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Freeganismo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Não confundir com Anarquismo.

O freeganismo é um estilo de vida alternativo baseado no boicote ao consumo.[1][2][3] A palavra freeganismo surgiu da junção das palavras em inglês vegan e free,[2] pois a ideia freegan surgiu do veganismo, onde evitam-se impactos ambientais, mas expandindo isto com o anarquismo, ao boicotar também tudo o que gera custos humanos.[1][3] Desta forma, a curto prazo, o freeganismo propõe reaproveitar alimentos e objetos descartados pela sociedade de consumo, reduzindo o desperdício gerado por ele; a longo prazo, propõe que o movimento seja o produtor de seus próprios meios de sobrevivência.[3]

Assim, os freegans buscam construir autonomia,[1] vasculhando em vez de comprar, fazendo voluntariado em vez de trabalhar, fazendo okupa em vez de alugar, e coletando comida no lixo em vez de adquiri-la.[4] Isto faz com que a maior parte dos freegans habite grandes cidades, onde o lixo é abundante e rico, como em Nova Iorque, a "capital freegan".[4] Uma prática comum entre os freegans é o mergulho no lixo, de onde eles obtêm móveis, roupas, utensílios e comida.[4]

É um movimento de meados da década de 1990, derivado, além do veganismo, da subcultura da Grande Depressão, dos movimentos antiglobalização da década de 1960 e do movimento antiguerra e antiglobalização Food Not Bombs da década de 1980, onde se recuperavam alimentos para alimentar vegetarianamente os que tinham fome.[4][3] É influenciado pelo anarcoprimitivismo que, para grandes críticos e, por pura práxis, é sinônimo do comunismo em tese, e por outras ideologias que visam o fim do industrialismo e o retorno ao natural.[3].

Um freegan realizando o dumpster diving, mergulho na lixeira ou garimpo urbano.
  • Garimpo urbano: os freegans conseguem, graças à sociedade atual, viver a partir do que é descartado no lixo por outras pessoas.[2][3] A obtenção ocorre por meio do garimpo urbano, onde o lixo de lojas, residências, escritórios e outras construções é remexido em busca de coisas úteis;[2]
Uma okupa em Barcelona.
  • Okupas ou squats: os freegans crêem que moradia é um direito, não um privilégio, e que não é justo mercantilizar algo necessário à sobrevivência humana.[2][3] Por isto, propõem a ocupação de moradias urbanas abandonadas e a transformação de terrenos baldios em hortas urbanas comunitárias;[3]
  • Desemprego voluntário: segundo os freegans, trabalhar é uma troca da liberdade pela submissão a um sistema destruidor.[2] Por meio do garimpo urbano e das okupas, a quantidade de trabalho necessário aos freegans para que vivam é reduzida drasticamente ou totalmente;[2]
  • Transporte ecológico: os freegans, para evitar os impactos ambientais e sociais dos automóveis e das rodovias, não utilizam meios de transporte poluentes;[2]
  • Coletivização e trocas de recursos: visa evitar o descarte de itens, enquanto o garimpo urbano visa obter itens descartados. Por meio da coletivização e das trocas, os freegans conseguem se ajudar;[2]
  • Retorno ao natural: os freegans se interessam em evitar a perda da valorização dos ciclos da vida e das estações do ano e por isto buscam aprender a se alimentar sem supermercados e curar-se sem remédios, por meio da familiarização com as plantas circundantes.[2] Outros vão além e se mudam para locais afastados onde constroem comunidades;[2]

Referências

  1. a b c «Reconsiderando o freeganismo». Centro de Mídia Independente. 26 de abril de 2007. Consultado em 30 de outubro de 2011. Arquivado do original em 30 de setembro de 2014. Para nós, freeganismo tem significado a proposta de uma 'postura' frente a atual situação de deterioração em que encontramos o planeta neste processo de 10.000 anos de civilização. Esta 'postura' é resumidamente a não participação na manutenção deste sistema, e a adoção de um conjunto de estratégias visando a construção da autonomia baseada no respeito ao planeta e a seus habitantes. Freeganismo, obviamente, é também uma maneira prática de ficarmos cada vez menos dependentes do sistema. Resumindo, o freeganismo é uma prática de negação do sistema e oferece valiosas propostas para este fim. Porém o freeganismo não tem significado um ataque direto ao sistema. [...] Como a proposta freegan surgiu do veganismo (anarquista), o freeganismo ainda carrega algumas limitações do veganismo. O veganismo nada mais é do que uma opção alimentar e de consumo que se abstém de produtos de origem animal e testados em animais; o freeganismo é a mesma coisa mas vai um pouco além, ele visa boicotar tudo aquilo que acarreta em custos ambientais, animais e humanos. [...] O freeganismo aborda apenas a construção da autonomia, e não achamos interessante abordagens parciais. [...] Freegan é um termo criado com duas palavras em inglês: "vegan" e "free". 
  2. a b c d e f g h i j k «Freeganismo - Boicote a sociedade do trabalho e consumo». Centro de Mídia Independente. 27 de fevereiro de 2006. Consultado em 30 de outubro de 2011. Arquivado do original em 5 de janeiro de 2015 
  3. a b c d e f g h «Do Ludismo ao Radicalismo: micro-poderes e novas estratégias de resistência à sociedade de consumo» (PDF). Intercom. 2009. Consultado em 30 de outubro de 2011. Esse trabalho tem a intenção de investigar a atuação de três estilos de vida que têm como alvo de resistência a sociedade de consumo: o veganismo, o freeganismo e o yomango. [...] O freeganismo surge como oposição no interior do veganismo, em meados da década de 1990. Esse estilo de vida, cujo nome em inglês deriva da junção das palavras free (livre, grátis) e vegan (vegano), considera qualquer tipo de consumo prejudicial. O foco da discussão do movimento de inspiração anarquista é a degradação do meio ambiente causada pelo consumo desenfreado na sociedade capitalista. Suas estratégias buscam diminuir o desmatamento, a emissão de dióxido de carbono e a produção de lixo. Os freegans adotam modos alternativos para viver baseados em uma participação limitada na economia, consumindo o mínimo possível. Para os adeptos do freeganismo, qualquer empresa contribui com a degradação do meio ambiente, a exploração dos animais (humanos e não-humanos) e a manutenção do sistema capitalista. Os freegans vivem da coleta de alimentos e objetos do lixo, evitam ao máximo o trabalho, adotam meios de transporte ecológicos (bicicletas e skates, por exemplo) e dão preferência à moradia em ocupações urbanas de imóveis abandonados (os squats). [...] O boicote, por exemplo, é o princípio do veganismo e do freeganismo. Para os veganos essa técnica se restringe a produtos e empresas consideradas ‘exploradoras da vida animal’, tratando-se, por isso, de um boicote com motivações éticas de respeito à vida dos animais não-humanos. Assim, produtos testados em animais podem ser substituídos por similares produzidos por empresas que não realizam esses testes. O surgimento do freeganismo expandiu a discussão do veganismo sobre a própria exploração do trabalho humano e do meio ambiente como um todo. Influenciado por ideologias como o anarcoprimitivismo, que prega o retorno ao natural e o fim do industrialismo, o freeganismo considera qualquer consumo prejudicial, posto que todas as empresas exploram animais humanos e não-humanos e provocam danos ambientais em maior ou menor grau. O reaproveitamento de alimentos e objetos descartados no lixo seria, a curto prazo, a melhor forma de combater o desperdício gerado pelos padrões de alta rotatividade de mercadorias da sociedade de consumo. No entanto, o modelo de subsistência prezado pelo movimento a longo prazo não é o do simples coletor, mas o de produtor de seus próprios meios de sobrevivência. [...] A ocupação da propriedade privada é uma forma de promover a justiça social, para os freegans. Eles propõem a transformação de terrenos baldios em hortas urbanas comunitárias, além da moradia em imóveis abandonados, como modo de se apropriar de forma legítima de um bem privado inutilizado. Para eles a moradia é um direito, assim como a terra e a água, por isso não é justo mercantilizar algo que é necessário à própria sobrevivência humana. 
  4. a b c d «O FREEGANISMO - A NOVA IDEOLOGIA DO LIXO» (PDF). Lixo Basura (22). Junho de 2011. ISSN 1731-0997. Consultado em 30 de outubro de 2011 [ligação inativa]

Ligações externas

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