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Encefalopatia hepática

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Encefalopatia hepática
Encefalopatia hepática
Fotografia ao microscópio de astrócitos de Alzheimer do tipo II observados em casos de encefalopatia hepática
Sinónimos Encefalopatia portossistémica, coma hepático[1]
Especialidade Gastroenterologia
Sintomas Alterações no nível de consciência, alterações de humor, alterações de personalidade, problemas ao nível do movimento[2]
Tipos Aguda, recorrente, persistente[3]
Causas Insuficiência hepática[2]
Fatores de risco Infeções, hemorragia gastrointestinal, obstipação, distúrbios eletrolíticos, alguns medicamentos[4]
Método de diagnóstico Descartar outras possíveis causas, níveis de amónia no sangue, electroencefalograma, TAC[2][3]
Condições semelhantes Síndrome de Wernicke-Korsakoff, delirium tremens, hipoglicemia, hematoma subdural, hiponatremia[1]
Tratamento Cuidados de apoio, tratamento dos fatores desencadeantes, lactulose, transplante de fígado[1][3]
Prognóstico Esperança de vida inferior a um ano em casos graves[1]
Frequência Afeta >40% de pessoas com cirrose[5]
Classificação e recursos externos
CID-10 K72
CID-9 572.2
CID-11 1769383160
MedlinePlus 000302
eMedicine 186101, 182208
MeSH D006501
A Wikipédia não é um consultório médico. Leia o aviso médico 

Encefalopatia hepática (EH) é uma disfunção cerebral causada por insuficiência hepática e/ou shunt sanguíneo porto-sistémico. É geralmente uma complicação significativa de insuficiência hepática severa aguda ou crónica[6]. Manifesta-se através de um largo espectro de anomalias neurológicas e psiquiátricas que incluem a alteração da personalidade, consciência, cognição e da função motora. Estas alterações podem ir de não perceptíveis, isto é serem subclínicas apenas dectáveis em avaliação dirigida neuropsicológica ou neurofisiológica, até coma. Estes sintomas e sinais não são específicos de insuficiência hepática, pelo que é necessário excluir outras causas para a disfunção cerebral[7].

Causas

Os episódiosde EH podem ser despoletados por qualquer evento que leve a insuficiência hepática aguda severa ou agravamento agudo severo de insuficiência hepática crónica. Há adicionalmente uma série de factores que podem precipitar EH em doentes com insuficiência hepática crónica compensada[8]. Os factores precipitantes mais comuns são infecções, hemorragia gastrointestinal, obstipação, excesso de diuréticos e os distúrbios electrolíticos. Frequentemente não se consegue identificar a causa. Acredita-se que o mecanismo subjacente envolva a acumulação de amónia no sangue, uma substância que em condições normais é filtrada pelo fígado.[2]

Classificação

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A EH pode ser classificada de acordo com 4 factores[9].

Classificação de acordo com a doença subjacente

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A EH pode ser classificada como:

  • Tipo A (aguda) - resultante de insuficência hepática aguda
  • Tipo B (bypass) - resultante da predominância de bypass ou shunt porto-sistémico
  • Tipo C (cirrose) - resultante de cirrose

Classificação de acordo com a severidade das manifestações clínicas

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Sendo a HE um contínuo de severidade, foi feita uma divisão arbitrária para efeitos de classificação clínica e de investigação. Estes critérios são conhecidos como os critérios de West Haven (WHC)[10]. Esta classificação divide a gravidade em 4 graus, sendo I o menos grave e IV o mais grave. Posteriormente foi adicionado um grau de gravidade subclínico, mínimo, cuja identificação depende de testes psicométricos e neuropsicológicos.

Grau de WHC descrição
Mínimo Sem evidência clínica de alteração mental

Alteração em testes psicométricos ou neurofisiológicos

Grau I Falta de atenção

Euforia, ansiedade

Alteração do padrão do sono

Dificuldade em operações simples

Grau II Letargia, apatia

Desorientação no tempo

Alteração da personalidade

Comportamento inapropriado

Dispraxia

Asterixis

Grau III Sonolência, estupor

Resposta a estímulos

Confusão, desorientação

Comportamento estranho

Grau IV Coma

Classificação de acordo com a evolução temporal

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A EH está classificada em:

  • Episódica
  • Recorrente - episódios de EH que ocorrem num intervalo de tempo inferior a 6 meses
  • Persistente - denota um padrão de alterações comportamentais que está sempre presente e intercala com episódios de EH clinicamente detectável

Classificação de acordo com os factores precipitantes

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A EH está classificada em:

  • Sem factores precipitantes
  • Precipitada - com especificação do factor ou factores precipitantes

Com tratamento adequado, a doença pode ser reversível.[1] O tratamento geralmente consistem em cuidados de apoio e na resolução dos fatores que desencadeiam os episódios.[3] Os níveis elevados de amónia no sangue são geralmente tratados com lactulose.[1] Entre outras potenciais opções estão alguns antibióticos e probióticos.[1] Em casos graves, um transplante de fígado pode melhorar o prognóstico.[1]

Mais de 40% das pessoas com cirrose desenvolvem encefalopatia hepática.[5] Mais de metade das pessoas com cirrose e encefalopatia hepática vivem menos de um ano após o diagnóstico.[1] Em pessoas sujeitas a um transplante de fígado, o risco de morte nos cinco anos seguintes é inferior a 30%.[1] A condição foi descrita pela primeira vez em 1860.[1]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k Wijdicks, EF (27 de outubro de 2016). «Hepatic Encephalopathy.». The New England Journal of Medicine. 375 (17): 1660–1670. PMID 27783916. doi:10.1056/NEJMra1600561 
  2. a b c d «Hepatic encephalopathy». GARD (em inglês). 2016. Consultado em 30 de julho de 2017. Cópia arquivada em 5 de julho de 2017 
  3. a b c d Cash WJ, McConville P, McDermott E, McCormick PA, Callender ME, McDougall NI (janeiro de 2010). «Current concepts in the assessment and treatment of hepatic encephalopathy». QJM. 103 (1): 9–16. PMID 19903725. doi:10.1093/qjmed/hcp152 
  4. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome AFP2011
  5. a b Ferri, Fred F. (2017). Ferri's Clinical Advisor 2018 E-Book: 5 Books in 1 (em inglês). [S.l.]: Elsevier Health Sciences. p. 577. ISBN 9780323529570. Cópia arquivada em 30 de julho de 2017 
  6. Ferenci, Peter; Lockwood, Alan; Mullen, Kevin; Tarter, Ralph; Weissenborn, Karin; Blei, Andres T. (março de 2002). «Hepatic encephalopathy-Definition, nomenclature, diagnosis, and quantification: Final report of the Working Party at the 11th World Congresses of Gastroenterology, Vienna, 1998: Hepatic encephalopathy-Definition, nomenclature, diagnosis, and quantification: Final report of the Working Party at the 11th World Congresses of Gast». Hepatology (em inglês) (3): 716–721. doi:10.1053/jhep.2002.31250. Consultado em 25 de maio de 2021 
  7. Weissenborn, Karin (fevereiro de 2019). «Hepatic Encephalopathy: Definition, Clinical Grading and Diagnostic Principles». Drugs (em inglês) (S1): 5–9. ISSN 0012-6667. PMC 6416238Acessível livremente. PMID 30706420. doi:10.1007/s40265-018-1018-z. Consultado em 25 de maio de 2021 
  8. Cordoba, Juan; Ventura-Cots, Meritxell; Simón-Talero, Macarena; Amorós, Àlex; Pavesi, Marco; Vilstrup, Hendrik; Angeli, Paolo; Domenicali, Marco; Ginés, Pere (fevereiro de 2014). «Characteristics, risk factors, and mortality of cirrhotic patients hospitalized for hepatic encephalopathy with and without acute-on-chronic liver failure (ACLF)». Journal of Hepatology (em inglês) (2): 275–281. doi:10.1016/j.jhep.2013.10.004. Consultado em 25 de maio de 2021 
  9. Vilstrup, Hendrik; Amodio, Piero; Bajaj, Jasmohan; Cordoba, Juan; Ferenci, Peter; Mullen, Kevin D.; Weissenborn, Karin; Wong, Philip (8 de julho de 2014). «Hepatic encephalopathy in chronic liver disease: 2014 Practice Guideline by the American Association for the Study Of Liver Diseases and the European Association for the Study of the Liver». Hepatology (2): 715–735. ISSN 0270-9139. doi:10.1002/hep.27210. Consultado em 25 de maio de 2021 
  10. WHO. «West Haven criteria on hepatic encephalopathy» (PDF) 

Ligações externas

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