Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                
Saltar para o conteúdo

Língua púnica

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Púnica
Falado(a) em: Norte da África - extinta
Total de falantes:
Família: Afro-asiática
 Semítica
  Oeste
   Central
    Noroeste
     Canaanitas

      Púnica
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: sem
ISO 639-3: phn

O púnico é uma língua semítica extinta, falada na região mediterrânea do norte da África e algumas ilhas do Mar Mediterrâneo pelos povos da cultura púnica (de origem fenícia) até por volta do século IV d.C.

Características

[editar | editar código-fonte]

A língua púnica é uma variante da língua fenícia falada no nas regiões ultramarinas da diáspora fenícia no norte da África, incluindo Cartago e o Mediterrâneo. É conhecida hoje por inscrições e evidências de nomes pessoais. A peça teatral Poenulus, de Plauto, apresenta frases em púnico que foram objeto de pesquisas, pois, ao contrário das incrições, essas preservam muito as vogais.[1]

Como nas demais línguas semíticas, a escrita púnica usa um abjad (alfabeto sem vogais), escrito da direita para a esquerda. Tem 20 consoantes e 2 sinais gráficos.[2]

Agostinho de Hipona é considerado o último grande escritor antigo a ter algum conhecimento do idioma púnico, sendo considerado "a principal fonte primária a atestar a sobrevivência [tardia] do púnico".[3] Escrevendo por volta do ano 401, ele escreveu (em Latim):

Latim Português
Quae lingua si improbatur abs te, nega Punicis libris, ut a viris doctissimis proditur, multa sapienter esse mandata memoriae. Poeniteat te certe ibi natum, ubi huius linguae cunabula recalent. E, se a língua púnica é rejeitada por vocês, vocês negam o que foi admitido pelos homens mais estudados, que muitas coisas foram preservadas sabiamente do oblivium (esquecimento) das obras escritas em língua púnica. Vocês deveriam ter vergonha de ter nascido num país no qual o berço dessa língua ainda está quente. (Ep. xvii)

A ideia de que o idioma púnico tenha exercido influência sobre a moderna língua maltesa foi inicialmente sugerida em 1565 [4] Essa teoria veio a ficar desacreditada, com a maior parte das teorias indicando que o maltês seria derivada do árabe sículo, tendo, porém, muitas palavras de origem italiana.[5] A língua púnica certamente foi falada em Malta durante um certo período da história, conforme evidenciaram a decifração da dita estela funerária de Melqart (mítico herói fenício, protetor de Tiro) e de outras inscrições encontradas nas ilhas do Mar Mediterrâneo depois da extinção da língua.

Referências

  1. Sznycer, Maurice (1967). Les passages punique en transcription latine dans le Poenulus de Plaute. Paris: Librairie C. Klincksieck 
  2. Omniglot - língua púnica
  3. Jongeling, Karel; & Kerr, Robert M. (2005). Late Punic Epigraphy. [S.l.]: Mohr Siebeck. 4 páginas. ISBN 3161487281 
  4. L-Akkademja tal-Malti. «"The Maltese Language Academy"». Consultado em 7 de junho de 2009. Arquivado do original em 23 de setembro de 2015 
  5. Vella, Alexandr; Kurt Braunmüller e Gisella Ferraresi (ed.) (2004). «Language contact and Maltese intonation: Some parallels with other language varieties». Aspects of Multilingualism in European Language History. Col: Hamburg Studies on Multiculturalism. [S.l.]: John Benjamins Publishing Company. 263 páginas. ISBN 9027219222