Inês de Castro
Inês de Castro | |
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Rainha Póstuma de Portugal | |
Representação do século XIX de Inês de Castro, no teto da Sala dos Reis, Quinta da Regaleira, Sintra, Portugal. | |
Nascimento | 1320 ou 1325 |
Galiza | |
Morte | 7 de janeiro de 1355 |
Santa Clara, Coimbra | |
Sepultado em | Mosteiro de Alcobaça |
Nome completo | Inês Pires de Castro |
Cônjuge | Pedro I de Portugal |
Descendência | Afonso Beatriz, Condessa de Alburquerque João, Duque de Valência Dinis, Senhor de Cifuentes |
Casa | Castro (por nascimento) Borgonha (por casamento) |
Pai | Pedro Fernandes de Castro |
Mãe | Aldonça Lourenço de Valadares |
Inês de Castro[nota 1] (Reino da Galiza, ca. 1320/1325 — Coimbra, 7 de janeiro de 1355) foi uma nobre galega, amada pelo futuro rei D. Pedro I de Portugal, de quem teve quatro filhos. Foi executada por ordem do pai deste, o rei D. Afonso IV.[carece de fontes]
Biografia
[editar | editar código-fonte]D. Inês de Castro era filha de D. Pedro Fernandes de Castro, mordomo-mor do rei D. Afonso XI de Castela, e de uma dama portuguesa, Aldonça Lourenço de Valadares. O seu pai, neto por via ilegítima de D. Sancho IV de Castela, era um dos fidalgos mais poderosos do Reino de Castela.[carece de fontes]
Em 24 de Agosto de 1340 teve lugar, na Sé de Lisboa, o casamento do Infante D. Pedro, herdeiro do trono português, com D. Constança Manuel, filha de D. João Manuel de Castela, príncipe de Vilhena e Escalona, duque de Penafiel, tutor de Afonso XI de Castela, «poderoso e esforçado magnate de Castela»,[1] e neto do rei Fernando III de Castela. Todavia seria por uma das aias de D. Constança, D. Inês de Castro, que D. Pedro viria a apaixonar-se. Este romance notório começou a ser comentado e mal aceite pela corte, que temia a influência castelhana sobre o infante Pedro.[carece de fontes]
Sob o pretexto de moralidade, D. Afonso IV não aprovava esta relação, não só por motivos de diplomacia com João Manuel de Castela, mas também devido à amizade estreita de D. Pedro com os irmãos de D. Inês - D. Fernando de Castro e D. Álvaro Perez de Castro. Assim, em 1344, o rei mandou exilar D. Inês no castelo de Alburquerque, na fronteira castelhana, onde tinha sido criada por sua tia, D. Teresa, mulher de um meio irmão de D. Afonso IV. No entanto, a distância não teria apagado o amor entre Pedro e Inês, que se correspondiam com frequência.[carece de fontes]
Após a morte de D. Constança, D. Pedro, contra a vontade do pai, mandou D. Inês regressar do exílio e uniu-se a ela, provocando algum escândalo na corte e desgosto para El-Rei, seu pai. Começou então uma desavença entre o rei e o infante.[carece de fontes]
D. Afonso IV tentou remediar a situação casando o seu filho com uma dama de sangue real. Contudo, D. Pedro rejeitou este projeto, alegando que sentia ainda muito a perda de sua mulher, D. Constança, e que não conseguia ainda pensar num novo casamento. No entanto, D. Inês foi tendo filhos de D. Pedro: Afonso em 1346 (que morreu pouco depois de nascer), Beatriz em 1347, João em 1349 e Dinis em 1354. O nascimento destes veio agudizar a situação porque, durante o reinado de D. Dinis, o seu filho e herdeiro, D. Afonso IV sentira-se em risco de ser preterido na sucessão ao trono por um dos filhos bastardos do seu pai. Agora circulavam boatos de que os Castros conspiravam para assassinar o infante D. Fernando, legítimo herdeiro de D. Pedro, para o trono português passar para o filho mais velho de D. Inês de Castro.[carece de fontes]
Execução de D. Inês
[editar | editar código-fonte]Depois de alguns anos no Norte de Portugal, Pedro e Inês tinham regressado a Coimbra e instalaram-se no Paço de Santa Clara. Mandado construir pela avó de D. Pedro, a Rainha Santa Isabel, foi neste paço que esta Rainha vivera os últimos anos, deixando expresso o desejo que se tornasse na habitação exclusiva de reis e príncipes seus descendentes, com as suas esposas legítimas.[carece de fontes]
Havia boatos de que o Príncipe se tinha casado secretamente com D. Inês, facto posteriormente confirmado por D. Pedro I na famosa Declaração de Cantanhede (mas só após a morte de D. Inês). Na Família Real um incidente deste tipo assumia graves implicações políticas. Sentindo-se ameaçados pelos irmãos Castro, os fidalgos da corte portuguesa pressionavam o rei D. Afonso IV para afastar esta influência do seu herdeiro. O rei D. Afonso IV decidiu que a melhor solução seria matar a dama galega. Na tentativa de saber a verdade, o Rei ordenou a dois conselheiros seus que dissessem a D. Pedro que ele podia casar-se livremente com D. Inês se assim o pretendesse. D. Pedro percebeu que se tratava de uma cilada e respondeu que não pensava casar-se nunca com D. Inês.[carece de fontes]
A 7 de Janeiro de 1355, o rei, aproveitando a ausência de D. Pedro, foi com Pero Coelho, Álvaro Gonçalves, Diogo Lopes Pacheco e outros para executarem Inês de Castro em Santa Clara, conforme fora decidido em conselho. Segundo a lenda, as lágrimas derramadas no rio Mondego pela morte de Inês teriam criado a Fonte das Lágrimas da Quinta das Lágrimas, e algumas algas avermelhadas que ali crescem seriam o seu sangue derramado.[carece de fontes]
A morte de D. Inês provocou a revolta de D. Pedro contra D. Afonso IV. Após meses de conflito, a Rainha D. Beatriz conseguiu intervir e selar a paz, em Agosto de 1355.[carece de fontes]
D. Pedro tornou-se no oitavo rei de Portugal como D. Pedro I em 1357. Em Junho de 1360 fez a Declaração de Cantanhede, legitimando os filhos ao afirmar que se tinha casado secretamente com D. Inês, em 1354, em Bragança. A palavra do rei, do seu capelão e de um seu criado foram as provas necessárias para legalizar esse casamento.[carece de fontes]
De seguida perseguiu os assassinos de D. Inês, que tinham fugido para o Reino de Castela e mandou destruir a Vila do Jarmelo. Pero Coelho e Álvaro Gonçalves foram apanhados e executados em Santarém (segundo a lenda o Rei mandou arrancar o coração de um pelo peito e o do outro pelas costas, assistindo à execução enquanto se banqueteava, o que é confirmado por Fernão Lopes, com a ressalva de que o carrasco o teria dissuadido da ideia pela dificuldade encontrada nesta forma de execução). Diogo Lopes Pacheco conseguiu escapar para a França e, posteriormente, seria perdoado pelo Rei no seu leito de morte.[carece de fontes]
D. Pedro mandou construir os dois esplêndidos túmulos de D. Pedro I e de D. Inês de Castro no mosteiro de Alcobaça, para onde trasladou o corpo da sua amada Inês, em 1361 ou 1362. Juntar-se-ia a ela em 1367. A posição primeira dos túmulos foi lado a lado, de pés virados a nascente, em frente da primeira capela do transepto sul, então dedicada a São Bento. Na década de 1780 os túmulos foram mudados para o recém-construído panteão real, onde foram colocados frente a frente. Em 1957 foram mudados para a sua actual posição, D. Pedro no transepto sul e D. Inês no transepto norte, frente a frente.[2] Quando os túmulos, no século XVIII, foram colocados frente a frente apareceu a lenda que assim estavam para que D. Pedro e D. Inês «possam olhar-se nos olhos quando despertarem no dia do juízo final».
A tétrica cerimónia da coroação e do beija-mão à Rainha D. Inês, já morta, que D. Pedro pretensamente teria imposto à sua corte e que se tornaria numa das imagens mais vividas no imaginário popular, teria sido inserida pela primeira vez nas narrativas espanholas do final do século XVI.[carece de fontes]
Descendência
[editar | editar código-fonte]Da relação de D. Inês com o infante D. Pedro de Portugal nasceram:[carece de fontes]
- D. Afonso (faleceu em criança)
- D. Beatriz, infanta de Portugal e condessa de Alburquerque (1347–1381)
- D. João, infante de Portugal e duque de Valência de Campos (1349–1397)
- D. Dinis, infante de Portugal e senhor de Cifuentes (1354–1403)
D. Inês na Literatura
[editar | editar código-fonte]“
118 (...)
Que depois de ser morta foi Rainha.130 (...)
Contra uma dama, ó peitos carniceiros,
Feros vos amostrais, e cavaleiros?134
Assim como a bonina, que cortada
Antes do tempo foi, cândida e bela,
Sendo das mãos lascivas maltratada
Da menina que a trouxe na capela,
O cheiro traz perdido e a cor murchada:
Tal está morta a pálida donzela,
Secas do rosto as rosas, e perdida
A branca e viva cor, co'a doce vida.
”
— Luís de Camões, Os Lusíadas (1572), Canto III
A combinação de história e lenda deste trágico amor nunca deixou de apaixonar o imaginário popular dos portugueses e dos europeus ao longo dos tempos:
- A primeira aparição dos amores de D. Inês na literatura dá-se com as Trovas à Morte de Inês de Castro, de Garcia de Resende, no Cancioneiro Geral de 1516;
- A tragédia foi também representada entre o povo, com o teatro de cordel;
- Os Lusíadas de Luís Vaz de Camões, constituíram o maior influência na lenda, com o episódio da "linda Inês" nas estrofes 120 a 135 do Canto III;
- A tragédia A Castro (1587), a primeira tragédia clássica portuguesa, de António Ferreira, foi baseada na sua vida;
- Bocage dedicou-lhe uma cantata;
- O neoclássico João Batista Gomes Júnior (1775?-1803) é o autor da tragédia em cinco atos A Nova Castro;
- Foi com o Romantismo em Portugal que aumentou o interesse pelos factos históricos associados ao episódio; Alexandre Herculano e Oliveira Martins, entre outros, procuraram investigar, com algum rigor, as pessoas e factos históricos;
- Os amores de D. Inês popularizaram-se na literatura erudita, entre outros com os árcades Manuel de Figueiredo e Reis Quita;
- Em 1986 Agustina Bessa-Luís (1922-2019) publicou as Adivinhas de Pedro e Inês;
- Outros autores, tais como Luís Rosa e João Aguiar, publicaram livros sobre a trágica vida de Inês de Castro (O Amor infinito de Pedro e Inês e Inês de Portugal, respectivamente);
- Em 2009 é publicado o livro A história de Inês de Castro pela Letras e Coisas, no Porto — de autoria de Ângelo da Silva, parte de um projecto multidisciplinar que envolve texto, música e pintura;
- Em 2009 João Rasteiro publica o poemário "Pedro e Inês ou As Madrugadas Esculpidas" onde canta esse infinito e imortal amor que floresceu eternamente junto às claras águas do Mondego.
Inês de Castro na pintura
[editar | editar código-fonte]- Súplica de Inês de Castro (Servières) (1822), de Eugénie Servières, no Palácio de Versalhes
- O Assassínio de Inês de Castro (Briullov) (1834), de Karl Briullov, no Museu Estatal Russo
Referências
- ↑ Nobreza de Portugal, Tomo I, página 207
- ↑ Vieira da Silva, José Custódio (1997). «Os Túmulos de D. Pedro e de D. Inês, em Alcobaça» (pdf). Portugalia. Consultado em 5 de abril de 2024
Notas
[editar | editar código-fonte]- ↑ Na grafia da época, ainda que não fosse normalizada, o seu nome surge como "Enes de Crasto", por exemplo, no Juramento de D. Pedro I do matrimónio celebrado com D. Inês de Castro (1360)..
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Chronica del Rey D. Pedro I deste nome, e dos reys de Portugal o oitavo cognominado o Justiceiro na forma em que a escereveo Fernão Lopes, Fernão Lopes (1380-1460), Lisboa Occidental, 1735, na Biblioteca Nacional Digital»
- «Chronica de el-rei D. Pedro I, Fernão Lopes (1380-1459), no Projeto Gutenberg»
- «A Nova Castro, tragédia de João Batista Gomes Júnior (1775?-1803), no Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa»
- «A Nova Castro, tragédia de João Batista Gomes Júnior (1775?-1803), no Projeto Gutenberg»
- «Ignez de Castro — Tricentenario de Camões, Aníbal Fernandes Tomas (1849-1911), Castro & Irmão, 1880, na Biblioteca Nacional Digital»
- «INÊS DE CASTRO A paixão fatal d'el-Rei D. Pedro»
- Inês de Castro, coroada depois da morte, As Rainhas - Isabel e Inês (Extrato de Documentário), por Maria Júlia Fernandes, Rtp, 2003
- Inês de Castro: o estranho caso da rainha coroada depois de morta, por PSELLOS, Repensando a Idade Média – Página Oficial, 7 de Janeiro de 2020
- Nascidos em 1320
- Mortos em 1355
- Políticos portugueses assassinados
- Lendas de Portugal
- Casa de Castro
- Nobres da Galiza
- Mulheres de Portugal medieval
- Amantes da realeza portuguesa
- Mulheres do século XIV
- Naturais de Ourense (província)
- Casa da Borgonha (Portugal)
- Sepultados no Mosteiro de Alcobaça
- Damas de companhia de Portugal
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- Personagens citadas nos Lusíadas
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