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Mucormicose

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Mucormicose
Mucormicose
Mucormicose periorbital
Sinónimos Zogomicose[1][2] fungo negro[3][4]
Especialidade Infectologia
Sintomas Dependem da localização: congestão nasal, áreas de pele negra, inchaço da cara, dores de cabeça, febre, tosse, perturbações da visão[5][6]
Complicações Cegueira, trombose[7]
Início habitual Súbito[1]
Duração Cerca de uma semana[1]
Tipos Rinocerebral, dos pulmões, do estômago e intestinos, da pele, disseminada, miscelânea[8]
Causas Fungos do tipo Mucorales[8]
Fatores de risco Diabetes, excesso de ferro, insuficiência de glóbulos bancos, cancro, transplante de órgãos, insuficiência renal, imunossupressores, utilização prolongada de esteroides[7]
Método de diagnóstico Biópsia, cultura microbiológica, exames imagiológicos[5]
Condições semelhantes Celulite orbitária, trombose do seio cavernoso, aspergilose[9]
Prevenção Máscara cirúrgica, evitar o contacto com o solo ou edifícios danificados pela água, controlo da diabetes[7][10]
Tratamento Antifúngicos, desbridamento cirúrgico, tratamento de comorbidades[7]
Medicação Anfotericina B, isavuconazol, posaconazol[8]
Prognóstico Desfavorável[9]
Frequência Rara[8]
Classificação e recursos externos
CID-11 1676389165
DiseasesDB 31759
MedlinePlus 000649
MeSH D009091
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Mucormicose, também conhecida como fungo negro,[3][4] é uma infeção fúngica grave que ocorre geralmente em pessoas com o sistema imunitário debilitado.[9][11] Os sintomas dependem do local no corpo onde ocorrer a infeção.[12][13] A doença é classificada em cinco tipos principais, em função da parte do corpo afetada.[13] O tipo mais comum é o rinocerebral, que infeta o nariz, seios paranasais, olhos e cérebro, e manifesta-se por congestão nasal, inchaço e dor de um dos lados da cara, dores de cabeça, febre, perturbações da visão, inchaço e protuberância do olho e necrose dos tecidos.[1][6] As outras formas da doença podem infetar os pulmões, estômago e intestinos e a pele.[6]

A doença é transmitida por esporos de fungos da ordem dos Mucorales, geralmente através de inalação, alimentos contaminados ou feridas abertas.[14] Estes fungos são comuns no solo, em matéria orgânica em decomposição (como fruta e legumes a apodrecer) e estrume de animais, embora geralmente não afete o ser humano.[15] A doença não é transmissível de pessoa para pessoa.[13] Entre os fatores de risco estão a diabetes com níveis persistentemente elevados de glicose ou cetoacidose diabética, excesso de ferro, insuficiência de glóbulos bancos, cancro, transplante de órgãos, insuficiência renal, imunossupressores, utilização prolongada de esteroides ou medicamentos imunossupressores e VIH/SIDA.[7][9]

O diagnóstico é realizado com recurso a biópsia e cultura microbiológica, podendo-se recorrer a exames imagiológicos para avaliar a extensão da doença.[5] Os sintomas são semelhantes aos da aspergilose.[16] O tratamento geralmente consiste na administração de anfotericina B e desbridamento cirúrgico.[8] Entre as medidas de prevenção estão a utilização de máscara cirúrgica em áreas poeirentas, evitar o contacto com edifícios danificados pela água e proteger a pele do contacto com o solo ao realizar atividades no exterior, como jardinagem.[10] A doença tende a progredir rapidamente, sendo fatal em cerca de metade dos casos do tipo rinocerebral e em praticamente todos os casos do tipo disseminado.[2][17]

A mucormicose é geralmente rara, sendo mais comum na Índia.[18] Pode afetar pessoas de qualquer idade, incluindo bebés prematuros.[8] A primeira descrição da doença foi feita pelo médico alemão Friedrich Küchenmeister em 1855.[1] Muitos dos casos reportados ocorrem durante desastres naturais, como o tsunami do Oceano Índico de 2004 ou o tornado de Joplin de 2011.[19] Durante a pandemia de COVID-19 foi reportada uma associação entre COVID-19 e mucormicose, que se pensa estar relacionada com a diminuição da função imunitária durante o curso da doença ou com a terapia de glucocorticoides.[4][20] O aumento do número de casos ocorreu sobretudo na Índia.[21]

Referências

  1. a b c d e Chander, Jagdish (2018). «26. Mucormycosis». Textbook of Medical Mycology (em inglês) 4th ed. New Delhi: Jaypee Brothers Medical Publishers Ltd. pp. 534–596. ISBN 978-93-86261-83-0 
  2. a b «Orphanet: Zygomycosis». www.orpha.net (em inglês). Consultado em 13 de maio de 2021. Cópia arquivada em 13 de maio de 2021 
  3. a b Dyer, Owen (13 de maio de 2021). «Covid-19: India sees record deaths as "black fungus" spreads fear». BMJ (Clinical Research Ed.). 373: n1238. ISSN 1756-1833. PMID 33985993. doi:10.1136/bmj.n1238 
  4. a b c Quarterly Current Affairs Vol. 4 - October to December 2020 for Competitive Exams. 4. [S.l.]: Disha Publications. 2020. p. 173. ISBN 978-93-90486-29-8 
  5. a b c Grossman, Marc E.; Fox, Lindy P.; Kovarik, Carrie; Rosenbach, Misha (2012). «1. Subcutaneous and deep mycoses: Zygomucosis/Mucormycosis». Cutaneous Manifestations of Infection in the Immunocompromised Host (em inglês) 2nd ed. [S.l.]: Springer. pp. 51–58. ISBN 978-1-4419-1577-1 
  6. a b c «Symptoms of Mucormycosis». www.cdc.gov (em inglês). 14 de janeiro de 2021. Consultado em 25 de maio de 2021 
  7. a b c d e Spellberg B, Edwards J, Ibrahim A (2005). «Novel perspectives on mucormycosis: pathophysiology, presentation, and management». Clin. Microbiol. Rev. 18 (3): 556–69. PMC 1195964Acessível livremente. PMID 16020690. doi:10.1128/CMR.18.3.556-569.2005 
  8. a b c d e f «Mucormycosis». NORD (National Organization for Rare Disorders). Consultado em 25 de maio de 2021. Cópia arquivada em 26 de maio de 2021 
  9. a b c d Hernández, JL; Buckley, CJ (janeiro de 2021). «Mucormycosis». PMID 31335084 
  10. a b «People at Risk For Mucormycosis and prevention». www.cdc.gov (em inglês). 2 de fevereiro de 2021. Consultado em 25 de maio de 2021 
  11. Johnstone, Ronald B. (2017). «25. Mycoses and Algal infections». Weedon's Skin Pathology Essentials 2nd ed. [S.l.]: Elsevier. p. 461. ISBN 978-0-7020-6830-0 
  12. «ICD-11 - ICD-11 for Mortality and Morbidity Statistics». icd.who.int. Consultado em 25 de maio de 2021 
  13. a b c «About Mucormycosis». www.cdc.gov (em inglês). 25 de maio de 2021 
  14. Reid, Gail; Lynch, Joseph P.; Fishbein, Michael C.; Clark, Nina M. (fevereiro de 2020). «Mucormycosis». Seminars in Respiratory and Critical Care Medicine (em inglês). 41 (1): 99–114. ISSN 1098-9048. PMID 32000287. doi:10.1055/s-0039-3401992 
  15. «Where Mucormycosis Comes From». www.cdc.gov. 1 de fevereiro de 2021. Consultado em 25 de maio de 2021 
  16. Thornton, Christopher R. (2020). «1. Detection of the 'Big Five' mold killers of humans: Aspergillus, Fusarium, Lomentospora, Scedosporium and Mucormycetes». In: Gadd, Geoffrey M.; Sariaslani, Sima. Advances in Applied Microbiology (em inglês). [S.l.]: Academic Press. pp. 4–22. ISBN 978-0-12-820703-1 
  17. «Mucormycosis Statistics | Mucormycosis | Fungal Diseases | CDC». www.cdc.gov (em inglês). 5 de maio de 2020. Consultado em 25 de maio de 2021 
  18. Skiada, Anna; Pavleas, Ioannis; Drogari-Apiranthitou, Maria (2 de novembro de 2020). «Epidemiology and Diagnosis of Mucormycosis: An Update». Journal of Fungi. 6 (4): 265. ISSN 2309-608X. PMC 7711598Acessível livremente. PMID 33147877. doi:10.3390/jof6040265 
  19. Dannaoui, Eric; Lackner, Michaela (março de 2020). «Special Issue: Mucorales and Mucormycosis». Journal of Fungi (em inglês). 6 (1). 6 páginas. PMC 7151165Acessível livremente. PMID 31877973. doi:10.3390/jof6010006 
  20. Garg, Deepak; Muthu, Valliappan; Sehgal, Inderpaul Singh; Ramachandran, Raja; Kaur, Harsimran; Bhalla, Ashish; Puri, Goverdhan D.; Chakrabarti, Arunaloke; Agarwal, Ritesh (1 de maio de 2021). «Coronavirus Disease (Covid-19) Associated Mucormycosis (CAM): Case Report and Systematic Review of Literature». Mycopathologia (em inglês). 186 (2): 289–298. ISSN 1573-0832. PMC 7862973Acessível livremente. PMID 33544266. doi:10.1007/s11046-021-00528-2 (inativo 25 de maio de 2021) 
  21. Singh, Awadhesh Kumar; Singh, Ritu; Joshi, Shashank R.; Misra, Anoop (21 de maio de 2021). «Mucormycosis in COVID-19: A systematic review of cases reported worldwide and in India». Diabetes & Metabolic Syndrome. 15 (4): 102146. ISSN 1871-4021. PMC 8137376Acessível livremente. PMID 34192610. doi:10.1016/j.dsx.2021.05.019 

Ligações externas

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