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Movimento Revolucionário Túpac Amaru

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Movimento Revolucionário Túpac Amaru
Bandeira do Movimento Revolucionário Túpac Amaru
Datas das operações 1982 - 1999
Líder(es) Néstor Cerpa Cartolini
Víctor Polay (capturado)
Motivos Estabelecer um estado socialista no Peru.
Área de atividade  Peru
Ideologia Marxismo-Leninismo
Socialismo revolucionário
Guevarismo
Nacionalismo de esquerda
Anti-imperialismo
Ataques célebres Ocupação da embaixada japonesa em Lima

O Movimento Revolucionário Túpac Amaru (MRTA), em castelhano Movimiento Revolucionario Túpac Amaru é um grupo guerrilheiro peruano, fundado em 1984, inspirado em outras guerrilhas de esquerda de países da região e no antifascismo contra o regime militar do país nos anos 60.[1]

O grupo guerrilheiro se define como uma organização político-militar, integrada pela classe operária, cuja ideologia é o Marxismo-Leninismo, tendo como objetivo organizar e dirigir a "Guerra Revolucionária do Povo", para derrotar o Governo legal, estabelecendo um "Poder Popular", que conduza à edificação do Socialismo.

O embrião desta organização teve seu início em 23 de novembro de 1976, quando o general do Exército Peruano, Leonidas Rodríguez Figueroa (que se encontrava exilado) funda o Partido Socialista Revolucionário (PSR), agrupando nesta organização, entre outros, ex-colaboradores do governo do general Juan Velasco Alvarado. O PSR participa do processo eleitoral para a Assembleia Constituinte, mas problemas ocorrem perante este acontecimento de "atitude eleitoreira" produzindo um rompimento em seu interior, dando origem ao PSR-ML (Partido Socialista Revolucionário - Marxista Leninista) com dirigentes da cúpula e incluso três constituintes, organização que logo seria uma das vertentes que dariam origem ao MRTA.

O MIR-VR (Movimiento de Izquierda Revolucionario - Voz Rebelde), o MIR-Norte (chamado assim por ter sua base principal em Trujillo) e o MIR-EM (Movimiento de Izquierda Revolucionario - El Militante), surgem em 1973, logo após o rompimento do MIR-Histórico. Em 1977, constituem, juntamente com outros agrupamentos de esquerda, a UDP (Unidade Democrática Popular). Em setembro de 1980, participam da constituição da Izquierda Unida (IU), produzindo-se lutas internas em 1982, recompondo-se entre os anos de 1983 e 1984.

Em 1978, o MIR-EM, participa do processo eleitoral para a Assembléia Constituinte, retirando-se para formar com o PSR-ML, o PCP -Maioria, a denominada "Frente Revolucionária de Ação Socialista" (FRAS). Em 1 de março de 1982, essa Unidade adota o nome de "Movimento Revolucionário Túpac Amaru", adotando a sigla "MRTA". A organização se manteve na clandestinidade, iniciando suas primeiras ações em 1984, consistindo em expropriações de bancos e ataques a militares. Em 9 de dezembro de 1986, se constitui uma nova unidade, no evento denominado "I Comitê Central Unitário", entre o MRTA e o MIR-VR, concordando em manter o nome do MRTA, com o qual continuaram as ações revolucionárias.

Seu órgão de divulgação clandestino era o impresso intitulado "Venceremos", que em 1987 mudou para "Voz Rebelde" e também a rádio "4 de Noviembro". Ademais, contava com o semanário "Cambio" como meio de difusão aberto e como órgãos de fachada tinham as organizações "Pueblo en Marcha", "UDP", "Bloque Popular Revolucionario" e "Patria Libre".

O grupo tornou-se mundialmente famoso com a ocupação da embaixada japonesa em Lima (Dezembro de 1996 - Abril de 1997), em que retiveram centenas de importantes políticos. Os 14 membros do comando foram mortos pela polícia peruana do presidente Alberto Fujimori; todos os políticos retidos foram libertados, com exceção de um, que morreu durante o resgate.[2]

Na atualidade o nível de direção, devido à captura de seus principais líderes, não conta com uma estrutura de apoio ou estrutura organizativa (aparato logístico, comunicações, imprensa, etc.) e sua força especial (aparato armado) tem sido desarticulada. Não existindo indicativos da presença do MRTA no âmbito peruano, a provável reorganização está sendo estruturada no estrangeiro (Alemanha), através de seu porta-voz internacional, Isaac Cecilio Velasco Fuerte, que emite através da Internet eventuais pronunciamentos.

Julgamentos e condenações

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Em setembro de 2003, quatro réus chilenos, incluindo Jaime Castillo Petruzzi, foram novamente julgados e condenados por pertencer ao Movimento Revolucionário Túpac Amaru e participar de um ataque ao Instituto Cultural Peru-Norte-Americano e de um sequestro-assassinato em 1993.[3]

Em 22 de março de 2006, Víctor Polay, o líder guerrilheiro do MRTA, foi considerado culpado por um tribunal peruano por quase 30 crimes cometidos durante o final dos anos 1980 e início dos anos 1990.[4]

Em um caso que atraiu atenção internacional, Lori Berenson, ex-aluna do MIT e norte-americana. ativista socialista que vivia em Lima, foi preso em 30 de novembro de 1995, pela polícia e acusado de colaborar com o MRTA. Posteriormente, foi condenada por um tribunal militar à prisão perpétua (mais tarde reduzida para 20 anos por um tribunal civil).[5][6]

Comissão de Verdade e Reconciliação

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A Comissão de Verdade e Reconciliação do Peru determinou que o grupo foi responsável por 1,5% das mortes investigadas. Nas suas conclusões finais publicadas em 2003, a Comissão observou:[7]

Ao contrário do Sendero Luminoso, e como outras organizações armadas latino-americanas com as quais manteve laços, o MRTA reivindicou a responsabilidade por suas ações, seus membros usaram uniformes ou outros identificadores para se diferenciar da população civil, se absteve de atacar a população desarmada e, em alguns momentos, mostrou sinais de estar aberto a negociações de paz. No entanto, o MRTA também se envolveu em atos criminosos; recorreu a assassinatos, como no caso do general Enrique López Albújar, à tomada de reféns e à prática sistemática de sequestros, todos crimes que violam não apenas a liberdade pessoal, mas o Direito Internacional Humanitário que o MRTA dizia respeitar.[7]

A Comissão de Verdade e Reconciliação observa que um dos objetivos do MRTA era legitimar a violência politicamente motivada no Peru. A Comissão de Verdade e Reconciliação condena essa justificativa de violência e argumenta que ela contribuiu para a capacidade de outras organizações de infligir maior violência do que poderiam ter de outra forma. Além disso, a existência de grupos como o MRTA, argumenta a Comissão de Verdade e Reconciliação, legitimou o governo de Alberto Fujimori com políticas autoritárias, militaristas e repressivas.[7]

Referências

  1. El surgimiento de Sendero Luminoso: Ayacucho 1969-1979
  2. «Exército do Peru Liberta Reféns». Almanaque Folha de S.Paulo. 23 de abril de 1997. Consultado em 11 de julho de 2012 
  3. «Últimas noticias, de la última hora en La República». larepublica.pe (em espanhol). Consultado em 17 de dezembro de 2023 
  4. «Peru guerrilla leader convicted» (em inglês). 22 de março de 2006. Consultado em 17 de dezembro de 2023 
  5. Carroll, Rory; correspondent, Rory Carroll Latin America (10 de junho de 2010). «Freed New Yorker who aided Peru rebels wants deportation». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077. Consultado em 17 de dezembro de 2023 
  6. Harris, Paul (26 de maio de 2010). «New Yorker convicted of helping Marxists in Peru released after 15 years». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077. Consultado em 17 de dezembro de 2023 
  7. a b c «Comisión de la Verdad y Reconciliación». www.cverdad.org.pe. Consultado em 17 de dezembro de 2023 

Ligações externas

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