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Felá

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: "Felachim" redireciona para este artigo. Para os judeus etíopes, veja Falashim.
Mercado de cerâmica, com mesquita e mulheres fallahin ao fundo, em Gizé, subúrbio do Cairo (1911)

Felá[1] (em árabe: فلاح; romaniz.: fallāḥ ou fellāh; feminino em árabe: فَلَّاحَة ; romaniz.: fallāḥa ou fellāḥa; plural: em árabe: فلاحين‎; romaniz.: fallāḥīn ou fellāḥīn) é a designação dada ao trabalhador agrícola do Oriente Médio e Norte da África. A palavra deriva do termo árabe fallāḥ - 'lavrador' ou 'agricultor' - e, no Egito moderno, designa o camponês de casta inferior, considerado descendente dos antigos habitantes do Egito faraônico.[2]

O termo 'felá' tem sido usado, em todo o Oriente Médio, desde os tempos do Império Otomano, para designar os aldeões e trabalhadores rurais.[3] A palavra é geralmente traduzida como 'camponês'.[4]

Os felás, também referidos como fallahin ou felachim,[5] distinguem-se dos efêndis (classe dos proprietários de terras).[6][7] Geralmente são arrendatários rurais, posseiros ou trabalhadores das terras comunais, nas aldeias.[8][9] Alguns aplicam o termo fallahin aos trabalhadores sem terra, em geral.[10] No Levante, especificamente na Palestina, Jordânia e Hauran (Síria), o termo fellahin referia-se aos camponeses nativos.[11]

No Egito, os felás compõem 60% da população[12]. Levam uma vida modesta, morando em casas de adobe, tal como seus ancestrais. [13] O número de felás aumentou muito no começo do século XX, antes do êxodo para as cidades. Em 1927, o antropólogo Winifred Blackman, autor de Os Felás do Alto Egito, conduziu pesquisa etnográfica sobre esses camponeses do Alto Egito e observou continuidades, entre sua cultura (estilo de vida, crenças e práticas religiosas) e a dos antigos egípcios,[14] sendo por isso considerados por alguns autores como os "verdadeiros" egípcios.[13]

Referências

  1. Alves 2014, p. 502.
  2. Dicionário Houaiss: 'felá' (do árabe fellāh).
  3. Mahdi 2007, p. 209.
  4. Masalha 2005, p. 78.
  5. Lectures on great living religions. 1948. American Jewish Archives, p. 19.
  6. [Merriam-Webster]]: effendi
  7. Tyler 2001, p. 13.
  8. Cohen 2008, p. 32.
  9. Sufian 2007, p. 57.
  10. Gilsenan 2003, p. 13.
  11. Smith 1918, p. 41.
  12. SEMP 2005.
  13. a b Pateman 2003, p. 54.
  14. Faraldi 2000.
  • Alves, Adalberto (2014). «Felá». Dicionário de Arabismos da Língua Portuguesa. Lisboa: Leya. ISBN 9722721798 
  • Cohen, Hillel (2008). Army of Shadows, Palestinian Collaboration with Zionism, 1917–1948. Berkeley: University of California Press 
  • Gilsenan, Michael (2003). Lords of the Lebanese Marches: Violence and Narrative in an Arab Society. Nova Iorque: I.B.Tauris 
  • Mahdi, Kamil A.; Würth, Anna; Lackner, Helen (2007). Yemen Into the Twenty-First Century: Continuity and Change. Nova Iorque: Garnet & Ithaca Press 
  • Masalha, Nur (2005). Catastrophe Remembered: Palestine, Israel and the Internal Refugees: Essays in Memory of Edward W. Said (1935-2003). Londres: Zed Books 
  • Pateman, Robert; El-Hamamsy, Salwa (2003). Egypt. Nova Iorque: Marshall Cavendish Benchmark 
  • Sufian, Sandra Marlene (2007). Healing the Land and the Nation: Malaria and the Zionist Project in Palestine, 1920–1947. Chicago: University of Chicago Press 
  • Tyler, Warwick P. N. (2001). State Lands and Rural Development in mandatory Palestine, 1920–1948. Eastbourne: Sussex Academic Press