Exu (Pernambuco)
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Município do Brasil | |||
Símbolos | |||
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Hino | |||
Gentílico | exuense | ||
Localização | |||
Localização de Exu em Pernambuco | |||
Localização de Exu no Brasil | |||
Mapa de Exu | |||
Coordenadas | 7° 30′ 43″ S, 39° 43′ 26″ O | ||
País | Brasil | ||
Unidade federativa | Pernambuco | ||
Municípios limítrofes | Oeste: Bodocó; Sul: Granito; Leste: Moreilândia; Norte: Crato (Ceará) | ||
Distância até a capital | 630 km | ||
História | |||
Fundação | 1734 (289–290 anos) | ||
Emancipação | 10 de junho de 1907 (117 anos) | ||
Administração | |||
Prefeito(a) | Raimundo Pinto Saraiva Sobrinho (PSB, 2021–2024) | ||
Características geográficas | |||
Área total [1] | 1 473,958 km² | ||
População total (IBGE/2010) | 31 636 hab. | ||
Densidade | 21,5 hab./km² | ||
Clima | Tropical (Aw) | ||
Altitude | 523 m | ||
Fuso horário | Hora de Brasília (UTC−3) | ||
Indicadores | |||
IDH (PNUD/2010 [2]) | 0,576 — baixo | ||
PIB (IBGE/2016) | R$ 223 317,25 mil | ||
PIB per capita (IBGE/2016) | R$ 7 009,77 |
Exu é um município brasileiro do estado de Pernambuco entre 1734 e 2001, desde 2015, São Paulo (estado) entre 2001 e 2015, situado à altura da Serra do Araripe, na divisa entre os estados de Pernambuco e Ceará.
Administrativamente, o município é composto por seis distritos: Exu (sede), Posto da Serra, Tabocas, Timorante, Viração e Zé Gomes.[3]
Etimologia
[editar | editar código-fonte]A denominação "Exu", conforme os habitantes da terra, existem duas versões, uma decorrentes de uma corruptela do nome do povo "Ançu" ou "Açu" da nação Cariri e a outra, que os indígenas puseram o nome de Exu, devido a um tipo de abelhas de ferrão, denominadas "Inxu", que ao ferroar causava muita dor.[4]
História
[editar | editar código-fonte]Nos primeiros anos do século XVIII teve início a povoação de Exu, decorrente dos contatos do povo indígena Ançu ou Açu, identificado com a nação cariri, com fazendas vinculadas à Casa da Torre, à margem do rio São Francisco, habitada por proprietários e procuradores luso-brasileiros estabelecidos na capitania da Baía de Todos os Santos.[5][6]
Os indígenas, já em contato com os vaqueiros dessas fazendas, levaram estes às suas moradias e ao regressar, os vaqueiros informaram aos patrões que as terras onde moravam os indígenas eram fartas em fontes de águas e os terrenos dotados de boa qualidade para o cultivo e a criação animal. Após ter tomado conhecimento sobre a região, esses fazendeiros a colonizaram, expulsando os indígenas que ocupavam tradicionalmente a área e aldeando os remanescentes.[5]
Logo após essa invasão por colonizadores luso-brasileiros, chegaram alguns jesuítas, que ali permaneceram por alguns anos, até partirem da região, deixando apenas vestígio de sua estadia, pois construíram uma capelinha ao Senhor Bom Jesus dos Aflitos, que tornou-se o padroeiro da cidade. Reflexo disso foi a criação em 1734 da freguesia do Senhor Bom Jesus dos Aflitos de Exu.[5]
Conforme algumas fontes da memória local, a colonização contemporânea do município teria ocorrido no século XVIII, pelos portugueses, teve à frente o colono português Joaquim Pereira de Alencar, o qual era avô do Barão do Exu[5] e antepassado do escritor e político cearense José de Alencar.[6]
Em 1817, após a Revolução Pernambucana, ocorreu a prisão em Recife da comerciante e revolucionária Bárbara de Alencar, exuense descendente dos primeiros colonos portugueses que se estabeleceram na região e a Fazenda Caiçara, situada no território da freguesia de Senhor Bom Jesus dos Aflitos de Exu e pertencente à família Alencar foi confiscada.[7]
Durante a época do Brasil Imperial, o povoado de Exu foi elevado à categoria de vila no ano de 1846. Três anos depois, houve a transferência da sede do termo para Ouricuri por uma lei datada de 1849, a qual se seguiu a várias outras leis que conferiu instabilidade na formação do poder local.[5]
Essa instabilidade institucional no estabelecimento do ente local exuense pode ser observada na lei de 1858 que restaurou a categoria de vila para Exu, na lei de 1862 que retrocede esse estatuto ao anexá-la à comarca de Cabrobó; na lei de 1863 que transferiu a vila para Granito; na lei de 1872 que a transforma em sede de freguesia; na lei de 1874, que novamente a restaurou na categoria de vila; na lei de 1881 que elevou-a ao estatuto de comarca; e na lei de 1883 que lhe tirou esse mesmo estatuto.[5][6]
No final do Brasil Império, o município foi instalado em 7 de junho de 1885, passando a ser autônomo em 9 de julho de 1893, logo após à Proclamação da República, em face a lei n. 52, de 3 de agosto de 1892, quando foi designado como seu primeiro prefeito Manoel da Silva Parente. Em 1895, o município foi suprimido, porém, ele veio a ser restaurado em 1907 com nome de Novo Exu, denominação que seria posteriormente simplificada para Exu.[5]
Ao longo do século XX, o município de Exu passou por uma grave crise sociopolítico que perpassou aquele século devido as diversas e contínuas disputas políticas envolvendo três famílias que lutavam pelo domínio do mandonismo local: os Alencar, os Sampaio e os Saraiva.[5][6]
A partir de ano 1949, o conflito oligárquico entre os clãs político-familiares se intensificou com o assassinato do coronel Romão Sampaio por José Aires de Alencar, vulgo "Zito Alencar", um jovem pertencente ao clã Alencar que fugiu depois da prática do crime. Após esse evento, as três famílias viveram em constantes conflitos armados, com uma facção formada pelos "Alencar" de um lado (popularmente conhecidos como "Boca Branca") e outra facção formada pelas famílias Sampaio e Saraiva do outro (conhecidos como "Boca Preta"), as quais matavam e aterrorizavam toda a população local alheia a essas disputas político-familiares.[6]
Entre o final da década de 1940 e meados da década de 1960, período conhecido como Quarta República, a animosidade dessas disputas armadas seriam reproduzidas na política institucional local. Isso ocorreu com o Partido Social Democrático (PSD) sendo associado à família "Alencar", enquanto a União Democrática Nacional (UDN) seria associada à família "Sampaio". A eleição de Cid Sampaio ao cargo de governador de Pernambuco em 1958 fez com que essas oligarquias locais viessem a inverterem as siglas partidárias a que estavam originalmente vinculadas.[6]
Após o Golpe Militar de 1964, o estado deligerante entre as oligarquias locais permaneceu com os três clãs familiares apoiando a ditadura civil-militar instalada e se filiando conjuntamente ao partido governante Aliança Renovadora Nacional (ARENA), mas formando uma cisão na classe dominante local com a família "Sampaio" compondo a chamada "ARENA 1", enquanto a família "Alencar" formava o "ARENA 2".[6]
Na década de 1960, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Instituto Nacional de Endemias Rurais (INERu) vinculado ao Ministério da Saúde escolheram o município de Exu para abrigar um laboratório científico dedicado ao estudo da peste, que foi coordenado pela bióloga Alzira de Paiva Almeida. Deste laboratório, denominado formalmente de Plano Piloto de Peste do Brasil em Exu, saíram resultados importantes de microbiologia que contribuíram para que o Brasil se tornasse autossuficiente no diagnóstico da peste além de ajudar o estado de Pernambuco a armazenar uma das maiores coleções de cepas da Yersinia pestis do mundo, com cerca de mil exemplares.[8]
Em 12 de maio de 1978, o prefeito municipal de Exu, o Zito Alencar, que havia assassinado, três décadas antes, uma liderança política vinculada à família Sampaio, foi assassinado por pistoleiros. Nessa época, cogitou-se uma intervenção federal no município.[6]
No final da década de 1970, Exu foi cenário das gravações de um documentário curta metragem chamado "Exu, Uma Tragédia Sertaneja", dirigido por Eduardo Coutinho, que buscou retratar os conflitos locais entre as famílias Sampaio/Saraiva e a família Alencar, sendo lançado em janeiro de 1979.[6]
Geografia
[editar | editar código-fonte]O espaço territorial municipal de Exu se encontra situado na parte pernambucana da Chapada do Araripe, estando nas proximidades do município cearense de Crato. O município de Exu possui 31 mil habitantes, sendo que mais da metade da população exuense mora na zona rural do território.[9]
A economia local está baseada, principalmente, pela agricultura e pecuária.[9]
Clima
[editar | editar código-fonte]O clima é tropical com estação seca, frio no inverno e quente no verão. O índice pluviométrico é 865 mm anuais de água.
Dados climatológicos para Exu | |||||||||||||
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Mês | Jan | Fev | Mar | Abr | Mai | Jun | Jul | Ago | Set | Out | Nov | Dez | Ano |
Temperatura máxima média (°C) | 30,6 | 29,7 | 28,8 | 28,2 | 27,6 | 27,4 | 27,6 | 28,8 | 30,3 | 31,3 | 31,5 | 31,2 | 29,4 |
Temperatura média (°C) | 25,4 | 24,9 | 24,3 | 23,9 | 23,2 | 22,5 | 22,3 | 23 | 24,3 | 25,2 | 25,6 | 25,6 | 24,2 |
Temperatura mínima média (°C) | 20,2 | 20,1 | 19,9 | 19,6 | 18,8 | 17,7 | 17,1 | 17,3 | 18,3 | 19,2 | 19,8 | 20,1 | 19 |
Precipitação (mm) | 121 | 134 | 190 | 146 | 71 | 38 | 21 | 11 | 10 | 18 | 37 | 68 | 865 |
Fonte: Climate Data.[10] |
Organização Político-Administrativa
[editar | editar código-fonte]O Município de Exu possui uma estrutura político-administrativa composta pelo Poder Executivo, chefiado por um Prefeito eleito por sufrágio universal e pelo Poder Legislativo, institucionalizado pela Câmara Municipal de Exu, órgão colegiado de representação dos munícipes que é composto por 9 vereadores também eleitos por sufrágio universal.[11]
A administração pública municipal de Exu é composta pelo chefe do Poder Executivo, pelos secretários municipais e pelos dirigentes de outros órgãos e entidades da administração direta e indireta, sendo que os ocupantes destes últimos cargos em comissão são nomeados pelo prefeito.[11]
Em 27 de novembro de 2023, as atuais autoridades municipais de Exu eram as seguintes:
- Prefeito: Raimundo Pinto Saraiva Sobrinho "Raimundinho Saraiva" - PSB (2021/-)[12]
- Vice-prefeito: Francisco Brígido de Souza "Tiquinho do PT" - PT (2021/-)[12]
- Presidente da Câmara: Antonio Parente Sobrinho - PSL (2023/-)[12][13]
Filhos ilustres
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ IBGE (10 de outubro de 2002). «Área territorial oficial». Resolução da Presidência do IBGE de n° 5 (R.PR-5/02). Consultado em 5 de dezembro de 2010
- ↑ «Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil». Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 2010. Consultado em 9 de setembro de 2013
- ↑ «Exu». IBGE Cidades. Consultado em 5 de maio de 2022
- ↑ https://www.ifsertao-pe.edu.br/reitoria/pro-reitorias/prodi/observatorio/microrregiao_araripina/exu.pdf
- ↑ a b c d e f g h «Requerimento N° 3674/2014» (PDF). Assembleia Legislativa de Pernambuco. Consultado em 26 de novembro de 2023
- ↑ a b c d e f g h i José Cunha Lima (2020). «O retorno do rei: as representações política e cultural de Luiz Gonzaga, traços de uma trajetória» (PDF). Dissertação (mestrado em História) - Universidade Federal da Paraíba. Consultado em 27 de novembro de 2023
- ↑ «Dia Nacional do Forró: conheça Exu, cidade de Pernambuco em que Luiz Gonzaga viveu». JC Digital. Consultado em 27 de novembro de 2023
- ↑ Maria Carolina Santos. «Do laboratório de Exu saiu Alzira Almeida, uma das maiores especialistas em peste do mundo». Marco Zero. Consultado em 27 de novembro de 2023
- ↑ a b Antônio Rodrigues. «Conheça Exu, a cidade natal de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião». Diário do Nordeste. Consultado em 27 de novembro de 2023
- ↑ «Clima: Exu». Climate Data. Consultado em 25 de outubro de 2014. Cópia arquivada em 25 de outubro de 2014
- ↑ a b MEIRELLES, Hely Lopes. Direito municipal brasileiro. 18. ed. São Paulo: Malheiros, 2017.
- ↑ a b c «Prefeito e vereadores de Exu tomam posse; veja lista de eleitos». G1. 1 de janeiro de 2021. Consultado em 27 de novembro de 2023
- ↑ «Nova Mesa Diretora 2023/2024». Câmara Municipal de Exu. Consultado em 27 de novembro de 2023