Northern Songs
Northern Songs Ltd | |
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Sociedade empresária | |
Atividade | Edição musical |
Gênero | Pop, rock |
Fundação | 1963 Liverpool, Londres |
Fundador(es) | John Lennon, Paul McCartney, Brian Epstein, Dick James e Charles Silver |
Destino | Dissolvida |
Encerramento | 20 de maio de 1995 |
Pessoas-chave | Michael Jackson |
Sucessora(s) | Sony/ATV Music Publishing |
Northern Songs Ltd foi uma sociedade empresária fundada em 1963 pelo editor musical Dick James, empresário artístico Brian Epstein e pelos compositores John Lennon e Paul McCartney dos Beatles para publicar canções escritas por Lennon e McCartney. Em 1965, decidiu-se tornar a Northern Songs em uma empresa de capital aberto para reduzir sua carga de imposto de renda.
Depois que Epstein morreu em 1967, Lennon e McCartney tentaram renegociar seu contrato editorial com James, mas, no início de 1969, James e seu parceiro venderam suas ações da Northern Songs para a Associated Television (ATV) da Grã-Bretanha, sem avisar Lennon ou McCartney. Lennon e McCartney tentaram obter o controle acionário da Northern Songs, mas sua oferta falhou porque o poder financeiro de Lew Grade garantiu que a Northern Songs passasse para o controle da ATV. Allen Klein (então gerente de facto dos Beatles) tentou fechar um acordo para a Apple Corps comprar a ATV, mas também falhou.
Certa vez, Paul McCartney informou a Michael Jackson sobre o valor financeiro da edição de músicas, porque Michael Jackson havia perguntado sobre o processo de aquisição de músicas e como as músicas eram usadas. De acordo com McCartney, Jackson então disse: "Vou pegar [as canções dos Beatles]".[1] Michael Jackson realmente comprou a ATV Music em 1985. Tanto McCartney quanto Yoko Ono, a viúva de John Lennon, foram notificados da venda, mas não fizeram lances. Dez anos depois, Michael fundiu seu catálogo com o da Sony Corporation of America para formar a Sony/ATV Music Publishing, e a Northern Songs foi dissolvida.
História inicial e fundação
[editar | editar código-fonte]Como George Martin achava que a editora Ardmore & Beechwood da EMI não havia feito quase nada para promover "Love Me Do", ele aconselhou Epstein a encontrar uma boa editora. Ele contou a Epstein sobre três editoras musicais que, na opinião de Martin, seriam justas e honestas, o que levou Epstein a James.[2] Epstein apareceu no escritório de James com um acetato de "Please Please Me", mas relutou em deixar James editá-lo sem qualquer prova de seu poder editorial.[2] James imediatamente pegou o telefone e ligou para Philip Jones, o produtor do prestigiado programa de TV Thank Your Lucky Stars, tocando o acetato para ele pelo telefone e dizendo que a música era "um futuro sucesso garantido". Jones concordou e prometeu uma vaga no programa. Epstein, devidamente surpreso com a velocidade da reserva, decidiu que James era um homem em quem ele podia confiar.[3]
Em 22 de fevereiro de 1963,[4] James sugeriu a Epstein que formar uma empresa com Lennon, McCartney e Epstein renderia mais dinheiro a longo prazo.[5] Lennon e McCartney pensaram que seriam donos de toda a empresa, mas receberam 20% das ações cada, Epstein 10% e James e seu sócio, Charles Silver, 50%.[6] Também foi oferecido a George Martin uma participação na Northern Songs, mas ele recusou porque seu emprego na EMI apresentava um conflito de interesses.[7] Outra empresa, Maclen Music, que editava a música de Lennon e McCartney nos Estados Unidos,[6] também era controlada pela Northern Songs.[8] Tanto a Northern Songs quanto a Maclen Music eram administrados pela Dick James Music.[9] A Northern Songs também editou as primeiras composições de George Harrison, bem como as de Ringo Starr.[10]
McCartney explicou mais tarde que eles assinaram todos os contratos que Epstein apresentou a eles sem lê-los primeiro, com Lennon acrescentando: "Tínhamos total fé nele [Epstein] quando ele estava nos comandando. Para nós, ele era o especialista ".[11] James ofereceu ações a Martin também, mas ele recusou, dizendo que poderia ser antiético, porque ele trabalhava para a EMI.[6] O dinheiro arrecadado pela Northern Songs foi canalizado para uma segunda empresa, a Lenmac Enterprises, de propriedade de Lennon e McCartney em 40% cada, e a NEMS (North End Music Stores) em 20%. A empresa coletava lucros apenas do Reino Unido.[6]
Em 1965, para reduzir a carga do imposto de renda, decidiu-se tornar a Northern Songs uma empresa de capital aberto. 1 250 000 ações foram negociadas na Bolsa de Valores de Londres,[12] que valiam 17 pence cada (0,28 dólares), mas foram oferecidas a 66 pence (1,09 dólares) cada.[8] Embora a transação tenha sido ridicularizada por várias instituições financeiras, esperava-se que as listas de inscrição não ficassem abertas por mais de 60 segundos,[13] exatamente o que aconteceu, pois as listas foram superlotadas.[14] Após o fechamento da oferta, Lennon e McCartney detinham 15% cada, no valor de 195 200 libras (320 000 dólares), NEMS detinha uma participação de 7,5%,[15] e James e Silver (que atuaram como presidentes da Northern Songs) controlavam 37,5%, com Harrison e Starr compartilhando 1,6%. As ações restantes eram detidas por várias instituições financeiras.[8] Ao mesmo tempo, Lennon e McCartney renovaram seus antigos contratos de edição de três anos,[16] vinculando-os à Northern Songs até 1973.[17] Harrison também assinou com a empresa em 1965, por um período de três anos.[18][19] Para proteger seus interesses, James fez um seguro de vida de 500 000 lbiras para Lennon e McCartney.[12] No verão de 1966, 88 canções de Lennon e McCartney foram gravadas e lançadas, e havia 2 900 versões de diferentes artistas.[20]
Em setembro de 1964, Harrison fundou sua própria editora, Mornyork Ltd., mudando o nome para Harrisongs Ltd. em dezembro. Após o término de seu contrato com a Northern Songs em 1968, as canções de Harrison foram publicadas pela Harrisongs Ltd.[21] Em 1968, Ringo Starr formou uma editora para suas canções chamada Startling Music.[22]
Venda para a ATV
[editar | editar código-fonte]Após a morte de Epstein em 27 de agosto de 1967, Lennon e McCartney tentaram renegociar seu contrato de edição com James. Em 1968 eles convidaram James para uma reunião na Apple Records; filmando o encontro e agindo de maneira rude com ele. Como resultado, as relações já frias entre James e os Beatles individuais se tornaram ainda mais frias.[23] Em março de 1969, James e Silver venderam abruptamente suas ações da Northern Songs para a Associated Television (ATV) por 1 525 000 libras,[8] sem dar a Lennon e McCartney qualquer aviso ou chance de comprá-las.[24] Lennon soube da venda em um jornal matinal durante sua lua de mel com Yoko Ono, e imediatamente ligou para McCartney.[24] John Lennon e Paul McCartney receberam uma oferta de 2,3 milhões de libras da ATV por suas ações, mas recusaram a oferta.[25] Lennon e McCartney então tentaram obter o controle acionário da empresa,[24] mas sua oferta, parte de uma longa e amarga luta, acabou falhando.[26] O poder financeiro de Lew Grade, seu adversário na guerra de lances, garantiu que as canções escritas pelos dois Beatles passassem para o controle da ATV.[24]
Allen Klein (o gerente de facto dos Beatles após a morte de Epstein) tentou fazer um acordo para a Apple Corps comprar a ATV, que foi impedido pelo advogado John Eastman — irmão de Linda McCartney e filho do futuro empresário de McCartney, Lee Eastman — que enviou uma carta à ATV informando que Klein não estava autorizado a agir em nome da Apple. Embora tecnicamente verdade, Klein era o empresário de facto de Lennon, Harrison e Starr, e também tinha o aval verbal de McCartney para o acordo. A ATV desistiu em vez de correr o risco de entrar em litígio.[10] Em seguida, um bloco de investidores que possuía uma pequena, mas crucial, porcentagem de ações foi pressionado por ambos os lados para vender ou cooperar para assumir o controle da Northern Songs. Infelizmente, durante as negociações, Lennon expressou seu absoluto desdém pelos empresários, dizendo: "Estou farto de ser fodido por homens de terno sentados com suas bundas gordas na cidade!", o que imediatamente levou qualquer investidor ofendido para o lado da ATV.[10]
Sob seu contrato de edição com a Northern Songs, Lennon e McCartney foram obrigados a continuar suas composições até 1973. Incapaz de obter o controle da Northern Songs, Lennon e McCartney venderam suas ações (644 000 ações de Lennon e 751 000 de McCartney) em outubro de 1969[27] por 3,5 milhões de libras.[25] Starr optou por manter suas ações (0,8%), [28] mas Harrison já havia vendido suas ações (também 0,8%) em junho de 1968.[29]
Aquisição da ACC
[editar | editar código-fonte]No final dos anos 1970, a controladora da ATV Music, agora conhecida como Associated Communications Corporation (ACC), começou a passar por dificuldades financeiras. De 1978 a 1981, os lucros da ACC diminuíram devido a perdas em sua divisão de filmes, e os preços das ações caíram drasticamente. Em 1981, Grade recebeu ofertas pela Northern Songs, atraindo o interesse de vários licitantes. McCartney, com a viúva de Lennon, Yoko Ono, ofereceu 21 milhões de libras, mas a oferta foi recusada por Grade, que decidiu não vender a Northern Songs separadamente depois que outros pretendentes, incluindo a CBS Songs, EMI Music Publishing, Warner Communications, Paramount Pictures e Entertainment Co., mostraram interesse em comprar a ATV Music como um todo.[30][31]
Enquanto isso, o empresário australiano Robert Holmes à Court estava adquirindo ações da ACC e lançou uma oferta pública de aquisição em janeiro de 1982. Grade renunciou ao cargo de presidente e foi substituído por Holmes à Court, que adquiriu com sucesso o controle acionário da empresa.[32] Depois que Holmes à Court assumiu o controle da ACC, a ATV Music não estava mais à venda.[33]
Durante sua colaboração na música "Say, Say, Say", McCartney informou Michael Jackson sobre o valor financeiro da edição musical.[34] De acordo com McCartney, esta foi sua resposta a Jackson pedindo-lhe conselhos de negócios.[1] McCartney mostrou a Jackson um livreto grosso exibindo todas as músicas e direitos de publicação que ele possuía,[34] do qual ele estaria ganhando 40 milhões de dólares com canções escritas por outros.[35] Michael Jackson ficou bastante interessado e perguntou sobre o processo de aquisição de músicas e como as músicas eram usadas.[34] De acordo com McCartney, Jackson disse: "Vou pegar as suas [músicas dos Beatles]", o que McCartney achou uma piada, respondendo: "Ho ho, você, você é engraçado".[1]
Em 1982, Robert Holmes à Court adquiriu a Associated Communications Corporation,[36] a holding da ATV Music e colocou a ATV Music à venda em 1984.[35][34] A única música do catálogo da Northern Songs que foi excluída da venda foi "Penny Lane", cujos direitos foram dados à filha adolescente de Holmes à Court, Catherine, por ser sua música favorita dos Beatles.[37][38] De acordo com Bert Reuter, que negociou a venda para Holmes à Court, "Tínhamos dado a Paul McCartney o primeiro direito de preferência, mas Paul não o quis naquele momento".[39] O advogado de Michael Jackson, John Branca, supostamente contatou um advogado de McCartney, que disse que McCartney não faria uma licitação para o catálogo porque o achava "muito caro".[35] Da mesma forma, Ono também foi contatada, mas não entrou na licitação.[35]
Venda para Michael Jackson
[editar | editar código-fonte]Em junho de 1985, Michael Jackson e John Branca descobriram que a The Entertainment Co. de Charles Koppelman e Marty Bandier havia feito um acordo provisório com Holmes à Court para comprar o catálogo por 30,5 milhões de libras, mas no início de agosto, a equipe de Holmes à Court entrou novamente em contato com Michael Jackson, e ambas as partes fizeram concessões.[34] Isso incluiu Holmes à Court adicionando mais ativos e concordando em estabelecer uma bolsa de estudos em uma universidade dos Estados Unidos em nome de Michael Jackson. Embora Koppelman/Bandier tenha oferecido uma oferta mais alta, a oferta de Jackson de 24,4 milhões de dólares[8] foi aceita porque ele conseguiu fechar o negócio rapidamente, tendo concluído a devida diligência da ATV Music antes de qualquer acordo formal. O acordo foi assinado em 10 de agosto de 1985.[34] Após a aquisição, Michael Jackson e Paul McCartney apareceram juntos em uma fotografia, supostamente para dissipar os rumores sobre um suposto desentendimento deles em relação a propriedade de Michael Jackson sob as canções dos Beatles.[35]
Em uma entrevista em julho de 2009 no Late Show with David Letterman, logo após a morte de Michael Jackson, McCartney falou sobre sua reação à compra do catálogo de músicas da ATV por Michael Jackson:
Alguém tinha que ter [as canções], eu suponho. O que aconteceu na verdade foi que comecei a ligar para ele. Eu pensei: OK, aqui está o cara historicamente colocado para finalmente dar um bom negócio a Lennon-McCartney. Porque nós assinamos quando tínhamos 21 anos ou algo assim em um beco em Liverpool. E o acordo continua o mesmo, embora tenhamos tornado esta empresa a mais famosa... extremamente bem-sucedida. Então eu continuei pensando, era hora de um aumento. Bem, você também iria querer um, você sabe. [David Letterman: Sim, acho que sim.] Mas eu conversei com ele sobre isso. Mas ele meio que me ignorou. Ele continuava dizendo: "Isso são apenas negócios, Paul." Você sabe. Então, "sim, é", e esperei por uma resposta. Mas nunca chegamos a isso. E eu fiquei pensando... Então nós meio que nos afastamos depois disso. Não houve uma grande discussão. Nós meio que nos separamos depois disso.[1]
Fusão com a Sony Music Publishing
[editar | editar código-fonte]Em 1995, Michael Jackson fundiu seu catálogo com a edição da Sony Music por 59 milhões de libras, estabelecendo a Sony/ATV Music Publishing, na qual ele manteve metade da propriedade.[40] Como empresa, a Northern Songs foi dissolvida em 1995.[41] Em abril de 2006, foi proposto um pacote em que Michael Jackson pegaria um empréstimo de 186 480 000 libras para reduzir a taxa de juros em um empréstimo que ele tinha, ao mesmo tempo em que daria à Sony a opção futura de comprar metade da participação de Jackson em sua editora de propriedade conjunta, deixando Michael Jackson com uma participação de 25%.[40] Michael Jackson concordou com um acordo de refinanciamento apoiado pela Sony, embora os detalhes finalizados não tenham sido divulgados.[42] O espólio de Jackson vendeu sua participação restante para a Sony em 2016, e o nome da empresa foi revertido para Sony Music Publishing em fevereiro de 2021.
Em 2017, foi relatado que McCartney havia chegado a um acordo com a Sony para recuperar o controle de grande parte do catálogo dos Beatles.[43]
Referências
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Bibliografia
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Leitura adicional
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- Southall, Brian (2009). Pop Goes to Court: Rock 'n' Pop's Greatest Court Battles. [S.l.]: Omnibus Press. ISBN 978-1-84772-113-6