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Loros

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
imperador Nicéforo III Botaniates (r. 1078–1081) e imperatriz Maria de Alânia (r. 1071–1081) trajando o loros

Loros (em grego: λῶρος; romaniz.: lōros) era uma estola longa, estreita e bordada, cravejada com ouro e pesadamente embelezada com pedras preciosas, que foi envolta em torno do torso e recaiu sobre a mão esquerda. Era uma das mais importantes e distintas partes da indumentária imperial bizantina formal e cerimonial, sendo vestido apenas pela família imperial e alguns dos mais seniores oficiais. Ele desenvolveu-se a partir da trábea triunfal (treabea triumphalis) dos cônsules em versões masculina e feminina.[1] As Fontes bizantinas falam do "costume do loros" com o loros ditando o resto do vestuário imperial. O vestuário imperial menos formal e mais secular, que também foi geralmente utilizado por altos oficiais em ocasiões especiais, era o clâmide.[2]

As primeiras representações do loros são de moedas do reinado de Justiniano II (r. 685-695; 705-711). Nos séculos X-XI adquiriu um novo desenho: o novo loros foi desenvolvido com uma abertura e foi puxado para cima da cabeça. Embora utilizada apenas em ocasiões especiais tais como a Páscoa, o Pentecoste e alguns outros feriados, ele era uma parte integrante do retrato imperial. De acordo com o Sobre as Cerimônias de Constantino VII Porfirogênito (r. 913–959),[3] o loros foi também vestido na Páscoa pelos "doze dignitários", os titulares dos postos de magistro e antípato, bem como pelo eparca de Constantinopla e a zoste patrícia durante as cerimônias de promoções deles.

Representação do imperador João II Comneno (r. 1118–1143). Embora o relevo é anacronístico e o imperador esteja trajando o loros e clâmide, algo nunca realizado, o invólucro do loros abaixo está esculpido precisamente

As primeiras representações do loros são de moedas do reinado do imperador Justiniano II (r. 685-695; 705-711).[4] Até o século X, o loros masculino esteve envolvido em torno do torso de forma específica, seguindo a antiga trábea. Contudo, cada vez mais desde o século XI, o loros adquiriu um novo desenho. Ele tinha um laço que deu a volta no pescoço e foi puxado por cima da cabeça.[5] Pelo tempo da dinastia comnena, o antigo loros foi completamente abandonado, após um período onde ambos os desenhos foram vistos.[6] Desde o século XIII, ele surgiu em retratos imperiais de outros monarcas ortodoxos, como aqueles da Sérvia, Geórgia e Reino Armênia da Cilícia; na Tetraevangelia búlgara do imperador João Alexandre (r. 1331–1371), o monarca e seu filhos vestem o loros.[7] Pelo século XIV, a tira frontal baixa pode ter sido costurada na túnica por baixo, e o loros pode ter sido chamado uma diadema em vez disso.[8] Apesar das modificações, o loros foi a mais importante parte da indumentária imperial até o fim do império no século XV.

Embora na prática o loros fosse, segundo o Sobre as Cerimônias do imperador Constantino VII Porfirogênito (r. 913–959), trajado apenas em ocasiões excepcionais tais como a Páscoa, Pentecoste e algumas outras celebrações, e a recepção de visitantes estrangeiros importantes, o loros era uma parte integral do retrato imperial. Em períodos anteriores, ele era utilizado em procissões triunfais.[9] Ele também era trajado na Páscoa pelos "12 dignitários", os titulares dos postos de magistro e antípato, bem como pelo eparca de Constantinopla e a zoste patrícia durante as cerimônias de promoções deles.[10] Diz-se que teria simbolizado a sudário de Cristo, com os oficiais como os Doze Apóstolos.[9] Ele também era utilizado por arcanjos na arte bizantina,[11] que espalharam-se na arte medieval do Ocidente, uma vez que eram considerados como os altos oficiais de Deus. Aparentemente o loros não era utilizado pelo imperador em sua coroação, embora foi-lhe entregue no transcurso da cerimônia. Na arte, por outro lado, ele sempre aparece trajando-o enquanto é coroado por Cristo.[12]

Inicialmente, as imperatrizes essencialmente trajaram a mesma forma dos imperadores, mas desde cerca do século IX um novo estilo surgiu. A extremidade pendurada era mais longa e muito mais ampla, e após descer até os tornozelos voltou para cima para ser dobrada sobre o antebraço esquerdo, ou presa ou enfiada no cinto. O final mais amplo tem a aparência de pinturas de um escudo redondo com tampo afinando para a ponta, em um ângulo oblíquo.[13] No século XIII, esta forma de escudo não é mais vista, e o formato feminino retornou para a forma masculina agora modificada que durou pela última fase do império.[14] As imperatrizes também portavam um colarinho "superumeral" com muitas jóias em estilos correspondentes ao loros, e talvez ligado a ele. Era uma vestimenta distintiva das imperatrizes e fora copiado por mulheres de alta classe.

Referências

  1. Parani 2003, p. 25-27.
  2. Parani 2003, p. 11-18.
  3. Kazhdan 1991, p. 1251-1252.
  4. Parani 2003, p. 18.
  5. Parani 2003, p. 19.
  6. Parani 2003, p. 20.
  7. Evans 2004.
  8. Parani 2003, p. 22-23.
  9. a b Parani 2003, p. 23-24.
  10. Parani 2003, p. 35.
  11. Parani 2003, p. 20, notas.
  12. Parani 2003, p. 14, 24.
  13. Parani 2003, p. 25.
  14. Parani 2003, p. 25-26.
  • Evans, Helen C. (2004). Byzantium, Faith and Power (1261–1557). New Haven, Connecticut; Nova Iorque: Museu Metropolitano de Arte/Yale University Press. ISBN 1588391140 
  • Kazhdan, Alexander Petrovich (1991). The Oxford Dictionary of Byzantium. Nova Iorque e Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-504652-8 
  • Parani, Maria G. (2003). Reconstructing the Reality of Images: Byzantine Material Culture and Religious Iconography (11th to 15th Centuries). Leida: Brill. ISBN 978-90-04-12462-2