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Mestre do departamento especial

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Mestre do departamento especial (em grego: ἐπὶ τοῦ εἰδικοῦ [λόγου]; romaniz.: Epi tou eidikou; lit. "encarregado do [departamento] especial), também conhecido como secretário especial ([e]idikos), ou, do século XI em diante, como logóteta do departamento especial (logothetes tou eidikou), foi um oficial do Império Bizantino que controlou o departamento conhecido como "especial" (eidikon), um tesouro e armazém especial.[1][2][3][4]

História e funções

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Soldo do imperador bizantino Teófilo (r. 829–842)
Prefeituras pretorianas do Império Romano em 395

A origem do ofício é disputada: o departamento é atestado pela primeira vez no reinado do imperador Teófilo (r. 829–842), mas alguns estudiosos (e.g. R. Guilland) derivam a etimologia do departamento eidikon da palavra idikos, "privado", indicando uma continuação do ofício romano tardio de conde da fortuna privada (em latim: comes rerum privatarum).[1][3][5] Esta visão é rejeitada por outros, notadamente J. B. Bury, que vê-o como uma instituição totalmente separada, justapondo o departamento "especial" ao departamento "geral" (genikon), e considera-o como originário nos departamentos militares das prefeituras pretorianas romano tardias.[6] E. Stein, por outro lado, conecta-o à palavra eidos, "vaso", e considerou o departamento especial como um tesouro da receita paga em espécia em vez de moeda.[3][7]

O departamento especial cumpriu a função dupla de tesouro imperial e armazém. Como tesouro, armazenou vários metais preciosos como prata ou ouro, e foi responsável pelo pagamento dos salários anuais (rogai) dos oficiais de nível senatorial. Como armazém, o departamento controlou as fábricas de Estado produzindo equipamento militar (as fábricas romano tardias) e foi responsável pelo suprimento de materiais necessários para expedições, variando de armas para "velas, cordas, couros, machados, cera, estanho, chumbo, barris" para a frota ou mesmo vestimentas árabes para espiões imperiais.[2][3] Para expedições nas quais o imperador tomou parte, o mestre acompanhou o exército à frente de seu próprio comboio de bagagem de 46 cavalos de carga carregando tudo, "de sapatos a castiçais", bem como grandes somas em moedas de ouro e prata para o uso do imperador.[8][9]

O departamento ainda é atestado tão tarde quanto 1081, mas foi provavelmente abolido algum tempo depois; R. Guilland sugere que o logotésio dos ecíacos ("homens do lar") tomou suas funções (cf. logóteta doméstico).[3][10]

Como todos os chefes de departamentos bizantinos, o mestre tinha alguns oficiais subordinados:

  • Notários imperiais (em grego: βασιλικοί νοτάριοι; romaniz.: basilikoi notarioi), como em todos os departamentos fiscais, geralmente de nível espatário ou inferior; um protonotário é atestado no período Comneno.[11][12]
  • Arcontes das fábricas (em grego: ἄρχοντες τῶν ἐργοδοσίων; romaniz.: archontes tōn ergodosiōn) e mizóteros das fábricas (em grego: μειζότεροι τῶν ἐργοδοσίων; romaniz.: meizoteroi tōn ergodosiōn). Como seus nomes indica, supervisionaram fábricas estatais individuais de seda, joias, armas, etc. Eles são bem atestados em selos do século VII em diante, e do século IX em diante são frequentemente chamados curadores (kouratores).[11][13][14]
  • Hebdomadários especiais (em grego: ἑβδομαδάριοι τοῦ εἰδικοῦ; romaniz.: hebdomadarioi tou eidikou), serventes palacianos.[11][14]

A sede do departamento especial era um edifício especial dentro do Grande Palácio de Constantinopla, que a tradição associa a Constantino, o Grande (r. 306–337). Estava situado entre os grandes muros do Triconco e o Lausíaco, próximo do salão de audiência imperial do Crisotriclino.[14]

Referências

  1. a b Bury 1911, p. 98.
  2. a b Louth 2005, p. 305.
  3. a b c d e Kazhdan 1991, p. 681.
  4. Guilland 1971, p. 85–95.
  5. Guilland 1971, p. 85ff., esp. 89.
  6. Bury 1911, p. 98–99.
  7. Guilland 1971, p. 89.
  8. Bury 1911, p. 99.
  9. Guilland 1971, p. 91.
  10. Guilland 1971, p. 95–96.
  11. a b c Bury 1911, p. 100.
  12. Guilland 1971, p. 94.
  13. Kazhdan 1991, p. 160–161.
  14. a b c Guilland 1971, p. 94.
  • Bury, John B. (1911). The Imperial Administrative System of the Ninth Century: With a Revised Text of the Kletorologion of Philotheos. Londres: Oxford University Press 
  • Guilland, Rodolphe (1971). «Les Logothètes: Etudes sur l'histoire administrative de l'Empire byzantin». Revue des études byzantines (em francês). 29 (29): 5–115. doi:10.3406/rebyz.1971.1441 
  • Kazhdan, Alexander Petrovich (1991). The Oxford Dictionary of Byzantium. Nova Iorque e Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-504652-8 
  • Louth, Andrew (2005). «The Byzantine Empire in the Seventh Century». In: Fouracre, Paul; McKitterick, Rosamond. The New Cambridge Medieval History. 1. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 0-521-36291-1