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De revolutionibus orbium coelestium

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
De revolutionibus orbium coelestium
Das revoluções das esferas celestes
De revolutionibus orbium coelestium
Folha de rosto da primeira edição
Autor(es) Nicolau Copérnico
Idioma Latim
Assunto Astronomia
Editor Johannes Petreius
Formato Impresso
Lançamento 1543
Páginas 405

De revolutionibus orbium coelestium é o nome original em latim do livro Das revoluções das esferas celestes, do astrônomo polonês Mikołaja Kopernika (14731543), mais conhecido pelo nome latinizado Nicolau Copérnico, publicado em 24 de maio de 1543 em Nuremberga.[1] É uma das obras mais importantes do período do Renascimento e um marco da Revolução Científica.

A publicação ocorreu durante o ano de sua morte, 1543. Apesar disso, ele já havia desenvolvido sua teoria algumas décadas antes.

Na primavera de 1539, Georg Joachim (Rethicus), professor de matemática da Universidade de Wittenberg estudou junto com Copérnico a nova teoria. Rethicus porém teve que assumir outro posto em Leipzig e deixou a supervisão técnica do livro para o clérigo luterano local, Andreas Osiander. Osiander acrescentou um prefácio não assinado que afirmava que o livro não era um retrato real do universo, mas "um cálculo coerente com as observações".[1]

O livro marcou o começo de uma mudança de um universo geocêntrico, ou antropocêntrico, com a Terra em seu centro. Copérnico acreditava que a Terra era apenas mais um planeta que concluía uma órbita em torno de um sol fixo todo ano e que girava em torno de seu eixo todo dia. Ele chegou a essa correta explicação do conhecimento de outros planetas e explicou a origem dos equinócios corretamente, através da vagarosa mudança da posição do eixo rotacional da Terra. Ele também deu uma clara explicação da causa das estações: O eixo de rotação da terra não é perpendicular ao plano de sua órbita.

Em sua teoria, Copérnico descrevia mais círculos, os quais tinham os mesmos centros, do que a teoria de Cláudio Ptolomeu (modelo geocêntrico).

Do ponto de vista experimental, o sistema de Copérnico não era melhor do que o de Ptolomeu. E Copérnico sabia disso, e não apresentou nenhuma prova observacional em seu manuscrito, fundamentando-se em argumentos sobre qual seria o sistema mais completo e elegante.

Da sua publicação, até aproximadamente 1700, poucos astrônomos foram convencidos pelo sistema de Copérnico, apesar da grande circulação de seu livro (aproximadamente 500 cópias da primeira e segunda edições, o que é uma quantidade grande para os padrões científicos da época). Entretanto, muitos astrônomos aceitaram partes de sua teoria, e seu modelo influenciou muitos cientistas renomados que viriam a fazer parte da história, como Galileu Galilei e Johannes Kepler, que conseguiram assimilar a teoria de Copérnico e melhorá-la. As observações de Galileu das fases de Vênus produziram a primeira evidência observacional da teoria de Copérnico. Além disso, as observações de Galileu dos satélites de Júpiter provaram que o sistema solar contém corpos que não orbitavam a Terra.

Folha de rosto da edição de 1566 publicada na Basileia.

O sistema de Copérnico pode ser resumido em algumas proposições, assim como foi o próprio Copérnico a listá-las em uma síntese de sua obra mestra, que foi encontrada e publicada em 1878.

As principais partes da teoria de Copérnico são:

  • Os movimentos dos astros são uniformes, eternos, circulares ou uma composição de vários círculos (Epiciclos);
  • O centro do universo é o Sol;[1]
  • Perto do Sol, em ordem, estão Mercúrio, Vênus, Terra, Lua, Marte, Júpiter, Saturno, e as estrelas fixas;
  • A Terra tem três movimentos: rotação diária, volta anual, e inclinação anual de seu eixo;
  • O movimento retrógrado dos planetas é explicado pelo movimento da Terra;
  • A distância da Terra ao Sol é pequena se comparada à distância às estrelas.

Se essas proposições eram revolucionárias ou conservadoras era um tópico muito discutido atualmente. O físico norte-americano Thomas Kuhn argumentou que Copérnico apenas transferiu algumas propriedades, antes atribuídas a Terra, para as funções astronômicas do Sol. Outros historiadores, por outro lado, argumentaram a Kuhn, que ele subestimou quão revolucionárias eram as teorias de Copérnico, e enfatizaram a dificuldade que Copérnico deveria ter em modificar a teoria astronômica da época, utilizando apenas uma geometria simples, sendo que ele não tinha nenhuma evidência experimental.

Capa da terceira edição do livro De Revolutionibus, 1617, de Nicolau Copérnico

Antes mesmo da publicação, a teoria tornou-se conhecida e Martinho Lutero manifestou sua desaprovaçãoː[1]

Realmente a teoria revolucionava a astronomia. Porém a inquietação de Lutero referia-se ao fato de, por esta teoria, o homem não estar mais situado no centro de todas as coisas, como uma imagem de Deus, mas num mero planeta como tantos outros. Mas na Inglaterra, a recepção foi melhor: Robert Recorde em seu livro "Castelo do Conhecimento", de 1556 demonstra simpatia pela teoria, o mesmo acontecendo com John Dee.[1]

Nos países católicos, não houve reações imediatas, talvez devido à dedicatória ao papa Júlio III ou talvez devido ao prefácio de Osiander. A situação mudou na segunda década do século XVII, devido em parte ao apoio à teoria heliocêntrica dado por Giordano Bruno.[1]

Nicolau Copérnico

Referências

  1. a b c d e f RONAN, Colin A. (1987). História Ilustrada da Ciência. Universidade de Cambridge. III - Da Renascença à Revolução Científica 1 ed. São Paulo: Círculo do Livro