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Mãe Cleusa de Nanã

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Cleusa Millet
Mãe Cleusa de Nanã
Cleusa em seu terreiro
Nascimento 1923[a]
Salvador, BA, Brasil
Morte 15 de outubro de 1998 (75 anos)
Salvador, BA, Brasil
Causa da morte Parada cardíaca
Progenitores Mãe: Maria Escolástica da Conceição Nazaré
Pai: Álvaro MacDowell de Oliveira
Parentesco Carmem Oliveira da Silva (irmã)
Alma mater Universidade Federal da Bahia
Religião Candomblé Queto

Cleusa Millet, conhecida por Mãe Cleusa de Nanã (Salvador, 1923 — Salvador, 15 de outubro de 1998) foi uma candomblecista e médica obstetra soteropolitana que, em 1986, sucedeu sua mãe biológica, a Mãe Menininha do Gantois, como quinta ialorixá do Terreiro do Gantois. Exerceu a função até sua morte em 1998 e foi sucedida, a seu turno, por sua irmã biológica Mãe Carmem.

Cleusa Millet nasceu em 1923 em Salvador, na Bahia,[1] e era filha de Maria Escolástica da Conceição Nazaré, a dita Mãe Menininha do Gantois, e do advogado de ascendência britânica Álvaro MacDowell de Oliveira.[2] Teve uma irmã chamada Carmem Oliveira da Silva, a Mãe Carmem.[3] Formou-se em medicina na Universidade Federal da Bahia[4] e fez cursos técnicos em obstetrícia.[5] Mais adiante se casou com o oficial da marinha Eraldo Diógenes Millet com que teve três filhos biológicos: Álvaro, Zeno e Mônica, vindo adotar, anos depois, Ana Carolina. Viajou o mundo ao lado do marido antes de voltar ao Brasil e decidir morar no Rio de Janeiro, onde exerceu por 20 anos a função de obstetra.[4][6]

Com a morte de Maria Escolástica em 13 de agosto de 1986, sucedeu sua mãe na função de ialorixá.[3] Seu orixá patrono era Nanã. Atuava no terreiro como guia espiritual e realizava previsões, jogava búzios, dava conselhos e coordenadas rituais.[7] Não encabeçou em sua gestão mudanças dramáticas, optando por dar continuidade ao legado de sua mãe. Com ajuda de patronos ricos, renovou o terreiro e criou um memorial para Mãe Menininha que se tornou uma espécie de museu. Celebrou amizades com celebridades como Gilberto Gil, Gal Costa, Caetano Veloso, Jorge Amado e Maria Bethânia,[8] que em 1990 a convidou para cantar a introdução da faixa Awô de seu álbum 25 Anos.[9] Morreu em 15 de outubro de 1998, vítima de uma parada cardíaca, após dar entrada no Hospital Aliança. Nos seis meses que antecederam sua morte, foi relatado que tinha dificuldade para andar devido a problemas com artrose nos dois joelhos.

Em decorrência de sua morte, o então governador, César Borges (1998–2002), decretou dia de luto oficial.[7] Foi sepultada no mesmo dia, no cemitério do Jardim da Saudade, em Salvador, numa cerimônia sincrética que envolveu ritos candomblecistas e católicos.[10] Sua filha Mônica era a mais cotada para sucedê-la no Gantois, mas com a recusa desta de assumir a sua obrigação sacerdotal,[7] o posto acabou passando para Mãe Carmem, sua tia, em 2002, após quatro anos de vacância.[11] Exatos 10 anos após o falecimento de Cleusa, foi agraciada postumamente com medalha da Ordem do Mérito da Bahia.[12]

Segundo o pesquisador Jeferson Bacelar da Universidade Federal da Bahia, "Mãe Creusa representou a continuidade de uma importante linhagem no Candomblé".[8]

[a] ^ Outras fontes dão uma data muito anterior para seu nascimento, ou seja, 1923, de modo em que, caso seja esta a data certa, faleceu aos 74 anos.[5][13]

Referências

  1. Schumaher 2006, p. 133.
  2. Câmara Municipal de Niterói.
  3. a b Ramos 2009, p. 208.
  4. a b Falcão 1997.
  5. a b Mariano 2015.
  6. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome Fa1998
  7. a b c Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome Go1998
  8. a b Schemo 1998.
  9. Passos 2008, p. 130.
  10. Folha de Londrina 1998.
  11. IRDEB.
  12. Gov. Bahia 2008.
  13. Barros 2017, p. 33.
  • «Mãe Carmem». IRDEB - Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia. Secretaria da Educação do Estado da Bahia 
  • Mariano, Agnes (2015). «A mãe da sabedoria». CEERT - Centro de Estudos das Relações do Trabalho e Desigualdades 
  • Schumaher, Schuma; Brazil, Érico Vital (2006). Mulheres negras do Brasil. Rio de Janeiro: REDEH - Rede de Desenvolvimento Humano