
- ↑ a b c d e f g h Bury 1911, p. 34.
- ↑ Martindale 1992, p. 164.
- ↑ Martindale 1992, p. 1364.
- ↑ Toumanoff 1963, p. 209.
- ↑ Grousset 1973, p. 307-314.
- ↑ Varzos 1984, p. 41–42, 49.
- ↑ «Niketas Kastamonites». Consultado em 23 de janeiro de 2016
- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Curopalates», especificamente desta versão.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Bury, John B. (1911). The Imperial Administrative System of the Ninth Century: With a Revised Text of the Kletorologion of Philotheos. Londres: Oxford University Press
- Grousset, René (1973) [1947]. Histoire de l'Arménie: des origines à 1071. Paris: Payot
- Holmes, Catherine (2005). Basil II and the Governance of Empire (976–1025). Oxford: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-927968-5
- Kajdan, Alexander Petrovich (1991). The Oxford Dictionary of Byzantium. Nova Iorque e Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-504652-8
- Martindale, John R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1992). The Prosopography of the Later Roman Empire - Volume III, AD 527–641. Cambridge e Nova Iorque: Cambridge University Press. ISBN 0-521-20160-8
- Rapp, Stephen H.John; Arnold Hugh Martin Arnold; J. Morris (2003). Studies In Medieval Georgian Historiography: Early Texts And Eurasian Contexts. Lovaina: Éditions Peeters. ISBN 90-429-1318-5
- Toumanoff, Cyril (1963). Studies in Christian Caucasian History III. Washington: Georgetown University Press
- Varzos, Konstantinos (1984). Η Γενεαλογία των Κομνηνών, Τόμος Β' [A Genealogia dos Comnenos: Volume II] (PDF). Tessalônica: Byzantine Research Centre. Consultado em 10 de fevereiro de 2016. Arquivado do original (PDF) em 3 de março de 2016