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Gunora de Crépon

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Gunora
Gunora de Crépon
Gunora confirmando uma carta da abadia do Monte Saint-Michel, do século XII (a partir do arquivo da abadia). Aqui ela atestou usando seu título de condessa.[1]
Duquesa da Normandia
Ocupação 989996
 
Nascimento c. 936 [nota 1]
  Ruão, França
Morte 5 de janeiro de 1031 (95 anos) (não verificado)
  Normandia, França
Esposo Ricardo I, o Destemido
Descendência Ricardo II
Roberto de Évreux
Mauger, Conde de Corbeil
Ema da Normandia
Avoise da Normandia
Matilde da Normandia
Casa Dinastia normanda (por casamento)

Gunora de Crépon, por vezes referida como Gunnora ou Gunnor (c. 9365 de janeiro de 1031), foi duquesa da Normandia e esposa de Ricardo I, o Destemido.

Tudo o que se sabe do parentesco de Gunora é que ela pertencia a uma família que se instalou no Pays de Caux.[2] Roberto de Torigni escreveu que ela era filha de um guarda-florestal dessa região e de acordo com Dudo de Saint-Quentin era de origem dinamarquesa nobre.[3] Gunora nasceu provavelmente por volta de 950.[4] Sua família reinou na Normandia ocidental e foi dito que ela mesma era muito rica.[5] Seu casamento com Ricardo I foi de grande importância política, tanto para seu marido[nota 2] e sua progênie.[6] Seu irmão, Herfast de Crépon, foi progenitor de uma grande família normanda.[5] Suas irmãs e sobrinhas[nota 3] casaram-se com alguns dos nobres mais importantes na Normandia.[7]

Roberto de Torigni narra uma história de como Ricardo a conheceu.[8] Ela estava vivendo com sua irmã Seinfreda, a esposa de um guarda-florestal local, quando Ricardo, caçando nas proximidades, ouviu falar da beleza de sua mulher. Ele disse ter ordenado a Seinfreda para vir para sua cama, mas ela foi substituída por sua irmã solteira, Gunora. Ricardo, diz-se, ficou satisfeito pois com este subterfúgio tinha sido salvo de cometer adultério e juntos tiveram três filhos e três filhas.[nota 4][9] Ao contrário de outros governantes territoriais, os normandos reconheciam a união por coabitação ou more danico (no costume dinamarquês). Mas quando Ricardo foi impedido de indicar seu filho Roberto para ser arcebispo de Ruão, os dois se casaram, "de acordo com o costume cristão", tornando seus filhos legítimos aos olhos da igreja.[9]

Gunora atestou cartas ducais até a década de 1020, era hábil em línguas e foi dito que tinha uma excelente memória.[10] Foi uma das mais importantes fontes de informação sobre a história normanda para Dudo de St. Quentin.[11] Como viúva de Ricardo é mencionado que ela acompanhou os filhos em numerosas ocasiões.[10] É mostrado nas cartas do casal que seu marido dependia dela, onde é variadamente regente da Normandia, uma mediadora e juíza, e, no típico papel de uma mãe aristocrática medieval, uma árbitra entre seu marido e seu filho mais velho Ricardo II.[10]

Gunora foi fundadora e apoiadora da Catedral de Coutances e assentou sua primeira pedra.[12] Em uma de suas cartas após a morte de Ricardo, ela deu dois alódios para a abadia do Monte Saint-Michel, nomeadamente Britavilla e Domjean, dados a ela por seu marido como dote, que ela deu pela alma de seu marido, e o bem-estar de sua própria alma e a de seus filhos "conte Ricardo, arcebispo Roberto, e outros ...".[13] Também atestou uma carta, entre 1024 e 1026, para essa mesma abadia por seu filho, Ricardo II, identificada como Gonnor matris comitis (mãe do conde).[14] Gunora, tanto como esposa e condessa,[nota 5] foi capaz de usar sua influência para ver seus parentes favorecidos, e várias das mais proeminentes famílias anglo-normandas de ambos os lados do Canal da Mancha são descendentes dela, suas irmãs e sobrinhas.[10] Ela morreu por volta de 1031.[4]

Ricardo e Gunora foram pais de diversos filhos:


Notas

  1. De acordo com "Burke's Peerage,#102173"
  2. O casamento de Ricardo com Gunnora parece ter sido uma jogada política deliberada para consolidar sua posição ao se aliar a uma poderosa família rival no Cotentin. Veja: D. Crouch, The Normans (2007), pp. 26 & 42;A companion to the Anglo-Norman world, eds. C. Harper-Bill; E. van Houts (2007), p. 27.
  3. Suas irmãs, Senfrie, Aveline e Wevie, bem como as suas filhas são discutidas em detalhe em G.H. White, 'The Sisters and Nieces of Gunnor, Duchess of Normandy, The Genealogist, New Series, vol. 37 (1920-21), pp. 57-65 & 128-132. Veja também: Elisabeth van Houts, 'Robert of Torigni as Genealogist', Studies in Medieval History Presented to R. Allen Brown, ed. Christopher Harper-Bill, Christopher J. Holdsworth, Janet L. Nelson (The Boydell Press, Woodbridge, 1989), pp. 215-233; K.S.B. Keats-Rohan, 'Aspects of Torigny's Genealogy Revisited', Nottingham Medieval Studies, Vol. 37 (1993), pp. 21-28.
  4. Geoffrey H. White está entre os historiadores que questionam a autenticidade desta história. Veja: G.H. White, 'The Sisters and Nieces of Gunnor, Duchess of Normandy, The Genealogist, New Series, vol. 37 (1920-21), p. 58.
  5. Na época em que Gunora viveu, não havia duques ou duquesas da Normandia. Seu marido Ricardo I, usou o título de conde de Ruão, a que Ricardo acrescentou o estilo de "conde e cônsul", e depois de 960, marquês (conde sobre outros condes). Gunora nunca teria usado o título de duquesa, seu título era condessa e ela foi muito denominada em um documento original para a abadia de St. Ouen, Ruão (1057-1017) dado por seu filho Ricardo II. Para o presente, apesar de ser historicamente incorreto, duquesa continua a ser seu título de conveniência. Veja: Bates, Normandy before 1066 (Longman, 1982), pp. 148–50; Douglas, 'The Earliest Norman Counts', The English Historical Review, Vol. 61, No. 240 (May, 1946), pp. 130–31; David Crouch, The Normans: The History of a Dynasty (Londres: Hambledon Continuum, 2007), pp. 18-19 e Dudo de Saint-Quentin; Eric Christiansen, History of the Normans (Woodbridge: Boydell Press, 1998). p. xxiv.

Referências

  1. David Crouch, The Image of Aristocracy in Britain, 1000-1300 (Londres: Routledge, 1992), p. 57
  2. Francois Neveux, A Brief History of the Normans (Londres: Constable and Robinson, Ltd., 2008), p. 73
  3. Elisabeth Van Houts, The Normans in Europe (Manchester: Manchester University Press, 2008), p. 58
  4. a b Elisabeth Van Houts, The Normans in Europe (Manchester: Manchester University Press, 2008), p. 40 n.56
  5. a b David Crouch, The Normans; the History of a Dynasty (Londres, Nova Iorque: Hambledon Continuum, 2007), p. 26
  6. K.S.B. Keats-Rohan, 'Poppa of Bayeux and Her Family', The American Genealogist, Poppa of Bayeux and Her Family, Vol. 74, No. 2 (Julho/Outubro de 1997), pp. 203-04
  7. David Crouch, The Normans; the History of a Dynasty (Londres, Nova Iorque: Hambledon Continuum, 2007), pp. 26-27
  8. Elisabeth Van Houts, The Normans in Europe (Manchester: Manchester University Press, 2008), p. 95
  9. a b Elisabeth Van Houts, The Normans in Europe (Manchester: Manchester University Press, 2008), p. 96
  10. a b c d Elisabeth Van Houts, The Normans in Europe (Manchester: Manchester University Press, 2008), p. 59
  11. Elisabeth M. C. Van Houts, Memory and Gender in Medieval Europe: 900–1200 (Toronto; Buffalo: University of Toronto Press, 1999), p. 72
  12. Elisabeth Van Houts, The Normans in Europe (Manchester: Manchester University Press, 2008), p. 40 & n. 56
  13. Calendar of Documents Preserved in France, ed. J. Horace Round (Londres: Eyre and Spottiswoode, 1899), p. 250
  14. Calendar of Documents Preserved in France, ed. J. Horace Round (Londres: Eyre and Spottiswoode, 1899), p. 249
  15. a b c d e f Detlev Schwennicke, Europäische Stammtafeln: Stammtafeln zur Geschichte der Europäischen Staaten, Neue Folge, Band II (Marburg, Alemanha: J. A. Stargardt, 1984), Tafel 79

Precedido por
Ema de Paris
Duquesa da Normandia
989996
Sucedido por
Judite da Bretanha