Dicá
Busto de Dicá, uma homenagem da Ponte Preta. | ||
Informações pessoais | ||
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Nome completo | Oscar Sales Bueno Filho | |
Data de nascimento | 13 de julho de 1947 (77 anos) | |
Local de nascimento | Campinas. São Paulo, Brasil | |
Nacionalidade | brasileiro | |
Altura | 1,72 m[1] | |
Apelido | Dicá, Mestre | |
Informações profissionais | ||
Posição | meia | |
Clubes profissionais | ||
Anos | Clubes | Jogos e gol(o)s |
1966–1971 1971 1972 1972–1976 1976–1986 |
Ponte Preta Santos Ponte Preta Portuguesa Ponte Preta |
? (?) 29 (4) ? (?) 164 (37)[2] ? (?) |
Oscar Sales Bueno Filho[3][4], mais conhecido como Dicá (Campinas, 13 de julho de 1947)[5], é um ex-futebolista brasileiro.
Exímio cobrador de faltas[5][6][7] (nos treinos, colocava argolas de borracha penduradas no ângulo para servir de referência),[8] é considerado o melhor jogador da história da Ponte Preta,[9] sendo o que mais vezes vestiu a camisa da Macaca e o maior artilheiro de sua história,[3] com 154 gols.[2] Apesar disso, nunca foi sequer convocado para a Seleção Brasileira.
Carreira
[editar | editar código-fonte]Iniciou sua carreira nos campos de terra do Esporte Clube Santa Odila,[5][10] time amador de Campinas, e com apenas quinze anos já chamou a atenção dos dois clubes da cidade, Guarani e Ponte Preta. Como seu pai era torcedor da Ponte,[4] resolveu aceitar o convite da Macaca e levar o filho ao Alvinegro.[3] Jogou apenas sete jogos no juvenil da Ponte,[4] e o técnico Cilinho resolveu colocar o garoto entre os profissionais.[3] Foi no time campineiro que começou, em 1966, conquistando o título da divisão de acesso em 1969 e o vice-campeonato paulista de 1970, em que foi eleito o jogador revelação do campeonato.[3] Durante a Taça de Prata de 1970, chegou a ser mantido fora do time por causa de uma proposta do Corinthians,[11], de trezentos mil cruzeiros,[12] mas o negócio não foi fechado.
Dicá acabou saindo para o Santos, em 1971, por empréstimo, mas não conseguiu firmar-se como titular, e o Santos achou o valor do passe (quinhentos mil cruzeiros) caro demais.[1] "[Na Ponte Preta], eu jogava fazendo o terceiro homem de ligação, com o Teodoro jogando na frente dos zagueiros e com Roberto Pinto fixo, pela esquerda", explicou. "Fui para o Santos e fui obrigado a jogar de maneira completamente diferente, fixo pela esquerda e com pouco espaço. Atualmente, na Ponte Preta, eu estava jogando pela esquerda, mas com liberdade, e o Manfrini fazia a ligação com o ataque. Quando saí do Santos, uma semana depois de Clayton Bitencourt me dizer que meu passe seria comprado, fiquei muito abalado."[13]
O jogador voltou no fim do ano a Campinas. Deixou o time novamente no meio de 1972, ao ser vendido para a Portuguesa por 370 mil cruzeiros[1], mais o passe do atacante Valdomiro. A Lusa estava sendo treinada por Cilinho, mesmo técnico que o lançara, na Ponte Preta, em 1967.[13] "Agora, estou contente, principalmente porque Cilinho pretende me aproveitar da mesma forma como na Ponte Preta", comemorou.[13] Lá ele conquistaria os três títulos de sua carreira, o Campeonato Paulista de 1973, dividido com o Santos, e as Copas Estado de São Paulo de 1973 e 1976. Começou na reserva, pois o técnico Oto Glória achava que ele era "muito técnico, pouco tático", algo com que Dicá concordava.[1]
Depois que deixou a reserva, subiu de produção até ser o jogador mais importante da campanha da Portuguesa no vice-campeonato paulista de Campeonato Paulista de 1975.[1] Na decisão, contra o São Paulo, ele foi importante ao cavar a expulsão de Muricy[14] e no segundo tempo marcar Chicão,[15] mas, nas cobranças de pênaltis, errou o primeiro da Portuguesa, espalmado pelo Waldir Peres com a mão esquerda,[16] o que teria desestabilizado o time, na opinião do goleiro Zecão.[15]
Ficou na Lusa até 1976, quando voltou para a Ponte, desta vez para ficar. Fez parte do grande time que os campineiros montaram na segunda metade dos anos 1970 e foi vice-campeão paulista em 1977, 1979 e 1981.[3]
Em um jogo decisivo contra o Guarani, pelo Paulistão de 1979, ele e Juninho Fonseca contundiram-se, mas o técnico da Ponte Preta só poderia substituir um deles. O médico não teve dúvidas: "Você joga até o fim, Dicá, pois só o fato de você estar em campo assusta o inimigo e acalma seus companheiros."[17] Ele ficou em campo, e a Ponte venceu o jogo.
Sua experiência foi importante para o time no final de sua carreira. Para o Campeonato Brasileiro de 1983, a revista Placar classificou-o como "o craque" do time.[6] Defendeu a Ponte até o fim do ano seguinte e em 1985 encerrou a carreira no Araçatuba.[3] Sua despedida oficial aconteceu em 26 de janeiro de 1986, em partida amistosa realizada no Estádio Moisés Lucarelli frente à equipe suíça do Grasshoper. Naquele dia, a Ponte venceu a partida por 2 a 0, com um dos gols sendo marcado por Rivellino.[5]
Nos anos 2000, foi o responsável pelo departamento de futebol da Ponte Preta.[18] Em dezembro de 2008, foi convidado pelo presidente Sérgio Carnielli a assumir o cargo de diretor de futebol da Macaca, onde permaneceu até maio de 2009.[3]
Atualmente, continua morando em Campinas.[7] É dono da escolinha de futebol "Mestre Dicá". Tem quinhentos alunos no bairro do Parque Industrial e também foi comentarista esportivo na cidade, na Rádio e TV Bandeirantes.[3]
Em 2016, foi lançado o documentário "Mestre Dicá", com direção de André Pécora e Stephan Campineiro.[19][20] O documentário conta com depoimentos de figuras importantes do futebol nacional, como Zico, Rivellino, Gerson, Júnior, Carlos Alberto Torres, Casagrande, Emerson Leão, Mário Sérgio, Serginho Chulapa, Muricy Ramalho e Tite.[10]
Títulos
[editar | editar código-fonte]Portuguesa
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b c d e "Dicá, o chutador", Carlos Maranhão, Placar número 282, 22/8/1975, Editora Abril, págs. 15-16
- ↑ a b "Mestre Dicá", Sitedalusa.com
- ↑ a b c d e f g h i «Dicá - Que fim levou?». Terceiro Tempo. Consultado em 19 de fevereiro de 2022
- ↑ a b c Notícias, Empresa Paulista de. «De torcedor a ídolo, ele se criou no Moisés Lucarelli». ACidadeON Campinas. Consultado em 19 de fevereiro de 2022
- ↑ a b c d «Craque "Di lá" ou "Dicá". Conheça a história do jogador da década de 60 e 70. Por José Renato - Notícias». Terceiro Tempo. Consultado em 19 de fevereiro de 2022
- ↑ a b "A Macaca de cara nova", Placar número 660, 14 de janeiro de 1983, Editora Abril, pág. 17
- ↑ a b «Veja por onde andam os jogadores da Ponte do dérbi histórico de 81». ge. Consultado em 19 de fevereiro de 2022
- ↑ "Uma sentença de morte", Placar número 890, 22 de junho de 1987, Editora Abril, pág. 61
- ↑ Enciclopédia do Futebol Brasileiro Lance!, Areté Editorial, 2001, pág. 56
- ↑ a b «Museu do Futebol exibe "Mestre Dicá", documentário sobre o ídolo da Ponte Preta». Campinas.com.br. Consultado em 19 de fevereiro de 2022
- ↑ "A Ponte subiu demais, tinha de cair", Placar número 40, 18 de dezembro de 1970, Editora Abril, pág. 28
- ↑ "O Coríntians precisava de mais um turno", Placar número 40, 18 de dezembro de 1970, Editora Abril, pág. 27
- ↑ a b c «Cilinho exigirá cautela amanhã». O Estado de S. Paulo (29893). São Paulo: S.A. O Estado de S. Paulo. 12 de setembro de 1972. 36 páginas. ISSN 1516-2931
- ↑ "Os vice-campeões", Jornal da Tarde, 18 de agosto de 1975, Edição de Esportes, pág. 4
- ↑ a b "Este time também se considera campeão", Jornal da Tarde, 18 de agosto de 1975, Edição de Esportes, pág. 5
- ↑ "São Paulo garantiu nos pênaltis o que já devia ser seu: o título", Vital Battaglia, Jornal da Tarde, 18 de agosto de 1975, Edição de Esportes, pág. 4
- ↑ "Nestes você pode confiar", Placar número 513, 29 de fevereiro de 1980, Editora Abril, pág. 21
- ↑ "Ponte multa baladeiros após festa", Jornal Placar, 5 de maio de 2009, Editora Abril, pág. 12
- ↑ «Museu do Futebol exibe online "Mestre Dicá", documentário sobre ídolo da Ponte Preta». ge. Consultado em 19 de fevereiro de 2022
- ↑ «Fique em casa: Museu do Futebol tem programação online com filmes e exposições». Guia Folha. 18 de abril de 2020. Consultado em 19 de fevereiro de 2022
- ↑ Futebol, História do (2007). «Campeonato Paulista 1973 – Fichas Técnicas». História do Futebol. Consultado em 5 de abril de 2023. Cópia arquivada em 5 de abril de 2023
- ↑ da Bola, Acervo (1 de julho de 2016). «Portuguesa campeã da Taça São Paulo (1973)». Acervo da Bola. Consultado em 5 de abril de 2023. Cópia arquivada em 5 de abril de 2023
- ↑ de Desportos, Associação Portuguesa (19 de fevereiro de 2017). «Há 41 anos, Lusa conquistava Taça Governador do Estado». Há 41 anos, Lusa conquistava Taça Governador do Estado. Consultado em 5 de abril de 2023. Cópia arquivada em 5 de abril de 2023